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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

DEPARTAMENTO DE CIRURGIA E ORTOPEDIA

ESPECIALIZAÇÃO EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA E IMAGINOLOGIA

RENATA POSSANI ZAGO

AGENESIAS DENTÁRIAS: REVISÃO DE LITERATURA

Porto Alegre, 2016


1

RENATA POSSANI ZAGO

AGENESIAS DENTÁRIAS: REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada como parte dos

requisitos obrigatórios para a conclusão do

Curso de Especialização em Radiologia

Odontológica e Imaginologia pela Faculdade

de Odontologia da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof. Me. Mathias Pante Fontana

Porto Alegre, 2016


2
3

.RESUMO

A agenesia é uma das alterações dentárias mais frequentes,


caracterizada pela ausência congênita de um ou mais dentes, ocorrendo
principalmente na dentição permanente. As anomalias de número podem ser
classificadas como oligodontia (ausência de mais de seis dentes), hipodontia
(ausência de um a seis dentes) e a ausência total de todos os dentes, chamada
de anodontia. O diagnóstico é, na maioria das vezes, realizado por achados
radiográficos e quando realizado precocemente permite uma conduta clínica e
ortodôntica no momento ideal. O tratamento ortodôntico em pacientes com
ausências dentárias congênitas é considerado um desafio. Dessa forma,
estruturou-se o seguinte trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisão de
literatura sobre agenesias dentárias, suas classificações, etiologia, diagnóstico,
prevalência e tratamento.

Palavras-chave: Agenesia dentária. Prevalência. Tratamento


4

ABSTRACT

The dental agenesis is one of the most frequent dental changes,


characterized by the congenital absence of one or more teeth, occuring mainly
in the permanent dentitions. The number of anomalies may be classified as
oligondontia (absence of more than six teeth), hypodontia (absence of one to
six teeth) and the total absence of all teeth, called anadontia. The diagnosis is
made by radiographic findings and when performed early it allows clinical and
orthodontic conduct at the right time. Orthodontic treatment in patient with
dental agenesis is considered a challenge. The following work was structured
whose objective was to perform a literature review of dental agenesis, their
classifications, etiology, diagnosis, prevalence and treatment.

Key- words: Dental agenesis. Prevalence. Treatment.


5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................6

2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................7

2.1 CLASSIFICAÇÃO........................................................................................7

2.2 ETIOLOGIA.................................................................................................8

2.3 DIAGNÓSTICO..................................................................................................9

2.4 PREVALÊNCIA E RELATOS DA LITERATURA..............................................10

2.5 TRATAMENTO.................................................................................................12

3 METODOLOGIA.............................................................................................14

4 DISCUSSÃO...................................................................................................15

CONCLUSÃO...................................................................................................17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................18
6

1 INTRODUÇÃO

Na evolução do ser humano ocorreram grandes mudanças nos hábitos


alimentares. A diminuição do uso do aparelho mastigatório propiciou alteração
no tamanho dos dentes e até mesmo redução da quantidade de dentes
presentes na arcada (PAULA e FERRER, 2007).
A agenesia é uma das alterações dentárias mais frequentes no ser
humano, caracterizada pela ausência congênita de um ou mais dentes. Ocorre
principalmente na dentição permanente, sendo menos frequente na dentição
decídua. (SILVA, PEREIRA, FAGGIONI JUNIOR, 2005) Ela é mais comum na
sociedade contemporânea, o que é considerado uma tendência evolucionária
(LIU, 2011).
As anomalias de número podem ser classificadas como oligodontia
(ausência de mais de seis dentes), hipodontia (ausência de um a seis dentes) e
a ausência total de todos os dentes, chamada de anodontia (FERREIRA E
FRANZIN, 2014).
Na maior parte das vezes, o diagnóstico é realizado por achados
radiográficos. Esse exame é fundamental para a detecção de anomalias e
quando realizado precocemente permite uma conduta clínica e ortodôntica no
momento ideal. (SILVA et al., 2004) O tratamento ortodôntico em pacientes
com ausências dentárias congênitas é considerado um desafio (LIU, 2011).
Dessa forma, estruturou-se o seguinte trabalho cujo objetivo foi realizar
uma revisão de literatura sobre agenesias dentárias, suas classificações,
etiologia, diagnóstico, prevalência e tratamento.
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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CLASSIFICAÇÃO

Variações no número de dentes em desenvolvimento são comuns.


Diversos termos são úteis na discussão das variações numéricas dos dentes.
Anodontia refere-se à total falta de desenvolvimento dentário. A anodontia é
rara e, em muitos casos, ocorre na presença hereditária da displasia
ectodérmica hipoidrótica. De fato, quando o número de ausências dentárias é
alto ou envolve os dentes mais estáveis (p. ex., incisivos centrais superiores,
primeiro molares), o paciente deve ser avaliado para diagnóstico quanto à
displasia ectodérmica. Hipodontia demonstra a falta de desenvolvimento de um
ou mais dentes; oligodontia (uma subdivisão da hipodontia) indica a falta de
desenvolvimento de seis ou mais dentes. Hiperdontia é o desenvolvimento de
um número maior de dentes, e os dentes adicionais são chamados de
supranumerários. Termos como anodontia parcial são incongruentes e devem
ser evitados. Além disso, estes termos pertencem a dentes que falharam em
seu desenvolvimento e não devem ser aplicados a dentes que passaram pelo
desenvolvimento, mas estão impactados ou foram extraídos (NEVILLE et al.,
2009).

Figura 1. Radiografia panorâmica de paciente de 9 anos, sexo feminino, evidenciando


agenesia dos elementos dentários 15, 25 e 35. Fonte: do autor.
8

2.2 ETIOLOGIA
A etiologia da agenesia dentária ainda não é muito clara e a prevalência
dessa anomalia é bastante grande. Ferreira e Franzin (2014), concluíram que a
causa da agenesia dentária ainda não está completamente elucidada, no
entanto é pertinente e interessante seu estudo devido à sua alta frequência,
sendo necessária uma orientação, diagnóstico e intervenção precoce, com o
intuito de minimizar sequelas ao indivíduo, como as alterações oclusais,
morfológicas e/ou estéticas, melhorando assim sua qualidade de vida. O
diagnóstico de agenesia é melhor realizado com radiografia panorâmica e a
idade do diagnóstico pode afetar não só o número de opções disponíveis de
tratamento para o paciente, mas também o sucesso do tratamento e a
qualidade do resultado (LIU, 2011).

Entre os fatores etiológicos da hipodontia destacam-se os nutricionais,


traumáticos, infecciosos, hereditários, ruptura localizada do germe dentário,
traumas locais, radiações, mudança na evolução, associação com síndromes e
com doenças virais, como a rubéola ou certos distúrbios endócrinos,
entretanto, a hereditariedade tem sido o fator etiológico principal (SILVA et al.,
2004).

Suarez e Spence (1974) citaram várias causas da agenesia dentária e


também colocam a hereditariedade como fator principal. Uma tendência
hereditária pode ser proposta demonstrando que dentes ausentes ocorrem com
mais frequência entre parentes do que na população em geral.

O fator genético parece exercer uma forte influência no desenvolvimento


dos dentes. Numerosas síndromes hereditárias foram associadas tanto à
hipodontia, como à hiperdontia. Além disso, a real contribuição genética para o
aumento ou decréscimo do número de dentes pode ser pouco clara em
algumas destas condições. Além dessas síndromes, um aumento da
prevalência de hipodontia pode ser notado em pacientes não sindrômicos com
fenda labial ou fenda palatina (NEVILLE et al., 2009).

Viera (2003), citou que já foram descritas mais de 50 síndromes


correlacionando agenesia dentária como parte de seus aspectos fenotípicos.
9

Entre elas, síndrome de Seckel, Hallerman-Streiif orodigitofacial, hipoplasia


dérmica focal, oculodentodigital, Russel-Silver, displasia condroectodérmica,
displasia frontometafisiária, displasia craniofacial, Rieger, Robinson entre
outras.
A implicação clínica do padrão de anomalias dentárias associadas é
muito relevante, uma vez que o diagnóstico precoce pode alertar o clínico da
possibilidade de desenvolvimento de outras anomalias associadas no mesmo
paciente ou em outros membros da família, permitindo que a intervenção
ortodôntica seja feita em tempo oportuno (GARIB et al., 2010).

2.3 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico precoce, durante a fase de dentadura mista é de extrema
importância pois permite ao profissional considerar o maior número de
possibilidades disponíveis de tratamento, além de evitar que os problemas
oclusais se agravem. (SANTOS et al. 2006)

O método de diagnóstico de anomalias dentárias mais comumente


utilizado é o exame clínico acompanhado do exame radiográfico. Para o
diagnóstico radiográfico podem ser utilizadas as técnicas intrabucais periapical,
oclusal, interproximal e as extrabucais como as radiografias panorâmicas ou as
laterais oblíquas de mandíbula. Através do exame clínico da agenesia dentrária
é possível perceber a falta de erupção na cavidade oral, no entanto, é
imprescindível a realização do exame radiográfico para que haja a
confirmação. Dentre as radiografias odontológicas, a radiografia panorâmica é
a mais indicada para estudo da agenesia dentária por registrar todo o complexo
maxilo-mandibular em uma tomada única e por possuir menor índice de
radiação quando comparada à tomada de radiografias periapicais de todos os
dentes. As radiografias panorâmica e periapical, além de diagnosticar a
agenesia, informam sobre impacções, inclinação dos dentes adjacentes,
dentes ectópicos e outras ausências dentárias, sendo essenciais também no
planejamento. O histórico familiar deve ser investigado podendo mostrar que a
agenesia é comum entre os parentes, como causa genética, e facilitando o
10

diagnóstico e o planejamento do tratamento. Na prevenção e estudo clínico das


anomalias dentárias o diagnóstico precoce por meio de imagens poderá
prevenir a instalação de problemas oclusais (LIU,2011, LIMA FILHO et al.,
2014 e SANTOS et al. 2006).

Figura 2: Agenesia de incisivo lateral superior esquerdo permanente. Fonte: SILVA,


PEREIRA, FAGGIONI JUNIOR, 2005.

2.4 PREVALÊNCIA E RELATOS DA LITERATURA

Borba et al (2010) realizaram uma pesquisa para avaliar a prevalência


de agenesias dentais em pacientes de 7 a 16 anos em Campo Grande, Mato
Grosso do Sul. Foram avaliadas 5500 radiografias panorâmicas sendo
selecionada uma amostra de 1500. A partir dessa pesquisa os autores
concluíram que existe alta prevalência de agenesias, sendo que não houve
diferença estatisticamente significante na distribuição de agenesias em relação
ao sexo. Com relação aos dentes, os grupos formados pelos terceiros molares
e os segundos pré-molares, em todos os quadrantes, mostraram maiores
prevalências de agenesias em relação aos demais dentes, os quais
apresentaram comportamento semelhante entre si. Não existiu diferença
estatística em relação à localização da agenesia, sendo mais frequente no
quadrante superior direito no gênero masculino e no quadrante inferior direito
no feminino.
Castro et al (2006) analisaram a ocorrência de agenesias e/ou inclusões
dentárias em 224 pacientes, com idades entre 19 e 24 anos, selecionados
11

aleatoriamente, sendo que 131 eram do sexo feminino e 93 do sexo masculino.


O exame clínico e a interpretação radiográfica realizaram-se por um único
examinador. Os grupos mais afetados foram os terceiros molares superiores e
inferiores. No grupo dos pré-molares, a agenesia foi mais frequente nos pré-
molares superiores, sendo rara a ocorrência em caninos e primeiros molares.

Resultados semelhantes foram reportados por Antoniazzi et al (1999)


que encontraram maior freqüência de agenesia em primeiros pré-molares
superiores e no gênero feminino. Também encontraram rara ocorrência de
agenesia de caninos e primeiros molares.

Com o objetivo de avaliar a prevalência de agenesia em jovens do sexo


feminino, um estudo avaliou 1000 radiografias panorâmicas de paciente entre 8
a 15 anos. Concluiu-se que na amostra populacional examinada, a hipodontia
se apresentou somente na dentição permanente, com maior incidência no
incisivo lateral superior, seguido do segundo pré-molar inferior e segundo pré-
molar superior. Não houve diferença estatística significante entre os lados
direito e esquerdo. A proporção de agenesias na maxila foi maior do que na
mandíbula e houve predominância de unilateralidade nos casos (FARIAS et al.,
2006).
Grieco et al, (2007) avaliaram a prevalência de agenesias dentárias nos
pacientes de Ortodontia da Universidade de São Paulo e concluíram que os
grupos formados pelos segundos pré-molares inferiores e incisivos laterais
superiores mostraram maior prevalência de agenesias em relação aos demais
grupos, os quais apresentaram comportamento semelhante entre si. Também
se concluiu que a prevalência de agenesias foi semelhante entre os gêneros
masculino e feminino, e entre os quadrantes dentários.
Paula e Ferrer (2007) avaliaram a prevalência de agenesias em uma
clínica ortodôntica de Goiânia. Foram analisadas 800 radiografias panorâmicas
de pacientes ortodônticos na faixa etária de 12 a 53 anos, e concluíram que o
dente mais ausente é o terceiro molar, seguido do incisivo lateral inferior. Além
disso, o sexo feminino apresentou maior prevalência de agenesias.
A falta de um dente na dentição permanente não é rara, sendo os
terceiros molares os mais afetados. Depois dos terceiros molares, os segundos
12

pré-molares, incisivos laterais superiores e incisivos centrais inferiores são os


dentes mais afetados. A ausência pode ser uni ou bilateral e a prevalência de
agenesias é maior no sexo feminino (NEVILLE et al, 2009 e WHITE E
PHAROAH, 2007).

2.5 TRATAMENTO

As agenesias dentárias desencadeiam problemas oclusais e


periodontais, especialmente se localizadas no segmento posterior da boca,
excluindo-se os terceiros molares. Além disso, podem gerar uma oclusão
traumática, inclinações indesejáveis dos dentes vizinhos, ou ainda, o
surgimento de diastemas que facilitam a impactação alimentar, com
consequentes danos ao periodonto interdentário (OLIVEIRA, CONSOLARO,
HENRIQUES, 1991).
As agenesias localizadas na região anterior do arco dentário superior
geralmente conduzem a situações esteticamente desagradáveis e com
prováveis problemas fonéticos. A obtenção de excelentes resultados no
tratamento ortodôntico de pacientes com agenesia de incisivo lateral superior é
difícil, independente se a opção for abertura ou fechamento de espaços. A
questão fundamental nesses casos não é apenas a decisão de fechar ou abrir
espaços, mas sim como atingir melhor resultado funcional e estético (LIMA
FILHO et al., 2004).
Lima (2011) demonstrou em um relato de caso que o fechamento de
espaço nos casos de agenesia de incisivo lateral é uma ótima opção de
tratamento. Desde que o caso seja bem planejado e conduzido, é possível a
obtenção de resultados estéticos e funcionais altamente satisfatórios. Além
disso, com o fechamento de espaço podemos diminuir o tempo de tratamento e
a necessidade de posterior restituição protética.
Fonseca et al (2007) citaram que a agenesia de segundo pré-molar
inferior, frequentemente está associada a molares decíduos retidos e em infra
oclusão, e com seqüelas clínicas, tais como redução da altura alveolar, supra-
erupção dos dentes adjacentes, inclinação dos primeiros molares permanentes
com perda do espaço e, em alguns casos, impacção dos primeiros pré-
13

molares. Esta situação clínica é um desafio para os odontopediatras,


protesistas e ortodontistas. Os autores concluíram que o correto diagnóstico
das agenesias, realizado na época certa, pode afetar não apenas as opções de
tratamento possíveis, mas também o sucesso do tratamento e a qualidade dos
seus resultados.
As opções de tratamento para as agenesias incluem próteses fixas
tradicionais, pontes em resina, implantes osteointegrados com associação de
coroas protéticas ou tratamento ortodôntico. O uso de próteses fixas
tradicionais, normalmente, não é recomendado para crianças devido ao risco
de exposição da polpa durante o preparo, e porque o crescimento ósseo futuro
pode levar a infra-oclusão e anquilose dos dentes retidos em conjunto pela
prótese. Da mesma forma, o uso de implantes não é recomendado antes do
completo crescimento ósseo, exceto em casos de pacientes com anodontia.
Por estas razões, um dispositivo removível ou uma ponte em resina muitas
vezes é adequado em crianças e adultos jovens, enquanto aguarda-se a
completa maturação dentária e esquelética. Em muitos casos de agenesia, o
tratamento ortodôntico poderá melhorar ou mesmo evitar a necessidade de
tratamento restaurador em pacientes selecionados (NEVILLE et al., 2009).
O crescimento dentário e esquelético é o fator que mais interfere no
sucesso dos implantes quando usados em crianças. A principal complicação é
a falha do implante em responder ao crescimento vertical do alvéolo e dentes
adjacentes em virtude da anquilose. Sendo assim, é recomendado esperar o
crescimento dentoalveolar e facial completo (THYS et al., 2006).
14

3. METODOLOGIA

A presente monografia foi realizada durante o Curso de Especialização


em Radiografia Odontológica e Imaginologia na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, no período de março de 2015 a outubro de 2016.

O objetivo desta monografia foi realizar uma revisão de literatura sobre


agenesias dentárias, suas classificações, etiologia, diagnóstico, prevalência e
tratamento.
Este trabalho foi embasado em revisão de literatura obtida através de
artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, pesquisados na
internet através da base de dados da periódicos CAPES, disponibilizados pela
Faculdade de Odontologia da UFRGS, Google Acadêmico e PubMed
(publicados no período de 1974 a 2014).
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4. DISCUSSÃO

Suarez e Spence, (1974) e Silva et al, (2004) citaram diversas causas


das agenesias dentárias e concordaram que o fator principal é a
hereditariedade.

Com relação ao gênero Borba et al (2010) e Grieco et al (2007)


concordaram que não houve diferença estatisticamente significativa na
distribuição de agenesias nos sexos masculino e feminino. No entanto, Castro
et al (2006), Antoniazzi et al (1999), Paula e Ferrer (2007) e Neville et al (2009)
evidenciaram uma maior ocorrência de agenesias no sexo feminino.

Segundo Borba et al (2010), com relação aos dentes, os grupos


formados pelos terceiros molares e os segundos pré-molares, em todos os
quadrantes, mostraram maiores prevalências de agenesias em relação aos
demais dentes, os quais apresentaram comportamento semelhante entre si.
Antoniazzi et al (1999) concluíram que a agenesia dentária é mais frequente
em primeiros pré-molares superiores. Castro et al (2006) encontrou resultados
de acordo com a maioria dos relatos na literatura, evidenciando os terceiros
molares superiores e inferiores como os mais comuns, no grupo dos pré-
molares foi mais frequente em pré- molares superiores, rara ocorrência em
caninos e primeiro molares. Entretanto, Farias et al (2006) observou maior
incidência de agenesias no incisivo lateral superior, seguido do segundo pré-
molar inferior e segundo pré-molar superior. Grieco et al (2007), Neville et
al(2009), White e Pharoah (2007) concluíram que, excluindo os terceiros
molares, os grupos formados pelos segundos pré-molares inferiores e incisivos
laterais superiores mostraram maior prevalência de agenesias. A ausência
pode ser uni ou bilateral.
Grieco et al (2007) observaram que a prevalência de agenesia foi
semelhante entre os quadrantes dentários. Borba et al (2010) também não
encontraram diferenças significativas em relação ao quadrante afetado, embora
tenham encontrado uma freqüência maior no quadrante superior direito no
gênero masculino e no quadrante inferior direito no feminino.
16

Lima Filho et al (2004) citaram que as agenesias localizadas na região


anterior do arco dentário superior geralmente conduzem a situações
esteticamente desagradáveis e com prováveis problemas fonéticos. A obtenção
de excelentes resultados no tratamento ortodôntico de pacientes com agenesia
de incisivo lateral superior é difícil, independente se a opção for abertura ou
fechamento de espaços. Lima (2011) demonstrou em um relato de caso que o
fechamento de espaço nos casos de agenesia de incisivo lateral é uma ótima
opção de tratamento, desde que o caso seja bem planejado e conduzido.
Fonseca et al (2007) citaram a agenesia de segundo pré-molar inferior
como um desafio para os odontopediatras, protesistas e ortodontistas e
apresentaram um caso clínico de agenesia congênita de segundos pré-molares
inferiores em que o tratamento consistiu em fechamento de espaço com
elástico de classe II, com resultados oclusais e estéticos satisfatórios.
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CONCLUSÃO

A maioria dos trabalhos sobre agenesia indica que a prevalência é maior


no sexo feminino.
Os dentes mais comumente acometidos são os terceiros molares,
segundos pré-molares e incisivos laterais superiores.
A prevalência de agenesia foi semelhante entre os quadrantes dentários.
Como as agenesias dentárias acompanham o indivíduo desde a
infância, um plano de tratamento adequado é muito importante visando
resultados oclusais e estéticos satisfatórios.
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