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das Especialidades
da Odontologi a
1 Trauma dental
Liga Acadêmica
de Endodontia
p. 5
6 Câncer de boca e
orofaringe mais
prevalentes no
paciente infantojuvenil:
2
o que o odontopediatra
Trauma de oclusão precisa saber
e os tecidos Liga Acadêmica de
periodontais Odontopediatria
Liga Acadêmica de p. 50
7
Periodontia
p. 25 Anquilose da ATM
3
Liga Acadêmica de DTM
Restauração de e Dor Orofacial
resina classe IV p. 56
8
Liga Acadêmica de
Prótese Anquilose da ATM
p. 30 Liga Acadêmica de
4
Radiologia e Imaginologia
Pacientes Odontológica
oncológicos p. 61
9
pediátricos
Liga Acadêmica de Tratamento
Estomatologia da anquilose
p. 36 da articulação
5
temporomandibular
Epidemiologia e Liga Acadêmica de
políticas públicas em Cirurgia e Traumatologia
oncologia: um olhar Bucomaxilofacial
sobre a população p. 66
infantojuvenil
Liga Acadêmica de
Saúde Coletiva
p. 45
1
Reitor
Ricardo Marcelo Fonseca
Vice-reitora
Graciela Inês Bolzón de Muniz
Diretor do Setor de
Ciências da Saúde
Nelson Luis Barbosa Rebellato
Vice-diretor do Setor
de Ciências da Saúde
Edison Luiz Almeida Tizzot
Organizadores
Melissa Rodrigues de Araujo
Alana Rayne Santos Floriano
Anna Carolina Neves Leutz
Revisão Ortográfica
Bernardo Chiesa
Arte e Diagramação
Alana Rayne Santos Floriano
Anna Carolina Neves Leutz
Imagens
Cedidas pelos professores Clarissa Teles
Rodrigues; Delson João da Costa; Leandro
Kluppel; Aline Sebastiani; Daniel Bonotto;
Paulo Sérgio Flores Campos; Antônio Batista;
André Michelotto; Luciano Melo.
2
Colaboradores
André Gustavo do Nascimento
Amanda Letícia Moraes
Daniela Bellafronte Betoni
Gabriela Keiko Izumi
Renato Voss Rosa
Juliana Lucena Schussel
Alana Rayne Santos Floriano
Anna Carolina Neves Leutz
Ana Carolina de Oliveira Garcia d’Amato
Amanda Luise Prestes
Mayara Maemi Matsuzaki de Matos
Sheila de Carvalho Stroppa
Maria Vitória Navarro Zornig
Bruna Cristine Dias
Manoela Policeno de Oliveira Cooper
Kendy Daniel Lipski
Leticia Aparecida Cunico
Julia Rahal
Lisa Yurie Oda
Aline de Oliveira Farias
Isabella Christina Costa Quadras
Milena Nunes Pachedo
Paulo Sérgio Flores Campos
Delson João da Costa
Leandro Kluppel
Aline Sebastiani
Rafael Gomes Ditterich
Humberto Osvaldo Schwartz Filho
Reila Tainá Mendes
Daniel Bonotto
Clarissa Teles Rodrigues
Antônio Batista
André Michelotto
Bruno Cavalini Cavenago
Priscila Brenner Hilgenberg Sydney
3
Material desenvolvido em
Evento de Extensão PROEC-UFPR:
“2° Interligas Odontologia UFPR”
curso de Odontologia UFPR
4
1 Trauma
dental
Clarissa Teles Rodrigues, Lisa Oda, André
Luiz da Costa Michelotto, Antônio Batista,
Bruno Cavalini Cavenago
5
INCIDÊNCIA
HISTÓRIA DO TRAUMA
6
QUANDO?
Quando o acidente ocorreu é a perguntmais
importante, pois, a resposta poderá influenciar no
tratamento a ser realizado. O fator tempo se torna
crítico em alguns casos, como nas luxações e avulsões,
pois com o passar do tempo começam a se formar
coágulos sanguíneos, o ligamento periodontal
resseca, a saliva contamina a ferida e estes fatores
podem ser decisivos em relação ao tipo e sequência
de tratamento (Andreasen, 1991; Lopes, 2020).
COMO? ONDE?
7
EXAME CLÍNICO E RADIOGRÁFICO
DOS TRAUMATISMOS DENTÁRIOS
8
Entretanto, devido a limitações da radiografia, alguns aspectos
podem ser difíceis de serem visualizados, especialmente
linhas de fratura mais finas (Lopes, 2020). A tomografia
computadorizada de feixe cônico (TCFC) tem se mostrado
uma excelente alternativa à radiografia convencional nestes
casos. Imagens tridimensionais da TCFC podem ser de grande
valia para visualizar a localização, extensão e direção da fratura
(Levin et al, 2020). Entretanto, como o tempo geralmente é
um fator determinante no tratamento dos traumatismos, o
encaminhamento do paciente para a realização do exame
tomográfico pode não ser aconselhado de imediato (Lopes,
2020).
Além do exame clínico e radiográfico, a realização de
fotografias é altamente recomendada para a documentação
e acompanhamento do trauma dental (Levin et al, 2020).
TESTES DIAGNÓSTICOS
9
estar necessariamente saudável. À medida que a circulação
sanguínea é restaurada, a resposta aos testes retorna (Lopes,
2020). Apesar desta limitação dos testes térmicos, o teste de
sensibilidade pulpar deve ser realizado na consulta inicial e
nas demais consultas de acompanhamento para se observar
qualquer alteração ao longo do tempo (Levin et al, 2020).
O teste elétrico também deve ser, sempre que possível,
realizado, pois fornece informações importantes sobre a
vascularização e inervação do dentre que sofreu o trauma
(Andreasen, 1991).
TIPOS DE TRAUMAS
10
1. Trinca de esmalte
Caracteriza-se por uma fratura incompleta do
esmalte sem perda de estrutura dentária. Pode
ser observada como uma rachadura ou fissura no
esmalte (Bourguignon, 2020). As trincas de esmalte
são achados comuns que aparecem no esmalte,
mas não atravessam a junção amelodentinária,
podendo ser horizontais, verticais ou divergentes
(Andreasen, 2001).
2. Fratura de esmalte
Consiste numa fratura dentária envolvendo
somente o esmalte, com perda de estrutura dentária
de pequenas porções de ângulos ou de toda a parte
delgada do esmalte incisal, sem envolver a dentina.
É considerada uma fratura dentária não complicada,
pois não há exposição pulpar (Bourguignon, 2020).
11
Figura 1: Caso clínico de uma criança que sofreu fratura envolvendo
esmalte e dentina no dente 21, sem exposição pulpar. Aspecto clínico
da fratura (A e B). O paciente levou o fragmento dentário, o qual ficou
em meio de armazenamento (leite) por dois dias (C). Aspecto final após
a colagem do fragmento com resina composta (D). Radiografia inicial
evidenciando rizogênese incompleta no dente que sofreu o trauma (E).
Radiografia de acompanhamento após 6 meses, mostrando fechamento
quase que completo do ápice radicular (F). Aspecto clínico do paciente
(G) e aspecto radiográfico após 2 anos do trauma, demostrando o
término da formação radicular no dente 21 (H). Nesta mesma sessão, o
dente 21 respondeu positivamente ao teste térmico frio, comprovando
a vitalidade do tecido pulpar. Caso clínico gentilmente cedido pelo
Prof. Dr. André Michelotto.
12
Figura 2: Caso clínico de trauma no dente 21 que resultou em fratura
de esmalte e dentina com exposição pulpar. Aspecto clínico da fratura
(A) e após a colagem do fragmento (B). Radiografia inicial do caso após
a colagem do fragmento, evidenciando a comunicação com a câmara
pulpar (C). Acesso coronário (D e E). Radiografia final após a conclusão
do tratamento endodôntico com o canal preparado para pino (F).
Caso clínico gentilmente cedido pelo Prof. Dr. André Michelotto.
5. Fratura corono-radicular
sem exposição pulpar
São fraturas envolvendo esmalte, dentina e
cemento, que se estendem abaixo da margem
gengival. Como não envolvem a polpa são chamadas
de fraturas coro-radiculares não-complicadas
(Bourguignon, 2020).
13
Figura 3: Fratura corono-radicular sem exposição pulpar no dente
11 em paciente de 27 anos (A). A fratura era recente, entretanto, o
paciente relatou um outro traumatismo neste mesmo dente há cinco
meses antes. Radiograficamente se observa a linha de fratura no dente
traumatizado, além de extensa lesão periapical provavelmente em
decorrência do primeiro traumatismo (B). O fragmento foi removido
(C e D) e, após realização de retalho gengival, o dente foi isolado (E)
para tratamento endodôntico, que foi realizado em uma única sessão
(F e G). Sutura do retalho após a colagem do fragmento (H), e após 1
semana, o exame clínico e radiográfico mostram perfeita adaptação do
fragmento à estrutura dental (I e J). Caso clínico gentilmente cedido pelo
Prof. Dr. Antônio Batista.
14
6. Fratura corono-radicular
com exposição pulpar
Tipo de fratura que envolve o esmalte, a dentina,
o cemento e a polpa que se estendem abaixo da
margem gengival. Também denominada fratura
corono-radicular complicada. É um trauma que
tem uma natureza complexa, pois, além de atingir
a câmara pulpar, atinge também a raiz dentária
(Bourguignon, 2020).
15
7. Fratura radicular
Tipo de fratura que envolve a dentina, cemento e a
polpa. A fratura radicular pode ser horizontal, oblíqua
ou uma combinação de ambas (Bourguignon, 2020).
As fraturas radiculares não são um evento frequente,
ocorrendo entre 0,5% a 7% dos traumatismos que
acometem a dentição permanente (Andreasen, 2001),
sendo que em dentes com rizogênese incompleta e
vitalidade pulpar, as fraturas radiculares horizontais
raramente ocorrem (Lopes, 2020). A direção da
fratura pode variar consideravelmente, sendo que
no terço apical ou médio segue um trajeto inclinado
vestíbulo-lingualmente em uma direção incisal, ao
passo que as fraturas do terço cervical tendem a ser
mais horizontais (Andreasen, 2001).
16
Figura 6: Fratura radicular horizontal no dente 21 (A). O fragmento
cervical apresentava vitalidade pulpar. Radiografia para confirmação do
comprimento de trabalho (B) e obturação do canal radicular somente
no fragmento cervical (C). Radiografia periapical de acompanhamento
após 3 anos (D). Houve reparo com interposição de tecidos duros e moles
(Versiani et al, 2008).
8. Fratura alveolar
Esse tipo de fratura envolve o osso alveolar,
podendo se estender para os ossos adjacentes
(Bourguignon, 2020).
9. Concussão
Trata-se de uma lesão aos tecidos de suporte
do dente, com traumatismo mínimo sofrido pelas
estruturas periodontais, resultante de um impacto
de pequena intensidade, na qual não ocorre
mobilidade anormal ou deslocamento do dente,
entretanto, com grande sensibilidade à percussão
(Bourguignon, 2020).
17
10. Subluxação
É uma lesão dos tecidos de suporte do dente, com
mobilidade acentuada devido à ruptura de algumas
fibras periodontais, porém sem deslocamento do
dente demonstrável clínica ou radiograficamente
(Bourguignon, 2020).
18
Figura 7: Luxação lateral no dente 21 após o paciente sofrer uma queda.
Clinicamente o dente 21 apresenta deslocamento para palatina e o dente
11 sofreu fratura de esmalte e dentina (A e B). Radiografia periapical
evidenciando o deslocamento do dente 21 e restauração do dente 11 (C).
Após 2 dias do trauma foi realizada restauração de resina nos molares
(D) com a finalidade de aumentar a dimensão vertical e evitar contato
nos dentes anteriores (E). Acesso coronário (F) e pulpectomia (G).
Aspecto clínico após 2 meses da conclusão do tratamento endodôntico
(H) radiografia de acompanhamento mostrando que houve necessidade
de tratamento endodôntico também n o dente 11 (I). Tomografias do
caso mostrando aspecto inicial (J) onde se observa área hipodensa na
região palatina e apical correspondente ao deslocamento da raíz em
direção vestibular, e tomografia de acompanhamento após 2 meses
(L) mostrando que o dente retornou à posição original, naturalmente.
Radiografia periapical após 1 ano mostrando normalidade nos
tecidos da região periapical (M). Caso clínico gentilmente cedido pelo
Prof. Dr. André Michelotto.
19
13. Luxação intrusiva
Trauma onde ocorre o deslocamento do dente na
direção apical, para dentro do alvéolo (Bourguignon,
2020). A direção do deslocamento acompanha o eixo
do dente (Andreasen, 2001). É o trauma mais graves
dentre os diferentes tipos de lesões luxativas.
20
14. Avulsão
A avulsão de dentes permanentes é uma das
lesões dentárias mais graves, pois, resulta em lesão
de inserção e necrose pulpar. O dente é totalmente
separado do alvéolo devido à ruptura do ligamento
periodontal, ficando assim, células viáveis na superfície
radicular. Além disso, ocorre uma lesão cementária
em decorrência do impacto do dente contra o
alvéolo (Lopes, 2020). Cerca de 15% das injúrias
traumáticas dentais resultam em avulsão, ocorrendo
principalmente na faixa etária de 7 a 10 anos (Melo,
1998). Os incisivos centrais superiores são os dentes
mais frequentemente avulsionados, já a mandíbula
é raramente afetada (Andreasen, 2001).
A necrose pulpar sempre irá ocorrer após a avulsão
dentária, devido ao rompimento do feixe vásculo-
nervoso (Fouad et al, 2020; Lopes, 2020). A principal
razão para um prognóstico desfavorável é que o dente
avulsionado chega ao consultório nas mais diferentes
condições, influenciando diretamente no tratamento
a ser realizado (Melo, 1998).
21
Figura 10: Avulsão dos dentes 11 e 21 e luxação extrusiva do dente 22
após um acidente de bicicleta. O paciente relatou que os incisivos centrais
já haviam avulsionado em outra situação há 10 anos atrás. Aspecto
clínico (A) e radiográfico (B) da região anterior. O paciente só localizou o
dente 21 (C e D) que ficou 3 horas em ambiente seco extra-alveolar. Foi
optado por não realizar o reimplante e o paciente encaminhado para a
realização de implantes dentários. Caso clínico gentilmente cedido pelo
Prof. Dr. André Michelotto.
22
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24
2 Trauma de
oclusão e
os tecidos
periodontais
André Gustavo do Nascimento, Amanda
Letícia Moraes, Daniela Bellafronte Betoni,
Gabriela Keiko Izumi, Humberto Osvaldo
Schwartz Filho, Reila Tainá Mendes
INTRODUÇÃO
25
Dentro da área de Periodontia a relação entre o trauma
oclusal e a doença periodontal associada ao biofilme é um
tema que vem sendo estudado há muitos anos. No entanto,
ainda há divergências sobre o tema.
HISTÓRICO
26
doença periodontal vai ter uma progressão diferente em um
dente sujeito a trauma, tendo defeitos ósseos angulares e
bolsas infraósseas, enquanto em um dente com doença, mas
sem traumas oclusais a perda óssea é horizontal e supraóssea.
O autor também divide as estruturas periodontais em duas
zonas, a zona de irritação e a zona de codestruição (Lindhe,
2018; Passanezi & Sant’Ana, 2019).
Contrariamente ao conceito de Glickman, o conceito de
Waerhaug conclui que os defeitos ósseos angulares e as
bolsas infraósseas ocorrem de forma igual e com a mesma
frequência tendo ou não trauma oclusal. O autor refuta a
hipótese que o trauma de oclusão possa alterar e/ou participar
da propagação de uma lesão gengival. Para isso, o autor se
baseou nas distâncias entre biofilme, periferia do infiltrado
celular inflamatório associado e a superfície do osso alveolar
adjacente. Segundo Waerhaug, os defeitos ósseos angulares
e bolsas infraósseas ocorrem quando o biofilme subgengival
de um dente se localiza mais apical do que o biofilme presente
no dente vizinho, e quando o osso alveolar circundando
as raízes é mais volumoso. Dessa forma, para Waerhaug
a perda de tecido periodontal ocorre exclusivamente por
lesões inflamatórias associadas ao biofilme subgengival
(Lindhe, 2018).
Os estudos de material de necropsia acabam sendo
limitados em estabelecer uma relação de causa e efeito
entre trauma e periodontite progressiva. Como descrito
anteriormente, alguns autores aceitam conclusões de Glickman
e outros aceitam o conceito de Waerhaug. Desse modo, são
necessários diferentes delineamentos de trabalho para tentar
comprovar a existência de relação do trauma com periodontite,
como por exemplo os ensaios clínicos.
Muitos conceitos contraditórios surgiram no intuito de
elucidar o papel da oclusão sobre os tecidos periodontais.
Deve-se considerar que a oclusão é vital ao ser humano e
desvios na oclusão normal podem apresentar efeitos deletérios.
Apesar de inúmeras pesquisas realizadas nas última décadas,
ainda não está completamente elucidado o papel da oclusão
na patogênese da periodontite (Passanezi & Sant’Ana, 2019).
27
CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO
DO TRAUMA OCLUSAL
ALTERAÇÕES TECIDUAIS
ASSOCIADAS AO TRAUMA OCLUSAL
INDICADORES INDICADORES
CLÍNICOS RADIOGRÁFICOS
28
CONCLUSÃO
29
3 Restauração
de resina
classe IV
Renato Voss Rosa
30
CONFECÇÃO DA GUIA LINGUAL
3 POSSIBILIDADES
ADEQUAÇÃO DO SUBSTRATO
31
com a sonda exploradora - a resina ficará riscada, o esmalte
não. Outra ferramenta é o uso de luz negra para verificar por
meio de fluorescência se ainda existe material restaurador no
dente em questão. Após toda a remoção da resina antiga, um
bisel no esmalte da face vestibular é recomendado.
APLICAÇÃO E FOTOPOLIMERIZAÇÃO
DO SISTEMA ADESIVO
32
CONFECÇÃO DA CONCHA PALATINA
33
de efeito translúcido (ex. trans grey, trans yellow, trans ice) ou
resinas opalescentes (ex. trans opal, opalescente modifier).
Nessa etapa, a resina deve ser inserida no espaço deixado
previamente no bordo incisal e avançar levemente sobre as
ranhuras que foram feitas na camada de dentina.
34
multilaminadas ou brocas diamantadas de granulação fina.
Devem ser removidos os excessos cervicais e refinar a delimitação
das cristas proximais, bem como realizar as caracterizações
secundárias (texturas verticais e horizontais). As cristas devem
ser demarcadas com grafite para facilitar a visualização. Em
seguida, com um compasso de pontas secas, confere-se a
simetria entre a área de espelho da restauração realizada e a
área de espelho do dente homólogo. Além disso, borrachas
abrasivas podem ser utilizadas para a suavização das arestas e
texturas e também para a realização de detalhes anatômicos
ACABAMENTO DAS
ÁREAS INTERPROXIMAIS
POLIMENTO
35
4 Pacientes
oncológicos
pediátricos
Juliana Lucena Schussel, Alana Rayne
Santos Floriano, Anna Carolina Neves Leutz
36
De maneira geral, os sintomas são inespecíficos e podem
se confundir com outras doenças comuns da infância. Porém,
a persistência dos sintomas deve levar a investigações mais
aprofundadas. Sintomas como febre prolongada, vômitos,
emagrecimento, sangramentos, adenomegalias generalizadas,
dor óssea generalizada, palidez, cefaleias e alteração da visão
estão entre os principais achados.
É importante que os profissionais da saúde valorizem as
informações dos cuidadores da criança para poder estabelecer o
diagnóstico precoce. Em casos de sinais e sintomas persistentes,
reavaliações devem ser conduzidas para entender os fatores
etiológicos. Em casos de suspeita, também é importante o
encaminhamento para serviços especializados para aprofundar
a investigação diagnóstica.
Assim como os demais cânceres, o prognóstico está
associado ao diagnóstico precoce e a sobrevida dos pacientes
está relacionada com a localização do tumor, tipo histológico
e estadiamento.
Crianças portadoras de malformações e síndromes
congênitas apresentam risco aumentado para o
desenvolvimento de neoplasias. Por exemplo, portadores de
Síndrome de Down tem maior risco de desenvolver leucemias,
pacientes com Neurofibromatose possuem maior risco de
tumores do SNC e sarcomas, entre outros exemplos.
LEUCEMIAS
37
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
LINFOMAS
TUMORES ÓSSEOS
38
TRATAMENTOS
QUIMIOTERAPIA
39
TRANSPLANTE DE CÉLULAS
TRONCO HEMATOPOIÉTICAS
40
paciente, rejeição do enxerto ou ainda a doença do enxerto
contra o hospedeiro. As complicações normalmente não
estão associadas à doença do paciente, mas, sim, ao próprio
tratamento.
A vulnerabilidade do sistema imunológico leva a uma
importante susceptibilidade a infecções fúngicas, bacterianas
e virais e com frequência observamos manifestações bucais.
Medicações profiláticas normalmente fazem parte das
prescrições pós-TCTH.
Outra importante complicação é a mucosite, que ocorre
principalmente nos primeiros 15 dias pós-TCTH e podem ser
bastante debilitantes e até influenciar no prognóstico do
paciente. O tratamento da mucosite pode ser realizado com
Laser de baixa intensidade e infravermelho. Ele possui um
efeito terapêutico e também preventivo. Os resultados são
satisfatórios do ponto de vista clínico e funcional, acelerando
o processo de cicatrização e diminuindo o quadro doloroso.
A doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) ocorre
quando as células enxertadas reagem contra o hospedeiro,
gerando uma reação imunológica exacerbada. Ela pode atingir
diferentes órgãos como pele, fígado e intestino. A mucosa oral
é a segunda localização mais comum da DECH crônica. Ela é
responsável pela morbidade e mortalidade pós-TCTH e por
isso seu diagnóstico precoce é importante para o tratamento
que é realizado regulando a imunossupressão do paciente.
RADIOTERAPIA
41
Os principais efeitos colaterais da RT em cavidade bucal
incluem mucosite, xerostomia, trismo, cárie de radiação, perda
do paladar, destruição periodontal e osteorradionecrose.
Na população pediátrica, as principais complicações além
das já citadas são atrofia e fibrose muscular, diminuição do
crescimento ósseo, levando a deformidades cosméticas e
funcionais, má formação das raízes dentárias e xerostomia.
Os pacientes podem ainda apresentar hipoplasia do esmalte
e múltiplas cáries.
Ainda, além das complicações do tratamento oncológico,
câncer na infância aumenta de 10 a 20 vezes o risco de
desenvolver outra neoplasia maligna na vida adulta. A segunda
neoplasia primária pode depender do tipo do primeiro tumor,
características genéticas do paciente e o tratamento a que ele
foi submetido.
42
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44
5 Epidemiologia
e políticas
públicas em
oncologia:
um olhar sobre
a população
infantojuvenil
Ana Carolina de Oliveira Garcia d’Amato,
Amanda Luise Prestes, Manoela Policeno
de Oliveira Cooper, Mayara Maemi Matsuzaki
de Matos, Rafael Gomes Ditterich
45
As neoplasias malignas se enquadram no grupo de doenças
que são as principais causas de mortalidade no mundo.
Está junto de doenças do aparelho circulatório, diabetes
mellitus e doenças respiratórias crônicas. Este seleto conjunto
de enfermidades é chamado de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT).
Em crianças e adolescentes, grupo compreendido entre 0
a 19 anos, os casos de câncer são majoritariamente de origem
embrionária, afetando células do sistema sanguíneo e de
tecidos de sustentação, devido ao alto grau de indiferenciação
destas.
A etiologia da doença nessa população ainda não é bem
elucidada, apesar de ter um consenso que é multifatorial.
Acredita-se que substâncias que já são reconhecidamente
carcinogênicas em pacientes de outras faixas etárias podem
estar relacionadas nas crianças e adolescentes, também.
Outros fatores que podem ter relação são predisposição
genética, infecção viral prévia, hábitos alimentares, estados
de imunodeficiência, exposição ocupacional ao carcinógeno,
condição socioeconômica e higiene oral (Maciel et al.
2010, p. 360).
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o
número de novos casos de tumores malignos entre crianças e
adolescentes será de 4310 novos casos para o sexo masculino
e 4150 para o sexo feminino, apenas no triênio 2020-2022. O
Instituto também afirma que será mais frequente na Região
Sudeste e Sul do país, sendo a leucemia o tipo de câncer
mais comum. Acomete mais homens brancos (apesar da
taxa de óbitos em negros ser cerca de três vezes maior) e os
sítios anatômicos mais atingidos são diferentes dos adultos,
acometendo mais faringe e cavidade oral.
46
Os últimos quarenta anos foram de intenso avanço no
diagnóstico e tratamento do câncer infantojuvenil. Dessa forma,
80% das crianças e adolescentes podem ser diagnosticados
precocemente, são tratados e têm a oportunidade de ter
conforto e bem-estar após o tratamento adequado.
A coleta de dados no SUS fornece informações que permitirão
aos gestores de saúde e pesquisadores da área, a tomada de
decisões para a criação de políticas públicas. Dentre alguns
desses bancos de dados, temos o Sistema de Informações
Sobre Mortalidade (SIM), criado em 1975 e informatizado em
1979. O SIM é alimentado pelas Secretarias de Saúde de cada
município e reúne dados quantitativos e qualitativos sobre
óbitos de todo o país.
Sobre o câncer infantojuvenil no Brasil, o SIM foi capaz de
informar que em 2017, ocorreram, para o sexo masculino,
1.467 óbitos para todas as neoplasias, com um risco estimado
de 44,46/milhão. No sexo feminino, houve 1.086 óbitos (34,30/
milhão).
Registrar os casos de câncer se torna uma política muito
importante, pois, com isso, é possível analisar, classificar, informar
e poder ter uma base de comparação entre as ocorrências. Mas
é sempre importante utilizar normas e recomendações como
as elaboradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e
pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer
(IARC) para que essas informações sejam válidas e possam ser
comparadas.
O câncer infanto-juvenil tem sua própria classificação,
usada mundialmente, sendo que em diferentes países
apresentam variações em relação aos tipos mais incidentes na
população. A mortalidade também apresenta diferença entre
países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, enquanto
47
nos países desenvolvidos a neoplasia é considerada a segunda
causa de morte na infância, nos países em desenvolvimento
a maior causa são as doenças infecciosas e as neoplasias são
causa de 1% das mortes.
É considerado um câncer raro quando comparado ao
humano adulto, visto que corresponde a 2 a 3% de todos os
casos de tumores malignos registrados no Brasil. Devemos
nos atentar para um estudo separado, sendo que possuem
comportamentos clínicos diferenciados dos cânceres adultos
que devem ser elucidados, como por exemplo um crescimento
mais acelerado e invasivo e ao mesmo tempo melhor resposta
à quimioterapia.
Dado o exposto conforme a Portaria n° 874, de 16 de maio
de 2013, a qual institui a Política Nacional para a Prevenção e
Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas
com Doenças Crônicas no âmbito do SUS.
Vale ressaltar a importância das políticas públicas para o
tratamento dos pacientes oncológicos infantis, pois, pacientes
acometidos por essa doença se encontram em estado vulnerável
de saúde devido aos fatores desencadeantes gerados pelo
câncer, somados ao quadro psicossocial do paciente e do núcleo
familiar que está envolvido. As políticas públicas viabilizam o
tratamento de forma integral ao paciente para a melhoria da
qualidade de vida, por meio de ações de promoção, prevenção,
detecção precoce, tratamento oportuno e cuidados paliativos.
Enfim, é necessário a continuidade e o avanço em pesquisas
para epidemiologia tanto a nível de dados estatísticos do
câncer infantil bem como proporcionar aos pacientes conforto
em todas etapas do tratamento e divulgar a prevenção dessa
doença, bem como ampliar centros de referência e equipes
multidisciplinares em todo território nacional.
48
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(Homepage na internet). 27 jul. 2021. (Acesso em 16 dez.
2021). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/
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CÂNCER DE BASE POPULACIONAL, 2ª edição, Rio de Janeiro,
2012. (Acesso em 16 dez.2021). Disponível em: manual-de-
rotinas-e-procedimentos-para-registros-de-cancer-de-
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e Informação Técnico-Científica (Homepage na internet).
INCIDÊNCIA, MORTALIDADE E MORBIDADE HOSPITALAR
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JOVENS NO BRASIL: INFORMAÇÕES DOS REGISTROS
DE C NCER E DO SISTEMA DE MORTALIDADE, Rio de
Janeiro, 2016. (Acesso em: 16 dez. 2021). Disponível em:
http://controlecancer.bvs.br/
49
6 Câncer de boca
e orofaringe
mais prevalentes
no paciente
infantojuvenil:
o que o
odontopediatra
precisa saber
50
O diagnóstico precoce é o maior desafio, pois, os sintomas são
semelhantes às patologias comuns da infância e adolescência.
Atenção deve ser dada aos sinais e sintomas, como: febres
recorrentes emagrecimento, palidez, cansaço, hematomas,
sangramentos ou protuberâncias pelo corpo (1).
A frequência e distribuição mundial dos principais tipos
de câncer infanto-juvenil localizados na região de cabeça e
pescoço são os Linfomas, Carcinomas e Sarcomas, sendo os
subtipos Linfoma não-Hodgkin, Rabdomiossarcoma, Linfoma
de Hodgkin, Carcinoma de Tireóide, Fibromiossarcoma e
Carcinoma de Nasofaringe (2). O sexo feminino é o mais
acometido (60,3%) e os sítios anatômicos palato (19%),
mandíbula e maxila (13,8%) (3). Na população infantojuvenil
brasileira a prevalência é de 5,11%, localização nos Nódulos
linfáticos e Pescoço (41,42%), Nasofaringe (22,89%) e Glândula
tireóide (6,54%), tipos histológicos de Linfomas (52,86%),
Carcinomas (22,89%) e Sarcomas (19,07%) e os subtipos
histológicos de Linfoma de Hodgkin (24,52%), Linfoma
de Burkitt (16,62%) e Carcinoma de Nasofaringe (12,81%).
A distribuição nas faixas etárias mais prevalentes são (4):
<1 ano:
Neuroblastoma e Sarcoma indiferenciado (18,18%),
Nauroblastoma olfatório, Fibrossarcoma infantil e
Rabdomiossarcoma (9,09%).
1-4 anos:
Rabdomiossarcoma (32,81%), Linfoma de
Burkitt (25 %), Linfoma de Hodgkin subtipo
Esclerose nodular (7,81%), Teratoma imaturo (3,13%),
Tumor neuroectodérmico primitivo e Sarcoma
de Ewing (3,13%).
51
5-9 anos:
Linfoma de Burkitt (20,75%), Linfoma de
Hodgkin subtipo Esclerose nodular (14,15%),
Rabdomiossarcoma (13,21%), Carcinoma de
Nasofaringe e Linfoma difuso de células B ((7,55%).
10-14 anos:
Carcinoma de Nasofaringe (17,56%), Linfoma de
Hodgkin subtipo Esclerose nodular (16,79%), Linfoma
de Burkitt (12,98%), Carcinoma papilar de tireóide
(7,63%), Rabdomiossarcoma (5,34%)
15-19 anos:
Carcinoma de Nasofaringe (27,27%), Linfoma
de Burkitt (10,91%), Linfoma de Hodgkin subtipo
Esclerose nodular (10,91%), Rabdomiossarcoma
(7,27%), Carcinoma papilar de tireóide (5,45%).
52
Dentre os sarcomas, o rabdomiossarcoma é uma
neoplasia maligna derivada das celulas mesenquimais
primitivas precursoras do músculo esqueletico estriado. É
a terceira neoplasia mais comum dos tecidos moles (13%),
região cabeça (35%) e pescoço (40%): olhos, palato e faringe.
É dividido em 3 categorias: embrionária (75%) / não orbital
9(7% de sobrevida), alveolar (67% sobrevida) e pleomórfico
(raro). O diagnóstico é pela presença celulas pequenas com
citoplasma claro, redondas e azuis e o tratamento realizado
é o cirúrgico, quimioterapia e radioterapia (7). O sarcoma
de ewing ocorre predominantemente em ossos ou em
partes moles (músculos, cartilagens) e corresponde entre
4-10% das neoplasias ósseas. Os adolescentes e adultos
jovens são mais acometidos do que as crianças. Os sinais e
sintomas são massa ou inchaço na área do tumor, dor óssea
(piora a noite), febre sem causa conhecida, perda de peso
e cansaço, com localização em mandíbula maior do que
na maxila. Altamente agressivo com crescimento rápido,
altamente metastático e o pior prognóstico está na faixa
etária entre 10-14 anos de idade. A sobrevida é de 70-80%
quando a doença é localizada e 30% quando é metastática
(7). Outro câncer ósseo primário infantojuvenil mais
prevalente é o osteossarcoma, um tumor mesenquimal
maligno em que as celulas cancerosas produzem matriz
óssea. Frequentemente está associado com dor local e
alterações ósseas, predileção por ossos longos sendo as
pernas (20%) mais afetadas do que os maxilares (5%).
A taxa de sobrevida está em média 52% e o tratamento é
realizado com quimioterapia e cirurgia, sendo a amputação
uma opção dependendo da localização do tumor e da
resposta ao tratamento (7).
O Carcinoma Espinocelular (CEC) em cavidade
oral representa uma baixa taxa de sobrevida de
aproximadamente 48 meses, sendo raro na faixa etária
abaixo de 21 anos de idade. Algumas condições tanto
sistêmicas quanto ambientais aumentam os riscos de
53
desenvolvimento do CEC, tais como: síndromes que causam
defeitos no mecanismo de reparo do DNA (ex: Anemia
de Fanconi), tratamento oncológicos durante a infância e
adolescência, Doença do Enxerto contra Hospedeiro, tabaco,
álcool e infecção por Papilomavirus humano 16-18. O tratamento
consiste em remoção cirúrgica do tumor, radioterapia e
quimioterapia (8).
O câncer infantojuvenil requer uma ampla cadeia de cuidados
para o diagnóstico e tratamento, composta por uma equipe
multiprofissional composta pelas especialidades médicas e de
outras áreas da saúde: odontologia, fisioterapeuta, nutricionista,
fonoaudiólogo, enfermagem, psicologia, psicopedagogia e
serviço social (9).
Desta forma, torna-se importante a atuação do cirurgião-
dentista Odontopediatra na assistência odontológica ao
paciente infantojuvenil em tratamento oncológico ou
sobrevivente ao câncer, como componente essencial do
atendimento centrado no paciente na terapia oncológica
pediátrica. Os centros de tratamento de câncer pediátrico
devem ter odontopediatras como membros da equipe
multiprofissional atuando desde o início da determinação do
diagnóstico do câncer, no pré-tratamento, durante o tratamento
para examinar os problemas bucais que podem surgir durante
a terapia oncológica e continua no pós-tratamento durante a
vida do paciente sobrevivente do câncer (10).
54
• Arboleda LPA, Mendonça RMH, Lopez EEM, Araujo ALD,
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55
7 Anquilose
da ATM
Daniel Bonotto, Priscila Brenner Hilgenberg
Sydney, Lia Yurie Oda, Aline de Oliveira
Farias, Isabella Christina Costa Quadras
56
O DC/TMD (Diagnostic Criteria for Temporomandibular
Disorders) classifica a anquilose da ATM em óssea ou fibrosa.
A anquilose óssea resulta da união dos ossos da ATM pela
proliferação de células ósseas e isso pode causar imobilidade
completa da articulação (6). É caracterizada por evidências
radiográficas de proliferação óssea com acentuada deflexão
para o lado afetado e acentuada restrição da laterotrusão para
o lado contralateral (7).
Segundo os critérios do DC/TMD, a Anquilose Óssea apresenta:
3. Imagem:
a. Tomografia computadorizada é positiva para
imagem de proliferação óssea com obliteração de
parte ou de todo o espaço articular.
57
Na anquilose fibrosa não há alterações ósseas brutas, e o
achado radiográfico predominante é a ausência de translação
condilar ipsilateral na abertura. Observe que a anquilose fibrosa
pode ser considerada uma forma mais grave de aderência.
São critérios diagnósticos para Anquilose Fibrosa:
58
O clínico deve ter em mente que o diagnóstico diferencial
é fundamental na avaliação e manejo das DTMs. Desta forma,
por se tratar de uma condição de hipomobilidade mandibular,
deve-se descartar outras condições que podem mimetizar
clinicamente uma anquilose de ATM (FIGURA 1).
59
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PMC4520529.
60
8 Anquilose
da ATM
Isabella Christina Costa Quadras, Milena
Nunes Pacheco, Paulo Sérgio Flores Campos
61
Figura 1: Tipos de Fratura do côndilo mandibular. As fraturas do côndilo
mandibular podem ser intracapsulares ou extracapsulares.
62
Figura 2: Assimetria mandibular decorrente de luxação condilar.
63
no sexo masculino. Provoca dor e limitação de movimentos
(moderada a severa). Quando do envolvimento da ATM, a
erosão do côndilo é um achado comum.
Para um bom prognóstico, a fisioterapia é um fator
fundamental na recuperação dos pacientes. Exercícios simples
que, uma vez iniciados no ambiente ambulatorial, podem ser
facilmente reproduzíveis pelo paciente. Os exames de imagem
também são fundamentais para o correto diagnóstico e para
estabelecer o plano de tratamento. Assim como em outras
condições odontológicas, o envolvimento multidisciplinar
é primordial e indispensável. Por fim, é importante lembrar
que para conhecer as alterações radiográficas nos casos de
anquilose da ATM, antes é necessário conhecer o padrão
esperado para quadros classificados como normais.
• Neto AJF, Neves FDD, Jr. PCS. Oclusão. Porto Alegre: Grupo A;
2013.
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65
9 Tratamento da
anquilose
da articulação
temporo-
mandubular
ETIOLOGIA
66
são as infecções (odontogênica, otite média e mastoidite),
inflamações (artrite reumatoide, espondilite anquilosante) e
iatrogenias (complicações de cirurgias ortognáticas e cirurgias
de ATM) (1). Entretanto, além destes fatores ambientais a
manifestações das anquiloses parecem ter uma importante
relação com fatores biológicos, estudos indicam associação
de polimorfismos e mutação genética que favorecem o seu
surgimento em determinados indivíduos (3).
CLASSIFICAÇÃO
67
TRATAMENTO
TRATAMENTO DA ANQUILOSE
EM CRIANÇAS
68
3. Coronoidectomia no lado contralateral, se as etapas
anteriores não resultarem abertura interincisal máxima maior
que 35mm.
4. Revestimento da ATM com retalho miofascial temporal
ou disco do próprio disco articular do paciente, se puder ser
recuperado (figura 3).
5. Reconstrução da cabeça da mandíbula a partir do ramo
mandibular através de distração osteogênica (figura 4) ou
através de enxerto costocondral (enxerto removido da costela)
e fixação rígida (figura 5).
6. Mobilização precoce da mandíbula.
7. Fisioterapia agressiva.
69
Figura 2: coronoidectomia. A) Acesso intra-bucal em ramo mandibular.
B) Osteotomia para remoção do processo coronóide. C) Processo
coronóide removido.
70
Figura 4: Desenho representando um distrator osteogênico instalado
no ramo mandibular.
71
A remoção da massa anquilótica é realizada através do acesso
pré-auricular. Muitas vezes, o cirurgião já realiza a extensão
de Al-Kayat estendendo a incisão como um J invertido para a
região temporal. Essa extensão, além de permitir um acesso
mais amplo, possibilita a realização do retalho miofascial do
temporal. Quando a ancilose é diagnosticada bilateralmente
através do exame clínico e exame de imagens, esse processo
deve ser realizado bilateralmente.
O processo coronóide é mais facilmente removido através
do acesso intra-bucal no ramo mandibular e deve ser removido
sempre do lado afetado. Nos casos de ancilose unilateral,
quando mesmo após a remoção do bloco anquilótico e
do processo coronóide do lado afetado, a abertura bucal
não atingir 35mm, deve ser realizada a coronoidectomia
contra-lateral.
O retalho miofascial do músculo temporal descrito no
protocolo da kaban é bastante utilizado devido a facilidade
de acesso na região. Entretanto, muitos cirurgiões atualmente
tem preferido interpor um enxerto de gordura, através da
remoção da bola de Bichatt ou através da remoção de
gordura abdominal (8) pelo cirurgião geral, obtendo melhores
resultados a longo prazo que o enxerto miofascial.
A reconstrução óssea através da distração osteogênica é
realizada a partir de uma osteotomia no ramo mandibular, e da
instalação de um distrator ósseo que promove o afastamento
gradativo dos segmentos ósseos osteotomizados, levando a
um alongamento do ramo mandibular. As ativações iniciam 2
a 4 dias após a cirurgia, abrindo em média 1mm ao dia, através
de 2-4 ativações por dia.
Outra alternativa de reconstrução é o enxerto costocondral
que é removido normalmente por um cirurgião torácico e
reanatomizado para substituir a cabeça da mandíbula. É
considerado uma boa opção para reconstrução da ATM em
crianças devido ao seu potencial de crescimento. Entretanto,
é difícil prever o quanto esse enxerto poderá crescer, podendo
72
ocasionar em alguns casos até um sobre crescimento
do lado operado. Em outros casos também pode acabar
ocorrendo a reabsorção do enxerto ou reancilose. Essa falta
de previsibilidade além da morbidade do sítio doador, tem
levado alguns cirurgiões a indicarem a reconstrução da ATM
com próteses customizadas, mesmo em crianças (9).
A fisioterapia é realizada através de exercícios de abertura
bucal e movimentos de lateralidade com auxílio digital em
frente ao espelho. Devem ser realizados no mínimo quatros
vezes ao dia, durante um período de 3-5 minutos. Em casos
de maior dificuldade de abertura, podem ser utilizadas
espátulas de madeira que são inseridas gradativamente entre
os dentes para aumentar a abertura bucal, normalmente esse
procedimento é realizado com auxílio do profissional.
Em muitos casos, os pacientes tratados para ancilose na
infância necessitam de uma segunda intervenção após o
crescimento para correção de alguma deformidade dentofacial
ainda presente, através da cirurgia ortognática.
TRATAMENTO DA ANQUILOSE
EM ADULTOS
73
biológico após a ressecção da massa óssea. A interposição
de material no espaço criado após a ressecção da massa
anquilótica tem o objetivo de impedir a recidiva da anquilose
na ATM após a artroplastia, uma variedade de materiais tem
sido utilizada, incluindo materiais biológicos como: fáscia do
músculo temporal, derme, cartilagem auricular e materiais
não biológicos como: silicone e acrílico. Ambas as técnicas
são realizadas através do acesso pré-auricular e a remoção da
massa anquilótica é realizada através de osteotomia com serra
ou preferencialmente motor piezoelétrico. Uma metanálise de
2015 (10) comparando ambas as técnicas, demonstrou taxas
semelhantes de recidivas, entretanto uma média da máxima
abertura interincisal maior nos pacientes tratatados com a
artroplastia interposicional.
74
Quando a anquilose é tratada através de artroplastias
(artroplastia em gap ou artroplastia interposicional), sem
a reconstrução da ATM, acaba se desenvolvendo uma
pseudoarticulação e um ramo mandibular curto. Esse tipo de
tratamento pode ocasionar o desenvolvimento de mordida
aberta em casos bilaterais, oclusão prematura no lado afetado
e mordida aberta no lado contralateral em casos unilaterais
e amplitude de movimento pós-operatória abaixo do ideal.
Além disso, pode ocorrer re-anquilose.
Com relação a reconstrução articular total, pode ser realizada
por substituição autógena, sendo os enxertos costocondrais,
ou através de reconstrução com prótese. Conforme já descrito
anteriormente as reconstruções com enxerto costocondral
apresentam resultados variáveis e podem apresentar como
complicações re-anquilose, reabsorção e supercrescimento.
Além disso, apresenta, como desvantagens um local
cirúrgico adicional, podendo ocasionar complicações como
pneumotórax e dor pleurítica. Como alternativa aos enxertos
autógenos na ATM, vários materiais e sistemas aloplásticos foram
desenvolvidos para uso na reconstrução da ATM. Atualmente
está disponível no mercado, próteses pré-fabricadas (de
estoque) e próteses customizadas.
A prótese de estoque constitui uma solução de baixo custo
quando comparada a customizada, contudo pode apresentar
micro movimentos que aumentam o risco de reabsorção
óssea e sua menor estabilidade pode reduzir a longevidade e
levar a falhas do material. Apresentam dois componentes: a
fossa articular que é fixada no osso temporal com parafusos
de titânio, e o componente mandibular que é fixado ao ramo
75
mandibular, ambos os componentes apresentam forma
e tamanhos pré-definidos geralmente disponíveis em três
tamanhos diferentes. A falta de precisão desse material acaba
dificultando também o procedimento cirúrgico.
Assim, o padrão ouro para reconstrução da ATM atualmente,
são as próteses customizadas (figura7), onde todo o sistema é
customizado a partir de uma prototipagem do osso produzida
através de exames tomográficos. Frente a complexidade da ATM,
essa técnica permite a confecção de próteses individualizadas
de acordo com a anatomia de cada indivíduo, possibilitando
a correção do retrognatismo mandibular quando presente.
Entretanto, ainda é uma opção de altíssimo custo, dificultando
o acesso a esse tipo de tratamento.
76
Para a realização da reconstrução da ATM com próteses,
além do acesso pré-auricular, por onde é realizada a remoção
do bloco anquilótico e a instalação do componente da fossa
articular, é necessário um segundo acesso, o submandibular
(figura 7-A), para a instalação do componente mandibular.
Wolford (11) recomenda a cirurgia de próteses combinadas
com enxerto de gordura abdominal livre para o tratamento
da anquilose da ATM. Os enxertos livres de gordura podem
prevenir a formação de coágulos sanguíneos e a osteogênese
no gap da osteotomia, prevenindo a recorrência da anquilose.
É importante salientar que, para todas as modalidades
de tratamento é imprescindível a fisioterapia pós-operatória
e um acompanhamento frequente do cirurgião.
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