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RESUMO
Uma das doenças bucais mais incidentes da atualidade, assim tem sido descrita a
hipersensibilidade dentinária. Considerada atualmente como uma doença que promove
sensibilidade excessiva à dentina, dor aguda de curta duração, originada de um esmalte
vulnerável e uma dentina cervical exposta. Possui ampla variedade de prevalência, geralmente
de 11 a 33%, tornando-se uma questão de saúde pública. A vasta quantidade de critérios
diagnósticos atuais sugere que há incerteza e falta de confiança entre os cirurgiões dentistas
sobre o que é a hipersensibilidade dentinária, como diagnosticar e tratar tal condição. O
objetivo geral deste trabalho foi discutir fatores etiológicos, mecanismos de ação, diagnóstico,
diagnóstico diferencial e tratamento da hipersensibilidade dentinária, apresentando os
protocolos de diagnóstico e tratamento de forma simplificada. Essa revisão de literatura foi
realizada utilizando as bases de dados Google Acadêmico, Pubmed, Scielo e livros
relacionados ao assunto. Foram utilizados artigos disponibilizados na íntegra na língua
portuguesa e inglesa, entre os anos de 2010 a 2020, e foram descartados os artigos de outra
língua e trabalhos não disponibilizados integralmente. Desta forma, foi observado que o
protocolo associativo no tratamento para a hipersensibilidade dentinária tem garantido
resultados satisfatórios e duradouros, além da facilidade em reprodução, e possibilidade de ser
abordado na grande maioria dos casos clínicos.
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Graduanda em Odontologia pela Universidade de Rio Verde, Campus Rio Verde, GO. E-mail:
alinesiegadefreitas@outlook.com
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Orientadora, Doutora em Clínica Odontológica Integrada. Professora do Curso de Odontologia da Universidade
de Rio Verde, Campus Rio Verde, GO. E-mail: rodrigues.giselle@yahoo.com.br
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1 INTRODUÇÃO
Por gerar dor aguda e curta, derivada de estímulos geralmente não prejudiciais a
dentes saudáveis, a hipersensibilidade dentinária afeta a qualidade de vida dos pacientes, tanto
em atividades diárias como comer, beber, falar e escovar os dentes, quanto psicologicamente.
Portanto, fica evidente a importância de revisar protocolos de diagnóstico e tratamento de
forma simplificada, elegendo o mais adequado para a maioria dos casos (LIU et al., 2020).
2 OBJETIVOS
3 MATERIAL E MÉTODOS
4 REVISÃO DA LITERATURA
4.1 ETIOLOGIA
Vale ressaltar que, comumente encontram-se dentes vitais com dentina exposta
clinicamente sem qualquer dor ou sintomatologia. E da mesma maneira, é possível encontrar
dentina hipersensível em regiões de defeitos de esmalte, alterando assim o paradigma da
hipersensibilidade com a exposição dentinária. De modo geral, a presença da
hipersensibilidade dentinária serve de alerta, pois seus sintomas favorecem a busca do
diagnóstico, identificação de áreas em início de exposição, e evitar evolução e progressão de
recessões gengivais e lesões cervicais não cariosas (SOARES; MACHADO, 2020).
Existem ainda, outras duas filosofias que buscam explicar os mecanismos de ação da
hipersensibilidade dentinária. A primeira destas é a teoria da transdução odontoblástica, a qual
explica que prolongamentos odontoblásticos que ficam expostos na superfície dentinária,
podem ser ativados por estímulos químicos e mecânicos, e esse processo estimula
neurotransmissores emitindo impulso a terminações nervosas. Quanto à segunda teoria, a
teoria da inervação direta (neural), é considerada como uma extensão da teoria odontoblástica,
e defende que os estímulos agem por comunicação direta com as fibras pulpares (SOARES;
MACHADO, 2020).
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4.3 DIAGNÓSTICO
Para a análise do perfil salivar, são realizados testes específicos, que possibilitam
mensurar a quantidade de fluxo salivar e do efeito tampão, sendo que, a diminuição da
capacidade de tamponamento salivar pode vir associada a desgastes severos por biocorrosão.
Para a análise do perfil alimentar, recomenda-se que o cirurgião-dentista peça um roteiro
alimentar do paciente por 7 dias, e caso seja identificada alta frequência de consumo de
alimentos ácidos, propícios à biocorrosão, deve-se recomendar ao paciente uma avaliação
nutricional, e fornecer orientações sobre possível substituição da dieta por uma com menores
concentrações de ácidos (LOPES; EDUARDO; ARANHA, 2017).
possa ser avaliado o método de higienização, força de fricção, tipos de movimentos e o tempo
de escovação. Deve-se atentar à quantidade, distribuição e dureza das cerdas da escova, e
identificar o pH, abrasividade e se há dessensibilizante na composição do dentifrício, assim
como no colutório. Caso haja presença de dessensibilizante na composição destes produtos, é
recomendado que o paciente suspenda o uso para não interferir no tratamento (SOARES;
GRIPPO, 2017).
Por esta razão o exame clínico deve ser minucioso e buscando realizar o diagnóstico
diferencial, evidenciando se há presença de lesões cariosas, restaurações fraturadas e
desadaptadas, dentes fraturados, trincas de esmalte, lesões que tenham comunicação com a
câmara pulpar, invaginação de esmalte e patologias pulpares, visto que estas condições se
confundem devido à similar sintomatologia de dor dentária (WEST; SEONG; DAVIES,
2014).
mucosa alveolar e os exames radiográficos são importantes recursos para descartar hipóteses
de processos cariosos, alterações periapicais, pericementite, doenças derivadas de ações
bacterianas e necrose pulpar (SOARES; GRIPPO, 2017).
4.5 TRATAMENTO
Segundo Moura et al. (2019), o mecanismo neural atua na dessensibilização das fibras
nervosas, sendo o potássio o único agente dessensibilizante químico de ação neural, que age
promovendo um aumento da concentração de íon potássio nas terminações odontoblásticas,
reduzindo a capacidade de condução do estímulo sensorial das fibras nervosas que
promoveriam dor. Um agente físico que também é classificado como de ação neural são os
lasers de baixa potência, por agirem nas terminações nervosas, aumentando o limiar de dor do
paciente (CLARK; LEVIN, 2016).
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O tratamento ideal para hipersensibilidade seria aquele que tem efeito duradouro, é
resistente aos desafios orais, tem ação imediata e traz conforto ao paciente. Entretanto, na
literatura, não existe uma padronização de protocolo e produto universal para aplicação de
dessensibilizantes no tratamento da hipersensibilidade dentinária. De maneira mais atual, é
recomendado o uso do protocolo associativo, que associa o mecanismo neural e
posteriormente usa-se o mecanismo obliterador, sendo que inicia-se com o agente de ação
neural, pois o vedamento dos túbulos por obliteração diminuiria a permeabilidade do potássio
e, consequentemente, sua ação. (LOPES; EDUARDO; ARANHA, 2017).
Considerando distintos modos de ação dos agentes obliteradores, sua escolha será
embasada no fator etiológico predominante. Quando a sensibilidade possuir como fator
principal o biocorrosivo, está contém na superfície dentinária maior quantidade de fibras
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colágenas e escassez de matriz inorgânica. Neste caso, o agente obliterador deve ser de
precipitação de proteínas, pois se associará à parte inorgânica da dentina e fará a obliteração
os túbulos. Em contrapartida, se houver hipersensibilidade principalmente por fatores
mecânicos, a dentina exposta terá vasta quantidade de minerais expostos, sendo indicado
agentes obliteradores de ação precipitadora de cristais (SOARES; GRIPPO, 2017).
Em casos nos quais a hipersensibilidade está associada ou foi gerada pela recessão
gengival, tem sido indicado como tratamento nesta condição o enxerto gengival, que
demonstrou redução significativa de hipersensibilidade dentinária cervical, após tratamento
com posicionamento de retalho coronariamente e enxerto de tecido conjuntivo. A associação
da cirurgia de retalho periodontal seguida do uso de um laser de alta potência, também
demonstrou resultados satisfatórios reduzindo consideravelmente a sensibilidade (CLARK;
LEVIN, 2016).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por afetar de maneira prejudicial a qualidade de vida dos pacientes, a compreensão dos
fatores etiológicos, mecanismos de ação, protocolos de diagnóstico e execução correta das
técnicas de tratamento da hipersensibilidade dentinária, resultará em uma conduta clínica mais
segura e eficaz para os cirurgiões-dentistas (LIU et al., 2020).
administrar os fatores etiológicos para uma correta intervenção e prevenção de futuros danos
(WEST; SEONG; DAVIES, 2014).
ABSTRACT
One of the most incident oral diseases of the present time, has been described as dentin
hypersensitivity. Currently considered as a disease that promotes excessive sensitivity to
dentin, short-term acute pain, originating from a vulnerable enamel and an exposed cervical
dentin. It has a wide variety of prevalence, usually from 11 to 33%, becoming a public health
issue. The vast amount of current diagnostic criteria suggests that there is uncertainty and lack
of trust among dentists about what is dentin hypersensitivity, how to diagnose and treat such a
condition. The general aim of this paper was to discuss etiological factors, mechanisms of
action, diagnosis, differential diagnosis and treatment of dentin hypersensitivity, presenting
diagnostic and treatment protocols in a simplified way. This literature review was written
using the databases Google Scholar, Pubmed, Scielo and books related to the subject.
Research articles available in Portuguese and English were used in full, published between the
years 2010 a 2020, and were discarded research articles from another language and the ones
which are not available in full. Thus, it was observed that the associative protocol in the
treatment for dentin hypersensitivity has guaranteed satisfactory and lasting results, besides
the ease in reproduction, and possibility of being approached in the vast majority of clinical
cases.
REFERÊNCIAS
CUNHA et al. The association between Nd:YAG laser and desensitizing dentifrices for the
treatment of dentin hypersensitivity. Lasers Med Sci, 2017.
GERNHARDT C. R. How valid and applicable are current diagnostic criteria and assessment
methods for dentin hypersensitivity? An overview. Clin. Oral Invest, v. 17, n. 1, p. 31-40,
2013.
WEST, N.; SEONG, J.; DAVES, M. Dentine Hypersensitivity. Lussi A, Ganss C (eds):
Erosive Tooth Wear, v. 25, p. 108-122, 2014.