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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM

UNIDADE 2- EXAME FÍSICO GERAL

TÂNIA CATARINA
PROFESSORA

RIO DE JANEIRO
2022
EXAME FÍSICO GERAL
• Conhecido como SOMATOSCOPIA ou ECTOSCOPIA, o exame físico geral
deve ser realizado após a anamnese.
• O EXAME FISICO GERAL deve atender às seguintes sequencias:
avaliação do estado geral, fácies , atitude e decúbito preferido no leito,
atitude na posição em pé ou postura, movimentos involuntários;
biotipo ou tipo morfológico; altura e outras medidas antropométricas;
peso; desenvolvimento físico; semiologia da pele e lesões elementares;
marcha; mucosas e fâneros.
• AVALIAÇÃO DO ESTADO GERAL – é uma avaliação subjetiva baseada no
conjunto de dados exibidos pelo cliente e interpretados de acordo com
a experiencia de cada profissional. Podem ser utilizadas as expressões:
estado geral bom, estado geral regular e estado geral ruim.
FÁCIES
• É um conjunto de dados exibidos na face do cliente. É o resultado do
conjunto da anatomia humana com a expressão fisionômica. Deve-se
atentar para expressão do olhar, para os movimentos das asas do
nariz e a posição da boca.
• Existem alguns tipos de fácies correspondentes e algumas doenças,
como as seguintes: normal ou atípica; mixedematosa; hipocrática;
renal; leonina; adenoidiana; parkinsoniana; basedowiana;
acromegalia; cushingoide ou de lua cheia; mongoloide; depressão;
pseudobulbar; paralisia facial periférica; miastenica ou hutchinson;
deficiente mental; etílica; esclerodérmica; tetânica ou sardônica.
FÁCIES NORMAL ou ATÍPICA
• Apresenta características de normalidade, quando comparadas as
alterações existentes e conhecidas.
FÁCIES MIXADEMATOSA
• Rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada, com
aumento dos sulcos. Edema periorbital, com supercílios escassos e
cabelos secos e sem brilho. Fisionomia de desânimo e apatia. Está
presente principalmente no Hipotireoidismo.
FÁCIES HIPOCRÁTICA
• Olhos fundos, parados, inexpressivos. Nariz afilado e lábios delgados,
com presença de “batimento” das asas do nariz. Rosto quase sempre
coberto de suor. Típica de doença grave e estados agônicos, como por
exemplo, as caquexias.
FÁCIES RENAL
• Caracterizada por edema palpebral predominante, principalmente na
parte da manhã. Observada particularmente na síndrome nefrótica e
na glomerulonefrite difusa aguda.
FÁCIES LEONINA
• Pele espessada, sendo sede de grande número de lepromas de
tamanhos variados, em maior número na fronte. Os supercílios caem,
o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam-se mais grossos e
proeminentes. Há deformidade da bochecha e do mento pelo
aparecimento de nódulos. Barba escassa ou inexistente. Aspecto de
cara de leão. Típico de paciente acometidos do Mal de Hansen
(Hanseníase).
FÁCIES ADENOIDIANA
• Elementos fundamentais: Nariz pequeno e afilado e boca sempre
entreaberta. Presente nas crianças com hipertrofia das adenoides,
que dificultam a respiração nasal.
FÁCIES PARKINSONIANA
• É comum em pessoas acometidas pela síndrome de Parkinson. Possui
uma fisionomia inexpressiva, inclinação constante da cabeça para
frente, olhar fixo, supercílios elevados e a fronte enrugada. A pele fica
oleosa, podendo haver salivação pelo canto da boca.
FÁCIES HIPERTIREÓIDEA OU
BASEDOWIANA
• Traço caraterístico: Exoftalmia (olhos salientes; protrusão do globo
ocular para fora da órbita). Rosto magro, com expressão fisionômica
de vivacidade e às vezes aspecto de espanto e ansiedade. Presença de
bócio. Típica do hipertireoidismo.
FÁCIES ACROMEGÁLICA
• Saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do
rosto e maior desenvolvimento da mandíbula. Aumento do nariz,
lábios e orelhas. Visto na acromegalia, consequente à hiperfunção
hipofisária do adulto.
FÁCIES CUSHINGOIDE
• Arredondamento do rosto, caracterizando edema, com bochechas
avermelhadas e surgimento de acne. Observado no paciente com uso
prolongado de corticoides (Cushing iatrogênico) e também nos casos
da Síndrome de Cushing (hipertrofia do córtex das suprarrenais).
FÁCIES MONGOLOIDE
• Elemento característico: Fenda palpebral. Há ainda a prega cutânea
(epicanto) que torna os olhos oblíquos, bem distantes um do outro.
Rosto redondo e boca quase sempre entreaberta. Fisionomia de
pouca inteligência. Ex: Síndrome de Down.
FÁCIES DA DEPRESSÃO
• Cabisbaixo, olhos com pouco brilho e fixos em um ponto distante.
Sulco nasolabial acentuado e o canto da boca rebaixado. Visível na
síndrome da depressão, endógena ou reacional.
FÁCIES PSEUDOBULBAR
• Caraterizada por crises de choro ou riso, involuntárias, mas
conscientes, dando um aspecto espasmódico à fácies. Aparece
geralmente na paralisia pseudobulbar.
FÁCIES DA PARALISIA FACIAL
PERIFÉRICA
• Assimetria da face, com impossibilidade de fechar as pálpebras,
repuxamento da boca para o lado e apagamento do sulco nasolabial.
FÁCIES DE PARALISIA FACIAL
PERIFÉRICA
• Caracterizada por ptose palpebral bilateral que obriga o paciente a
franzir a testa e levantar a cabeça. Ocorre na miastenia gravis e em
outras miopatias que comprometem os músculos da pálpebra
superior
FÁCIES MIASTÊNICA OU
HUTCHINSON
• Caracterizada por ptose palpebral bilateral que obriga o paciente a
franzir a testa e levantar a cabeça. Ocorre na miastenia gravis e em
outras miopatias que comprometem os músculos da pálpebra
superior.
FÁCIES DO DEFICIENTE MENTAL
• Os traços faciais são apagados e grosseiros; a boca constantemente
entreaberta, às vezes com salivação. O olhar é desprovido de objetivo,
e os olhos se movimentam sem se fixarem em nada, traduzindo
alheamento ao meio ambiente.
FÁCIES ETÍLICA
• Apresenta-se com vermelhidão nos olhos e certas ruborização da face
associada ao hálito etílico, voz pastosa e um sorriso indefinido.
FÁCIES ESCLERODÉRMICA
• Denominada também fácies de múmia, pela quase completa
imobilidade facial. Pele apergaminhada, endurecida e aderente aos
planos profundos, com repuxamento dos lábios, redução do diâmetro
da boca (microstomia) afinamento do nariz e imobilização das
pálpebras. Fácies típica da esclerodermia.
FÁCIES TETÂNICA OU SARDÔNICA
• Exprime sensação de dor crônica, permanente.
ATITUDE

• É a posição adotada pelo cliente no leito ou fora dele, por


comodidade , habito ou com o objetivo de conseguir alivio para
alguma situação. As atitudes corporais mais comuns são as chamadas
atitudes voluntarias e as involuntárias.
ATITUDE ORTOPNEICA
ATITUDE GENUPEITORAL ou de “prece
maometana”
ATITUDE DE CÓCORAS
ATITUDE PARKINSONIANA
ATITUDE PASSIVA
ATITUDE ORTÓTONO
ATITUDE OPISTÓTONO
ATITUDE EMPROSTÓTONO
ATITUDE PLEUROTÓTONO
POSIÇÃO EM GATILHO
DECÚBITOS
• É a posição que o cliente adota para atingir o nível do conforto
desejado, o qual foi prejudicado por uma limitação física ou patologia.
Existem alguns tipos de decúbito : dorsal, ventral e lateral (direito e
esquerdo).
DECÚBITO VENTRAL
DECÚBITO LATERAL DIREITO E
ESQUERDO
POSTURA OU ATITUDE DE PÉ
• A avaliação do cliente deve ser feita também na posição de pé. Nessa
observação, conseguimos visualizar uma possível postura defeituosa,
consequência de mau costume ou de afecções da coluna vertebral.
• A postura pode ser classificada em: boa postura, postura sofrível ou
má postura.
CIFOSE
LORDOSE
MARCHA
• Deve ser analisada solicitando que o cliente caminhe por si mesmo,
sempre que possível, fazendo-o percorrer uma distancia de alguns
metros. Sua marcha é observada nos dois sentidos (ida e volta).

• ATIVIDADE:
• Cada aluno irá produzir um vídeo com os tipos de marcha de no
máximo 5 min com entrega até semana que vem (10 março)
MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS OU
HIPERCINESIAS
• São movimentos ou atos involuntários que não conseguimos controlar devido a
algumas condições patológicas. Os principais são:
• Tremores;
• Tremor de atitude ou postural;
• Tremor de ação ou intenção;
• Tremor de repouso;
• Tremor vibratório;
• Movimentos coreicos (coreia);
• Movimentos atetósicos (atetose);
• Hemibalismo
MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS OU
HIPERCINESIAS
• Mioclonias;
• Asterixis (flapping);
• Tiques;
• Convulsões:
• Tetania;
• Fasciculações.
BIOTIPO OU TIPO MORFOLÓGICO
• É o conjunto de características morfológicas apresentadas pelo individuo que
auxilia o enfermeiro a avaliar o posicionamento das vísceras. São classificadas em:
• Longilíneo: possui pescoço longo e delgado, tórax afilado, membros alongados
com franco predomínio sobre o tronco, ângulo de Charpy menor que 90°,
musculatura delgada, panículo adiposo pouco desenvolvido e tendencia para
estatura elevada.
• Mediolíneo: possui uma altura intermediaria caracterizando-se pelo equilíbrio
entre membros e o tronco, e pelo desenvolvimento harmônico da musculatura e
do panículo adiposo, e ângulo de Charpy em torno de 90°.
• Brevelíneo: caracteriza-se por pescoço curto e grosso, tórax alargado e volumoso,
membros curtos em relação ao tronco, ângulo de Charpy maior que 90°,
musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso, tendencia de baixa
estatura.
ALTURA E OUTRAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
• Na pratica diária, a única medida rotineira no adulto é a planta-vértice, isto
é , a altura total do individuo, que vai da planta dos pés ao vértice da cabeça.
• A envergadura é a distancia compreendida entre os extremos dos membros
superiores no individuo com os braços abertos, em abdução de 90°.
• A distância pubovértice corresponde à distancia entre a sínfise pubiana e o
ponto mais alto da cabeça.
• A distancia puboplantar equivale à distancia entre a sínfise pubiana e a
planta dos pés.
• As distancias pubovértice e puboplantar, aliadas a altura e envergadura, são
importantes na caracterização dos transtornos do desenvolvimento físico.
ENVERGADURA

PUBOVÉRTICE

PUBOPLANTAR
PESO
• A avaliação do peso possui sua importância, pois é um dos mecanismos de
verificação do nível da massa corpórea, de massa gorda, que pode
influenciar no estado de saúde do individuo. Pode ser também uma
referencia, aliado a outras avaliações, de definição do estado nutricional.
Existem algumas variações de peso, a saber:
• Magreza: significa apenas que o individuo está abaixo do peso mínimo
normal, não indicando, necessariamente, presença de doença ou estado de
desnutrição. Há dois tipos de magreza:
• Magreza constitucional: que não possui relação com qualquer doença e é
um traço genético.
• Magreza patológica: que ocorre em consequência de doenças, tais como
diabetes, hipertireoidismo, neoplasias malignas, tuberculose, anorexia
nervosa e ingestão insuficiente de alimentos.
CAQUEXIA
• É definição dada ao estado de extrema magreza com
comprometimento do estado geral do individuo. Aparece, geralmente
, em doenças consuntivas, como a tuberculose em fase avançada,
cirrose, desnutrição grave, neoplasias malignas e AIDS.
SOBREPESO E OBESIDADE
• Significa que o individuo esta acima do peso normal máximo. A
obesidade pode ser considerada uma doença por causar transtornos
metabólicos para o lado dos lipídeos e dos glicídios .
DESENVOLVIMENTO FISICO
• A avaliação antropométrica dos clientes é realizada considerando como
elementos básicos a altura e a estatura somática. Os achados podem ser
enquadrados nas seguintes alternativas: desenvolvimento normal,
habito grácil, infantilismo, hiperdesenvolvimento, hipodesenvolvimento.
• Desenvolvimento normal: significa que sua altura e estrutura
apresentam crescimento dentro do esperado e de forma proporcional.
• Habito grácil: significa constituição corporal frágil e delgada,
caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco desenvolvida, além
da altura e peso abaixo dos níveis normais.
DESENVOLVIMENTO FÍSICO
• Infantilismo: É a persistência anormal das características infantis na
idade adulta.
• Hiper e hipodesenvolvimento: o hiperdesenvolvimento é
praticamente sinônimo de gigantismo, e o hipodesenvolvimento se
confunde com nanismo. Ambos possuem a altura como elemento
documental.
Gigante acromegálico: decorre da hiperfunção do
lobo anterior da hipófise.
• Gigante infantil: apresenta extremidades inferiores muito longas,
lembrando o aspecto de eunucos (envergadura maior que a altura).
Depende da hiperfunção anterior da hipófise.
• Anão hipofisário: apresenta cabeça e troncos normais , mas
pequenos. A falta de crescimento é geral, mas os membros superiores
são desproporcionais ao resto do corpo.
• Anão raquítico: decorre do mau desenvolvimento e deformidade da
coluna e dos ossos longos, destacando-se a escoliose e o
encurvamento dos ossos e pernas, tórax cariniforme e rosário
raquítico.
Anão acondroplásico: caracteriza-se pela desigualdade
entre tamanho da cabeça e do tronco e o comprimento dos
membros. As pernas são curtas e arqueadas.
Cretino: decorre da hipofunção congênita da glândula tireoide, caracterizando-
se pela falta de desenvolvimento de todas as partes do corpo (cabeça, tronco e
membros), apresentando ventre volumoso, lábios e pálpebras grossos, nariz
chato e pele grossa e seca.
MUCOSAS
• As mucosas que observamos a olho nu, na pratica, são as da
conjuntiva (olhos), labiobucal, língual e gengival. Em casos
particulares, podemos examinar parte das mucosas nasal, retal e
vulvar. Ao avaliar as mucosas visíveis, podem-se observar:
• Alterações da coloração;
• Umidade;
• Outras alterações, como: ulcerações, fissuras, tumorações, etc.
ALTERAÇÕES DA COLORAÇÃO
• Palidez: encontrada nas anemias, utiliza-se o termo hipocorado. A
mucosa de coloração normal é chamada de normocorada.
• Hipercoloração: as mucosas hipercoradas são encontradas nos
estados policitemicos (poliglobulia secundaria das insuficiências
respiratórias);
• Cianose: é a cor azulada da mucosa que se manifesta quando a
hemoglobina reduzida está aumentada a 5g/Dl no sangue , nos
pequenos vasos dessas áreas.
• Icterícia: é a coloração amarelada da mucosa devido a um aumento
de bilirrubina no sangue.
FÂNEROS
• Os fâneros compreendem os cabelos, os pelos e as unhas.
• Pelos - alterações da distribuição e quantidade de pelos:
• Hirsutismo: aumento da quantidade de pelos longos, duros e espessos
em locais nos quais normalmente não deveriam existir.
• Hipertricose: aumento da quantidade de pelos sem as características
referidas para o hirsutismo, e em locais previamente existentes. É de
distribuição localizada, sem as características do hirsutismo.
• Alterações das características dos pelos:
• Consistência;
• Espessura;
• Brilho.
UNHAS
• Normais: brilho, espessura, coloração e continuidade de superfície.
• Principais alterações:.
• Unhas em vidro de relógio: tem ângulo acima de 160°. Normal nas raças
negras, mas pode indicar cardiopatias congênitas, câncer de pulmão, etc.
• Unha celoníquia: encurvamento da unha de concavidade voltada para cima.
Ex: anemias crônicas.
• Unha paroníquia: é a inflamação do tecido epidérmico periungueal. Ex:
lavadeiras, pedreiros, etc.
• Unha leuconiquea: são manchas brancas de incidência comum.
REFERÊNCIAS:
• 1 MARTINS, Elizabeth Rose et.al; Manual do exame físico para
enfermeiro. Rio de Janeiro. Ed. Águia dourada,2015.
• 2 POTTER, Patricia et. Al; Fundamentos de Enfermagem. Rio de Janeiro.
Ed. Elsevier, 2013.

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