Você está na página 1de 32

Universidade Federal de Alagoas

campus Arapiraca
Complexo de Ciências Médicas
Curso de Medicina
Disciplina de Otorrinolaringologia e Oftalmologia

Calázio & Blefarite


Fernando Muniz, Gabriel Arnozo, Luis Felipe, Luiz Francelino
CALÁZIO
Introdução
● Inflamação do tipo granulomatosa não infecciosa de glândulas palpebrais;
● A palavra deriva do grego “khalazion”;
● Não há prevalência de sexo, região ou raça. A tendência é que ocorra mais em
adultos do que crianças.

Medscape Inc.
Etiologia/Fisiopatologia
● Inflamação granulomatosa da glândula de Meibomius ou Zeis;
○ Idiopática;
○ Blefarite;
○ Hordéolo;
○ Rosácea ocular.
○ Dermatite seborreíca;
○ Leishmaniose.

UpToDate Inc.
Sinais e Sintomas
● A lesão costuma se instalar insidiosamente;
● Presença de edema e eritema na pálpebra;
● Evolui com a formação de nódulo amarelado na região interna ou externa da
pálpebra;
● Tipicamente indolor.

UpToDate Inc.
Classificação
● Calázio superficial: formação de nódulo amarelado na região externa da pálpebra;

● Calázio profundo: formação de nódulo amarelado na região interna da pálpebra;

UpToDate Inc.
Exames complementares
● Biomicroscopia;
● Exame de fundo de olho;
● Tomografia/RM da face e órbitas;
● Biópsia;
● Laboratoriais;

UpToDate Inc.
Exames Laboratoriais esperados

“ Não se espera alterações de exames laboratoriais” .


Complicações
● Infecção Secundária;
● Astigmatismo.
Diagnósticos Diferenciais
● Hordéolo;
● Blefarite;
● Celulite orbital/periorbital;
● Dacriocistite;
● Dacrioadenite;
● Carcinoma de células escamosas e sebáceas.
Prognóstico
● Com o correto tratamento, a maioria dos casos é resolvida em no máximo 4 a 6
semanas.
Tratamento (Orientações Gerais)
● Maioria das vezes benigna, com resolução em até 4-6 semanas;
● Maioria dos pacientes acabam melhorando com o tratamento conservador que
consiste na aplicação de compressas quentes no local.
Síntese da Abordagem
● Maioria das vezes é aplicação de compressas quentes no local;
● Durante 10-15 minutos por 4 vezes ao dia;

Essa conduta faz com que haja liquefação das secreções, facilitando a resolução do
processo inflamatório
Síntese e Abordagem (Refratários)
● Refratários ou calázios muito grandes (comprimir globo ocular)

Conduta mais invasiva:

1- Incisão e drenagem com curetagem

2- Aplicação de corticóide intralesional

- Triancinolona injetável 40mg/ml : 0,1 a 0,2 ml intralesional;


Seguimento
● Em geral marcar retorno após 3 a 4 semanas para avaliar evolução/resolução.
BLEFARITE
Blefarite Anterior Crônica
● Definição: Inflamação da borda palpebral, o que inclui estruturas anexiais – cílios,
pele e glândulas de meibomianas.

● Epidemiologia:
● Representa cerca de 5% de todas as consultas por queixas oculares;
● A idade média de acometimento é de 50 anos.

google.com Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Anterior Crônica
● Envolvimento bilateral e simétrico;

● Classificação:

● Anterior (envolvimento da pálpebra, base e folículo dos cílios);

● Posterior (glândulas meibomianas);

● Má correlação entre sinais e sintomas

● Etiologia incerta DIFÍCIL MANEJO

● Mecanismos do processo patológico Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Anterior Crônica
● Afeta a área ao redor da base dos cílios;

● Pode ser:

○ Estafilocócica:

■ Reação à componentes da parede do S. aureus;

■ Reação eritematosa; Infiltrados da córnea periférica → alguns pacientes.

○ Seborreica:

■ Associada a dermatite seborreica:

● couro cabeludo, pregas nasolabiais, atrás das orelhas, tórax.


Kanski & Bowling, 2012
Blefarite Anterior Crônica DIAGNÓSTICO

● Os sintomas são causados pela pela alteração da função normal da superfície


ocular e redução da estabilidade lacrimal;

● Má correlação entre sinais/sintomas e gravidade → difícil avaliar objetivamente o


benefício do tratamento;

● Queimação, sensação de areia, fotofobia leve, formação de crostas e vermelhidão


das margens palpebrais com remissões e exacerbações.

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Anterior Crônica DIAGNÓSTICO

● Sinais:
○ Blefarite estafilocócica:
■ Crostas duras localizadas principalmente em torno da base dos cílios;
■ Conjuntivite papilar leve e hiperemia conjuntival;
■ Espessamento e depressão (tilose) da margem palpebral, madarose, triquíase e poliose;
■ Hordéolo, ceratite marginal, flictenulose;
■ Instabilidade associada do filme lacrimal e síndrome do olho seco.
○ Blefarite seborreica:
■ Margens palpebrais hiperemiadas, gordurosas e cílios colados;
■ Crostas moles e localizadas em qualquer parte da margem palpebral e dos cílios.

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Anterior Crônica DIAGNÓSTICO

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Anterior Crônica DIAGNÓSTICO

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Anterior Crônica TRATAMENTO

● Não há cura;

● Tratamento é possível, deve ser rigoroso e prolongado;

● Higiene palpebral:

○ Compressa morna aplicada alguns minutos para amolecer as crostas nas bases dos cílios;

○ Bastonetes de algodão embebidos em shampoo infantil ou solução de bicarbonato de sódio uma a


duas vezes ao dia para remover as crostas;

○ Gazes embebidas em solução específica devem ser utilizadas com cautela, para evitar irritação
mecânica.

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Anterior Crônica TRATAMENTO

● Antibióticos tópicos:

○ Ácido Fusídico Sódico;

○ Bacitracina;

○ Cloranfenicol;

● A pomada deve ser friccionada na margem palpebral com bastonete de algodão


ou com dedo limpo após a higiene palpebral;

● Azitromicina oral 500mg ao dia por 2 meses pode ser útil para controlar doença
ulcerativa.
Kanski & Bowling, 2012
Blefarite Anterior Crônica TRATAMENTO

● Esteróides tópicos fracos:

○ Fluorometolona 0,1% por uma semana 4x ao dia - útil em conjuntivite papilar grave, ceratite
marginal, flictenulose

● Lágrimas artificiais são necessárias nos casos em que há instabilidade do filme


lacrimal ou síndrome do olho seco.

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Posterior Crônica
● Causada pela disfunção da glândula
meibomiana e alterações nas suas secreções;

● Há atuação de lipases bacterianas;

● A perda de fosfolipídios do filme lacrimal


resulta em maior evaporação e osmolaridade da
lágrima;

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Posterior Crônica DIAGNÓSTICO

● Os sintomas são semelhantes aos da blefarite anterior;


● Sinais:
○ Secreção excessiva e anormal da glândula meibomiana;
○ Alongamento, recessão ou obstrução dos orifícios da glândula meibomiana;
○ Hiperemia e telangiectasia da margem palpebral posterior;
○ A expressão do fluido meibomiano pode ser turva ou parecer pasta de dente;
○ Filme lacrimal oleoso e espumoso;
● Alterações secundárias: conjuntivite papilar e erosões puntadas do epitélio
corneano inferior.

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Posterior Crônica

Kanski & Bowling, 2012


Blefarite Posterior Crônica TRATAMENTO

● Higiene da pálpebra;

● Tetraciclinas sistêmicas ou eritromicina*;

○ Oxitetraciclina: 250mg, 2x ao dia, por 6-12 semanas;

○ Doxiciclina: 100mg, 2x ao dias, por uma semana e depois diariamente por 6-12 semanas;

○ Minociclina: 100mg ao dia, por 6-12 semanas;

○ Eritromicina: 250mg ao dia ou 2x/dia

● Terapia tópica: antibióticos, esteroides e lágrimas artificiais.

Kanski & Bowling, 2012


Associações à Blefarite Crônica TRATAMENTO

● Instabilidade do filme lacrimal;

● Formação de calázios;

● Doença da membrana basal epitelial;

● Cutâneas - acne rosácea, dermatite seborreica, acne vulgar*;

● Ceratite bacteriana;

● Ceratoconjuntivite atópica;

● Intolerância a lentes de contato.


Kanski & Bowling, 2012
Referências
KANSKI, J. J; BOWLING, B. Oftalmologia Clínica - uma abordagem sistemática. 7ª Ed.
Editora Elsevier. 2012.

GHOSH, C. et al - Eyelid lesions. In: UpToDate, post TW (Ed), UpToDate, Waltham,


MA. 2019.

DESCHÊNES J. , MD (2018). Chalazion. Acesso em: 05, Agosto, 2019, em:


https://emedicine.medscape.com/article/1212709-overview

Você também pode gostar