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OTORRINOLARINGOLOGIA Dani Vendramini

AULA 1 – RINITES (BALLIN)


• Alta prevalência
o Maior em idosos e crianças → a incidência de determinados tipos de rinite varia com a idade
• Frequentemente associadas a comorbidades: respiração bucal (principal causa: adenoide), otites, asma e
rinossinusites
o Otites: a tuba auditiva não está patente quando há rinite, o que diminui a aeração do ouvido e pode
causar alterações
• Faringite, traqueíte e traqueobronquite são complicações descendentes
DEFINIÇÃO

• Inflamação da mucosa de revestimento nasal


• Caracterizada por ≥ 1 dos seguintes sintomas:
o Obstrução nasal
o Rinorreia – anterior e/ou posterior (gotejamento pós-nasal – PND)
o Esternutos (espirros)
o Prurido – cronicamente, leva à “saudação do rinítico” (prega no dorso do nariz)
o Hiposmia – sugere afecção grave, mas em geral é transitória
Sempre devemos investigar o que é predominante e o que mais incomoda o paciente

CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA – RINITES AGUDAS


Rinite catarral aguda
• Resfriado comum → epidêmica
• Agente etiológico: rinovírus
• Começa como uma virose →  atividade ciliar da cavidade nasal (ambiente seco) → acúmulo de secreção
→ proliferação de bactérias saprófitas já colonizadoras da região → exacerbação de bactérias pré-
existentes (Streptococcos, Pneumococcos, B. catarrhalis, H. influenzae ou bacilo Pfeiffer) → nesse
momento a secreção adquire aspecto amarelado
• Predisposição: poluição, variações de temperatura, excesso ou falta de umidade, fadiga, deficiências
alimentares
• Distúrbios vasomotores da mucosa nasal: isquemia,  secreção mucosa,  lisozima, anulação da atividade
ciliar → resultado: infecção
• Sintomas iniciais: coriza, calafrios, astenia, elevação da temperatura corporal, rinorreia aquosa
• Evolução sintomática:
o Exsudato amarelo/catarral/purulento
o Tosse
o Obstrução nasal
o Lacrimejamento → por obstrução da via lacrimal
o Eventual conjuntivite leve
o Respiração bucal → causa secura da faringe
o Sensação de peso em face → por obstrução dos óstios de drenagem dos seios paranasais
o Obstrução da tuba auditiva
o Mal estar
o Dores musculares
o Lassidão
o Arrepios
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• Duração: 8-12 dias
• Diagnóstico diferencial: rinite alérgica nasal → não epidêmica, não infecciosa, coriza
esbranquiçada/aquosa
• Complicações:
o Ascendentes: sinusite, otite
o Descendentes: faringite, laringite, traqueobronquite
o Anosmia transitória: perda temporária do olfato
• Tratamento:
o Medicação sintomática:
▪ Melhorar obstrução nasal e permitir o sono
▪ Risco de dependência com uso a longo prazo e efeito rebote → primeiro faz vasoconstrição,
depois faz vasodilatação e destrói os microcílios
▪ Instilações vasoconstritoras → até 5 dias
▪ Evitar instilações desinfetantes
o Medicação diaforética: aspirina, chá, leite → por hidratação e nutrição, principalmente para crianças
o Descongestionantes nasais sistêmicos (VO) → derivados de adrenalina
o Vitamina C
o Repouso
o Anti-histamínicos → os mais recentes dão menos sono
o Lavagem com SSI → restaura o pH nasal e a função ciliar
▪ Lembrar que nariz com secreção fica com pH ácido
• Profilaxia a crises de repetição:
o Remoção de adenoides em crianças até 4 anos → avaliação por meio de raio-x de perfil para cavum
o Amígdalas palatinas infectadas
o Cornetos hipertrofiados → podem ser tratados com turbinoplastia (para redução do tamanho)
o Correção de desvio de septo
o Correção de imunodepressão e deficiências alimentares para melhorar o sistema imune
o Manutenção do estado geral

Rinites agudas do lactente


1. Rinite aguda simples
• Mais comum e mais grave → as fossas nasais da criança são pequenas e obstruem facilmente
• Obstrução nasal absoluta → alteração na hematose
• Dificuldade em mamar, sono agitado, respiração ruidosa (pela dispneia)
• Complicações: sinusite, otite, faringite, laringite, traqueobronquite e alterações digestivas (dispepsias,
enterites – pirofagia)

2. Rinite gonocócica
• Contágio no parto → prevenção com pré-natal adequado
• Secundária à conjuntivite
• Secreção amarelado-esverdeada, mucosa hiperemiad, ulcerações de mucosa e lábio superior (podem
gerar cicatrizes)
• Diagnóstico: bacterioscopia (diplococo de Neisser)

3. Rinite sifilítica
• Acomete bebês na 3ª semana de vida
• Há outros estigmas de sífilis hereditária
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• Resiste ao tratamento usual
• Quadro é mais raro e severo

4. Rinite fibrinosa ou pseudomembranosa


• Agentes etiológicos: Streptococcos, Pneumococcos ou Stafilococcos
• Diagnóstico: bacterioscopia e cultura
• Diagnóstico diferencial: rinite diftérica → não há bacilo de Loeffler na cultura da rinite fibrinosa, que
ocorre apenas na infância e o soro antidiftérico é ineficaz no tratamento
Tratamento
• Urgência!
• Desobstruir fossas nasais e aspirar secreções
• Antitérmico e anti-infeccioso
• Evitar complicações
• Rinite gonocócica: Penicilina ou Sulfa
• Rinite sifilítica: Penicilina
• Rinite diftérica: soro antidiftérico → hospital com UTI
Rinites agudas de doenças infecciosas → pediátricas
1. Rinite do sarampo
• Concomitante à conjuntivite catarral
• Sinal clássico: “catarro oculonasal”
• Ocorre principalmente na fase de instalação do sarampo

2. Rinite da escarlatina
• Rara e sem características especiais
• Ocorre na fase inicial ou resolutiva da escarlatina
• Formas graves: úlceras e erisipela do lábio superior

3. Rinite diftérica
• Muito rara
• Rinorreia purulenta bilateral → pode ser sanguinolenta ou estar associada à epistaxe
• Lesões diftéricas em lábio superior
• Rinoscopia com pseudomembranas
• Frequentemente há comprometimento do estado geral e pode haver placas nas amígdalas (sangram ao
serem retiradas)
• Diagnóstico bacteriológico → Bacilo de Loeffler
• Complicações: paralisias e parestesias
• Tratamento: soro antidiftérico

Rinite vestibular
• Infecção secundária a escoriações ou fissuras da pele
o Causas: assadura, coriza, exsudato, trauma ungueodigital, lenços
• Complicações: impetigo (vesículas), furúnculo (Stafilococcos), erisipela (Streptococcos)
o Ao manipular um furúnculo, há risco de trombose do seio cavernoso, uma vez que as veias
comunicantes da região fazem anastomoses e não têm válvulas para impedir o refluxo
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CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA – RINITES CRÔNICAS (> 3 meses)

• Causas:
o Secundárias a rinites agudas subentrantes ou sem tratamento adequado
o Causas locais com alterações que comprometem a drenagem → desvio de septo, adenoides/cornetos
hipertrofiados
o Fatores gerais predisponentes: diabetes, insuficiência hepática, avitaminoses e deficiências
imunitárias
o Profissões: químicos, serralheiros, mineiros
o Poluição atmosférica: gases tóxicos e micropartículas
o Superação das barreiras naturais de defesa

Rinite mucopurulenta/mucocatarral
• Rinorreia amarelo-esverdeada e obstrução nasal (permanente ou intermitente), uni ou bilateral
• Em crianças: crostas, fissuras, dermatoses, vestíbulo e lábio superior
• Rinoscopia: exsudato sobre a mucosa, que é flácida e depressível e tem cor variável (do róseo pálido ao
avermelhado)
• Exame histopatológico: epitélio se transforma em cuboide/estratificado, há queda de cílios vibráteis e
esclerose inflamatória → evolução à atrofia
• Complicações: laringotraqueobronquites, alterações dispépticas (pirofagia), sinusites, otites médias e
risco de evolução à rinite atrófica
• Tratamento:
o Local: instilações de soro fisiológico, aplicações tópicas de vitamina A (pouco usado na prática),
remoção de focos sépticos, lavagens nasais com SSI à temperatura ambiente/morna
o Geral → mais importante!: estimular condições gerais de defesa, superalimentação, vitaminas A e D,
vida ao ar livre, evitar fumo e álcool
Rinite hipertrófica
• Principal manifestação: obstrução nasal (permanente ou intermitente)
• Proliferação do tecido conjuntivo principalmente em cornetos inferiores
• Degeneração → mixomatosa (aspecto de couve-flor – “violáceo mamelonado”)
• Rinite em báscula → estreita um lado, depois o outro
• Fatores de piora: variação de temperatura, variação de pressão atmosférica, decúbito
• Complicações: sinusite, laringite, faringite, traqueobronquite, cefaleia (por obstrução e falta de ventilação
dos seios paranasais), dores faciais (sinus vacum)
• Rinoscopia:
o Quadro recente: mucosa túrgida, hiperemia, retração com adrenalina tópica
o Quadro antigo: mucosa empalidecida ou violácea, superfície mamelonada (irregular), retração
mínima/inexistente com adrenalina tópica, mucosa mais firme e fibrosa ao toque
• Válvula obturadora das coanas: hipertrofia do corneto inferior (cabeça e parte posterior), com dificuldade
de expiração e obstrução da tuba auditiva
• Tratamento:
o Criança: instilação de SF, remoção de adenoides, evitar intervenção em mucosa (cornetos)
o Adulto:
▪ Eletrofulguração com agulhas finas → cauterização interna do corneto
▪ Turbinoplastias ( óssea) → retirada da porção lateral dos cornetos
▪ Turbinectomias parciais
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▪ Galvanização linear de cornetos inferiores → não usado, pois destrói os microcílios e faz crostas
▪ Crioterapia e Laser → não usados
o Contraindicações:
▪ Injeção de substância esclerosante → risco de acometimento do seio cavernoso
▪ Injeção de corticoide → risco de trombose da veia central da retina e perda de visão

Rinites atróficas
1. Rinite atrófica simples
• Amplitude exagerada das fossas nasais
• Certo grau de atrofia da mucosa
• É uma sequela de rinites infecciosas, pós-cirurgia ou por inalação crônica de gases tóxicos/partículas
• Olfato está preservado
• Sem crostas ou fetidez

2. Rinite atrófica ozenosa


o Tríade: atrofia osteomucosa + crostas + fetidez característica
o Início insidioso (despercebido), evolução lenta e progressiva
o Osteíte rarefaciente e reabsorções lacunares + atrofia do tecido conjuntivo, vascular e glandular
o Acomete mais mulheres na puberdade (raramente em pacientes > 45 anos) → em geral, em
subalimentados
o Pode ser precedida por rinite hipertrófica
o Cacosmia objetiva → paciente não sente a fetidez → teorias: atrofia de terminações do nervo
olfatório e fadiga do nervo
o Sensação subjetiva de falta de ar
o Crostas amarelo-esverdeadas
o Pode haver atrofia da pirâmide óssea nasal (“binóculo”)
o Complicações múltiplas
o Origem – teorias: trigêmea, endócrina, infecciosa (Klebsiella ozenae)
o Tratamento: amolecimento e remoção de crostas, pulverizações oleosas (risco de pneumonite
intersticial), lavagem com SSI morna → apesar do tratamento, a doença retorna a seu curso evolutivo
▪ A cirurgia pode reduzir a amplitude das fossas nasais
Rinite alérgica
• Manifestação nasal da alergia, desencadeada pela exposição a alérgenos → depende da sensibilidade
individual
• Respostas exageradas
• Reação do tipo I: exposição a alérgeno → ativação de células T → produção de IgE → quimiotaxia de
células plasmáticas, com liberação de bradicinina e histamina → vasodilatação, edema de mucosa,
inflamação → sintomas
• Sintomas: espirros + coriza intensa + obstrução nasal → mais frequentes
o Prurido nasal/ocular, lacrimejamento, tosse, perda temporária do paladar
• Classificação ARIA
o Leve: sem alteração significativa de atividades, sono ou incômodo pelos sintomas
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o Moderada a grave: alteração de sono, influência em atividades normais e sintomas geram muito
incômodo (ao menos um)
o Subtipos:
▪ Intermitente leve
▪ Intermitente moderada ou grave
▪ Persistente leve
▪ Persistente moderada ou grave
• História: crônica, alívio com vasoconstritor tópico,
sintomas frequentes, antecedentes familiares
• Rinoscopia: hipertrofia de cornetos, palidez de mucosa
(inicialmente há hiperemia), eventuais pólipos (claros e
moles – “bolhas de água”), secreção clara e abundante
• Diagnóstico: essencialmente clínico
o Dosagem de IgE – pode pedir IgM, IgG e IgA
o Testes alérgicos: intracutâneos, intradérmicos, epicutâneos (escarificação), punctura (prick test)
o RAST
o Citológico nasal (eosinófilos)
o Hemograma (eosinofilia)
• Tratamento:
o Higiene ambiental → evitar travesseiros de pena, carpete, cortina de tecido, bichos de pelúcia e
animais domésticos; usar capas em travesseiros e colchão, manter ambiente ventilado e com luz do
sol
o Medicamentoso:
▪ Anti-histamínicos clássicos: antagonistas H1 → pouco usados atualmente por causarem
sonolência
▪ Anti-histamínicos não clássicos: Astemizol, Ceritizina, Cetotifeno, Ebastina, Epinastina,
Fexofenadina, Loratadina, Desloratadina (para ≥ 6 meses de idade)
▪ Descongestionantes: Catecolaminas, Imidazólicos
▪ Anticolinérgicos: Brometo de Ipratrópio
▪ Cromoglicato dissódico
▪ Corticosteroides nasais (dos mais antigos para os mais modernos) → sempre em pacientes > 2
anos
– Para > 2 anos de idade:
o Furoato de Fluticasona
o Furoato de Mometasona
– Para > 4 anos de idade:
o Triancinolona Acetonida
o Propionato de Fluticasona
– Para > 6 anos de idade:
o Diproprionato de Beclometasona
o Ciclesonida
o Budesonida
o Imunoterápico
o Cirúrgico: cornetos
• Complicações: otite média aguda (OMA), rinossinusite, asma, deformidades craniofaciais
Rinite vasomotora (idiopática/não alérgica)
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• Rinite crônica não alérgica, perene e espasmódica
• Hiperreatividade, sintomas exacerbados, sem causa aparente
o Obstrução nasal → sintoma dominante
o Secreção nasal/retronasal
o Espirros
o Hipersensibilidade nasal: irritantes ambientais, poluição, alterações de temperatura, emocionais →
desbalanço entre os sistemas simpático e parassimpático
• Duração > 9 meses/ano ou durante o ano todo ou temporária
• Diagnóstico de exclusão – diferencial com rinite alérgica após falhas no tratamento
o Importante diferencial, pois tratamento diferente!
• Exames laboratoriais: citologia nasal sem eosinofilia e testes alérgicos negativos → ≠ alérgica
• Rinopatia gravídica: tipo especial, devido ao período hormonal
• Tratamento: restabelecer equilíbrio vasomotor
o Psicoterapia (componente emocional)
o Descongestionantes sistêmicos
o Corticosteroides tópicos e sistêmicos → não respondem bem
o Instilação de SF
o Galvanocauterização (cornetos inferiores)

Rinite medicamentosa
• Efeito rebote pelo uso prolongado de vasoconstritor nasal tópico, efeito rebote de sprays e gotas
adrenérgicas (dependência), drogas sistêmicas (anti-hipertensivos, aspirina, AINE, betabloqueadores
oftálmicos, estrógenos) e drogas de aspiração (cocaína)
• Tratamento: educação do paciente e uso de medicamentos à base de corticoide

Rinites específicas das granulomatoses nasais


• Tuberculose
o Secundária à TB pulmonar
o Porção anteroinferior do septo
o Exame bacterioscópico do exsudato
o Bacilo de Koch
o Biópsia → folículos de Küster
• Sífilis (LUES)
o LUES terciária
o Extremamente rara atualmente
o Porção óssea do septo → faz nariz em sela
o Dacriocistites
o VDRL (fixação de complemento)
o Imunofluorescência (FTA-ABS)
• Escleroma
o Alargamento da pirâmide nasal e estreitamento das narinas
o Bacilo de Frisch = Klesbiella rinoescleromatis
o Biópsia: células hidrópicas e vacuoladas de Mikulicz que contêm a Klebsiella
o Corpúsculos de Russel
• Leishmaniose
o Leishmania brasiliensis
o Localização: cutâneo mucosas
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o Sempre secundárias às cutâneas
o Invade e destrói narinas, lábio superior e pirâmide nasal
o Biópsia
o Intradermoreação de Montenegro
• Blastomicose
o Paracoccidioides brasiliensis
o Secundária a lesões de pele e boca
o Biópsia
• Rinosporidiose
o Rhinosporidium seeberi (fungo)
o Pólipos de mucosa
o Biópsia: presença do fungo
• Hanseníase (Mal de Hansen)
o Mycobacterium leprae
o Comum fazer comprometimento nasal
o Fácies leonina → alargamento nasal
o Bacteriologia nasal: bacilo de Hansen
o Biópsia → reação de Mitsuda e Fernandez
o Risco de transmissão
• Granulomatose de Wegener (Granuloma de linha média)
o Doença autoimune
o Granuloma necrotizante → necrose do septo
o Comprometimento renal e pulmonar → fatal se não tratada
o Biópsia nasal

AULA 2 – RINOSSINUSITES (BALLIN)


• Sinusite: resposta inflamatória da membrana mucosa que reveste a cavidade nasal e os seios paranasais
• Comorbidade bastante frequente, principalmente porque IVAS pode evoluir para sinusite
o 80% das sinusites ocorrem após quadro de IVAS
o 20% deriva de rinite alérgica
o Crianças têm 6-8 episódios de IVAS virais/ano, e destas, 5-13% evoluem para rinossinusite bacteriana
o Um adulto normal tem ≤ 6 resfriados/ano, e destes, 0,5-2% vão evoluir para sinusite
Anatomia
• Seios paranasais:
o Desenhados dentro dos ossos da face → esfenoidal, etmoidal, maxilar e frontal

o O seio etmoidal e a órbita são


muito próximos → entre eles
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existe a lâmina papirácea (pode inflamar e, por contiguidade, causar complicações graves na órbita
numa sinusite)
o Ao nascimento os seios da face ainda estão se desenvolvendo, são rudimentares → crescem com o
tempo, até ≈ 20 anos de idade
o Quando uma criança apresenta obstrução e secreção nasal, a medicação sintomática é capaz de
melhorar rapidamente os sintomas (porque se houver secreção nos seios, será em pouca quantidade
e, por isso, o tempo de tratamento no adulto é mais extenso e a melhora numa sinusite pode não ser
tão rápida)
• Na região do complexo ostiomeatal há a drenagem dos seios maxilar e frontal → importante observar no
exame da rinoscopia se nessa região tem secreção, desvios e
alterações anatômicas
• Anatomia do complexo ostiomeatal anterior →
o Seio frontal (SF), seio maxilar (SM), infundíbulo do seio
maxilar (inf), óstio do seio maxilar (o), bulla etmoidal (BE),
septo nasal (SN), corneto inferior (CI), corneto médio (CM),
recesso frontal (cabeça de seta), processo uncinado (seta),
meato médio (seta tracejada), hiato semilunar (seta curva)
• O ducto de drenagem do seio maxilar é um tubo muito
delicado, revestido por epitélio respiratório cilíndrico, ciliado e
com células produtoras de muco

Classificação dos seios


 Grupo anterior: drenam para o meato médio e fazem mais rinorreia anterior
• Seio maxilar
• Seio frontal
• Seio etmoidal anterior
 Grupo posterior: drenam para o meato superior (acima do corneto médio) e a secreção tende a ir mais
para a garganta, fazendo secreção pós nasal e tosse
• Seio etmoidal posterior
• Seio esfenoidal
Funções do nariz
• Acondiciona, aquece, filtra, purifica e umidifica o ar
• Olfação
• Audição: aeração da tuba auditiva (trompa de Eustáquio)
• Fonação: cavidade de ressonância
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• Expulsa substâncias estranhas do ar
• Regulação da temperatura corporal
• Estimulação nervos craniais na mucosa nasal
• Sono: controla mudança de posição durante a noite (ciclo nasal)
• Limpeza mucociliar
• Batimento ciliar
• Purificação: clearance nasal – o muco tem uma fase mais líquida (salva) e uma fase mais espessa (gel), que
é mais consistente e funciona para filtragem e purificação do ar → a barreira e movimento ciliar “prende”
os germes agressores – essa secreção será deglutida e inativada pelo ácido gástrico, saindo nas fezes
• Regula e modifica a captação de O2 nos pulmões – impedância: existe uma resistência nasal na hora da
expiração, criando uma diferença de pressão entre as narinas e os alvéolos para melhorar a oxigenação
→ quem respira pelo nariz promove maior aproveitamento de O2 pela hemácia do que quem respira pela
boca
Ciclo nasal
• Alternância cíclica do fluxo de entrada de ar → a mesma quantidade que entra, sai, sendo maior em uma
das narinas
• Processo fisiológico de congestão e descongestão das fossas nasais
• Duração: ≈ 40-120 min → comandado pelo sistema nervoso autônomo cervical
• Serve para que haja um descanso/renovação do epitélio de uma fossa nasal enquanto a outra trabalha,
além de aumentar a resistência do nariz → na hora de expulsarmos o ar do pulmão, nosso alvéolo precisa
fazer mais força, o que aumenta a oferta de oxigênio às hemácias
• Força a mudança de posição do corpo durante o sono
• Essa alternância acontece porque na submucosa do nariz existem leitos de capilares, que têm capacidade
de regular sua turgência (normal, dilatada ou mais retraída) – a mucosa pode ficar mais espessa ou mais
estreita (modificações no diâmetro) → se o diâmetro diminuir pela metade, reduz-se em 16x o fluxo nasal
o “Pequenas alterações no diâmetro da fossa nasal fazem grandes alterações no fluxo de ar”→ LEI
DE REYNOLDS
Fisiopatologia da sinusite
• Processo inflamatório da mucosa → edema e oclusão do óstio → inibição da ventilação → mucosa passa
a absorver muito O2 e CO2 (porque o ar fica parado) → gera pressão negativa, com estagnação da
secreção, mudança de pH da secreção, lesão ciliar e epitelial → microrganismos sofrem mudança na
patogenicidade → inflamação da lâmina própria e aumento da espessura da mucosa → mais obstrução
→ perpetuação do ciclo
o A oclusão do óstio é o evento desencadeante e mantenedor da sinusite
• Os tratamentos devem agir para aerar, abrir o óstio, tirar inflamação e controlar os germes → para impedir
a manutenção desse ciclo

Semiologia
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• Dor na região dos seios paranasais • Distúrbios da olfação
• Obstrução nasal • Surdez (pela alteração da ventilação da tuba
• Rinorreia (secreção purulenta) auditiva)
• Prurido (≈ rinite) • Rinolalia (voz anasalada)
• Espirros
Classificação
• Subaguda: 4-12 semanas
• Crônica: > 12 semanas
• Crônica agudizada: exacerbação dos sintomas numa sinusite crônica
• Recorrente: > 3 episódios agudos/ano, com ausência de sintomas entre eles
• Complicada: envolve complicação local ou sistêmica em qualquer fase
o Nesse caso, a inflamação se estende além dos limites do seio paranasal, podendo desencadear uma
complicação sistêmica, craniana ou orbitária
Diagnóstico
• Clínico + exames complementares, se necessário
• Suspeita: paciente com piora importante após 5º dia de IVAS ou persistência dos sintomas por > 10 dias
• Podemos também avaliar pelos critérios maiores e menores
*Diagnóstico (em ambos os casos): 2 critérios maiores ou 1 maior + 2 menores*
Rinossinusite aguda
• Duração: 10-28 dias
• Maioria é responsiva ao tratamento clínico adequado
• Etiologia: S. pneumoniae, H. influenzae, Moraxella catarrhalis, S. aureus, S. pyogenes, P. aeruginosa
• Sintomas maiores:
o Cefaleia o Rinorreia anterior ou pós-nasal purulenta
o Dor/pressão facial o Hiposmia ou anosmia
o Obstrução nasal o Secreção purulenta na rinoscopia
• Sintomas menores:
o Febre o Otalgia
o Halitose o Tosse
o Dor dentária
• Tratamento:
o Rinossinusite leve viral: tratamento sintomático e repouso → há melhora espontânea
o Rinossinusite leve bacteriana: antibioticoterapia por 7-10 dias
o Rinossinusite bacteriana leve à moderada: antibioticoterapia por 10-14 dias
o Começamos pela Amoxicilina, substituindo na dependência da evolução:
1. Amoxicilina 30-40 mg/kg de 8/8h por 10-14 dias
2. Amoxicilina + Ácido Clavulânico
3. Cefalosporina de 2ª geração: Cefaclor, Cefprozil, Axetilcefuroxima
4. Cefalosporina de 3ª geração: Cefpodoxima, Cefixima
5. Macrolídeos: Azitromicina e Claritromicina
6. Quinolonas: Levofloxacino, Gatifloxacino, Moxifloxacino

Rinossinusite crônica
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• > 12 semanas
• Agentes: S. aureus, germes anaeróbios, tuberculose, micose e gram negativos (isolados ou em associação
com Peptostreptococcos)
• Sintomas mais leves e persistentes, quando comparados à rinossinusite aguda, mas faz mais tosse e
obstrução
• Alterações inflamatórias da mucosa tornam-se persistentes
• Quanto maior o tempo de persistência do processo infeccioso, maiores as possibilidades de se tornarem
irreversíveis
• Sintomas maiores:
o Dor/pressão facial maior
o Obstrução nasal
o Rinorreia anterior ou pós-nasal mucopurulenta
o Hiposmia ou anosmia
o Secreção purulenta na rinoscopia
• Sintomas menores:
o Cefaleia
o Fadiga
o Halitose
o Dor dentária
o Otalgia
o Tosse
• Tratamento:
o ATB por 3-5 semanas
▪ Amoxicilina + Clavulanato 25 mg/kg/dia 8-8h
▪ Clindamicina 150-450 mg 6/6h
▪ Metronidazol 15-30 mg/kg/dia a cada 6-8h
▪ Cefaclor 20-40 mg/kg/dia 8/8h
▪ Cefixima 400 mg/dia 1x/dia
▪ Levofloxacino 500 mg/dia 1x/dia
▪ Além disso, associação de Metronidazol com Cefalosporinas de 1ª ou 2ª geração tem capacidade
contra S. aureus e anaeróbios
o Lavagem nasal com SSI ou hipertônica
Tratamento adjuvante
• Hidratação • Corticoide sistêmico VO → se edema
• Vaporização importante da mucosa nasal, cefaleia intensa,
• Vasoconstritor tópico (máx. 7 dias) pólipos, sinusite alérgica ou eosinofílica não-
• Vasoconstritor sistêmico (máx. 6-7 dias) → alérgica – máx.: 7 dias
controverso! • Corticoides tópicos → escolha nos casos em
que a corticoterapia precisa ser prolongada
Tratamento cirúrgico
• Função: restaurar a aeração e drenagem dos seios paranasais e do complexo ostiomeatal, com o mínimo
de trauma possível e consequente restabelecimento da função mucociliar da mucosa acometida
• Cirurgia funcional
• Feita com pinças e usando o endoscópio – remoção do tecido
• Deve ser indicada com cautela – indicações:
o Falha no tratamento clínico o Sinusite crônica
o Complicações o Polipose maciça
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o Sinusite fúngica o Suspeita de neoplasia
o Corpo estranho
Diagnósticos diferenciais
• Dor dental • Neuralgia do trigêmeo
• Dor facial (nevralgia) • Neoplasia
• Dores na ATM • Arterite temporal
• Enxaqueca

Fatores predisponentes
• Infecções virais • Atresia coanal
• Alergias • Corpos estranhos
• Alteração anatômica (adenoide, desvio de • Estenose de fossa nasal
septo, pólipos etc.) • Alteração cartilaginosa da pirâmide nasal
• Rinite alérgica e não alérgica • Fatores ambientais (trauma facial, natação,
• Refluxo gastroesofágico frequência em creche, cigarro, poluição,
• Imunodeficiência temperatura < 10ºC – diminui movimento
• Papilomatose nasossinusal ciliar, ar seco – diminui muco)
• Mucoceles

Exames
• Rinoscopia nasal anterior: comumente indicada a todos os pacientes com queixa nasal → analisar
alterações no meato médio → se o exame não estiver disponível, não
tem problema, já que o diagnóstico é clínico
• Endoscopia nasal: recomendada para todos os pacientes com queixa
nasal, principalmente nos casos de sinusite aguda → não substitui a
rinoscopia anterior; na falta de equipamento, pode ser dispensada
• Raio-x dos seios: valor diagnóstico é controverso, visto que sobrepõe
os ossos do crânio e se a parede for mais espessa aparecerá
velamento (40-60% de falso positivo e negativo) → auxilia no
diagnóstico se for feito na posição ortostática (incidência de Waters),
pois a pressão/gravidade criarão um nível líquido → não é indicado
para observar a evolução da sinusite

• TAC: seria o melhor exame – cortes axial e coronal – indicada nas falhas de tratamento, complicações,
pré-cirúrgico das sinusites crônicas → é melhor que a ressonância por mostrar mais elementos ósseos –
desvio de septo pode ocorrer por edema e pode ser visto na TAC
• RNM: utilizada em casos de suspeita de tumores e invasão tecidual
Complicações
• Sinais de alerta para complicação:
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o Quadro agudo persiste ou piora após 72h de antibioticoterapia adequada
o Surgimento de edema e/ou eritema palpebral
o Cefaleia intensa com irritabilidade
o Alterações visuais
o Sinais de toxemia ou irritação meníngea
o Proptose (olho proeminente)
• É importante reconhecer precocemente esses sinais → complicações têm 30% de mortalidade
• Complicações:
o Intracranianas: meningite, tromboflebite de seio cavernoso, abcesso central e abcesso sub e
extradural → paciente apresenta febre alta, mal-estar geral, vômitos, alterações focais
o Orbitárias: edema periorbitário, celulite, abcesso, trombose de seio cavernoso através da veia
oftálmica
o Ósseas: osteomielite de ossos do crânio
• Respiração bucal → rinossinusite crônica faz o paciente ter respiração bucal, com todas as suas
consequências:
o Dor de garganta o Faringe opaca com metaplasia granulosa e
o Ardência ou prurido na faringe mais vascularizadas
o Muco espesso aderido à garganta o Pectus scavatum
o Tosse seca e persistente o Enurese noturna
o Cefaleia matinal o Sonolência/irritabilidade
o IVAS recorrentes o Dificuldade alimentar/aerofagia
o Halitose o Mau aproveitamento escolar
o Aumento de cárie dentária o Fácies de respirador bucal crônico
o Deformidades dento-faciais
• A longo prazo isso pode acarretar uma síndrome da obstrução respiratória, que consiste em:
o Arco dentário superior atrésico o Língua baixa e para frente
o Mordida cruzada posterior e aberta o Palato mole orientado verticalmente
anterior o Rotação mandibular posterior (negativa)
o Padrão de crescimento verticalizado o Hioide baixo
o Palato primário ogival o Coluna cervical inclinada para trás
o Boca entreaberta o Distoposição mandibular em classe II

RESUMINDO
Diante de sintomas sugestivos de sinusite → história, exame físico, avaliação de fatores de risco para sinusites
• Sinusite aguda? Sinusite crônica?
o Tratamento: ATB 1ª linha e medicação adjuvante
▪ Melhora total?
– Sim → ok
– Não → tratamento adicional – reavaliação:
o Estender ATB
o Troca para 2ª linha, reavalia a terapia
o Descongestionantes e anti-inflamatórios
o Considerar raio-x e TC
• Curou?
▪ Sim → ok
▪ Não → sinusite refrataria, crônica ou recorrente
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Sinusite Aguda?
- História Sinusite Crônica?
- Exame Físico Avaliação dos FR e
Sintomas sugestivos
fatores
de sinusite - Exames de imagem predisponentes. Sinusite refratária,
- Avaliação dos FR Tratamento: ATB e
Melhora total? crônica ou
adjuvante.
recorrente.
Reavaliação, trocar
Cura?
ATB, considerar Cx.

Reavaliar

AULA 3 – RINOPLASTIA (NASSIF)


• Cirurgia facial mais realizada na ORL
• É a cirurgia da face mais complexa → técnicas variadas conforme o paciente, suas características e
expectativas
• 60-70% dos casos podem ser resolvidos com a técnica básica
• A melhor técnica é aquela que o cirurgião se adapta mais a fazer
• Pode levar 3-4 horas
• Se o nariz já foi previamente operado, a cirurgia se torna mais complexa → às vezes é necessário retirar
cartilagem intercostal para ajudar na reconstrução
• No sul do Brasil há tendência para cirurgias de projeção de ponta do nariz e rinoplastia de redução
• Tipos:
o Cirurgia aberta, com incisão columelar
o Cirurgia fechada (endonasal) – é feita incisão intercartilaginosa entre a cartilagem lateral inferior e
superior → é mais difícil que a aberta, porque tudo é feito com base na palpação das estruturas e não
há visualização direta

TÉCNICA BÁSICA (TÉCNICA FECHADA)


1. Incisão intercartilaginosa e pré-septal
• Incisão entre cartilagem lateral superior (logo acima da válvula interna – válvula de
Mink) e cartilagem lateral inferior (que dá o contorno) → estendê-la para frente do
septo nasal e pré-septal → movimento de serra, entre os dois lados
• Diferente da técnica aberta, na qual há corte externo na columela e levantamos o
retalho
2. Descolamento do dorso nasal
• Com a tesoura Metzembaum, descola-se toda a pele do arcabouço nasal cartilaginoso e ósseo → a
pele do dorso nasal fica completamente solta
• Devemos evitar edema com uma boa técnica
• A pele é fina e por esse motivo não pode tomar sol no pós-operatório
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3. Liberação da cartilagem lateral superior do septo nasal
• Após o descolamento do dorso nasal, a cartilagem lateral superior fica presa no septo, e para fazer sua
liberação utilizamos o bisturi
• Essa técnica é um pouco controversa → alguns serviços não realizam alegando que pode gerar
problemas na válvula nasal interna (Mink), causando dificuldade respiratória após a cirurgia
o A área de Mink tem 15º em relação ao septo – se diminuirmos essa angulação o paciente pode
ter dificuldade para respirar, tornando essa técnica delicada
4. Rebaixamento do septo nasal
• 1º ponto de dificuldade para os iniciantes → não sabemos o quanto é necessário abaixar do septo, o
quanto é preciso cortar
• Quando o nariz é grande e alto, precisamos diminuir a altura do septo (cartilagem quadrangular) →
tesoura
• Processo lento e gradual → devemos ir retirando a cartilagem quadrangular aos poucos, pois para
corrigir depois é muito complicado
5. Retirada da giba óssea
• 2º ponto de dificuldade para os iniciantes
• Retirar sempre a menos!
• Após o rebaixamento do septo nasal, a cartilagem septal se assenta
sobre o osso → abaixar ambos
• Primeiro, empurramos o periósteo para os lados ou para cima, pois
vamos retirar apenas a giba → o periósteo fica, pois ajudará a fazer
uma cicatrização e remodelação mais harmônica
o A giba óssea pode ser raspada ou retirada com escopo
• Após a retirada da giba, forma-se um platô (base larga do nariz), portanto é preciso fazer fratura lateral
para afinar o nariz
6. Raspagem
• Só com a retirada da giba não fica perfeito → raspar as irregularidades do dorso nasal
• Técnica para fazer retoques, quando sobram imperfeições e espículas ósseas
• Sempre raspar um pouquinho a mais para compensar o edema
7. Fraturas laterais
• 3º ponto de dificuldade dos iniciantes
• É necessário realizar as fraturas, porque quando retiramos a giba forma-se um platô no nariz e
precisamos afinar a base (base larga é uma das principais queixas femininas) → as fraturas laterais
servem para triangularizar a base
• O uso de escopo com guia facilitou muito o controle da fratura → a parte interna dele entra no nariz
e a externa fica para fora, permitindo que possamos ir sentindo as estruturas
• Importante sentir o corneto e fugir dele (se machucar o corneto sangra muito)
• Cuidado para não fazer fratura em degrau, o paciente sente depois
8. Fratura paramediana
• Após a realização das fraturas laterais, quando necessário fazemos também a paramediana (de lateral
para medial)
• Tem um grau de dificuldade mínimo e quando bem feita, dá um resultado final eficaz
*Terminada a operação, devemos procurar a simetria no rosto do paciente – perfilometria*
CIRURGIA DA PONTA NASAL
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• É a mais complexa cirurgia do nariz
• É feita incisão intercartilaginosa (entre as cartilagens laterais superior e inferior) com a técnica por eversão
ou Mackinro → faz pequeno pinçamento da asa do nariz
• A técnica mais simples consiste em retirar um triângulo no bordo cefálico da cartilagem lateral inferior,
que promove um efeito de pinçamento da cartilagem e afina a ponta do nariz
• Essa técnica só serve para pessoas com pele fina e com cartilagem um pouco grossa
o Se a pele for muito grossa não vai ser possível moldar a ponta de maneira tão eficiente, porém,
eventuais defeitos ficam menos evidentes
• Essas características de tipo de pele de revestimento são muito importantes na hora de planejar e indicar
a cirurgia
• “Columela hanging” ou ptose de columela: ângulo fechado do nariz que envelhece o paciente:

FUNDAMENTOS IMPORTANTES

• Pele fina:
o Tem uma moldagem mais fácil
o Mais fácil de aparecer defeitos
o Mais comum nos caucasianos
• Pele grossa:
o Aumenta a complexidade da moldagem da ponta
o Menor probabilidade de aparecer defeitos
o Nem sempre consegue resultado ideal

AULA 4 – EPISTAXE (MARCO)


INTRODUÇÃO
•  60% das pessoas em todo o mundo ao longo da vida
•  6% daqueles com hemorragias nasais procuram tratamento médico
• A prevalência aumenta em crianças < 10 anos e novamente após os 35 anos → costuma ser menor em
adulto jovem
• A partir do sangramento nasal, precisamos determinar se o sangramento é anterior ou posterior
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS
• > 90% dos episódios ocorrem ao longo do septo nasal anterior na área de Kiesselbach
o Suprimento vascular: se desloca da carótida externa através do ramo labial superior da artéria facial
e dos ramos terminais da artéria esfenopalatina e da artéria carótida interna na região anterior das
artérias etmoidais posteriores
o Mais comum em criança ou adulto jovem → oximetasolina, digitopressão
•  10% das hemorragias nasais ocorrem posteriormente, ao longo do septo nasal ou parede nasal lateral
o Suprimento: artéria carótida externa → artéria maxilar → ramo esfenopalatino
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o Hemorragias nasais posteriores são mais comuns em pacientes idosos, associado à HAS → sonda de
Foley
CAUSAS E CONDIÇÕES ASSOCIADAS
• Condições locais e sistêmicas contribuem para epistaxe
• Trauma digital autoinduzido (dedo do nariz) é comum, principalmente entre as crianças
• Trauma da mucosa de medicamentos nasais tópicos, tais como corticosteroides ou anti-histamínicos,
podem resultar em epistaxe em 17-23% dos pacientes que utilizam esses produtos
• Uso de drogas nasais ilícitas
• Trauma nos ossos nasais ou no septo
• Desumidificação da mucosa nasal provavelmente causa um aumento da incidência de hemorragias nasais
durante os meses de inverno → lugares secos, muitas horas sob o ar condicionado
• Perfurações de septo, que muitas vezes levam a mucosa seca, rinossinusite bacteriana ou viral e
neoplasias
• Condições sistêmicas associadas às coagulopatias também devem ser consideradas
• Em um estudo retrospectivo, 45% dos pacientes internados por epistaxe tinha distúrbios sistêmicos com
o potencial de contribuir para hemorragias nasais, incluindo doenças genéticas, como hemofilia e
coagulopatias adquiridas por doença hepática ou renal, uso de anticoagulante medicação ou câncer
hematológico
• Dose baixa aspirina parece aumentar o risco de epistaxe
• Ingestão de alho, gingko biloba ou ginseng, também pode contribuir para o desenvolvimento
coagulopatias que resultam em epistaxe
• HAS pode contribuir para epistaxe → controverso
• Quando o início da epistaxe é abrupta, é difícil determinar se a hipertensão é a causa, já que muitos
pacientes com sangramento ativo tem ansiedade, que  pressão sanguínea
• Síndrome de Osler-Weber-Rendu – telangectasia hemorrágica hereditária → muitas vezes resulta em
hemorragias nasais
o Displasia fibrovascular sistêmica que resulta em alteração da lâmina elástica e da camada muscular
da parede do vaso sanguíneo →  vulnerabilidade
o Doença autossômica dominante (20% não tem histórico familiar)
o Diagnóstico seguindo critérios de Curaçao – ≥ 3 dos seguintes: telangectasia em face, mãos e cavidade
oral; epistaxe recorrente, MAV visceral; histórico familiar
ESTRATÉGIAS E EVIDÊNCIAS
• Garantir via aérea segura e estabilidade hemodinâmica
• História completa – atenção à lateralidade, duração, frequência e gravidade de epistaxe; história familiar
de distúrbios hemorrágicos
• Exame físico: localização da fonte de sangramento – cavidade nasal anterior ou posterior
• Sprays tópicos de anestésicos e vasoconstritores (Neotutocaína 1% e Oximetazolina) podem ser
necessários para controlar o sangramento, bem como tampão de algodão umedecido nesta solução
o Neotutocaína é cardiotóxico
o Não deixar > 5 minutos em tampão intranasal
• Remover qualquer coágulo
• Epistaxe unilateral recorrente que não responder às medidas conservadoras simples delineadas deve
levantar a suspeita de neoplasia → quase todos os pacientes com doença benigna ou maligna
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nasossinusais apresentam sinais e sintomas unilaterais ou assimétricos, que podem incluir obstrução
nasal, rinorreia, dor facial ou evidência de neuropatias cranianas, como dormência facial ou visão dupla
o Qualquer epistaxe recorrente unilateral → exames radiográficos
*Sexo masculino, criança ou adulto jovem, com sangramento nasal importante de difícil controle: pensar em
angiofibroma juvenil*
TRATAMENTO
• A maioria das hemorragias nasais anteriores é autolimitada e não requer tratamento médico → podem
ser controladas apertando a ponta nasal por 15 minutos, que fornece tamponamento para o vasos septais
anteriores
• O ideal é que o paciente fique relaxado, mantendo sua cabeça para frente ou para trás (o que for mais
confortável, desde que evite engolir ou aspirar qualquer sangue que possa estar drenando posteriormente
na faringe)
• Além da pressão, spray de Oximetazolina pode ser útil
o Em crianças, pode fazer alterações sistêmicas → usar em pequenas quantidades!
• Epistaxe refratária à pressão e vasoconstritores tópicos pode exigir cauterização
• Cauterização química com Nitrato de Prata ou Ácido Trigloroacético → tem aceitável perfil de segurança
o Apenas um lado do septo é cauterizado para reduzir o risco de perfuração septogênica iatrogênica

• Tamponamento nasal anterior: usado para epistaxe na área de Kiesselbach refratária aos tratamentos
anteriores
o Materiais não degradáveis, como gaze revestida com vaselina, esponja composta de Acetato de
Polivinila Hidroxilado que se expande quando molhado
o Esses tampões são deixados por 1-3 dias e depois devem ser removidos
o Em estudos randomizado com ensaios controlados, seu uso interrompeu o sangramento
aproximadamente 60-80% dos casos refratários a vasoconstritores e pressão
o Uma variedade de materiais absorvíveis ou degradáveis que não exigem a remoção formal são úteis
para pacientes com ou sem coagulopatias
o Oxidado celulose e espuma ou colágeno bovino purificado aumentam a formação de coágulos e
fornecem algum grau de tamponamento
• Outro produtos: colágeno microfibrilar, gelatina suína, e gelatina bovina – trombina humana
• Tamponamento nasal posterior pode ser necessário para sangramento atribuível à artéria esfenopalatina
• Balões infláveis, como o Epistat e o cateter de Foley, são amplamente utilizados para tamponamento
posterior
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• Tamponamentos posteriores tradicionais: gaze de algodão introduzida pela boca e retraída para dentro
da nasofaringe → podem ser usados, mas são mais difíceis de colocar

• Quando as medidas conservadoras não conseguem parar o sangramento, embolização ou ligadura


cirúrgica são necessários → intervencionista
• Radiologistas intervencionista podem embolizar os ramos distais a artéria maxilar interna e da artéria
esfenopalatina para hemorragias nasais posteriores
• Complicações graves: acidente vascular cerebral, paralisia facial, cegueira ou nefropatia associada à
material de contraste → 4%
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• De acordo com vários relatórios de séries de casos e revisões de literatura, taxas de sucesso para ligadura
da artéria esfenopalatina são equivalentes ou melhores do que taxas de sucesso para embolização
• Ligadura pode ser realizada em 30-60 minutos com o uso de endoscopia
• Ligadura endoscópica da esfenopalatina evita os riscos associados à angiografia, mas requer anestesia
geral (normalmente realizada com anestesia local e sedação)
• Os custos gerais com saúde são reduzidos em > 50% quando as hemorragias nasais posteriores são
tratadas com tampão posterior para controle imediato, seguido por ligação endoscópica da
esfenopalatina
o O uso de ligadura endoscópica, em comparação com o uso de tamponamento nasal posterior,
permite alta mais precoce do hospital

AULA 5 – TUMORES NASAIS E NASOSSINUSAIS (MARCO)


INTRODUÇÃO

• Raros
• Sintomas inespecíficos: obstrução nasal (normalmente unilateral) e rinorreia → isso pode retardar o
diagnóstico (sintomas de rinossinusite)
• Classificados conforme sua etiologia:
o Epiteliais
o Tecidos moles
o Tumores ósseos
o Cartilaginosos
• Diagnóstico por imagem e/ou exame anatomopatológico

PAPILOMA NASOSSINUSAL

• Origina-se do epitélio Scheneideriano


• 2º tumor mais comum do trato nasossinusal
• Dividido em:
o Evertidos (32%) → paciente refere verruga no vestíbulo nasal
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o Colunares (6%) → jovens, meato médio, semelhante a pólipo
o Invertido (62%)
Papiloma Invertido

• Invaginação neoplásica da mucosa para dentro do estroma →  tecido cerebral


• Relacionado a carcinoma escamoso
• Taxa de malignização  15%
o Baixa taxa de malignidade quando de origem no septo nasal
o Parede lateral tem mais chance de malignização → origem mais comum
•  taxa de recidiva: 30%
• Incidência: 1,5/100.000
• 5x mais em homens, 50-60 anos
• Hipótese etiológica: viral (HPV)
• Possui componente vascular
• Sintomas:
o Obstrução nasal unilateral
o Rinorreia
o Hiposmia
o Epistaxe
o Epífora → compromete o canal lacrimal
• Videonasoscopia: massa polipoide irregular rosa claro ou cinza, de
consistência firme
• TAC:
o Lesão com atenuação de partes moles
o Capta contraste → mucosa invade o estroma, semelhante ao
contorno cerebral com captação do contraste
o Alargamento complexo ostiomeatal
o Área hiperostose focal → espessamento ósseo
• RNM com formato cerebriforme
• Tratamento cirúrgico
– Nota-se a diferença da distância do ângulo da inserção do
corneto inferior da órbita D e o ângulo do corneto inferior para
a órbita E → alargamento
– Hiperostose
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– Diferença no tamanho das órbitas → pode causas proptose

PÓLIPOS COANAIS

• Surgem na parede dos seios paranasais (principalmente seio maxilar) por provável obstrução de uma
glândula de mucosa
• A lesão passa entre o seio maxilar e a cavidade nasal
• Pode fazer proptose ocular por alteração orbitária
• Origem:
o Antrocoanais (Killian)
o Etmoidocoanais
o Esfenocoanais
• Diagnóstico:
o Criança ou adulto jovem
o Obstrução nasal unilateral
o Videonasoscopia – visualização do pólipo
o TAC
• Tratamento cirúrgico: Killian parede de seio maxilar
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A distância da inserção do corneto inferior é a mesma em ambos os lados

TUMORES DE TECIDOS MESENQUIMAIS


Nasoangiofibroma juvenil***

• Tumor benigno, mas muito agressivo e ricamente vascularizado


• Sexo masculino, principalmente entre 9-19 anos
• Maior incidência: Egito, Índia e México
• Origem na fossa pterigopalatina podendo invadir a base de crânio → faz destruição óssea
• Sintomas:
o Obstrução nasal unilateral progressiva
o Epistaxe recorrente com aumento de intensidade → sangramento nasal importante
o Proptose e amaurose → indica lesão grande
• Tumor apresenta componente vascular, com vasos de diferentes tamanhos e formatos
• TAC: sinal de Hollman-Miller ou sinal antral (lesão fossa pterigopalatina com descolamento para parede
posterior do maxilar)
• Pode ocupar toda a cavidade nasal e base do crânio
• Tratamento sempre cirúrgico
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TUMORES ESQUELÉTICOS
Cordoma

• Tumor raro de células embrionárias


• Pode acometer o clivos
• Sintomas:
o Diplopia → porque pode afetar o cavum, afetando o nervo óptico
o Obstrução nasal
• Tratamento cirúrgico

Condromas

• Tumores cartilaginosos
• Difícil diferenciação entre benignidade e malignidade

LESÕES ÓSSEAS PROPRIAMENTE DITAS


Osteoma

• Neoplasia benigna
• Mais comum dos seios paranasais
• Tumor ósseo de crescimento lento
• Acomete principalmente o seio frontal
• Tumor silencioso, normalmente assintomático
• TAC: aparência brilhosa (lesões hiperdensas)
• Tratamento cirúrgico apenas se causar sinusite ou deformidades estéticas

TUMORES ÓSSEOS FIBROSOS


Displasia fibrosa

• Lesão pseudoneoplásica
•  recidivante
• Defeito congênito de modelagem óssea → tecido fibroso substitui o osso medular
• Criança e adolescente, sexo feminino
• Deformidade facial
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• TAC: lesão em vidro fosco, contornos irregulares
• Síndrome de McCune-Albright: forma poliostótica, mancha cutânea hiperpigmentada, mulheres na
puberdade

Fibroma ossificante

• Mulheres negras, 30-40 anos


• Forma monostótica dos tumores ósseos → acredita-se ser variante da displasia fibrosa
• Diagnóstico diferencial apenas por biópsia
• Prognóstico é bom, com baixa recidiva

TUMORES MALIGNOS NASAIS E NASOSSINUSAIS


Carcinoma epidermoide

• Sexo masculino, 60 anos


• Epistaxe e obstrução nasal
• Lesão vegetante na cavidade oral (invasão palato duro)
•  invasivo e destrutivo
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Estesioneuroblastoma

• Tumor entre o teto da cavidade nasal e a fossa craniana → acometimento


ósseo do teto nasal, causando perda óssea e continuidade com a cavidade
cerebral → invade base do crânio
• Tumor das terminações sensitivas do I par craniano
• 30 anos

AULA 6 – TRAUMAS FACIAIS (BALLIN)

• Homens, adultos jovens (15-30 anos)


• Principal causa: acidente de trânsito, principalmente por motocicleta e excesso de velocidade → também
por agressões, esportes e acidentes de trabalho
o Cenário: consumo de álcool, estômago cheio →  risco de broncoaspiração
• 72% dos traumas têm acometimento cefálico
• Na vigência de um trauma facial, é feito o restabelecimento funcional e estético juntos, no procedimento
cirúrgico → a face não é prioridade, então geralmente a correção se torna uma cirurgia eletiva
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o ATLS: via aérea, tórax, abdome, exame neurológico (se teve um TCE) e outras fraturas (fêmur, pelve)
→ a face será o último lugar a ser tratado!
o Garantir a via aérea: 4-5 minutos para restabelecer via aérea e evitar complicações – inspecionar
cavidade oral para retirar próteses, corpos estranhos, chupeta, dente fraturado →  risco de
broncoaspiração (sangue induz vômito!)
o IOT sempre que possível → traqueostomia é segunda opção e cricotireoidotomia é exceção (danifica
as cordas vocais)
o Tentar manter paciente sentado ou semi-sentado com a cabeça fletida, de forma a evitar deglutição
e aspiração de sangue
• Não precisa ter feridas evidentes para que se tenha fratura
• Não esquecer do exame neurológico completo para avaliar possíveis lesões nervosas e TCE (pode haver
um hematoma subdural evoluindo lentamente)
TRAUMA DE PARTES MOLES

• Precisam ser fechadas de imediato e com limpeza cirúrgica → risco de infecção


• Ligar vasos sangrantes → limpar a ferida → anastomosar nervos lesados → avaliação neurológica
constante
• Examinar o nervo facial através da mímica: enrugar testa, ficar bravo, fechar olhos, fazer “bico” e dar
risada → às vezes, diante da avaliação estática o paciente está bem, mas na avaliação dinâmica veem-se
as alterações
o Ideal: anastomose término-terminal com fio absorvível
o Mesmo cortes pequenos podem pegar ramos do facial → examinar sempre
o A sutura deve ser plano-a-plano
• Esgorjamento de automóvel → pacientes que ficam quase degolados em trauma contra para-brisa:
limpeza mecânica → ligar vasos de maneira cuidadosa (evitar usar cautério perto dos vasos) → avaliação
nervosa → se necessário e possível, anastomosar – sempre plano-a-plano → quanto mais precoce a
anastomose do nervo, melhor seu funcionamento
o Evitar colocar drenos em face, principalmente em área salivar (parótida, submandibular), porque
podem fazer fístula salivar → difíceis de fechar e deixam cicatriz
*Colocar dreno apenas se a ferida estiver infectada, com abscesso*

• Resultado pós-operatório de face: sempre 6-8 meses → nesse período a cicatriz ainda está se formando
e podemos promover melhoras
• Vias lacrimais
o Feridas em pálpebra → reconstruir em três planos: cutâneo (pele), muscular (tarso) e mucoso
(conjuntiva)
o Via lacrimal é prioridade, tem que reconstruir de imediato → cateterizar com tubo de silicone para
dentro do nariz
▪ Se deixar para depois, tem que fazer dacriocistorinostomia e o paciente acaba perdendo o
mecanismo valvular do saco lacrimal → nesse caso, quando tem quadro gripal acaba irritando a
conjuntiva (refluxo nasal para a conjuntiva)
▪ Se tiver lesão do ramo zigomático que inerva a pálpebra, pode fazer úlcera de córnea
• Lábios
o Também devem ser reconstruídos em três planos: mucosa, musculatura orbicular do lábio e fazer a
reconstrução da pele (mucosa) → reconstrução imediata para que as funções voltem e a pessoa não
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tenha sequelas (a comissura até pode ser retocada posteriormente, mas a reconstrução nunca pode
esperar)
o Pode precisar de retalhos de pele ou músculo para preservar a porção esfincteriana do lábio
o O lábio é reconstruído em um único tempo, exceto quando atinge comissura → nesse caso, precisa
de outra cirurgia para reparo (após 6 meses), porque em uma só não consegue retalhos para todas
as partes do lábio
o Além da reconstrução e limpeza da face, é necessário fazer vacinação
• Cartilagem (nariz e orelha)
o Reconstruir em três planos → nariz: pele, cartilagem e mucosa; orelha: pele anterior, cartilagem e
pele posterior
o Suturar com fio de nylon incolor inabsorvível para não ficar aparente
• Corpos estranhos:
o Seio paranasal não suporta corpo estranho → acaba fazendo sinusopatia
o Glândula salivar também não tolera, e acaba fazendo sialoadenite
o Importante palpar a ferida procurando corpo estranho e retirá-lo
o Pode fazer raio-X com incidência para partes moles para auxiliar
*Onde tem cartilagem, deve reconstruir em 3 planos (pele, cartilagem e mucosa) e sempre de imediato,
tentando resolver tudo em um único ato cirúrgico*

FRATURAS DE FACE

• Normalmente não se tem pressa para corrigir essas fraturas, apenas para diagnosticá-las
• Atualmente o princípio é reduzir as fraturas e fixá-las internamente com miniplacas e miniparafusos de
titânio, que permanecem para sempre no paciente → não se faz mais nada externamente
• Em crianças, podemos usar materiais absorvíveis, que somem em 8-12 meses →  $
• Diagnóstico clínico: palpação do assoalho da órbita e nariz
o Para definir e planejar o tratamento é necessário ter o exame de imagem
o Palpação: órbitas (rebordo orbitário superior e inferior), assoalho da órbita, nariz, arco zigomático,
oclusão maxila e mandíbula (ver se os dentes estão fechando direito – se não, pode ter fratura de
mandíbula ou maxila)
▪ Lembrar que pode existir fratura de etmoide → visível na tomografia
▪ As fraturas mais comuns da órbita são no assoalho, mas também pode ter fratura para dentro do
osso etmoide → a fratura da órbita pode, ainda, ir para dentro do seio maxilar e para dentro do
osso frontal
*Não assoar o nariz, porque se tiver fratura fará enfisema subcutâneo*

• Trauma de terço médio da face: ver se tem fraturas de maxila, avaliando oclusão e mobilidade (abrir bem
a boca do paciente, pegar a arcada superior com o indicador e polegar a tracionar a maxila para ver se há
mobilidade)
o Fraturas de nariz ou aquelas mais complexas, que envolvem nariz, etmoide e órbita, podem ir para trás
e guilhotinar ramos do nervo olfatório → o paciente fica babando e faz fístula liquórica, fica saindo
líquor pelo nariz
• Traumas frontais: podem seccionar o nervo olfatório → além de perder o olfato, pode formar fístula
liquórica (os nervos são envoltos por dura-máter e, se não tratar, faz meningite; se passar ar faz
pneumoencéfalo)
o Na criança, deve-se corrigir fraturas porque quando ela nasce, a face representa 1/8 do volume do
crânio, de modo que o crescimento provoca deformação facial
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▪Se não há desvio, não precisa mexer necessariamente
▪Fratura de mento em crianças pode fazer fratura de côndilos associada → responsáveis pelo
crescimento da mandíbula → por isso devemos corrigir sempre
o No adulto, a face representa 1/2 do volume do crânio
• Diagnóstico por imagem
o Raio X de face e crânio nas incidências:
▪ Waters (naso-mentoplaca)
▪ Caldwell (fronto-naso-placa)
▪ Hirtz (para arcos zigomáticos)
▪ Perfil do lado traumatizado
– Seios velados podem indicar acúmulo de sangue
o Tomografia nas incidências axial, coronal, sagital (específico para côndilos de mandíbula e assoalho da
órbita), 3D (facilita para o paciente, para que ele entenda o que aconteceu), sem contraste e no pré-
operatório
*Waters é a melhor incidência de raio X para face. Se tiver que escolher só uma incidência, é essa.
Tomografia é o padrão ouro para terço médio e superior de face. Incidência coronal é a melhor!*

• Tratamento cirúrgico
o Diferente do trauma em partes moles que precisa ser tratado de imediato, as fraturas não são tratadas
na chegada → espera-se reduzir edema, avaliar parte neurológica (diplopia)
o Se o paciente estiver em coma, espera-se até 15 dias para tratar → não precisa esperar a recuperação
completa do paciente, porque senão depois fica com sequelas → se estiver com condições cirúrgicas,
opera em 15 dias
o No adulto, 7-10 dias é o período de ouro para diminuir o edema e realizar a cirurgia
o Em crianças, 5-7 dias, porque o edema diminui mais rapidamente e a consolidação óssea também é
mais rápida, então tem que fazer a cirurgia antes
▪ Acessos: sempre evitar cicatrizes evidentes
o Órbita: subciliar ou acesso de blefaroplastia – muito usada
o Mandíbula: acessos cervicais submandibulares, intraorais ou endoscópicos
o Seio frontal: acesso coronal
o Maxila: acessos gengivo-labial e gengivo-jugal sem incisar a pele e rebate para cima (degloving
= “desenluvar”) → permite também acesso ao assoalho da órbita
▪ Métodos de fixação:
o Fixação interna rígida (FIR): mini/microplacas e mini/microparafusos de titânio → em crianças,
substituir por materiais absorvíveis, porque com o crescimento, o material pode entrar em
contato com a dura-máter e ser foco irritativo para crise convulsiva
o Fixação interna semirrígida (FISR): o material usado é fio de aço → usado eventualmente
o Não usar fios de kirschner em face! Não dá fixação tridimensional, possibilitando mobilidade,
o que faz fístula
• Enxertos: se precisar de enxertos ósseos, tira-se da calota craniana (antigamente usava-se bacia e
costela)
o Existem materiais haloplásticos → usados em situações específicas (perda de grande
quantidade de calota craniana, por exemplo)
o Septo nasal é bastante usado para enxerto cartilaginoso
FRATURAS DE OSSOS NASAIS
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• As mais frequentes dentre as fraturas da face
• Diagnóstico: clínico → sintomas (em ordem de frequência): dor, edema, desvio do eixo nasal, epistaxe,
obstrução nasal, hematoma, crepitação, equimose periorbitária
• Diagnóstico por imagem:
o Não precisa de tomografia
o Raio X de perfil para ossos nasais já é suficiente → linhas transversais no raio X são fraturas
▪ Incidência de Waters é boa!
• Tratamento:
o 10-15%: tratamento conservador
o Se comprometer a respiração deve operar
o Criança: operar utilizando anestesia geral e depois imobilização gessada por 5-7 dias → se a criança
não for tratada adequadamente, pode ficar com sequela e depois tem que fazer rinoseptoplastia
(cirurgia maior)
• Complicações:
o Essas fraturas podem fazer hematoma bilateral de septo nasal → precisa ser drenado (emergência!)
▪ O septo é nutrido pelo pericôndrio – na presença de hematoma, esse pericôndrio pode se
descolar e prejudicar a vascularização do septo, fazendo necrose e deixando o “nariz em sela”
▪ Infecções podem estar associadas e fazer abscesso de septo, que pode resultar em trombose de
seio cavernoso e, por fim, deixar o nariz em sela
o Meningite também pode ser uma complicação, além de laterorrinia – nariz desviado para o lado (bem
comum)
*Abscesso de septo é risco de trombose de seio cavernoso*
FRATURAS DE MANDÍBULA

• 2ª em incidência das fraturas de face → tem formato em U e é mais exposta


• Diagnóstico → clínico: sintomas (em ordem de frequência): dor, edema, deformidade, mobilidade
anormal, disoclusão/disfunção (não consegue ocluir a boca), crepitação, hematoma, paresias
(comprometimento da raiz mandibular do trigêmeo) principalmente em hemilábio, hálito fétido
(sangramento na cavidade oral, salivação) → se tiver batida em mento devemos pesquisar fratura em
côndilo
• Diagnóstico por imagem:
o Raio-X panorâmico da mandíbula (não fazer se for grávida) → melhor opção (os outros são eventuais
e acessórios) → raio-X em PA, perfil isolado D e E, incidência de Towne para côndilos, raio X de face
(Waters, Caldwell e Hirtz), raio X oclusal de mandíbula, raio X periapical (aquele 3x4 do dentista, bem
simples) e podemos utilizar a tomografia com as incidências axial, coronal, 3D e sagital (côndilos)
o Tomografia sagital é boa para ver fratura em côndilo, comum em criança → o colo do côndilo é zona
de crescimento da mandíbula e, quando é fraturado, esse lado não cresce e a mandíbula entorta
(laterognatia)
*Trauma de mento, até que se prove o contrário, tem fratura de côndilo, que faz com que a mandíbula rode
para o lado fraturado e haja desvio oclusal*

• Tratamento cirúrgico:
o Apenas quando há desvio
o Faz o acesso anterior (pré-auricular ou endoscópico por dentro da boca), redução e fixação interna
rígida (geralmente coloca-se 3 parafusos antes e 3 depois da fratura)
o Acesso externo (cervical) para fraturas cominutivas com fixação usando microplacas absorvíveis
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▪ Opção para pacientes com periodontopatia, pois devemos evitar acessos orais nesses casos
▪ Usar placa em indivíduos sem dente → normalmente usam-se 3 ou 4 placas ou parafusos de cada
lado – permanece por 4-6 semanas e é esperada perda de peso significativa pela dificuldade na
alimentação
o Indivíduos com crise convulsiva não se pode colocar a placa
o Ao mesmo tempo que corrigimos fratura intraoral, podemos corrigir deformidades (prognatas, por
exemplo) → osteotomias são usadas para tratar prognatismos e micrognatismos, utilizando as
mesmas placas de titânio
• Complicações – em ordem de frequência:
o Disoclusão, pseudoartrose, anquilose da ATM e infecção/osteomielite
o Criança com fratura bilateral de colo de côndilo não tratada fica com “birds face” (face de passarinho),
não havendo crescimento adequado da mandíbula → nesses casos, tirar uma costela e implantar,
mas não tem como controlar o crescimento do enxerto, de modo que pode crescer mais que o
esperado
o Pode ser feita distração osteogênica: retira-se a parte cortical e deixa apenas a medular, coloca-se
uma placa e afasta-se um pouco todo dia para fazer crescimento da mandíbula

FRATURAS DA MAXILA

• 4ª em incidência
• As fraturas de maxila estão entre as fraturas de terço médio da face
• Classificação de Lefort:
o Lefort I ou supra alveolar: solta maxila e os dentes
o Lefort II ou piramidal da face: vai até o etmoide → maior risco de comprometer a lâmina crivosa e a
que mais faz fistula liquórica
o Lefort III ou disjunção craniofacial: solta a face da base do crânio → também faz fistula liquórica, mas
em menor grau que a anterior

*Lembrar dos “três NÃOs” para pacientes com fraturas do terço médio da face, como em fraturas de maxila:
não assoar o nariz, não mastigar, não deitar com o rosto virado para o lado fraturado*

• Diagnóstico clínico: sintomas (em ordem de frequência): dor, edema, hematoma, disoclusão, hipoestesia
(principalmente se lesar infraorbitário), rinorragia, mobilidade da maxila, dificuldade de deglutição,
enfisema subcutâneo (não pode assoar o nariz porque passa ar dos seios paranasais – pneumoencéfalo –
para o subcutâneo), liquorragia
• Diagnóstico por imagem:
o Tomografia: melhor exame (axial, coronal, sagital e 3D)
o Podemos pedir raio X nas incidências de Waters, Caldwell, perfil para face, Hirtz e raio X panorâmico
de mandíbula
o Planigrafia → importante
• Sinais clínicos:
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o Donkey face: face alongada típica de indivíduo que fraturou a maxila
o Equimose ocular, hemorragia subconjuntival, epistaxe → pensar em fratura de órbita ou de maxila
• Exemplos:
o Paciente com retroposicionamento da maxila: pode ser feita cirurgia para avançar a maxila → produz
osteotomia e avança o osso
o Paciente de 14 anos, tiro na face, fez nível líquido em seio maxilar no raio X Waters (sangue nos seios
maxilares) → tem que internar, fazer antibiótico, gelo, observação por 72h e só depois tirar o projétil
(em 20-30 dias) → se estiver dentro do seio maxilar, o tratamento é cirúrgico, mas também não é
imediato
FRATURAS DA ÓRBITA

• 3ª em incidência
• Tratar zigomático/malar como se fosse órbita, porque faz parte do assoalho e da parede lateral da órbita
• Tratar em 15 dias para não atrofiar musculatura
• Normalmente há fraturas múltiplas, difícil fraturar só um osso
*Equimose subconjuntival: pensar em fratura de órbita*

• Anatomia da órbita: a órbita é um cone dividido em:


o Teto: frontal, asa menor do esfenoide
o Parede lateral: zigomático, frontal, asa maior do esfenoide
o Assoalho: zigomático, maxila, palatino (frágil)
o Parede medial: maxila, osso lacrimal, frontal, etmoide (frágil)
• Diagnóstico clínico: sintomas (em ordem dos mais frequentes para os menos frequentes): dor, edema
palpebral, hematoma palpebral, equimose subconjuntival, alterações visuais, diplopia,
hipoestesia/anestesia (comprometimento infraorbitário, supraorbitário ou troclear), alterações do
contorno ósseo, enoftalmia/proptose, ptose palpebral superior, lesão de vias lacrimais
• Exame físico:
o Campo visual e resposta simétrica
o Paciente com fratura de órbita tampa um olho para olhar com um só, porque ele perde o equilíbrio
devido à diplopia
• Diagnóstico por imagem:
o Tomografia é o melhor exame (axial, coronal, sagital e em 3D)
o Podemos pedir raio X nas incidências de Waters, Caldwell e Hirtz
• Tratamento cirúrgico: acesso subciliar/bleferoplastia ou cauda do supercílio
o Traumas severos podem fazer alargamento intercantal – a distância entre os olhos deve ser corrigida
e as placas permitem isso (ao contrário dos fios – pior resultado)
• Fratura blow-out: fratura assoalho e parede medial da órbita (etmoide), mas o contorno da órbita fica
íntegro
o Normalmente faz pouco sangramento e pode passar despercebido só com raio X → diagnóstico pode
ser mais tardio →  sequelas
o Os músculos reto inferior e reto medial podem se prender nos fragmentos da fratura e dificultar
mobilidade do olho (faz diplopia)
o Às vezes precisa de enxerto do septo nasal (por acesso palpebral)

FRATURAS DO ARCO ZIGOMÁTICO

• Comum em jogadores de futebol


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• Paciente com dor e dificuldade para mobilizar a mandíbula
o Paciente pode ter dor apenas quando mastiga ou com movimento de lateralidade da mandíbula
(diducção)
• O ramo zigomático inerva a pálpebra e, se lesado, pode fazer úlcera de córnea
• Pode fazer acesso pela cauda da sobrancelha e reduz a fratura
o Geralmente não precisa de fixação, ele estabiliza pela própria convexidade
o 6 semanas sem mastigar para recuperação

FRATURAS CRANIOFACIAIS

• Fraturas que acometem concomitantemente ossos da face e do crânio


• As mais comuns são as naso-etmoido-orbitárias ou fronto-naso-etmoido-orbitárias → muito graves e
muito difíceis de reconstruir
• A diminuição dos seios paranasais pode fazer alteração na ressonância da voz
• Diagnóstico clínico: sintomas (em ordem de frequência): dor, edema, hematoma, equimose
subconjuntival (olho vermelho), alterações visuais, diplopia, hipoestesia/anestesia, alterações do
contorno ósseo, enoftalmia/proptose, alterações da motilidade extrínseca ocular, comprometimento
neurológico, liquorreia, ptose palpebral, anosmia (perda do olfato quando há fratura de etmoide),
otorragia, paralisia/paresia facial, sinal de Battle (equimose na região da mastoide)
• Diagnóstico por imagem:
o Tomografia é mandatória (axial, coronal, 3D, sagital) → com contraste, exceto quando tem olho
pulsátil à palpação (fístula carótido-cavernosa)
o Podemos solicitar raio X de face e crânio
• Tratamento cirúrgico:
o Quando tem laceração, normalmente o acesso é feito pela própria ferida
o Acesso ideal e mais usado: bicoronal – em mulheres e homens não calvos
▪ Para pacientes calvos: acesso W-shaped
*Sempre fazer fazer raio X pós-operatório antes de dar alta ao paciente para mostrar o resultado final do
tratamento, pois pode acontecer do paciente se fraturar novamente e processar o médico*

*Incidência: Nariz > mandíbula > zigomático/maxila*


AULA 7 – FARINGOAMIGDALITES/ANGINAS (MARCO)
Anatomia da faringe

• Tubo muscular revestido por mucosa


• Corresponde ao cruzamento entre as vias digestivas e aéreas superiores
• Dividida em:
o Rinofaringe (nasofaringe): das coanas até palato mole
▪ Tem acúmulo de tecido linfoide (adenoides ou tonsila faríngea) e abriga o óstio da tuba auditiva
o Orofaringe: do palato mole ao plano superior da epiglote (osso hioide)
▪ Na altura das 2ª e 3ª vértebras cervicais
▪ Tecido linfoide extenso (amígdalas palatinas e acúmulos difusos que se estendem por toda
região)
o Laringofaringe (hipofaringe): continua com a orofaringe até a altura da borda inferior da cartilagem
cricoide, na altura da 3ª-6ª vértebras cervicais
▪ Se continua com o esôfago
• Anel linfático de Waldeyer
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o Conjunto de formações linfáticas distribuídas em toda sua extensão, o qual garante a defesa pelo
sistema imune através da produção de IgA, IgE e IgG
o Composto por:
▪ Tonsilas palatinas: na orofaringe, entre os músculos palatoglosso (pilar anterior) e palatofaríngeo
(pilar posterior) → possuem múltiplos folículos linfáticos entre os quais se insinua a mucosa de
revestimento, formando as criptas tonsilares → envoltas por uma densa cápsula fibrosa e
produzem 5 tipos de Ig
▪ Tonsila faríngea (adenoide): na parte superior da rinofaringe e produz apenas IgA
▪ Tonsila lingual: conglomerado de folículos linfáticos na base da língua
▪ Tonsilas tubárias: são 2 e estão ao nível do torus da tuba auditiva na rinofaringe
▪ Folículos linfoides isolados: dispostos difusamente em toda faringe → a função do tecido linfoide
é coletar informação antigênica e captar e processar antígenos
– A produção local de IgA nessa região é grande e parece ser a responsável pela maior
resistência desses órgãos a infecções locais
• Tonsilas palatinas (amígdalas): se originam de um pequeno ponto localizado no 2º arco branquial,
desenvolvendo-se a partir do 4º mês de vida intrauterina – ficam na entrada dos tratos respiratório e
alimentar e representam o 1º contato com a grande variedade de antígenos presentes no ar e comida
o A proteção imunológica imediata ocorre pelo transporte direto do material estranho para as células
linfoides; isso é facilitado pelo fato das tonsilas terem criptas
o Características das tonsilas:
▪ Forma de amêndoa alargada: 20-25mm altura, 15mm largura, 10mm espessura
▪ Pediculada: projeta-se em sua maior extensão para fora dos pilares
▪ Encastoada: ocupando grande parte da fossa amigdaliana, escondida atrás dos pilares
▪ Intravélica (ou utriculada): situa-se no véu do paladar, além da fossa amigdaliana
▪ Procidente: projeta-se para baixo aproximando-se da amígdala lingual
▪ Cindida: divisão da amígdala (horizontal ou vertical)
▪ Produz 5 classes de imunoglobulinas: IgG, IgA, IgM, IgD, IgE → na inflamação crônica produção
de IgA é reduzida
Fisiologia da faringe

• Proteção: anel linfático de Waldeyer → responsável pela grande quantidade de IgA e primeiro mecanismo
de defesa
• Digestão: a salivação e a mastigação são a primeira fase da deglutição, onde o bolo alimentar é
encaminhado ao esôfago pela contração da base da língua e dos músculos constritores da faringe
• Gustação: ocorre pelas papilas gustativas da língua, palato duro, pilares amigdalianos anterior, parede
posterior da faringe e superfície interna da bochecha
• Função respiratória: passagem do ar inspirado e expirado
• Fonação: a faringe faz parte do complexo de ressonância
Exame físico

• Postura: a postura de uma criança com adenoide é com protrusão da língua, hipodesenvolvimento físico,
palato em ogiva, alteração da arcada dentária, respiração bucal
• Respiração (nasal/bucal): criança com amigdalite geralmente tem respiração normal durante o dia, mas à
noite há queda da base da língua e não consegue respirar direito pelo nariz → roncos
• Lábios: posição, tonicidade, hidratação – lábio ressecado indica paciente que usa a boca para respirar
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• Arcada dentária: paciente com arcada ogival e palato alto, é respirador bucal a vida inteira (a maxila não
cresce laterolateralmente por ter uma respiração bucal quando criança)
• Musculatura orofacial: normal ou hipotônica
• Voz: paciente com hipertrofia de adenoide ou hipertrofia de conchas tem hipernasalidade
• Palato: investigar a forma (ogival, úvula bífida)
o Só pela constituição do palato sabe-se se o indivíduo teve
problemas de tonsilas na infância não identificadas
o Em relação à úvula bífida, no exame físico devemos palpar o palato
mole buscando a presença de uma fenda palatina submucosa
▪ Se o paciente tem essa fenda, ele depende da adenoide para
contração e adaptação do véu palatino
▪ Numa adenoidectomia o paciente perde essa adaptação e
ocorre refluxo de líquidos da boca para o nariz (insuficiência
velo-faríngea), além de ficar com a voz anasalada → úvula
bífida é contraindicação de adenoidectomia
• Observar as tonsilas também é importante no exame
físico → Classificação de Brodsky – mostra o grau e a
porcentagem de hipertrofia das amígdalas:
o 0: não há hipertrofia
o 1: < 25%
o 2: 25-50%
o 3: 51-75%
o 4: > 75%
▪ Na classificação 4 já existe alteração da
estrutura óssea e respiração bucal e as tonsilas
praticamente se encontram na linha média
▪ Nas crianças, podemos suspeitar quando a mãe
comenta que o filho não come muita carne, pois
há uma impossibilidade de ingerir alimentos
sólidos → nesses casos a criança tem respiração
nasal durante o dia, mas durante a noite ela
ronca devido à queda da amigdala
▪ Geralmente tratamento cirúrgico
Rinoscopia

• Anterior: diferencia obstrução nasal por hipertrofia de conchas, hipertrofia amigdaliana ou adenoides.
• Posterior: em desuso → substituída pela nasofibroscopia

Endoscopia de nasofaringe (nasofibroscopia)

• Melhor método de avaliação da nasofaringe


• Endoscópio rígido 30° ou flexível dependendo da situação
• Anestesia tópica e vasoconstritor spray
• Avalia tamanho adenoides, grau de obstrução, tipo de secreção e mobilidade velofaríngea

Exames de imagem
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• Podemos solicitar raio X de perfil para cavum para diagnóstico de adenoide → mostra o tecido obstruindo
a via aérea
• Tomografia e ressonância são dispensáveis

Angina

• Todo processo inflamatório/infeccioso de origem local ou geral da mucosa que envolve faringe e amígdala
• De acordo com aspecto clínico e bacteriológico são divididas em específicas e inespecíficas

ANGINAS INESPECÍFICAS

• São causadas por diversos agentes, que geralmente são hóspedes habituais da mucosa faríngea:
estreptococos, estafilococos, pneumococos, vírus e Haemophilus = polimorfismo microbiano
• Normalmente ocorrem em condições como: mudança brusca da temperatura, contato com líquidos
gelados, problemas de defesa, má higiene dentária ou mau estado local das amígdalas (amigdalite crônica
ou amigdalite caseosa podem desencadear)
• Pode ser: angina eritematosa, difteroide (semelhante a diftérica), gangrenosa, adenoidite aguda (comum
em recém-nascidos e crianças), amigdalite lingual e uvulite
ANGINA ERITEMATOSA

• Amigdalite aguda mais comum


• Edema e congestão da mucosa faríngea, acometendo as tonsilas palatinas
• Depósito esbranquiçado (eritemato-pultáceo) nas amígdalas, que se destaca facilmente e não invade
pilares
• Comum em adolescentes e adultos jovens
• Difícil diferenciar angina viral da estreptocócica
o Em crianças, 70% das anginas eritematosas são virais, mas pela presença de placas acabamos
prescrevendo antibiótico
• Sintomas: mal-estar, calafrios, febre alta (39-40ºC), mialgias, linfoadenomegalia subângulomandibular,
otalgia reflexa (n. glossofaríngeo faz irradiação da dor para o ouvido)
• Hemograma: hiperleucocitose com desvio para esquerda na angina bacteriana (não ocorre nas anginas
virais)
• Evolução: é benigna sem maiores complicações, 3-6 dias nos adultos e 6-10 dias nas crianças

ANGINA DIFTERÓIDE

• Formação de pseudomembranas – presença de Streptococos ou Pneumococos com formação de


“pústulas”
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• Congestão intensa da mucosa faríngea (vermelho-vinhosa)
• Temperatura muito elevada (diferente da difteria, onde a
temperatura não é tão alta)
• Pode invadir pilares
• Exame bacteriológico sempre que houver dúvida

ADENOIDITE AGUDA

• Inflamação aguda das vegetações adenoides


• Frequente na criança que tem hipertrofia acentuada da adenoide,
mas rara no adulto devido à involução da adenoide
• Sintomas: febre alta, obstrução nasal aguda (lactente), polipneia,
agitação psíquica até crises convulsivas e espasmos da glote
• Não há dor, mas há secreção nasal importante
• Secreção mucocatarral ou purulenta (fossas nasais ou nasofaringe)
• Cura cerca de 8 dias, podendo estender-se por 2-4 semanas
• Complicações: ouvido médio → obstrução da tuba auditiva leva à infecção
• Os casos crônicos na criança fazem alteração da arcada dentária, protrusão da língua, palato em ogiva e
respiração bucal
• Tratamento: lavar com soro fisiológico, antitérmicos e eventualmente antibióticos
• Adenoidite aguda do lactente: fazer desobstrução das fossas nasais com vasoconstritores leves e bem
diluídos
UVULITE

• Processo inflamatório agudo da úvula


• Etiologia: viral ou alérgica, principalmente
• Uvulite traumática geralmente ocorre em paciente que ronca
• Sintomas: edema e congestão, dificuldade de deglutição
• Melhora espontânea

AMIGDALITE CRÍPTICA (CASEOSA)

• Com a dilatação das criptas, há acúmulo de tecido de descamação,


restos alimentares e neutrófilos degenerados no seu interior
• Faz halitose e forma tipo um grão de arroz que se solta sozinho e é
fétido
TRATAMENTO DAS ANGINAS INESPECÍFICAS

• Quadros virais:
o Tratamento é sintomático
o Geralmente essas amigdalites acabam fazendo uma infecção
secundária
• Quadros bacterianos agudos:
o Usar penicilinas → potentes para Streptococcos
o Penicilina G Benzatina + Procaína IM (dose única) ou Amoxicilina 500mg 3x/dia por 7-10 dias
o Cefalosporinas de 1ª e 2ª gerações (95% de cura) podem ser usados, assim como os macrolídeos
(Azitromicina, Claritromicina, Roxitromicina) para pacientes alérgicos a betalactâmicos
o Amoxicilina é o tratamento de escolha para quadros bacterianos!
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• Tanto em quadros virais como bacterianos podemos associar AINE ou corticoide (para diminuir inflamação
e evitar edema), como Prednisolona 20mg a cada 8 horas por 3 dias, além de analgésicos para tirar a dor.
COMPLICAÇÕES DAS ANGINAS INESPECÍFICAS

• Obstrução de vias aéreas, otite média aguda, hemorragias, septicemia e formação de acesso
periamigdaliano
• Abcesso periamigdaliano:
o Infecção que coleciona líquido purulento entre o pilar e a amígdala, causando deslocamento da
amígdala para a linha média
o Aumento de volume do lado acometido
o Assimetria → abaulamento dos pilares geralmente unilateral
o Clínica de dor intensa e febre não muito alta
o Trismo: dificuldade de abertura bucal pela contratura excessiva da musculatura mastigatória –
masseter
o Tratamento: antibióticos de amplo espectro (aeróbios e anaeróbios), drenagem (mais importante) e
corticoides em altas doses
o O material drenado pode ser levado para bacterioscopia e cultura, mas não precisamos esperar os
resultados
o Fazer tomografia de pescoço pelo risco de abscesso profundo de pescoço, mediastinite
TONSILECTOMIA

• Indicação absoluta:
o Obstrução respiratória com apneia obstrutiva registrada ou deficiência ponderal causada pela
hiperplasia obstrutiva
▪ Ex..: Criança com hiperplasia grau 3 para 4, que não se alimenta, não dorme a noite, irritada, não
vai bem na escola, não presta atenção
• Indicação relativa:
o 3 infecções/ano em 3 anos seguidos
o 4 infecções em 2 anos seguidos
o ≥ 5 infecções em 1 ano
o Hiperplasia causando obstrução nasal e deformidades craniofaciais
o Abscesso peritonsilar recorrente
o Tumores
o Halitose (importante com formação de cáseo)
o Tonsilite recorrente como causa de convulsão febril (a criança pode fazer convulsão pelas infecções)
o Pós-tonsilectomia: o local fica com tecido de granulação (placas de fibrina, indicando cicatrização) que
se destaca sozinho após 4-5 dias
• Complicações
o Menores: dor, febre, vômitos, edema de úvula, insuficiência velo faríngea (hipernasalidade,
regurgitação), pequenos sangramentos e traumas dentários
o Maiores: hemorragias (5,4% dos pacientes tem pequenos sangramentos no pós-operatório e 1,8%
precisam de reoperação por sangramento) e insuficiência respiratória (edema pulmonar, apneia do
sono)
ANGINAS ESPECÍFICAS

• Possuem agente microbiano específico ou surgem no decorrer de determinadas infecções gerais


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• Angina diftérica (rara), fusoespirilar (Plaut-Vicent), sífilis da faringe (cada vez mais comum atualmente),
anginas das doenças infecciosas (sarampo, escarlatina, febre tifoide, febre reumática, herpangina,
adenovírus) e anginas com modificação do quadro leucocitário (leucemia aguda, agranulocitose,
mononucleose)
ANGINA DIFTÉRICA

• Rara (devido à vacina)


• Causada pelo Corynebacterium difteriae (bacilo de Klebs-Löeffler)
• Crianças 1-7 anos → caráter epidêmico/situação grave
• Exame físico: falsas membranas branco-acinzentadas em amígdalas, pilares e úvula, aderentes à mucosa
e que não se destacam
• Clínica: hálito fétido, temperatura alta, adenomegalia cervical, mal estado geral → pode ter má evolução
e exigir traqueostomia
• Diagnóstico: bacterioscopia e cultura do exsudato e da pseudomembrana
• Complicações: síndrome de Marfan (colapso cardíaco na 1ª semana), síndrome de Grenet (colapso
cardíaco, 6-8 semanas, após convalescença), nefrite hemorrágica, paralisia do palato e de músculos
respiratórios e obstrução de vias aéreas superiores
• Tratamento: soroterapia específica precoce, mesmo em caso de dúvida e antibióticos (Penicilina e
Eritromicina)

ANGINAS COM MODIFICAÇÕES DO QUADRO LEUCOCITÁRIO


Mononucleose Infecciosa**

• Também chamada de febre ganglionar de Pfeiffer ou angina monocítica


• Mais comum na adolescência (“angina dos estudantes”)
• Quadro de adenomegalia cervical (pode ser axilar, inguinal), esplenomegalia, febre alta e/ou irregular,
astenia acentuada, cefaleia, mal-estar, angina eritematosa e às vezes com pontos purulentos
• Causada por um herpes vírus (Epstein-Bar)
• Diagnóstico: hemograma (acentuada linfocitose, neutropenia, com ou sem monocitose, leucócitos totais
com níveis elevados; linfócitos atípicos)
• Em caso de dúvidas: fazer reação de Paul-Bunnell (> 1:28 = positivo)
• Evolução benigna em 2-4 semanas
• Tratamento sintomático: antitérmicos, analgésicos, anti-infecciosos inespecíficos; antibióticos em casos
de infecção secundária
• NÃO FAZER AMOXICILINA (PENICILINAS) PELO RASH CUTÂNEO
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• Complicações: paralisia do VII e X nervos cranianos, meningite, miocardite, encefalite, anemia hemolítica,
hemorragia, hematúria, asfixia

TRATAMENTO DAS ANGINAS ESPECÍFICAS

• A maioria é de tratamento domiciliar, sem necessidade de internamento, salvo pacientes toxemiados, que
tenham alguma comorbidade
• Medidas gerais: AINE (Nimesulida, Diclofenaco, Cetoprofeno e Piroxicam), além de antitérmicos (Dipirona
e Paracetamol)
• Usar Penicilina nas amigdalites estreptocócicas com objetivo de erradicar microrganismos e prevenir
complicações supurativas (abscessos) ou não supurativas (glomerulonefrite e febre reumática)
o Uma opção é Penicilina Benzatina + Procaína IM (dose única)
• Droga de escolha: Amoxicilina – 10 dias
• Alérgicos à penicilina podem usar macrolídeos (Eritromicina, Claritromicina ou Azitromicina – pouco
indicada) ou quinolonas (Moxifloxacino, Levofloxacino)
• Na angina de Plaut-Vicent usamos Penicilina G EV (crianças – 100.000-400.000 U/Kg/dia, divididas em 6
doses diárias; adultos – 4.000.000 de 4/4h)
• Amigdalites recorrentes ou falha no primeiro tratamento: usar Amoxicilina + Clavulanato, Ampicilina +
Sulbactam ou Clindamicina (300 mg 3x/dia 8/8h → boa para cavidade oral e penetra em abscesso)
• Nas anginas virais, as medicações antivirais não são necessárias, exceto na herpes simples (Aciclovir 200
mg, 5x/dia por 10 dias) e HIV
Importante:

• Saliva exerce papel protetivo sobre a boca → quem dorme de boca aberta faz amigdalite
• Criança não dorme de boca aberta, nem ronca → respirador bucal, adenoide
• Abscesso: 10 dias, vermelhidão e dor, sem resposta à Amoxicilina, continuando com placa e dor → Clavulin
sem melhora → pensar em mononucleose – origem viral
• Mononucleose e presença de petéquias (Streptococco) → contagioso!

Para prova:

• Causas de sangramento nasal em criança (lesão digital) e tto (apertar nariz)


• Sd. OWR
• TU em criança: angiofibroma
• Imagem de tumor nasal – tipo de tumor e características
• Composição do anel de Waldeyer
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P2
AULA 8 – LARINGE (SAVA)
FUNÇÕES

• Respiratória, protetora (reflexos de tosse, limpeza de via aérea), deglutição, circulação, fixação, fonação
• Tem função respiratória → relaciona-se com a passagem de ar e que contribui para regulação do pH
sanguíneo (retenção/expiração de CO2), além de proteger a via aérea com reflexos de tosse e espirro
• Relaciona-se ainda à função de fixação do diafragma e com os reflexos de defecação/micção
• A facilidade de enchimento da aurícula cardíaca pela pressão negativa intratorácica também está
relacionada com a laringe
• Faz parte também da formação do som (voz) → depende da aproximação e vibração das cordas vocais
ANATOMIA

• Localiza-se na região da garganta, entre a traqueia e a base da língua, da qual é separada pela epiglote,
uma espécie de válvula que se fecha durante a deglutição e abre-se para permitir o fluxo de ar durante a
respiração
• Pode ser dividida em 3 compartimentos diferentes: infraglote, glote e supraglote
• É na glote que estão as cordas vocais, pequenas pregas que vibram com a passagem do ar e fazem parte
do aparelho fonador
• A mucosa da laringe forma dois pares de pregas: o 1º par superior constitui as falsas cordas vocais ou
pregas vestibulares; o 2º par inferior forma as cordas vocais verdadeiras
o Quando o ar passa pela laringe, os músculos podem se contrair, modificando a abertura das cordas
vocais e produzindo sons
*Paralisia da corda vocal faz dispneia ou disfonia*

• Em forma de pirâmide, constituído por 4 cartilagens (epiglote, tireoide, cricoide, aritnoide), músculos e
membranas que conectam a faringe à traqueia
• Cartilagem tireoide: tem forma de um livro aberto (V), na parte posterior é muscular
o Pomo de adão dos homens
o Articula-se através dos cornos inferiores na cartilagem cricoide
• Cartilagem cricoide: logo abaixo da tireoide, e ambas estão conectadas pela membrana cricotireoidea
o Tem o formato de um anel mais delicado, dando uma volta de 360º
• Cartilagens aritnoides: são 2 cartilagens, em forma de pirâmide, e sua base triangular serve como inserção
para as cordas vocais e alguns músculos da glote
o Possuem um processo vocal e outro muscular
o O processo vocal é onde se insere a prega vocal e o processo muscular tem inserções musculares que
abrem as pregas vocais e possibilitam a respiração e fecham-nas possibilitando a fonação
• Cartilagem epiglote: situada no orifício superior da laringe, tendo ação protetora de vias aéreas inferiores
durante a deglutição
• Músculos cricoaritenoideos laterais e interaritenoideo: são músculos adutores, aproximam as cordas
vocais, sendo constritores da glote e desempenham função fonatória
• Músculos cricoaritenoideos posteriores: são abdutores, afastam as cordas vocais, sendo dilatadores da
glote e desenvolvem função respiratória
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• Músculo tireoaritenoideo e o cricotireoideo: são músculos tensores, promovem aproximação das cordas
vocais, participando da fonação
*Todos os músculos são inervados pelo nervo laríngeo recorrente (ramo do nervo vago), exceto o
cricotireoideo, que tem sua inervação dada pelo laríngeo superior*
Princípio de Bernoulli

• Os pulmões, auxiliados pela contração do diafragma, dos músculos


intercostais e da parede abdominal, impulsionam uma corrente de ar para
cima, desde os brônquios, até a traqueia e por fim na glote
• Quando essa coluna de ar alcança a glote durante a expiração, promove a
vibração das cordas vocais devido a uma resistência à saída do ar expirado,
produzindo-se, assim, um som fundamental
• Na fonação, a inércia do ar estacionário aumenta a pressão na abertura das
cordas (glote) e as deixa separadas
• Com o movimento das colunas de ar, as cordas voltam a se fechar e cortam
a corrente de ar que sobe dos pulmões
• Essas ações do organismo ocorrem rapidamente e criam um vácuo na glote,
que age para que as cordas vocais se batam com força, criando ressonância

*Princípio de Bernoulli: a velocidade do fluido (da coluna de ar, no caso da fonação) aumenta, assim como a
energia cinética do fluido aumenta com uma queda na pressão exercida contra o fluido*

• As cordas vocais vibram porque elas têm uma frouxidão/elasticidade devido a submucosa, que é chamado
de espaço de Reinke
• Essa vibração produz o som fundamental da laringe na frequência de 240 Hz/segundo → velocidade que
o olho humano não consegue acompanhar (por isso que a estroboscopia faz uma espécie de slow motion
para que a gente consiga identificar a apertura e fechamento das cordas vocais)
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Semiologia

• Anamnese otorrinolaringológica
o Ambiente laboral
o Técnica vocal defeituosa
o Problemas emocionais
o Postura corporal deficiente
o Respiração toracoclavicular
o Patologias associadas
o Lesões estruturais mínimas: rinofaringites crônicas, refluxo gastrofaringeolaríngeo, alergias nasais
bronquiais, anemia, surdez, patologias endócrinas, neuropatias
• Inspeção: observamos possíveis obstrução, linfonodomegalia, tiragem muscular na região laríngea
• Palpação: palpar seios paranasais, mastoide, e linfonodos cervicais, identificar edema, abaulamento,
pontos dolorosos
• Otoscopia: com espelho ou indireta e com otoscópio
• Rinoscopia anterior

Sinais e sintomas

• Dispneia: dificuldade, esforço respiratório, com tiragem, esforço com batimento de asa de nariz, com
estridor ou cornagem (estridor da laringe) inspiratório ou expiratório
• Disfagia: falsas rotas em que o alimento vai para a traqueia → cursa com tosse, secreção, dor, dificuldade,
esforço para deglutir, angustia respiratória
• Disfonia: alteração de timbre da voz, causado na laringe

Exame da voz

• É possível classificar algumas disfonias dessa forma, valendo-se do grau de rouquidão, rudeza e
soprosidade
• A importância é saber o grau de alteração da prega focal responsável por formar aquela disfonia
• Cada índice abaixo tem um grau 0-3 que permitem identificar a alteração na voz
o R: rouquidão ou voz grave – efeito massa na prega vocal que fará com que ela não vibre direito
o r: rudeza/aspereza ou voz metálica – pode caracterizar um efeito de corda vocal que não vibra,
fazendo um som diferente que agride o ouvido → é um efeito massa, típico de câncer da prega vocal
→ a voz fica rude
o S: soprosidade – situações em que a prega vocal não se aproxima/coapta adequadamente e deixa
espaços para o escape de ar → falta de justaposição nas pregas vocais e isso faz com que o ar escape
e cause um sopro →
*Disfonia > 15 dias → investigação com laringoscopia*
Qualidade vocal – diagnóstico diferencial

• Rouca: lesão mucosa da prega vocal, tensão muscular, laringite por refluxo, neoplasia
• Soprosa: paralisia laríngea, disfonia espástica em abdução, funcional, presbifonia
• Astênica: presbifonia, disfonia funcional, miastenia
• Tensa: disfonia espástica em adução, tensão muscular
• Áspera: lesão mucosa da prega vocal, neoplasia
• Trêmula: Parkinson, tremor essencial, disfonia espástica, tensão muscular, hiperconstrição laríngea
• Voz com tom grave: edema de Reinke, abuso vocal, virilização
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• Além desses, paciente surdos ou que escutam mal podem alterar a voz e fazer uma disfonia
• Rinofaringites crônicas, alergias nasais e bronquiais, DRGE, anemia, patologias endócrinas, neuropatias,
DPOC, enfisema e doenças psiquiátricas também podem fazer alteração da fonoaudiologia do paciente,
principalmente rouquidão
Laringoscopia indireta

• A imagem da laringe refletida no espelho na orofaringe permite uma


visualização indireta/invertida das pregas vocais
• Paciente em posição ereta, com palato mole e úvula anestesiados com
xilocaína spray
• Tracionar gentilmente a ponta da língua com uma gaze (para não escorregar)
e introduzir o espelho cuidadosamente, colocando-o sobre a úvula → cuidar
para não tocar nas regiões amigdalianas e acabar induzindo o reflexo de
vômito
• A iluminação refletida no espelho permite a visualização indireta da laringe,
com uma visão panorâmica

Laringoscopia direta

• É feita utilizando um laringoscópio


• Paciente em decúbito dorsal, geralmente sedado
• O auxiliar levanta a cabeça em superextensão e então introduzimos suavemente o laringoscópio,
procurando levantar a base da língua e o bordo livre da epiglote → o levantamento deve ser para cima e
assim permite a visualização direta da laringe, de toda a sua estrutura
• Com o surgimento da endoscopia da laringe, o emprego da laringoscopia direta tomou-se menor, sendo
indicada em poucas situações

Videolaringoscopia
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• Permite observar a dinâmica das cordas vocais (mobilidade e simetria)
• Observar se há estase salivar, prega vocal com borda livre, mobilidade das pregas e o funcionamento da
laringe
• É indolor, feito com anestesia em spray caso o paciente tenha muita náusea
• O exame é realizado com endoscópio rígido acoplado a um sistema de vídeo que permite amplificação e
registro das imagens
• O paciente fica sentado e apenas abre a boca para a entrada do endoscópio

Nasofibroscopia

• Avalia desde a cavidade nasal até a laringe, um pouco abaixo das cordas vocais
• Pode ser realizado em pacientes de qualquer idade, inclusive recém-nascidos
• Paciente sentado e com a cabeça em posição neutra
• Exame indolor, ocorrendo apenas um ligeiro desconforto referido como “pressão dentro do nariz”
• O nasofibroscópio é um tubo flexível, fino, de superfície lisa e não aderente, que transmite as imagens a
um monitor de vídeo, que podem ou não ser gravadas, dependendo da necessidade do paciente

CLASSIFICAÇÃO

1. Infecciosas
a. Agudas
b. Crônicas
i. Bacterianas
ii. Fúngicas
iii. Protozoários
c. Particularidades do paciente
2. Não infecciosas
a. Crupe espasmódico
b. Por DRGE
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c. Doenças sistêmicas com manifestações laríngeas
i. Sarcoidose
ii. Granulomatose de Wegener
iii. Amiloidose
iv. Angioedema
v. Pênfigo
vi. LES
vii. Policondrite recidivante
viii. Artrites
d. Lesões traumáticas
i. Por inalantes
ii. Por irradiação
iii. Por trauma direto
e. Distúrbios endócrinos
f. Laringites inespecíficas
LARINGITE AGUDA

• Principais sintomas: tosse seca e rouquidão, mas pode apresentar:


o Febre, dificuldade de engolir, dor de garganta, coceira na garganta, mal estar, taquicardia, perda da
voz, inchaço da laringe, dificuldade para respirar
• Quando causada por uma virose das VA, paciente apresenta sintomas como coriza, espirros ou tosse
• Hiperemia da corda vocal
• Tratamento:
o Repouso da voz
o Evitar irritantes: fumo, álcool, pó, voláteis
o Vaporizações
o ATB se infecção bacteriana associada
o Corticoides se houver obstrução ventilatória
• Estimativa de evolução do tratamento:
o Virais agudas leves: 1-5 dias
o Virais agudas moderadas e bacterianas agudas leves: 5-10 dias
o Laringites bacterianas agudas moderadas e hematoma de prega vocal: 10-20 dias
o Nódulos, pólipos e cistos pequenos: 30-45 dias
o Nódulos, pólipos e cistos moderados: 45-90 dias
o Paralisias e lesões maiores ou mais intensas: indefinido
LARINGITE CRÔNICA

• > 3 semanas
• Causas comuns: cigarro, bebidas alcoólicas, DRGE, sinusite crônica, uso excessivo e constante da voz, uso
constante de bombas inalatórias para asma
LARINGOPATIAS ORGÂNICAS/FUNCIONAIS

• Ocorrem por mal-uso ou abuso da voz e aparelho laríngeo

NÓDULOS OU CALOS VOCAIS


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• Protuberâncias bilaterais de aspecto gelatinoso, quase sempre simétricas, que se localizam nas bordas
livres das pregas vocais, comumente na porção mais inferior
• São resultado de um trauma vocal contínuo sobre a mucosa das pregas vocais, principalmente devido ao
abuso da voz
• A presença desses nódulos leva à disfonia persistente ou recorrente, períodos de melhora e piora, com
voz rouca ou soprosa
• O paciente pode apresentar, ainda, dor e fadiga vocal
• Tipicamente bilaterais, ocorrem em mulher de meia idade que trabalha com abuso da voz
• Na laringoscopia vemos lesões brancas e brilhantes, de base larga, simétricas, indistinguíveis da mucosa
normal, na junção do terço médio e terço anterior
• Tratamento:
o Corrigir esse uso incorreto da voz ou então tratar outras causas menos frequentes de nódulos, como
alergias, DRGE com manifestação atípica e infecções recorrentes
o Fonoterapia e repouso vocal são essenciais
o A cirurgia de retirada dos nódulos é considerada para pacientes que não melhoraram com o
tratamento padrão, o que normalmente ocorre em nódulos fibrosos e de maior tempo de evolução
*Fenda em ampulheta pode estar relacionada a nódulos*

PÓLIPOS VOCAIS

• Apresentam grande variabilidade quanto a sua forma, tamanho e coloração


• Localizam-se, assim como os nódulos, nas bordas livres das pregas vocais e são quase sempre unilaterais.
• Quando ocorrem bilateralmente, são facilmente assimétricos
• São lesões exofíticas, podendo ser sésseis ou pediculados
• O desenvolvimento de pólipos vocais está relacionado com traumas da região vascularizada da corda vocal
• Quadro clínico: disfonia recorrente ou persistente e afonia aguda ocasional
• Os pólipos podem ser mucosos ou angiomatosos
o Na laringoscopia, os pólipos mucosos mostram-se como lesões translucidas, acinzentadas, enquanto
os angioma-tosos são avermelhados, protuberantes
• Tratamento: remoção cirúrgica
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EDEMA DE REINKE

• Condição crônica diretamente relacionada com tabagismo e abuso vocal


• Espaço de Reinke: drenagem linfática pobre, levando ao acúmulo de líquidos, congestão e estase vascular,
formando o edema
• História: rouquidão persistente, constante em pacientes fumantes e que fazem uso intenso da voz
• Na laringoscopia: pregas vocais aumentadas e edemaciadas, com pequenas nodulações tipo cacho de uva
e bolsões de aspecto gelatinoso e flácido
• Diagnóstico diferencial: mixedema de hipotireoidismo
• Tratamento:
o Cessação do tabagismo e do abuso da voz
o Fonoterapia
o Cirurgia: indicada se não houver melhora da qualidade da voz, mesmo com o tratamento clínico

CISTO HEMORRÁGICO

• Ocorre devido a trauma, por exemplo, o paciente dá um grito de desespero ou esforço exagerado no
trabalho (cantor/ator)
• Caracterizado por dor intensa e disfonia

CISTO E PSEUDOCISTO MUCOSO

• Apresenta uma cápsula de tecido epitelial associado a material PAS positivo acumulado em seu interior,
tendo, portanto, origem mucoide
• É frequentemente translúcido e apoiado na margem livre das pregas vocais
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ÚLCERA DE CONTATO

• Lesão de pregas vocais que costuma preceder os granulomas


• São lesões bilaterais, erosivas, que ocorrem na mucosa que cobre o processo vocal das aritnoides
• O abuso vocal e intubações de longo prazo são os mais comuns causadores dessa lesão
• Diferentemente das demais lesões, ocorrem na região posterior das cordas vocais

GRANULOMAS

• Ocorrem na região posterior da laringe, no processo vocal da aritnoide


• Tendem a ser evoluções das ulcerações de contato
• Frequentemente ocorre no paciente com IOT prolongada, DRGE ou trauma prévio, além do abuso vocal
• O processo inicia-se com uma pericondrite de processo aritnoide, que expõe a cartilagem, fazendo
ulceração e depois granuloma
• Ocorre pigarro frequente

CÂNCER DE LARINGE

• Primeiro sintoma: disfonia


• Existem vários tumores que podem se instalar na corda vocal
o Mais comum: papiloma
• Observar qual o comprometimento da corda vocal, se é uni ou bilateral, se a comissura anterior está
liberada (mais benigno)
• Pode-se pedir uma TC com contraste para melhor visualização
• Principal fator de risco: tabaco (ocorre 15x mais em pacientes fumantes)
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o Outros fatores: uso de álcool, DRGE com sintomas atípicos, histórico familiar, deficiências dietéticas
etc.

• A região da laringe tem uma rica drenagem linfática → qualquer câncer nessa região tem alto potencial
de metástase
• A prega vocal não tem circulação linfática, ou seja, enquanto a neoplasia for localizada nela, o risco de
metástase é pequeno
• Neoplasia que pega a comissura anterior tem pior prognóstico, é mais agressivo (T4)
*60% dos tumores ocorrem na região da glote, e os outros 30% na região supra glótica*

• As neoplasias malignas alteram precocemente a função de fonação e respiração, e por isso espera-se que
esse câncer seja identificado inicialmente → pode causar disfonia, dispneia e disfagia
• A otalgia reflexa pode ocorrer devido a estimulação de ramos nervosos de Arnold e Jocobson
*Paciente com rouquidão não explicada por > 3 semanas, solicitar rinolaringoscopia*

• De maneira geral, o tratamento é realizado da seguinte maneira:


o T1 ou T2: radioterapia
o T3 ou T4: laringectomia subtotal ou total
PARALISIA DE PREGAS VOCAIS

• Pode ocorrer por lesões mediastinais, tumores, hipertrofia cardíaca, tumores no pescoço, traumas (aberto
ou fechado), cirurgias (tireoide)
• Pode estar associada a outras lesões, principalmente de pares cranianos (que passam no forame jugular
ou lácero posterior)
• Nos casos de paralisia, investigar crânio e tumores de mediastino
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LARINGOPATIAS CONGÊNITAS/LESÕES ESTRUTURAIS MÍNIMAS

• São pequenas alterações estruturais da laringe que podem estar presentes em até 20% da população geral
• O paciente não tem inicialmente disfonia, mas caso haja um abuso vocal pode ocasionar uma disfonia
CISTO EPIDÉRMICO OU EPIDERMOIDE

• Lesão cística, ou seja, delimitada por uma cápsula e em seu interior apresenta resíduos de descamação
epitelial, como queratina e cristais de colesterol
• Comumente fica no plano subepitelial ou submucoso (entre o epitélio e o músculo)

SULCUS VOCALIS

• Lesão em forma de fenda ou depressão longitudinal na corda vocal, paralela a sua borda livre
• Se assemelha a uma corda vocal dupla
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• Essa lesão pode se estender ao longo de todo o comprimento da parte membranosa da prega ou apenas
em uma parte, variando extensão e profundidade
• Indica-se a realização de estroboscopia → exame com luz pulsada que observa em câmera lenta a
movimentação das cordas vocais, sendo possível perceber a onda mucosa

PONTE MUCOSA

• Eixo de tecido conjuntivo frouxo idêntico ao existente na corda vocal, revestido pelo mesmo tipo de tecido
estratificado
• Pode se localizar em qualquer porção da prega, sendo mais comum no terço médio
• Em geral esse tipo de lesão é encontrado sobre a abertura de um sulco, podendo ocorrer
concomitantemente com outras lesões como microdiafragmas, cisto, sulco, pólipos, nódulos e edema de
Reinke

OUTRAS LARINGOPATIAS CONGÊNITAS

• Vasculodisgenesias: pequenos vasos dilatados encontrados sobre a superfície superior das pregas vocais
• Microsinéquia anterior
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• Ponte sinéquia
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AULA 9 – ORELHA EXTERNA


• Audição: sentido mais importante para raciocínio, comunicação e vias de relacionamento humano
• Com 12 semanas de gestação a orelha interna já está formada e com 22 semanas o feto já começa a ouvir
e é capaz de lembrar as experiências sonoras que teve na vida intrauterina → essa maturação se dá até
os 2-3 anos de idade através da mielinização das vias auditivas (plasticidade neural), quando a criança
começa a interpretar melhor os sons e desenvolver a linguagem
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ANATOMIA E FISIOLOGIA

• Grande parte do nosso ouvido está contido dentro do osso temporal e é responsável pelo equilíbrio e
audição
• Dividido em:
o Orelha externa: pavilhão auricular, conduto auditivo e termina na membrana timpânica
o Orelha média: membrana timpânica com ossículos (martelo, bigorna e estribo), indo até a janela oval
o Orelha interna: cóclea na porção anterior; Posteriormente temos os canais semicirculares, sáculo,
utrículo e vestíbulo
• O ouvido externo serve para localização do som, principalmente no plano horizontal
• É formado por pavilhão auricular e conduto auditivo, ambos compostos de cartilagem e recobertos por
pele
• Pavilhão externo: concha, tragus, lobo da orelha, hélice e anti-hélice
• O conduto é capaz de concentrar a energia da onda sonora, direcionando-a para a membrana timpânica,
que irá vibrar com os ossículos
o Ele faz um incremento das ondas sonoras, pois elas se concentram graças à dupla curvatura do
conduto auditivo e sua intensidade aumenta cerca de 7-10 dB
o As curvaturas formam um sifão que ajuda na proteção tanto de corpo estranho, para que não
venha a atingir a membrana timpânica, como mantendo a umidade e temperatura próximas às do
tímpano → esse sistema evita correntes de ar frias na região do labirinto, que geram vertigens
o A pele que recobre o conduto é fina e delicada → região muito sensível
o Contém glândulas produtoras de cerume e pelos
o A cera produzida nessa região é antisséptica e também é fator de proteção
o A partir do ponto umbo ou na apófise lenticular (região do martelo), a pele se propaga em todas
as direções do conduto auditivo; ela desliza como se fosse uma esteira rolante e por isso a cera é
sempre eliminada → condição fisiológica que faz o ouvido ser autolimpante
▪ A pele “anda” cerca de 1 mm por semana para exteriorizar a cera, e por isso é importante não
cutucar o conduto auditivo pois iremos atrapalhar a fisiologia

SOM
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• Onda mecânica que se propaga em um meio material (sólido, líquido ou gasoso)
• Ao entrar no canal auditivo, as ondas sonoras vibram a membrana timpânica, e essa vibração se conduz
até a cóclea e será traduzida numa informação elétrica da audição
• A frequência de um som corresponde o número de ciclos de uma onda sonora por segundo, em hertz (Hz)
o Somos aptos a ouvir frequências altas (sons agudos) como um pássaro cantando, e frequências baixas
(sons graves) como um trovão, por exemplo
o O ouvido humano escuta de 20-20.000 Hz
o A frequência da palavra está de 500-3.000 Hz
• A intensidade é medida em decibéis (dB) e vai de 0-140
• Limiar auditivo: menor som que o ouvido pode escutar, que é o silêncio (0 decibéis)
• A medida em dB é a relação entre determinado som e o limiar de audição → por exemplo, a fala humana
é 45 dB – significa que fazendo a relação do som da voz com o limiar, temos 45 dB

*O som da bomba atômica é o maior som constatado até hoje – 150 dB*

EXAMES
OTOSCOPIA

• Outros profissionais não-médicos podem fazer o exame, mas não é uma Otoscopia diagnóstica → apenas
conseguem dizer se está alterado ou não → é o mesmo equipamento, mas quem dá o diagnóstico da
lesão/doença/qual alteração é o otorrino
• Existem otoscópios clínicos, fechados, pneumáticos (dá ideia da pressão – vê a mobilidade da membrana)
e cirúrgicos (há uma lente, dá para fazer processos como aspiração)
• Numa otoscopia normal, a membrana timpânica tem coloração perolácea, está íntegra, presença do
reflexo luminoso, cabo do martelo e não tem secreções; mas às vezes podemos ver alterações na
membrana timpânica:
o Hemorragia recente = avermelhada
o Hemorragia antiga = castanha
o Exsudato seroso = bolhas
o Exsudato avançado = azul
o Congestão vascular = processo inflamatório
o Refração da membrana = reflexo fragmentado
o Perfuração = pode ser central, periférica, epitimpânica
o Cicatrizes = espessamento por deposito de Ca 2+
o Áreas atróficas
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TESTE COM DIAPASÃO

• Existem vários diapasões com diversas frequências


• Mesmo com o audiômetro para medir a audição, o diapasão ainda é importante na clínica para identificar
se a patologia é mesmo do ouvido
o Por exemplo, otite média faz dor no ouvido – otalgia, mas problemas de ATM, dentários ou de
supraglote podem fazer dor referida no ouvido – otodinia, e a patologia NÃO está no ouvido → o
diapasão nos ajuda a diferenciar

*No universo não existe nenhum tom puro. Todos os sons que produzimos são compostos, tem harmonias,
várias frequências e timbres. O único tom/frequência pura é do diapasão e audiômetro*

• Teste de Rinne: comparação da audição por via aérea e por via óssea no mesmo ouvido para localizar a
topografia da hipoacusia/surdez
o Para testar a via óssea colocamos o diapasão no processo mastoide; para testar a via aérea basta
aproximá-lo do ouvido do paciente
o Rinne positivo: audição aérea dura cerca de 15 segundos a mais do que a percepção do som por via
óssea (relação 2:1) → o normal é escutar mais tempo por via aérea do que por via óssea, pois a via
aérea é privilegiada pelo ouvido
o Rinne negativo: é quando a percepção por via óssea é maior que pela via aérea → implica um
transtorno no conduto auditivo externo, na membrana timpânica ou na cadeia de ossículos → indica
surdez de condução
o Rinne positivo patológico: via área e óssea estão rebaixadas na mesma proporção, ouvindo-se menos
tempo → paciente apresenta surdez neurossensorial
• Teste de Weber: comparação da condução óssea do som com o diapasão na linha média do crânio
o Perguntamos ao paciente qual a sua percepção do som
o O paciente normal não consegue dizer em qual ouvido ele percebe melhor o som – os dois ouvidos
percebem ao mesmo tempo, ouvem igual
o Se escutar mais no ouvido surdo/doente, a surdez é de condução
o Se sentir o diapasão mais no ouvido normal/sadio, é surdez neurossensorial
• Hipoacusias de transmissão/condução: o som se lateraliza para o lado enfermo
• Hipoacusias de percepção/neurossensorial: som se lateraliza para o lado sadio

AUDIOMETRIA TONAL LIMIAR

• O exame da audiometria cria gráficos


o Sentido horizontal: registra a frequência, em Hz
o Sentido vertical: intensidade do som, em dB
• No ouvido que não está sendo testado, colocamos um chiado, tanto para via óssea como aérea para
mascarar e não atrapalhar no exame, de forma que se permita o exame isolado de cada ouvido
• Nossa audição é de 20-20.000 Hz, mas na audiometria testamos de 250-8.000 Hz
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o O normal é ouvir < 25 dB em todas as frequências → é o que vemos no gráfico direito, onde o paciente
chega a ter um limiar de 0 decibéis em algumas frequências
o No gráfico esquerdo vemos uma perda auditiva neurossensorial → na frequência da palavra (500-
3.000 Hz) o paciente tem um limiar médio de 50 dB, classificando-o com surdez moderada
o As frequências mais altas/agudas vão ser as primeiras a perder a curva na surdez neurossensorial

PATOLOGIAS
CORPO ESTRANHO

• Sintomas: hipoacusia, zumbido, otalgia, otorragia e otorreia


• Diagnóstico: otoscopia
• Corpo estranho animado na tuba auditiva (insetos): recomenda-se o uso de alguma substância oleosa,
como a vaselina, por exemplo, que imobiliza e afoga o animal para uma posterior retirada → podemos
usar éter, mertiolate e álcool, mas eles podem fazer um quadro doloroso no paciente se houver alguma
lesão no ouvido ou perfuração timpânica
• Sementes: fazer a remoção o mais precoce possível, pois ela germina e incha → podemos usar uma
solução alcoólica (solução saturada de ácido bórico), que faz desidratação da semente e vai diminuir o
desconforto, fazendo então a retirada com ampla visualização, uso de otoscópio cirúrgico e material
adequado
• Pilha de relógio: emergência e precisa ser removida do conduto o mais breve possível para não liberar
substância cáustica e causar necrose
• Na presença de um corpo estranho na tuba auditiva, NÃO usar cotonete, pois só irá empurrar para dentro,
vai permitir mais irritação, infecção e coceira
o Sempre fazer a retirada com ampla visualização e com os materiais adequados (otoscópio cirúrgico,
cureta, pinça e aspirador)
• Pode ser feita irrigação com seringa com água morna ( 37°C), jogando na parede do conduto, expulsando
o corpo estranho
• Ao perceber lesão ou maceração, é indicado antibiótico tópico profilático para evitar complicações
• Crianças choram porque é um local muito sensível e de muita dor → podemos fazer uma anestesia ou
sedar a criança antes de remover
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ROLHA DE CERA

• Cera: massa de coloração marrom amarelada, mas pode ser


vermelha, bem clarinha, preta → a cor, quantidade e consistência
mudam de acordo com a genética, questões hormonais e irritantes
o Ela pode se impactar no conduto auditivo e formar uma
rolha/tampão de cera → esse acúmulo está na dependência da
produção aumentada que certos indivíduos apresentam, aliado a
condutos com curva acentuada
• Paciente vai se queixar de surdez e desconforto
• Remoção: pingar uma gota de ceruminolítico para amolecer a cera →
lavagem com seringa de soro morno ou retirada com a cureta
(imagem) – não usamos a pinça, pois na maioria das vezes ela acaba empurrando mais
• Pode ser feita anestesia tópica por ser uma região muito sensível
• Na suspeita de perfuração timpânica é proibido jogar água, pois pode infectar o ouvido médio → nesses
casos usamos o aspirador ou a cureta

TRAUMATISMO DE ORELHA EXTERNA

• Um trauma, seja por acidente ou agressão, pode fazer oto-hematoma, que é quando há sangue entre a
pele e a cartilagem do pavilhão auditivo → como a cartilagem não tem vascularização própria, isso
ocasiona uma pericondrite e necrose, deformando o pavilhão – esteticamente é difícil de reconstituir,
deixando aspecto de orelha em couve flor
• O traumatismo dessa região é uma emergência → fazer uma
incisão (próximo à hélice ou posterior) e drenar o sangue para
evitar necrose ou um novo hematoma + prescrever
antibiótico de amplo espectro + fazer um curativo
compressivo, podendo até fazer sutura com ponto de apoio
para ficar bem apertado
• Na imagem da esquerda temos o oto-hematoma
• Na imagem à direita temos a orelha de um lutador após
múltiplos traumatismos, mostrando como é difícil fazer a
reconstituição do pavilhão

LACERAÇÕES DE CONDUTO AUDITIVO E MEMBRANA TIMPÂNICA

• Sinais e sintomas: surdez unilateral, otorragia e otorreia (em caso de


corpo estranho perfurativo)
• Situações comuns na introdução de instrumentos contundentes no
canal, como cotonetes, grampos e gravetos
• Podem cicatrizar espontaneamente em até 3 meses, mas até lá
devemos tomar cuidado para não molhar e infectar o ouvido médio
• Usar pomadas com antibiótico, associar corticoide e proteger essa
região
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• Perfuração de membrana timpânica: trauma direto, objetos, barotrauma, mergulho e explosões (fogos,
bombas) → na otoscopia não é visto o anel fibroso nem o cone luminoso; há aspecto de rotura, como na
imagem
• Nos ferimentos mais graves (que envolvem a integridade da cadeia ossicular ou mesmo do ouvido interno)
pode ser necessária a intervenção cirúrgica imediata

OTITE EXTERNA DIFUSA AGUDA

• Todo o conduto está inflamado e infeccionado (Stafilococcus ou Pseudomonas) → geralmente a parte


mais medial ou óssea está preservada
• Paciente sente dor na mastigação ou manipulação do pavilhão auditivo e pode haver hipoacusia condutiva
(surdez de condução)
• Observamos descamação do pavilhão e do conduto
• Otoscopia: membrana timpânica normal, edema do conduto e secreção/otorreia aquosa e mau cheirosa
• Frequente quando usamos muito cotonete (provoca micro traumas), no verão (praia, piscina, onde ao
mergulhar retemos água no conduto e facilitamos infecções)
• Pode ocorrer pelo uso prolongado de gotas auriculares ou por dermatites (alérgicas ou relacionadas ao
trabalho)
• Tratamento: limpeza, retirar descamações, orientar para não molhar e não cutucar o ouvido e administrar
antibiótico, de preferência Ciprofloxacino, em gotas
o Associações com antifúngicos, anti-inflamatórios (corticoide) e até mesmo anestésicos tópicos
podem ser usados
o Medicações sistêmicas podem ser usadas dependendo da gravidade

OTITE ECZEMATOSA

• Processo de base alérgica em pacientes que tem eczema, alergias e psoríase


• Ocorre uma hipersensibilidade da pele que passa pelo conduto auditivo
externo
• O quadro em geral é crônico ou, pelo menos, recidivante
• A alergia pode ser desencadeada por ingestão de alimentos, medicamentos e
não raro por situações de conflito emocional ou estresse
• Tratamento: corticoide tópico

FURUNCULOSE

• Otite localizada
• Pelo ou glândula que se torna infectada e inflama, causando muita dor → de
etiologia estafilocócica
• Tratamento: pomada de antibiótico e corticoide ou drenar em casos de supuração
• Se o quadro for muito intenso, pode-se associar medicações sistêmicas

HERPES ZOSTER ÓTICO

• O vírus varicela-zoster pode acometer o aparelho auditivo, ocasionando uma infecção secundária que
pode fazer bolhas extremamente dolorosas, otalgia, cefaleia, mal-estar e um processo inflamatório do
pavilhão e conduto auditivo
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• Febre pode aparecer após 3-7 dias
• O processo inflamatório pode seguir o nervo facial e fazer a síndrome de Ramsay-Hunt: paralisia facial,
surdez neurossensorial, vertigem e dor intensa

OTITE EXTERNA MALIGNA

• Quadro de inflamação intensa por Pseudomonas ou Stafilococcus


• Acomete o conduto até o osso temporal, nervos cranianos, evoluindo à necrose
de base de crânio
• Geralmente em pacientes imunodeprimidos (diabéticos, HIV), pacientes
internados em UTI e em antibioticoterapia
• É um quadro grave com mortalidade de 30-50%
• Diagnóstico: história clínica e exames
• Clínica: otalgia profunda, otorreia purulenta, inflamação e granulação, canal
obstruído, paralisia de pares cranianos
• Internar o paciente na UTI, realizar exame de imagem (RNM) para verificar se
há condição cirúrgica de fazer uma drenagem ampla

OTOMICOSE

• Processo inflamatório crônico do conduto por fungos Candida e Aspergillos


• Clínica: dor e prurido
• Otoscopia: descamação e secreção de coloração variável (conforme a espécie do fungo)
• Tratamento: pomada antifúngica

SINUS PRÉ AURICULAR

• Defeito congênito
• Espécie de fenda, orifício, que pode ter drenagem de secreção
• Tratamento cirúrgico

ORELHA DE ABANO

• Muito comum
• Não tem repercussão auditiva
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• Não há formação da última dobra da anti-hélice, de modo que a orelha não tem curvatura e fica
lateralizada em relação ao crânio, ficando com aspecto de xícara
• Com 7-8 anos de idade a orelha já está com 80% do seu tamanho e já podemos reparar cirurgicamente,
formando uma nova hélice

OTITE EXTERNA x OTITE MÉDIA

AULA 10 – ORELHA MÉDIA


ANATOMIA E FISIOLOGIA

• Ouvido médio: membrana timpânica, ossículos, tuba auditiva e vai até a janela oval
• Som → membrana timpânica vibra – vibra martelo, vibra bigorna, vibra estribo
• O som tem uma certa dificuldade de passar do ar rarefeito para o líquido; assim, quando as ondas sonoras
são transmitidas do tímpano para a janela oval, o ouvido médio passa a funcionar como um transformador
acústico e amplia as ondas sonoras antes delas serem deslocadas para o ouvido interno
o O cabo do martelo é 1,3x maior que o ramo longo da bigorna, gerando um “princípio de alavanca” e
aumentando a energia sonora
o A área da superfície da membrana timpânica é 18-20x maior que a área da janela oval, e com isso temos
um aumento da pressão hidráulica, amplificando o som
• A tuba auditiva (trompa de Eustáquio), é a chave para a compreensão do funcionamento do ouvido médio
e é onde estão a maior parte das patologias
o Porção medial (2/3 de seu tamanho), com uma parte fibrosa e uma cartilaginosa, que vai se abrir na
porção lateral da orofaringe (fossa nasal) → o terço mais externo é escavado dentro do osso temporal
• Na deglutição há o fechamento da cavidade nasal e abertura da tuba auditiva e é por isso que escutamos
um “clique” ao engolir, é a tuba se abrindo → isso acontece a cada 3-5min durante o dia e cada 5-7min
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durante a noite, de modo que constantemente há ar entrando pela tuba auditiva para que o ouvido médio
seja nutrido, visto que ele possui mucosa respiratória
• Músculo estapediano: na parede posterior do ouvido médio que vai até o estribo, e é importante no
reflexo e proteção do ouvido → menor músculo do corpo humano, inervado pelo nervo facial, e faz um
arco reflexo no tronco cerebral
o Com a sua contração, ele fixa o estribo para fazer a proteção das estruturas membranosas do labirinto
e cóclea

*Existem 5 queixas relacionadas ao ouvido: otalgia, otorreia, surdez, tinitos/zumbidos e vertigem*

TIPOS DE SURDEZ

• Surdez de transmissão ou condução: quando existe lesão no ouvido externo (orelha ou pavilhão e canal
auditivo externo) ou no ouvido médio (tímpano e ossículos)
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• Surdez neurossensorial ou de percepção: quando existe uma lesão no ouvido ou nas vias e centros
nervosos – tem consequências muito graves, porque podem afetar a capacidade de descodificação do
som
• Surdez mista: a lesão está localizada no ouvido médio e interno e afeta os componentes de transmissão e
percepção

EXAMES

 OTOSCOPIA DIAGNÓSTICA
• Vemos toda a membrana timpânica e o conduto
• Observar anel fibroso de inserção da membrana, cabo do martelo, triângulo luminoso e a translucidez da
membrana, onde atrás vemos a abertura da tuba auditiva
o Congestão: membrana hiperemiada e abaulada
o Disfunção tubária: retração e desaparecimento do triângulo luminoso
o Perfuração: pode ser central, periférica ou epitimpânica (colesteatoma)
o Exsudato: secreção amarelada ou azulada
o Exsudato seroso: apresenta-se com bolhas
o Hemorragia: recente é avermelhada; antiga é acastanhada
o Congestão vascular: tem caráter inflamatório (otite externa, miringite, otite média)
o Cicatrizes: ocorre espessamento com depósito de Ca2+

 AUDIOMETRIA TONAL LIMIAR


• Mede o menor som (limiar) por frequência que o ouvido pode ouvir → indica o grau da audição e o tipo
de surdez que o paciente possui
• Neste exame, buscamos qual a menor intensidade que o ouvido ouve em cada frequência
• O paciente fica dentro de uma cabine acústica, onde passamos um som frequência por frequência, e pede-
se para o paciente levantar a mão quando ouvir o som
• De acordo com o que a paciente escuta é montada uma curva
o Normal: ouvir melhor que 25 dB em todas as frequências (ouvir intensidades < 25 dB)
o Valores > de 25 dB indicam acometimento somente da via aérea (surdez de condução)
• Tipos de deficiência avaliadas na audiometria:
o Deficiência auditiva condutiva: perda por via aérea, mas transmissão óssea normal
o Deficiência auditiva neurossensorial: tanto via aérea como via óssea estão afetadas
o Deficiência auditiva mista: componente condutivo + componente neurossensorial → pode haver
diferença entre elas em alguma ou em todas as frequências
o Deficiência auditiva funcional: os resultados da audiometria tonal revelam perda auditiva, enquanto
os testes de fala podem mostrar índices próximos ao normal

 IMITANCIOMETRIA/IMPEDANCIOMETRIA
• Exame complementar realizado através de um pequeno “plug” de silicone colocado na parte externa do
conduto auditivo e, através da emissão de alguns sons e de pressão de ar, são testadas a mobilidade do
tímpano e dos ossículos e a integridade dessas estruturas
• Demonstra valores de pressão e movimentação e forma um gráfico – também diagnostica a presença de
líquido dentro do ouvido
• Diagnóstico de perda auditiva condutiva:  amplitude de movimento da membrana e ossículos
• Três etapas: a timpanometria, a compliância e a medida dos reflexos acústicos
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o A timpanometria é a que mais nos interessa nesse momento, pois suas curvas são capazes de nos dar
diagnósticos:
▪ Curva A – normal, pressão está em 0 mmHg
▪ Curva B – otite serosa ou secretora, há líquidos dentro do ouvido → curva sem picos
▪ Curva C – disfunção tubária → a tuba não ventila e a pressão está negativa
▪ Curva Ad – trauma, rompimento de membrana → curva acentuada
▪ Curva As – otoesclerose, cicatrizes ou retrações

 EXAMES DE IMAGEM
• Raio X da mastoide deve ser aerado; a celularidade aerada é o exame normal
• Na tomografia conseguimos ver canais semicirculares, meato acústico interno, ossículos e mastoide

PATOLOGIAS
PERFURAÇÃO TIMPÂNICA

• Causas:
o Introdução de objeto no ouvido
o Aumento repentino de pressão (trauma acústico, trauma de crânio)
o Brusca redução da pressão
• Esses fatores são capazes de deslocar os ossículos, afetar o tímpano e até lesar o ouvido interno
• Num esforço auditivo intenso podemos sentir diminuição da acuidade auditiva (locais com som alto), e é
normal o retorno da audição em cerca de 14h → se passar muito deste tempo podemos suspeitar de
perfuração
• Paciente tem dor, hemorragia, perda da audição, zumbidos e pode ter vertigem
• Importante não molhar o ouvido para não levar infecção para a contiguidade
• Tratamento: expectante (geralmente fecha sozinha em 3 meses) – orientar cuidado para não haver
entrada de água
o Possível associar ATB caso haja coleção sanguínea
o Possível fazer enxerto

BAROTRAUMA

• Quando temos a membrana íntegra, mesmo que haja alteração da pressão no ambiente externo, ela retrai
ou abaula para manter a pressão interna sempre igual
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• Se a membrana estiver inflamada ou obstruída, estará sempre abaulada, fazendo com que o ar não chegue
ao ouvido médio, causando diferença de pressão que pode danificar o tímpano ou até fazer com que se
perfure e sangre
• Barotrauma: alteração brusca de pressão que lesiona a membrana
• Se a diferença de pressão for muito grande, a janela oval rompe-se, permitindo que o líquido do ouvido
interno escape para o ouvido médio
• Classificação de Teed para barotrauma:
o 0: sintomas sem sinais
o 1: hiperemia e retração da membrana timpânica
o 2: hiperemia com área de hemorragia
o 3: hemorragia intensa, evidente efusão de líquido
o 4: sangue no ouvido médio
o 5: perfuração
OTITE MÉDIA AGUDA

• Disfunção tubária que permite formação de transudato no ouvido médio, pois por
pressão negativa os vasos da mucosa soltam líquido → essa pressão também é
responsável por fazer aspiração de secreções da rinofaringe e levar germes por
contiguidade, infectando o transudato
• Streptococcus pneumoniae (30%), Haemophilus influenzae (20%), Moraxella
catarrhalis, Staphylococcus aureus e pyogenes
• Patologia bem frequente → 75% das crianças < 5 anos já tiveram pelo menos um
episódio de otite → a tuba auditiva da criança é mais curta e horizontalizada,
sendo mais larga e mais fácil de fazer a progressão de germes da rinofaringe
• O sintoma mais intenso é dor persistente e intensa que piora com deglutição ou
ao assoar o nariz
o Pode haver relato de perda de audição temporária e febre
o Crianças podem ter náuseas, vômitos, diarreia e febre alta
• A surdez é do tipo condução
• Otoscopia: membrana muito hiperemiada, abaulamento e secreção mucoide ou mucopurulenta
• 5 fases: hiperemia, exsudação, supuração, coalescência e regressão
o Na fase de hiperemia a dor é intensa e paciente pode queixar de surdez → otoscopia: o tímpano está
avermelhado e sem o reflexo luminoso
o Na fase de exsudação a dor fica mais intensa, é pulsátil/latejante, há uma piora da surdez →
otoscopia: o tímpano fica abaulado e vermelho
o Quando há supuração a membrana é perfurada, podendo haver sangramento (otorreia hemática)
com pus e a dor melhora, já que o ouvido drenou a perdeu a pressão
o Na coalescência e na regressão a supuração melhora, fica mais aquosa e tudo começa a retornar ao
normal, tanto a lesão como a surdez (15-20 dias)
• Tratamento:
o Analgésico: Paracetamol, Ibuprofeno
o Antitérmico oral
o Antibiótico por 10 dias
▪ Amoxicilina 40-80 mg/kg/dia
▪ Pode associar Clavulanato
o Sintomáticos: anti-histamínicos e corticoides orais para reduzir congestão e abrir a tuba auditiva
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o Manobras semiológicas: manobra de Toynbee (solicita-se ao paciente que realize a deglutição com as
narinas fechadas, abrindo a tuba auditiva) ou a manobra de Weber (mastigar mais forte)
▪ Manobra de Valsalva não é aconselhada, pois pode fazer lesão da membrana timpânica
• Principais complicações: infecção de osso circundante (mastoidite), infecção dos canais semicirculares
(labirintite) fazendo vertigem, paralisia facial (já que o nervo facial passa muito próximo ao ouvido), perda
da audição, sepse, meningite e abcessos cerebrais
o Em crianças pode haver retardo do desenvolvimento acadêmico, já que essas crianças ouvem menos
o Suspeita: mal-estar geral, dor de cabeça, profunda e repetida perda da audição, vertigem, calafrios,
febre e sinais meníngeos
OTITE MEDIA AGUDA RECORRENTE

• Quando o paciente tem ≥ 3 episódios em 6 meses ou ≥ 4 episódios em 12 meses


• Quando a efusão se acompanha de novo episódio, febre e dor persistente do ouvido considera-se
recorrência da otite média aguda
• Fatores relacionados com otite de repetição: alergia, rinite, anomalias craniofaciais, refluxo
gastresofágico, adenoides, IVAS de repetição, cuidados em creche, presença de irmãos/tamanho da
família, fumo passivo, aleitamento materno e uso de chupeta
• Tratamento da recorrência: timpanotomia para colocação de um tubo de ventilação → a ideia é manter
a tuba auditiva aberta e aerada para melhorar a pressão e o processo inflamatório
MIRINGITE INFECCIOSA

• Inflamação do tímpano, por causa bacteriana ou viral


• São visíveis bolhas/vesículas na membrana timpânica
• Quadro: súbito, duração de 24-48h, com dor persistente e forte, hipoacusia
leve-moderada e eventual otorreia pelo rompimento das vesículas
o Crianças pequenas podem ter náuseas, vómitos, diarreia e febre até
40,5ºC
• Otoscopia: hiperemia acentuada da membrana timpânica, bolhas, ausência
de abaulamento, otorreia serosanguinolenta eventual, exulcerações da
membrana
• Tratamento: antibióticos VO (Amoxicilina), analgésicos ou rompimento das
vesículas para aliviar a dor
• Complicações graves: infecções do osso circundante (mastoidite ou petrosite), infecção dos canais
semicirculares (labirintite), paralisia facial, perda de audição, meningite e abcessos cerebrais
o Sintomas: dor de cabeça, profunda e repentina perda de audição, vertigem, calafrios e febre
o Podemos recorrer à um procedimento cirúrgico (miringotomia) nos casos de complicação
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OTITE MÉDIA SECRETORA/SEROSA/BOLHOSA

• Há acúmulo de líquido no ouvido médio em consequência de uma otite


média aguda que não se curou por completo ou então devido à obstrução
da tuba auditiva
• O líquido represado perpetua a infecção
• Otoscopia: bolhas e ar no ouvido médio (atrás da membrana)
• Frequente nas crianças: fácil obstrução das tubas estreitas devido a
reações alérgicas, ao crescimento das adenoides ou à inflamação do nariz
e da garganta → com a tuba obstruída, a pressão diminui e o líquido
acumula-se no ouvido médio, reduzindo a capacidade de movimento do
tímpano → perda de audição do tipo condutiva
• Tratamento:
o Antibióticos, mesmo que não tenha germes
o Fenilefrina, Efedrina e anti-histamínicos VO para reduzir a congestão e contribuir para abrir a tuba
o Miringotomia: fazer uma abertura através do tímpano para permitir que o líquido saia do ouvido
médio e o ar entre
o Nas crianças, pode ser necessário extrair as adenoides
*Miringite bolhosa – bolhas na SUPERFÍCIE da membrana timpânica*
*Otite bolhosa – bolhas ATRÁS da membrana timpânica*

OTITE MÉDIA CRÔNICA

• Infecção duradoura provocada por uma lesão permanente (perfuração) do tímpano – a perfuração pode
ter sido ocasionada por obstrução da tuba gerando diferença de pressão, lesão por objetos, barotrauma
ou até queimaduras provocadas pelo calor ou produtos químicos
• Pode agravar-se depois de uma infecção do nariz e da garganta ou após entrada de água no ouvido →
causados por bactérias e provocam um corrimento indolor de pus, que pode cheirar mal
• Exacerbações persistentes podem provocar a formação de pólipos, que se estendem desde o ouvido
médio, atravessam a perfuração e chegam ao canal auditivo
• Algumas complicações graves, como a inflamação do ouvido interno (labirintite), a paralisia facial e as
infecções cerebrais, são mais prováveis nos casos de perfurações marginais do que nas perfurações
centrais
• Pode destruir partes dos ossículos e provocar uma perda auditiva de tipo condutivo
Otite média crônica simples ou supurativa

• Perfuração central (vai de pequena até uma perfuração quase total) onde o
paciente tem períodos de otorreia e perda auditiva, que ocorrem de maneira
intermitente, com longos períodos de remissão (mas a perfuração persiste)
• É indolor e se inicia normalmente na infância, consequência de uma otite média
aguda necrotizante onde houve destruição da membrana timpânica e cadeia
ossicular
• Otoscopia: perfuração de membrana timpânica de tamanho variável; mucosa da
caixa do tímpano que, visualizada através da perfuração, pode apresentar-se
hiperemiada, edemaciada e secretora
• Na fase de remissão, quando não há infecção na caixa, vê-se apenas a perfuração e a mucosa timpânica
normal
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• Tratamento: limpar completamente o canal auditivo e o ouvido médio por meio de aspiração e
curetagens, depois instilar uma solução de Ácido Acético com Hidrocortisona no ouvido
o Exacerbações importantes: antibiótico, como a Amoxicilina VO
o O tímpano pode ser reparado (timpanoplastia) em casos graves (enxerto)
Otite média secretora

• Por processo alérgico, hipertrofia de adenoide (nasofaringe, onde desemboca a tuba auditiva)
• Frequente na infância e idade escolar pela anatomia característica da rinofaringe e tuba auditiva nessa
faixa etária
• Surdez mais frequente em crianças e que altera comportamento e aprendizado
o Geralmente a mãe leva a criança ao médico por hipoacusia
• Pode acontecer no adulto, por causas secundárias a processos alérgicos, tumores da rinofaringe ou
sequelas de patologias na infância
o Fazer nasofibroscopia
• Otoscopia: tímpano com retração, opacidade, congestão e hiperemia
o Dependendo da fase, pode haver nível líquido atrás da membrana
timpânica
o Secreção amarelada
• Clínica: o paciente queixa-se de hipoacusia, autofonia e sensação de ouvido
cheio
o Eventualmente esta secreção pode infectar e supurar
o Na infância podem ter caráter recidivante
• Tratamento:
o Tratar causa e verificar se há melhora da otite
o Possível administrar ATB, anti-histamínico, corticoide, mucolítico...
o Colocação de carretel para drenagem do transudato → permite a ventilação da tuba auditiva,
melhorando a secreção que, quando não retirada, acaba acumulando proteínas e fica mais
consistente, com aspecto de cola, podendo acarretar alterações permanentes na audição
• Diagnóstico e tratamento devem ser precoces

Otite média crônica colesteatomatosa

• O ouvido médio é todo revestido por mucosa respiratória, já a


membrana timpânica possui camadas (mucosa e pele)
• Perfuração da membrana timpânica → invaginação do epitélio para
dentro da orelha média → faz bricamento de pele, formando lamelas
que corroem o local
• Abaulamento da membrana timpânica → colesteatoma
• Devido à pressão negativa que a otite ocasiona, a membrana forma
uma bolsa de retração nessas camadas, fazendo a pele adentrar no
ouvido médio → essa pele cresce e forma o colesteatoma, que infecta
o ouvido médio (já que agora existe pele onde não deveria)
• Pode acometer algum ossículo, sendo necessário removê-lo
• Pode fazer meningite
• Clínica: dor e otorreia constante, com cheiro fétido (ninho de rato)
• Otoscopia: a parte tensa da membrana é normal, mas em cima, na parte flácida, vemos formação de pele,
além de secreção, destruição do tímpano e ossículos
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• Agentes etiológicos: bactérias gram negativas e anaeróbios, que são resistentes ao tratamento clínico, isto
é, o uso de gotas locais e antibióticos sistêmicos não eliminam a secreção, devendo optar-se por correção
cirúrgica
• Tratamento sempre cirúrgico, para remoção do esteatoma
Otite média crônica tuberculosa

• Suspeita: paciente já teve infeção primária (tuberculose)


• É bastante rara, apresenta início insidioso e tem bacilos de Koch na secreção
• Otoscopia: perfurações múltiplas da membrana timpânica

OTOESCLEROSE

• Ocorre devido ao crescimento excessivo de osso que acaba fixando/imobilizando a platina do estribo e
impede a correta transmissão dos sons → calcificação da platina do estribo
• A tuba auditiva funciona bem, a imitanciometria é normal, mas há surdez de condução já que não há
vibração da membrana
• Doença hereditária, com história genética, mas não tão alta
• Causa mais comum de perda auditiva condutiva nos adultos cujos tímpanos são normais (mais comum em
mulheres, com maior risco durante a gestação)
• Pode provocar perda auditiva neural caso o crescimento do osso perfurar e danificar o ouvido interno
• Tratamento: cirurgia de remoção desse osso espongiótico (stapedectomia ou stapedotomia) e
substituição por teflon, ouro ou titânio → risco de causar surdez neurossensorial (exige habilidade e
experiência do cirurgião)
o Pacientes que preferem não se submeter à cirurgia acabam precisando então de aparelho auditivo para
correção da perda auditiva
• Patognomônico: mancha azulada
MASTOIDITE AGUDA

• Decorrente de uma otite média não tratada, ou tratada inadequadamente, que


por contiguidade se propaga do ouvido médio até ao osso que o rodeia (apófise
mastoide)
• Em geral, os sintomas aparecem 2-3 semanas depois de uma otite média aguda,
à medida que a infecção disseminada destrói a parte interna da apófise mastoide
• Clínica:
o A pele que reveste o processo mastoide pode tornar-se vermelha, inchada e
dolorosa, e o ouvido externo desloca-se para baixo
o Paciente tem dor em volta do ouvido e no seu interior uma secreção profusa
e cremosa
o Dor tende a ser persistente e pulsátil
o A perda de audição é progressiva
• Uma mastoidite mal tratada pode provocar surdez, sepse, meningite, abcessos
cerebrais e até morte
• TAC: demonstra que as células pneumáticas da apófise mastoide estão cheias de
líquido → à medida que a mastoidite avança, os espaços alargam-se

AULA 11 – ORELHA INTERNA (MARCO) → Caderno Paola Benincá


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AULA 12 – LABIRINTOPATIAS (MARCO)
Audiometria
O = via aérea; < = via óssea; ouvido direito – em vermelho, ouvido esquerdo – em azul

• Perda neurossensorial – presbiacusia

• Perda condutiva – hiato entre via óssea e via aérea

• Perda mista – otosclerose

• Normal
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Impedanciometria

• Curva tipo A – normal (boa mobilidade da MT)

• Curva tipo B – não há mobilidade da MT

• Curva tipo C – MT ou cadeia ossicular se movem, mas com dificuldade


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Disfunção temporomandibular

• Dor unilateral, sem queixa auditiva → não há dor de ouvido, é dor no ouvido
• Não há alteração auditiva, nem de mobilidade da membrana
• Buscar alterações nos dentes
• Não há alteração na Impedanciometria (curva tipo A)

Presbiacusia

•  condução óssea e aérea → indica perda neurossensorial


• No gráfico, há uma rampa em queda das duas conduções ao mesmo tempo – vias aérea e óssea rebaixadas
no mesmo nível
• Não há alteração na mobilidade da MT
• Essa perda auditiva é induzida pela idade devido à degeneração celular
• Não há alteração na Impedanciometria (curva tipo A)

Rolha de cerume

• Paciente queixa-se de  audição ao entrar na água → o som não chega até o nervo porque há barreira de
cera impedindo que a MT vibre = perda condutiva
• Formam-se 2 linhas retas separadas na audiometria
• Curva tipo B na impedanciometria

Disfunção tubária

• Otite média serosa, catarro, edema da tuba auditiva (por IVAS), diferença de altitude → alteração na troca
de ar entre o ambiente e a tuba – forma-se pressão negativa = sensação de ouvido tampado (diante dessa
queixa, sempre pensar em tuba auditiva)
• Perda condutiva →  mobilidade dos ossículos
• Na impedanciometria há curva tipo B – porque não há condução pela tuba

Perfuração da membrana timpânica por barotrauma

• Dificuldade de condução pela lesão → perda condutiva


• Curva tipo C na impedanciometria → a membrana timpânica se movimenta, mas com dificuldade

Retração da membrana timpânica

• Dificuldade na mobilidade da membrana timpânica


• Perda condutiva
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• Curva tipo C na impedanciometria → exceto se houver catarro no fundo da tuba, resultando em curva
tipo B
Perda auditiva induzida por ruído

• Na audiometria há perda neurossensorial, com “curva em gota” em 4.000 Hz (começa normal, cai aos
4.000 Hz e volta ao normal)
• Impedanciometria normal
• Nesse caso, há lesão da cóclea
• Pode ser bilateral ou unilateral (treino de tiro)

Trauma acústico

• Paciente próximo à caixa de som em um show, por exemplo


• A perda é de caráter neurossensorial
• Traumas acústicos não perfuram a membrana, exceto se explosão
• Impedanciometria é normal (a mobilidade da membrana se mantém – curva tipo A)
Otosclerose

• Audiometria com perda mista (rebaixamento da via aérea e óssea, mas não estão no mesmo nível na
curva)
• Lembrar de gestantes e mulheres pós-gestação
o É uma perda silenciosa, sem história de infecção, com otoscopia normal
• Tratamento: Stapedectomia (remoção cirúrgica do estribo com colocação de prótese → permite a
recuperação da via aérea, permitindo que ela alcance a via óssea e melhorando, assim, a perda auditiva
• Aparelhos auditivos ajudam nesses casos, por reduzirem o GAP entre a via aérea e a via óssea
Surdez unilateral

• Perda neurossensorial à audiometria


• Quando à D, suspeitar de neurinoma/Schwannoma vestibular (VIII par)
o Paciente jovem
o E normal
o D perda neurossensorial
o Sem história clínica
o Impedanciometria normal
• Exige RNM complementar, principalmente em casos de perda súbita

AULA 13 – SIALOPATIAS (BALLIN)


• Sialopatia: doença das glândulas salivares
• Sialopatias neoplásicas: podem ser tumores benignos (75-80%) ou malignos (20-25%)
o Mais comuns em indivíduos de mais idade
o Quanto menor a glândula maior é o potencial de malignidade
• Sialopatias não neoplásicas: sialoadenites (inflamatórias), sialolitíases (cálculos), alterações funcionais da
secreção salivar, sialoses e anomalias congênitas → muito mais frequentes que as neoplásicas
o Sialoadenites: lesões inflamatórias, mais comuns em crianças e jovens
▪ Agudas: geralmente virais → a mais comum é a caxumba (dor, crescimento rápido e com febre,
todo aquele quadro de inflamação aguda)
▪ Crônicas: geralmente bacterianas
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o Sialolitíases: quadro próprio de quem toma pouca água ou de quem trabalha em ambiente muito
quente (como cozinhas fechadas, metalúrgicas, pessoas submetidas a altas temperaturas) → mais
comuns em adultos jovens
o Alterações funcionais da secreção salivar: derivados atropínicos interferem na secreção da glândula
salivar
▪ Calor faz perder mais líquidos, diminuindo a salivação
▪ Pacientes psiquiátricos podem fazer sialorreia, porque ficam o tempo todo mexendo a língua
o Anomalias congênitas: ausência de alguma glândula, malformação, cistos branquiais
o Sialoses: degenerações do SNA com origem:
▪ Endócrina: hálito cetônico no diabético
▪ Neurogênica
▪ Metabólica: nefropatas
▪ Autoimune: síndrome de Sjogren (déficit de secreção)
CLASSIFICAÇÃO

 Maiores: 3 pares de glândulas (direita e esquerda) → produzem a maior parte da saliva:


• Parótidas (“glândula junto do ouvido”) – são as maiores glândulas salivares
• Submandibulares (abaixo da mandíbula) – são naturalmente palpáveis
• Sublinguais (abaixo da língua, no assoalho da boca junto do freio lingual, uma de cada lado)

 Menores: em ordem decrescente de quantidade de glândulas:


• Palato
• Lábios (principalmente inferior)
• Bochechas
• Língua
• Assoalho da boca
• Outras – cavidade nasal e toda a faringe (podemos ter tumores de glândulas salivares nestas regiões
também)

 Acessórias
• Parótidas acessórias: ficam no prolongamento anterior junto do ducto de Stenon (ducto parotídeo)
que desemboca na altura do 2º molar superior de cada lado da boca
• Glândulas de Nuhn: ficam na ponta da língua
• Glândulas de Ebner: ficam junto das papilas caliciformes, na porção mais posterior da língua
SALIVA

• Produção: 600-1000 mL/dia


o 71% submandibular → independem de estímulo
o 25% parótida → mais fluida, mais enzimas digestivas, mais resposta a estímulos
o Sublingual 3-4%
o Menores < 1% → possuem a capacidade de aumentar sua produção caso o indivíduo perca alguma
outra glândula
• Funções:
o Digestiva: várias enzimas → alfa-amilase (mais importante – metabolismo do amido)
o Lubrificadora: permite os movimentos da língua e a fonação
o Proteção e defesa:
▪ IgA, IgG, IgM
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▪ Lisozima – ação contra gram negativos
▪ Peroxidase – ação contra vírus
▪ Alfa-amilase – ação contra gonococo
▪ Coagulação: por isso que feridas na boca não sangram tanto – tromboplastina (fator III)
CLASSIFICAÇÃO DAS GLÂNDULAS CONFORME A SECREÇÃO PRODUZIDA

• Serosa: secreção mais aquosa – parótidas e de Ebner


• Mucosa: menores do palato e as da língua
• Mista: submandibulares, sublinguais, Nuhn e as menores (lábios e bochechas)

CLÍNICA

• Os tumores (benignos e malignos) são habitualmente silenciosos e acabam sendo detectados pelo
aumento de volume
• Aumento de volume:
o Glandular – a glândula como um todo aumenta → geralmente inflamatório
o Nodular – presença de nódulo dentro da glândula → fala mais a favor de tumor
• Dor – pelo processo inflamatório, obstrução do ducto → acontece quando há estímulo a produção de
saliva
• Cacogeusia: gosto desagradável
• Xerostomia: secura na boca → por medicamentos (derivados colinérgicos), remoção de glândula salivar,
após radioterapia → maior propensão a formação de cálculos de glândulas salivares, pois a saliva fica mais
concentrada
• Paralisia facial: pensar em neoplasia maligna com infiltração em nervo facial
• Sialorreia: excesso de saliva (mais raro, mais comum em pacientes neurológicos) → hoje se faz
retroposicionamento, joga o ducto de Stenon para a faringe para que o paciente não fique perdendo saliva
DIAGNÓSTICO

• História clínica: sempre perguntar sobre emagrecimento progressivo, se tem história de aumento ou
diminuição no tamanho da glândula, ou se há história epidemiológica (caxumba)
• Exame físico geral: sempre avaliar linfonodos axilares e inguinais, hepato ou esplenomegalia, se há
comprometimento do estado geral – pensar em linfomas
o Nos tumores puros de glândulas, fazer o exame otorrinolaringológico
• Exame físico otorrinolaringológico:
o Inspeção:
▪ Extra oral: observar toda a face e pescoço do paciente
▪ Intra oral: oroscopia e faringoscopia – avaliar se não há abaulamentos na faringe (às vezes há
tumor no polo profundo da parótida ou no espaço parafaringiano que empurram a amigdala e
pode dar a sensação de que é a amigdala que está aumentada)
o Palpação: palpar o assoalho da boca (palpação bimanual, um dedo por dentro e um por fora da boca)
para avaliar bem o ducto de Stenon, submandibulares e sublinguais → palpação extra e intraoral
o Teste do nervo facial: mímica facial → palavras de comando (espanto, brava, olho apertado, bico e
dar risada)
o Exame regional: cabeça e pescoço
• Diagnóstico eminentemente clínico e se comprova com palpação
• A clínica do paciente é fundamental para o diagnostico diferencial
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• Habitualmente o aumento de volume que é o que mais chama atenção → se for um aumento de toda
glândula (glandular), fala mais a favor de um quadro inflamatório ou obstrutivo – sialoadenites ou
sialolitíases; quando é um aumento nodular temos que pensar em tumor da glândula, do tecido ao redor,
ou do linfonodo da glândula (todas as glândulas salivares são ricas em linfonodos)
o Se o paciente tem um nódulo e paralisa facial, até que se prove o contrário ele tem um tumor maligno
→ o tumor benigno não invade – por mais extenso que ele seja não atinge o nervo facial
Exames complementares

• US: é o mais útil e o mais utilizado → ideal com doppler


• TAC com contraste: para programar cirurgia → é mais barata, rápida e bastante disponível, porém tem
que utilizar contraste iodado (cuidado com alergia)
• RNM: para programar cirurgia → é cara, não é disponível em todos os hospitais, demorada e paciente
claustrófobos tem dificuldade em realizar este exame, porém é muito boa e não precisa de contraste
• Sialografia: é um exame onde é colocado um cateter no ducto de Stenon e injetado contraste iodado →
é invasivo e importante para mostrar presença cálculo, mas praticamente não é mais utilizado (foi
substituído pela TAC)
• Raio-x simples: raio-x oclusal (odonto) no qual o raio vem de baixo para cima e pode mostrar
eventualmente um cálculo → não usado de rotina
• Cintilografia: avalia a função da glândula → raramente usado
• Exames laboratoriais: podem auxiliar o diagnóstico → o hemograma vai ajudar a dizer se é infeccioso (viral
ou bacteriano) e pode diferenciar de linfoma; pode ser útil fazer exames específicos para toxoplasmose,
mononucleose etc. (tudo que causa linfonodomegalia)

TUMORES EPITELIAIS

• Tumores da própria glândula

Benignos

• 75-80% dos tumores epiteliais


• Adenoma pleomórfico: é o mais frequente dentre os benignos (75%), dentre todos e o mais comum de
parótida
o Particularidade: palpação  cacho de uvas (tanto em parótida quanto em submandibular)
o Sempre é retirado em cirurgia → risco de malignização
• Adenolinfoma – tumor de Warthin: muito mais comum na parótida e pode ser bilateral (principalmente
em idosos) → se precisar de cirurgia, ressecar o maior lado e deixar o outro, para não precisar fazer duas
cirurgias; se não incomodar não retira
• Adenoma monomórfico
• Oncocitoma – adenoma oxifílico
• Papiloma ductal
• Adenoma de células claras: é o menos frequente

Malignos

• 20-25% dos tumores epiteliais são malignos


• O tratamento é sempre cirúrgico
• Mucoepidermoide: 45% dos tumores malignos – ocorre mais na parótida
• Carcinoma adenoide cístico: mais comum em submandibulares e acessórias → bastante agressivo
o Particularidade: invade a bainha do nervo → é o que mais causa paralisia facial
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o Pode ir infiltrar a mastoide e afetar o nervo facial ali → então, quando opera, faz ressecções a mais e
pode até ter que congelar o nervo, além de retirar a glândula, se não o paciente acaba tendo
complicações intracranianas
• Carcinoma ex-adenoma pleomórfico: é a malignização do adenoma pleomórfico → por isso que mesmo
benigno o adenoma pleomórfico deve ser sempre retirado
• Carcinoma epidermoide
• Adenocarcinoma
• Carcinoma indiferenciado → é o menos frequente
TUMORES NÃO EPITELIAIS

• Tumores de estruturas adjacentes à glândula (vasos, nervos, tecidos de sustentação)


Benignos

• Representam a maioria dos casos


• Hemangioma: mais em crianças do sexo feminino (3:1), são congênitos e geralmente se manifestam nos
primeiros anos de vida
• Neurofibroma: 2º mais frequente (na experiência do professor o 2º mais frequente é linfangioma)
• Linfangioma
• Neurinoma

Malignos

• Muito mais raros, porém quando ocorrem são extremamente agressivos


• Angiossarcoma
• Neurossarcoma
• Fibrossarcoma
• Rabdomiossarcoma: tem crescimento tão rápido que chega a quase dobrar de tamanho em uma semana

TRATAMENTO

• Glândulas salivares não têm cápsula → mais complicado


• Evitar PAAF → deve ser usado em nódulos cervicais e linfonodos
• O tratamento de tumores de glândulas salivares é eminentemente cirúrgico, em casos muito específicos
pode-se utilizar radioterapia
Tratamento cirúrgico para glândula parótida

• Parotidectomia de lobo superficial: procedimento mínimo para parótida → remoção de todo o lobo
superficial (acima do nervo facial) da glândula, e não apenas do nódulo
o Feito em tumores benignos que não atingem polo profundo
• Parotidectomia total: remoção de toda a glândula
o Não tem como retirar o polo profundo sem remover o superficial junto
o Feito para qualquer tumor que pegue lobo profundo, mesmo que seja benigno, ou para qualquer
tumor maligno
• Parotidectomia radical: remoção de toda a glândula e de todas as estruturas ao redor
o Para tumores que sejam muito agressivos
• Parotidectomia alargada: quando tem que retirar mandíbula, zigomático ou outras estruturas além da
glândula
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Tratamento cirúrgico para outras glândulas salivares

• Biópsia excisional: procedimento mínimo para glândulas menores → remoção de toda a glândula
• Congelação transoperatória – biópsia de congelação: remoção de uma amostra para análise
histopatológica → avaliar se há invasão, principalmente de nervo, e confirmar qual o tipo de lesão
o Hoje se utiliza muito na parótida
• Conservação do nervo facial: sempre que possível o nervo facial deve ser preservado
o Se não for possível, uma opção é fazer enxerto com o nervo sural (a melhor opção, porque devolve >
90% do movimento facial)
o Técnica do Crossface: paciente que chega com paralisia de nervo facial já estabelecida → enxerta o
sural no facial pelo lado que não foi lesado; através do lábio é feita a anastomose dos ramos nervosos
para o lado lesado; o paciente fica com o mesmo movimento dos dois lados, fica sincrônico
• Biópsia aspiração por agulha fina (PAAF): é uma opção tanto para parótida quanto para outras glândulas,
porém é um procedimento complicado, porque pode espalhar células cancerígenas para outros tecidos,
além disso, tem uma margem de erro de 30%
o Se a lesão é altamente maligna, às vezes até se faz biópsia para programar cirurgias maiores e
enxertos, porém nunca é rotina
Tratamento radioterápico

• Não funciona muito bem, mas é utilizada em pacientes que não tem condições de operar ou naqueles em
que houve recidiva após cirurgia
• Utilizada eventualmente
Tratamento quimioterápico não funciona!

COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA

• Paresia ou paralisia de nervo facial: é a complicação mais comum, principalmente quando se opera
parótida
o A paresia geralmente é temporária, a paralisia não
o Normalmente é por lesão do ramo mandibular
• Síndrome de Frey: o estímulo que deveria fazer a glândula produzir saliva é transmitido para a pele e faz
a pessoa produzir suor → é por isso que em parotidectomias se interpõe um tecido entre o que sobrou
da parótida e a bochecha para que não ocorra essa síndrome (essa técnica também preenche o buraco
que fica onde a glândula foi retirada, por estética)
o Pode ser controlada com botox
• Paresia ou paralisia do nervo lingual: nervo sensitivo da língua e, se lesionado, deixa a língua do paciente
amortecida, e ele passa a mordê-la
o Quando se opera a submandibular, temos que identificar e preservar o ramo mandibular do facial, o
lingual e o hipoglosso
• Paresia ou paralisia do hipoglosso: está ao fundo da glândula submandibular → se lesionado, deixa a língua
torta
• Fístulas salivares: são difíceis de curar, mas deve ser corrigida porque a saliva digere a pele
• Deformidades: glândula submandibular geralmente não deixa sinal, pois a gordura e o assoalho da boca
acabam se acomodando e preenchendo o espaço
o Haverá uma cavidade onde houve a remoção da parótida

TÉCNICAS CIRÚRGICAS
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• Parotidectomia de lobo superficial: feita quando há um tumor benigno acometendo apenas o plano
superficial da parótida
o Incisão em “Y”, deixa cicatriz discreta
o Identificar o lobo superficial, separar do esternocleidomastoide até achar o tronco do nervo facial
o Importante identificar o tronco, pois ele está 6 mm abaixo da junção cartilaginoso-óssea do conduto
auditivo
o Vai dissecando e separando o polo superficial do profundo
• Parotidectomia total: feita quando há tumor maligno ou quando é benigno atingindo o polo profundo de
parótida
o Primeiro se faz a superficial, depois o auxiliar segura os nervos com elásticos (não pode usar nada
metálico, pois deixa o paciente com paresia de nervo) enquanto o cirurgião entra por baixo e faz a
dissecção
o Feita via pré-auricular e cervical → não pode entrar pela cavidade oral, pois lesiona todo o palato,
toda musculatura e ainda tem risco de lesionar jugular e carótida
o O tumor de polo profundo tem uma particularidade: pode ter um prolongamento para faringe
(espaço parafaringiano), assemelhando-se à amígdala → daí a importância de se fazer a faringoscopia
DISCUSSÃO DE CASOS CLÍNICOS

• Sialolitíase: raio-x oclusal de mandíbula mostrando um cálculo de glândula submandibular no ducto de


Wharton → indicação de remoção da glândula por acesso cervical
o Glândula que forma cálculo é glândula doente, então retira a glândula toda
▪ Exceções: gestantes, idosos, individuo sem condição cirúrgica (nefropata, cardiopata)
transplantados, nestes casos pode ser feita apenas a retirada do cálculo → jamais se opera
gestante, espera ela ter o bebê, amamentar, orienta a tomar muito líquido para que a saliva fique
mais fluída e depois programa a cirurgia
• Corpo estranho: raio-x de face, mostrando um dente de cerra circular dentro da parótida → tem que ser
retirado porque infecta ao longo do tempo; o mesmo ocorre com projétil de arma de fogo, dentro de
glândula salivar e de seio paranasal → tem que retirar sempre, porque inflama a glândula e faz sinusite
no seio paranasal
o Pode retirar no mesmo dia, ou se houver muito edema, faz ATB e AINE, espera 2 meses para fazer
uma leve fibrose e aí sim opera para evitar que cause paralisia de nervo na retirada
• Ecodoppler de submandibular: é possível ver o tamanho e a forma da glândula – o problema da eco é que
é um exame operador dependente
• Hemangiomas: são sempre benignos e regridem, principalmente < 4 anos de idade, devemos acompanhar
a criança
o Se passou dos 4-6 anos, pensar em operar, mas tem que embolizar antes de retirar (3-4 dias antes da
cirurgia) → se não embolizar antes o paciente pode sangrar muito
o O tratamento clínico pode ser feito com Propranolol e corticoide tópico em ciclos
• Hemangioma plano: com o crescimento provavelmente resolve, geralmente regride até os 4 anos e até
os 6-7 anos regredi > 70%
o Os hemangiomas planos são bastantes comuns em face, mas podem ocorrer no corpo também
• Hemangioma cavernoso em região de parótida: não retirar, principalmente até os 4 anos de idade, pois a
chance de pegar nervo facial é muito grande
o Seguimento de hemangioma: melhora significativa apenas com o tratamento clínico → uma opção é
o tratamento clínico conservador feito com ciclos de corticoterapia tópica com controle da parte
hormonal e Propranolol
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o Nem tudo se resolve operando!
o Linfangioma: operar se estiver causando insuficiência respiratória, caso contrário, esperar a criança
ter ≥ 10kg por conta da anestesia → nesse caso, embora benigno, deve ser retirado porque o peso
do linfangioma irá causar deformidades na face, entortando mandíbula e maxila
o Após retirar é comum que ele se refaça, mesmo assim opera, pelo risco de deformidade
• Cisto de retenção mucoso do lábio: ocorre quando as pessoas mordem o lábio, utilizam aparelho
ortodôntico ou tem algum dente muito pontudo → o trauma faz com que a glândula menor sofra
obstrução do óstio de drenagem
o É possível remover a glândula toda sem problemas, com anestesia local
o Sem a técnica correta, ocorre marsupialização, abre para drenar e sutura, além de ficar esteticamente
feio, fica um granuloma no lábio
• Cálculo de glândula submandibular: quando , 3 mm tem a chance se sair sozinho, mas se maior que isso
deve ser retirado – o correto é remover a glândula (exceto se gestante)
• Tumor de glândula submandibular: faz acesso cervical, em linha de prega cutânea para ficar esteticamente
bonito e retira toda a glândula
o Quando é a glândula toda que aumenta, pode ser um quadro inflamatório ou tumor, mas se na
palpação você percebe que é duro, pensar em tumor
o Glândulas maiores têm mais tumores benignos (na parótida 75% são benignos, nas submandibulares
50% é benigno e nas menores e acessórias 75% são malignos) ou seja, quanto menor a glândula,
maior a chance de malignidade quando há tumor
• Rânula: obstrução do óstio de drenagem da sublingual (no assoalho da boca) e acumula saliva dentro,
aumentando muito o volume da glândula → cateteriza o ducto de Wharton e retira toda a glândula →
não se deve fazer marsupialização porque continua obstruído
• Tumor maligno de glândula sublingual ou salivar menor: TAC mostra abaulamento e lesão dura no
assoalho da boca
• Lesão em palato: tomografia mostra erosão de assoalho da fossa nasal → neste caso tem que fazer biópsia
sempre na borda da lesão (região de transição entre mucosa sadia e lesionada) para saber o grau de
malignidade, tipo histológico e programar a cirurgia
• Tumor do lobo superficial da parótida: sempre é feita ligadura dos vasos (eles nunca são cauterizados,
porque pode lesionar o nervo e causar paresia)
• Tumor do lobo profundo da parótida: o tumor empurra a amígdala, podendo simular uma amigdalite
• Hipertrofia linfoide volumosa: muito comum no alcoólatra – ocorre aumento de glândulas salivares e
lacrimais → glândulas lacrimais nada mais são do que glândulas salivares sofisticadas, todos aqueles
tumores também podem ocorrer nelas
o Ressecção apenas se o paciente evoluir com dificuldade respiratória – traqueostomia e retirada das
glândulas
• Reconstrução facial após retirada de parótida: em lesões benignas sempre se faz reconstrução; evitar em
lesões malignas, porque perde o controle clínico
• Abscesso de parótida: saliva parada vai infectar, pode fazer abscesso de glândula → ATB e drenagem

AULA 14 – SAOS (MARCO)


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• Prolapso orofaríngeo e rinofaríngeo → ronco

RONCOPATIA NA CRIANÇA

• Hipertrofia de adenoide
• Hipertrofia de amigdala e adenoide
• Desvio de septo nasal
• Hipertrofia de cornetos
• Tumores
• Sindrômicas

Abordagem

• Rx de cavum
o Observar adenoide
o Observar amigdala e se ela ocupa a coluna aérea
• Sempre encaminhar ao odontopediatra
• Fácies: lábio superior curto, incisivos proeminentes, dentes agrupados e face alongada (palato sobe e o
septo fica desviado = especialmente caudal)
• Videonasoscopia: adenoide com obstrução parcial do cavum é normal – não pode ser tão grande que
chega a obstruir totalmente o cavum
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• Otoscopia: otite média serosa

RONCOPATIA EM ADULTO

• Obesidade
o 65% da população brasileira
o Sempre orientar inicialmente mudanças alimentares e só depois a prática de exercícios físicos –
caso tenha que optar por uma coisa apenas
o Tratamento farmacológico
o Cirurgia bariátrica
o CPAP → depende do políssono
o Órtese intraoral removível
o Tratamento farmacolófico para apneia, se central
o Cirurgia
• Hipertrofia da amigdala
• Desvio de septo
• Micrognatia
• Medicamentos

CLÍNICA
Normal → ronco primário → síndrome de resistência de vias aéreas → hipoventilação obstrutiva → SAOS
EXAME DA CAVIDADE ORAL

• Tamanho das amígdalas → Malampatti


• RM ou Videomasoscopia → identificar aumento da amígdala lingual
• Friedman e Malampatti modificado
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TRATAMENTO

• Individualizado
o Fatores anatômicos
o Índices de gravidade
o Comorbidades
o Adesão
o Seguimento – critérios objetivos
• Uvulopalatofaringoplastia: paciente já ronca, mas ainda não tem apneia (retirada das amígdalas e
lateralização dos pilares + ressecção parcial da úvula) – paciente queixa-se de garganta seca nos primeiros
6 meses
• Implantes intraorais: avançamento da mandíbula, aumentando a via aérea superior e estabilizando a
mandíbula → consequências: dor de ATM (suspender o uso)
• Fisioterapia do sono: decúbito lateral para dormir
• Micrognatia: cirurgia ortognática
• Polissonografia clínica ou em casa (para pacientes que não conseguem dormir na clínica)
o < 90% por > 10% do período reflete gravidade da
apneia/ronco
o O ideal é estar > 90% em 100% do tempo
• CPAP ou BIPAP: faz o ar passar pelo nariz, melhorando a
qualidade do sono/respiração
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o CPAP: sempre pressão positiva → em SAOS moderada ou severa (padrão) ou SAOS leve sintomática
(opcional)
o BIPAP: pressão positiva + pressão negativa (colabamento muito grande) → pacientes com doença
pulmonar, síndrome de hipoventilação por obesidade, pressão elevada (> 15 cm H 2O), doença
neuromuscular

APNEIA: destruição de onda cerebral – envelhecimento e falta de concentração


RONCO: é indicação isolada para polissonografia – sempre identificar a causa do ronco
APNEIA CENTRAL: cessação dos movimentos de tórax e abdome, além de uma perda do fluxo respiratório e
queda da saturação → problema: paciente não dorme bem, não ronca, mas faz apneia

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