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Ectoscopia e exame geral

SEMIOLOGIA MÉDICA II

INTRODUÇÃO
➢ Exame físico reflexivo: O exame físico é realizado após o término da anamnese completa e
baseado em uma hipótese diagnóstica já criada pelo médico. Deve, então, ser direcionado à
hipótese, porém deve ser completo.
➢ Hipótese diagnóstica ⟶ exame reflexivo (o que, como, porquê, o que eu espero encontrar?)
(Exemplo: paciente com dispneia paroxística noturna, com edema de membros inferiores e
hepatomegalia ⟶ focar em exames que ajude a encontrar uma insuficiência cardíaca)

ANTES DE TUDO...
➢ W: wash hands ⟶ sempre lavar as mãos antes e depois de examinar o paciente
➢ I: introduce ⟶ sua apresentação enquanto médico e consentimento do exame ao paciente.
“Gostaria de examinar o senhor, tudo bem? Vou fazer isso e isso, tudo bem?”
➢ P: position ⟶ acomode o paciente em uma posição favorável às técnicas e, ao mesmo tempo,
confortável para ele
➢ E: expose ⟶ conte ao paciente o que você vai examinar. Exponha sua parte a ser examinada,
mas proteja sua privacidade e o deixe confortável
➢ R: right side ⟶ o ideal é sempre estar à direita do paciente; a grande maioria das manobras exige
que o paciente esteja a sua esquerda
➢ LEMBRAR: Estetoscópio NÃO gosta de roupa!!!

ECTOSCOPIA
➢ Estado geral: É uma análise bem subjetiva. O paciente pode estar em MEG (mau estado geral),
REG (regular estado geral) ou BEG (bom estado geral). Corresponde às primeiras impressões que
o médico tem do paciente (odores, vestimentas não condizentes ao clima) e são analisadas na
própria entrevista. Traz à tona, ainda, fácies específicas e características de certas patologias, e
a análise da postura do paciente no momento da consulta (inquieto, com dor, letárgico, alguma
posição que alivia dor). Avaliar também icterícia, cianose e palidez, orientação tempo-espacial
e aperto de mãos.
- CIANOSE PERIFÉRICA: Leito ungueal, lábios, vasos
- CIANOSE CENTRAL: Perfusão local (apertar o dedo/unha e esperar pelo retorno do rubor)

Atenção: subnutrição, olheiras, atrofia do musculo temporal e pele solta


são sintomas relacionados à ocorrência de patologias crônicas.

➢ Posturas: Prestar atenção e relacionar a sinais clínicos, como posturas antálgicas, que
conseguem aliviar a dor que o paciente está sentindo.
➔ ABDOMINAL
• Nefrolitíase: inquietude + mão nas costas.
• Pancreatite/peritonite/cólicas: inclinação anterior
• Irritação peritoneal: posição fetal
• Sinal do psoas: flexão do joelho com rotação externa para alívio do nervo psoas (é
indicativo de apendicite ou sangramento retroperitoneal)
• Lombossacralgia: se o paciente mexer, fica travado (indica litíase renal)
• Prece maometana: tipo de decúbito. Paciente com as nádegas pra cima (indica
pericardite, pancreatite, meningite)

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Opstotono: indica tétano. Cabeça, pescoço e coluna vertebral de um indivíduo formam

uma posição em arco côncavo para trás.
➔ DISPNEIA
• Ortopneia: Melhora quando senta; deitado tem falta de ar – é muito sugestivo de
insuficiência cardíaca)
• Platineia: Melhora quando deita; sentado tem falta de ar – pós-operatório de cirurgia
pulmonar, anemia, cirrose, pericardite, shunts direito-esquerdos
• DPN: Dispneia paroxística noturna – acorda com falta de ar, senta, abre as janelas, liga
ventilador, se abana – sugestivo de doença cardíaca
• Trepopneia: Quando deita de um lado do corpo – sugestivo de derrame pleural
• Sinal de Dahls: Utilização da musculatura acessória – facilmente evidenciada pela posição
que o paciente assume, apoiando as mãos ou cotovelos sobre os joelhos ou sobre um
apoio externo. Esta posição faz com que o desempenho da musculatura respiratória
aumente, pela geração de mais força inspiratória, e a dispneia diminua. Por vezes pode-
se detectar a presença de calosidade pigmentada acima dos joelhos
➢ Fácies: É um termo semiológico para dizer que a pessoa tem característica de determinada
doença, assim como fácies de Síndrome de Down ou fácies de alguém com depressão.
➔ POR ALTERAÇÕES HORMONAIS
• Acromegálica: Devido ao gigantismo (excesso de GH), há aumento das extremidades
como nariz, orelhas e queixo. O paciente apresenta dados antropométricos acima da
média. Geralmente é causa da hipertensão arterial secundária.

• Adissoniana (doença de Addison): Deficiência crônica de cortisol. Geralmente o paciente


apresenta pele bronzeada (principalmente nas pregas dos dedos, axilas, joelhos e região
inguinal, devido uma hiperbetacarotemia). Possui, ainda, gengiva mais corada e fáscie de
pessoa cansada.

• Cushing: Fáscie de lua cheia, avermelhada, com acnes, brilhosa, cabelo quebradiço e
seboso, hirsutismo (excesso de pilificação).

• Adenoide: Sulco ente o olho e nariz (“Sinal de Darrier”), hipertrofia das


tonsilas adenoideanas. O paciente (principalmente crianças) fica com
a boca aberta para conseguir respirar mais facilmente.

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• Fácies de Graves: Hipertireoidismo com exoftalmia (a pálpebra superior não chega à íris) e
escleras bem visíveis + retração da pálpebra. Expressão de cansaço.

• Hipertireoidica ou mixedematosa: Vermelhidão, rosto inchado, madarose (perda ou queda


de cílios), cabelo seco e quebradiço e fáscie apática.

➔ POR CAUSAS NEUROPÁTICAS


• Miastênica: Ptose palpebral unilateral, sem expressão.

• Parkinsoniana: Perda da expressão facial.

• Miopática: Ptose palpebral bilateral e perda da expressão.

➔ INDICATIVOS DE DOENÇAS
• Esclera azul: Sinal de osteogênese imperfeita;

• Hipocrática: Remete a doenças terminais. Olhos fundos e perdidos


(apáticos), bochecha proeminente (perda da massa do rosto),
lábios quebradiços, caquética (perda muscular, adiposa e óssea),
desnutrida.

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• Leonina: Típica de hanseníase. Madarose e ausência de barba, além de uma deformação
da face (presença de nódulos).

• Lúpica/Rash Malar: Sinal da borboleta (pele avermelhada).

• Mitral: Cianose nos lábios e bochechas rosadas devido à estenose da válvula mitral.

• Renal: Edema prioritário.

• Esclerodérmica: Fibrose (encurtamento da pele – retração, sem rugas). Telangiectasias


(varizes no rosto), abertura da boca limitada (doença reumatológica).

➔ POR FATORES EXTERNOS


• Argiria: Acúmulo de prata na pele pós quimioterapia.

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• Lipodistrófica: Perda aguda das bochechas, formando vincos. É um indicativo de uso de
anti-HIV.

➔ POR SÍNDROMES
• Élfica/Fáscie de Williams: Indicativo de Síndrome de Williams. O paciente precisa de
acompanhamento com médico cardiologista. Orelhas têm formato que se assemelham
com elfos.

https://www.goconqr.com/flashcard/17088367/f-cies

➢ Pele: Icterícia, cianose, palidez. Importante observar mucosas para perceber a diferença entre
pálido e corado ou alguma alteração de melanina.

➢ Orientação tempo-espacial: Observar se o paciente sabe se localizar na sala de atendimento e


compreender a posição do médico com relação a ele.
➢ Aperto de mãos:
ACHADOS CAUSAS
Mãos suadas e frias Ansiedade
Mãos secas e frias Raynaud
Mãos quentes e suadas Hipertireoidismo
Mãos grandes e suadas Acromegalia
Mãos secas, pele espessa Hipotireoidismo

- Dedos hipocráticos: Indicativo de câncer de pulmão, doenças pulmonares crônicas e


supurativas (bronquiectasias, abscesso, empiema, fibrose cística), fibrose pulmonar, doença
cardíaca congênita, endocardite, cirrose, doenças inflamatórias intestinais.
* Sinal de Schamroth: Também chamado de sinal da janela. Em condições de hipóxia com
desvio extrapulmonar de sangue, grandes fragmentos de megacariócitos deixam de entrar na
circulação pulmonar. Ao invés disso, eles ganham acesso à circulação sistêmica impactando
nos locais mais distantes. Há liberação de fatores de crescimento e induzindo assim ao
baqueteamento digital.

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➢ Odores:
ODOR CAUSAS
Adocicado Cetoacidose
Peixe Uremia
Putrefação Abscessos
Fezes Obstrução intestinal
Rato/mofo Fenilcetonúria (geralmente em crianças)
Amêndoas Intoxicação por cianeto
Fetor hepaticus (amoníaco) Cirrose

➢ Dados vitais: Vistos na aula anterior

➢ Hidratação: É avaliada por alterações de peso, análise da elasticidade e turgor de pele


(principalmente no dorso da mão), umidificação de mucosas oculares, olhos encovados em
crianças, dados vitais (desidratados têm FC aumentada e PA baixa). É importante analisar o
débito urinário e o enchimento capilar (apertar a ponta do dedo e esperar que ela volte a ficar
vermelha, suprida de sangue, em 2 a 3 segundos. Em idosos pode levar até 4,5s).
- A diurese é o dado mais confiável para se avaliar a hidratação de um paciente, porém,
demora-se cerca de 6h para diagnosticar
- Anasarca: sintoma caracterizado por um edema (inchaço) distribuído por todo o corpo devido
ao acúmulo de fluido no espaço extracelular. Geralmente causado por insuficiência cardíaca
ou renal.
- Sinal de Cacifo: Também chamado de sinal de Godet é um sinal clínico avaliado por meio da
pressão digital sobre a pele, por pelo menos 5 segundos, a fim de se evidenciar edema. É
considerado positivo se a depressão ("cacifo") formada não se desfizer imediatamente após a
descompressão.

- Tabela de sinais clássicos de desidratação:


Leve < 5% = 2,5L Sede leve; mucosas secas; urina concentrada

Moderada 5-8% = 4L As acima + sede moderada; redução do turgor de


pele; taquicardia
Grave 9-12% = 6L As acima + sede grande; olhos encovados; veias
colapsadas; hipotensão postural; oliguria

Choque > 12% > 6L As acima + comatoso; choque

➢ Nutrição: percentil de altura em crianças; tamanho dos músculos; alimentação; barriga inchada
(deficiência de proteína – Kwashiorkor), brilho do cabelo, unha quebradiça, pele seca, boca
(perda do esmalte do dente)
➢ Dados antropométricos: Cálculo do IMC; circunferência abdominal (90 cm para homens e 80 cm
para mulheres) – colocar a fita métrica entre a crista ilíaca e último gradil costal; índice cintura-
quadril (A/B) – maior que 0,9 para homens e maior que 0,8 para mulheres (decorar)

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