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REsuMO
Objetivo: Apresentar um protocolo clínico, baseado na literatura atual, visando otimizar Maria Carolina Bandeira
o atendimento emergencial do trauma dentário nas dentições decídua e permanente. Macena(1)
Métodos: estudo de natureza documental, através de revisão da literatura de pesquisas Ana Catarina Leite(1)
sobre os traumatismos dentários disponíveis nas seguintes bases de dados: mEDLInE, viviane Colares(1)
Cochrane, Pubmed, Lilacs, BBO e SCIELO, usando-se os descritores: traumatismo dentário,
sandra vieira(1)
classificação, diagnóstico e epidemiologia. Os protocolos produzidos pela Associação
Internacional de Trauma Dental (IADT) e da Academia Americana de Odontopediatria
Luiz Guedes de Carvalho neto(2)
(AAPD) também foram revisados. Conclusões: O protocolo clínico representa a evidência
mais atual baseada na pesquisa da literatura e na vivência clínica do profissional. As
recomendações apresentadas neste trabalho estão de acordo com as relatadas nos protocolos
da IADT e AAPD.
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Achados clínicos Achados radiográficos tratamento
Fratura Trinca do esmalte sem perda de substância dental. Mostra-se como uma rede de microfissuras no esmalte não é necessário, entretanto deve-se analisar a possibilidade de lesão do tecido de
incompleta bem visível com a incidência do feixe de luz do refletor. suporte dental.
de esmalte
Envolve esmalte ou esmalte e dentina; Avaliar deslocamento ou fratura radicular Restaurar o fragmento dentário se o mesmo for recuperado.
não expõe polpa. através das incidências citadas. Fraturas superficiais no esmalte, realizar apenas um polimento.
Fratura coronária
Teste de sensibilidade pode ser inicialmente nega- Avaliar a possibilidade de fragmentos Tratamento de urgência, cobrir a dentina exposta com CIV ou restauração perma-
não complicada
tivo, indicando trauma pulpar transitório, deve-se dentários nos tecidos moles. nente com sistema adesivo.
monitorar esta condição.
Envolve esmalte e dentina com exposição pulpar. Avaliar deslocamento ou fratura radicular Permanente em desenvolvimento: capeamento ou pulpotomia parcial; hidróxido de
Teste de sensibilidade não é indicado. através das incidências citadas. cálcio e mTA são os materiais de escolha.
monitorar a sensibilidade nas visitas Avaliar a possibilidade de fragmentos dentários nos te- Permanente com raiz formada: pulpectomia quando houver necrose pulpar.
de acompanhamento. cidos moles. Capeamento ou pulpotomia quando o tempo decorrido entre trauma e atendimento
Fratura coronária
for reduzido, não havendo indícios de necrose pulpar.
complicada
Decídua em desenvolvimento: capeamento ou pulpotomia parcial; usar hidróxido
de cálcio
Macena MCB, Leite AC, Colares V, Vieira S, Carvalho Neto LG
Envolve esmalte, dentina e cemento com mais de uma incidência é necessária para detectar as li- Permanente: quando houver envolvimento pulpar o tratamento recomendado é o
ou sem envolvimento pulpar. nhas de fratura, principalmente de modo lateral. mesmo das fraturas complicadas.
Fratura Fragmento coronal móvel usualmente Quando não houver exposição pulpar, restaurar o dente, utilizando-se usualmente
corono-radicular fixo apenas à gengiva, podendo haver de gengivectomia, osteotomia ou extrusão ortodôntica prévia.
perda de estrutura. Decídua: quando não houver possibilidade de restaurar, a exodontia é indicada.
Teste de sensibilidade geralmente é positivo.
Envolve dentina, cemento e polpa. Podem revelar 1 ou mais linhas radiolúcidas que separam Permanente: reposicionar o fragmento, estabilizar com contenção flexível por
O fragmento coronal apresenta-se móvel, seguro os fragmentos radiculares. aproximadamente 4 semanas. Fratura próxima ao colo do dente, recomenda-se 4
apenas pela gengiva. Fraturas no plano horizontal podem ser observadas por meses de contenção.
Fratura radicular Pode apresentar dor à percussão incidências com anglo de 90° do filme com o feixe central Acompanhar por aproximadamente 1 ano, realizar pulpectomia se houver necrose
Teste de sensibilidade pode ser negativo em passando pelo dente. pulpar.
princípio, sendo necessário Fratura diagonal, uma radiografia oclusal poderá detectá- Decídua: extrair o fragmento coronal se este sofrer deslocamento. O fragmento
acompanhamento. la. apical sofrerá reabsorção.
Fratura do Pode envolver o osso adjacente. Podem ser localizados em qualquer nível, realizar a radio- Reposicionar todo o segmento deslocado e estabilizar por 4 semanas.
processo Teste de sensibilidade pode ou não grafia panorâmica.
alveolar ser positivo. Na dentição decídua é importante a radiografia lateral
Interferência oclusal pode ser notada. para examinar a proximidade entre as duas dentições.
Subluxação mobilidade dentária sem deslocamento. Anormalidades radiográficas são geralmente inexistentes. Contenção flexível por aproximadamente 2 semanas. Observa-
Sensibilidade ao toque. ção.
Deslocamento para palatino/lingual ou vestibular do den- Aumento do espaço periodontal, melhor visualizado Permanente: Reposicionar ativamente (pressão bidigital) e con-
te. O dente fica fixo na nova posição. na radiografia oclusal. tenção flexível entre 2 e 4 semanas. Controle clínico e radiográfi-
Teste de sensibilidade negativo. co para avaliar a possibilidade de necrose pulpar.
Luxação Lateral no dente em formação, pode ocorrer Decídua: se não tiver nenhuma interferência oclusal, esperar
revascularização. reposicionamento passivo; se houver interferência, reposicionar
ativamente. Contenção flexível por até 2 semanas.
Em deslocamentos severos onde a coroa parte para a direção la-
bial, exodontia.
Deslocamento do dente para dentro da cavidade alveolar, Descontinuidade do ligamento periodontal. Permanente em desenvolvimento: esperar correção espontânea,
ocasionando danos para a polpa e Na dentição decídua fazer radiografia extra-oral lateral para ava- se após 3 semanas nenhum movimento for observado, reposicio-
estruturas de suporte. O dente fica fixo na nova liar proximidade com germe do permanente. nar ortodonticamente.
posição. Permanente com raiz formada: reposicionar ortodôntica ou ci-
Intrusão Teste de sensibilidade negativo. rurgicamente o mais rápido possível, alto risco de anquilose e
no dente em formação pode ocorrer necrose pulpar.
revascularização. Decídua: correção espontânea.
Se o ápice foi deslocado para próximo do germe do permanente,
exodontia.
Deslocamento total do dente para fora do alvéolo. O exame radiográfico é essencial para garantir que o dente não Permanente: limpar o alvéolo e a raiz do dente com solução sali-
Instruções ao paciente: Dieta líquida-pastosa por 2 sema- sofreu intrusão total. na sem esfregar e reimplatá-lo, contenção flexível por 2 semanas.
nas. nos dentes com ápice fechado, fazer o tratamento endodôntico
Escovar os dentes com escova macia após cada refeição. após 7-10 dias; naqueles com ápice aberto acompanhar por apro-
Bochechar clorexidina a 0,1%, duas vezes dia, por uma ximadamente 1 ano para avaliar a necessidade de tratamento de
semana. canal.
Avulsão Prognóstico desfavorável após 60 minutos da avulsão, o ligamen-
to periodontal mostra-se geralmente necrosado, devendo-se retirar
este tecido necrótico com gaze e reimplatar o dente, as chances
de anquilose são grandes. Fazer o tratamento endodôntico antes de
reimplantá-lo ou 10 dias após o reimplante.
Profilaxia antibiótica, antitetânica.
Em pacientes imunodeprimidos, o reimplante é contraindicado.
Decídua: não é recomendado o reimplante.
Avaliação e conduta no traumatismo dentário
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Macena MCB, Leite AC, Colares V, Vieira S, Carvalho Neto LG