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ATLS

Amanda Rosina Nardi – RA 1810641


Amanda Uetanabara Piai – RA 1791038
Isadora Sornas Rodrigues – RA 1792698
Jonas André J. Pinheiro – RA 1792876
INTRODUÇÃO
Ao pensar em trauma, a principal referência é o ATLS
(Advanced Trauma Life Support), um manual que
sistematiza a sequência de atendimento ao paciente
politraumatizado para propor medidas durante a chamada
hora de ouro.
EPIDEMIOLOGIA
O trauma mata, em média, 9 ATLS
pessoas por minuto e até 5,8
milhões por ano, geralmente dos
1 a 44 anos – o que faz com que
cerca de 12% dos gastos em
saúde no mundo sejam voltados
para o trauma, excedendo 500
bilhões por ano.

Outros Tráfego rodoviário Envenenamento


Quedas Incêndios Afogamento
Suicidio Homicídio Guerra
EPIDEMIOLOGIA
Estudos demonstram que as mortes determinadas pelo trauma ocorrem em três períodos
de tempo (distribuição trimodal):
a) Dentro de segundos a minutos do evento: causados principalmente por lacerações
de aorta, traumatismo cardíaco, lesões da medula espinhal ou tronco cerebral que
determinam apneia. A forma de prevenção é através da realização e divulgação de
medidas preventivas.
b) Dentro de minutos a horas do acidente: eventos mais comuns são hemorragias
viscerais, hemopneumotórax e hematomas epidural e subdural. Um atendimento
adequado pode reduzir a mortalidade, sendo, portanto, considerada a “hora de ouro”
(Golden hour).
c) Várias horas a semanas do acidente: representado por SEPSE ou disfunção de
múltiplos órgãos.
ATENDIMENTO INICIAL AO
POLITRAUMATIZADO
O objetivo do atendimento é prestar Preparação Triagem
Avaliação
primária
suporte médico às vítimas, no intuito
de preservar sua vida. Portanto, o Transferência
Medidas
Reanimação (se
atendimento precisa ser ágil, e por auxiliares
necessário)

isso, é sistematizado na seguinte


Reavaliação
sequência: Avaliação
secundária
Medidas
auxiliares
e
monitorização

Tratamento
definitivo
PREPARAÇÃO Nesse momento, é importante que o
socorrista esteja a par de algumas
informações da vítima, como:
FASE PRÉ-HOSPITALAR documentação, história do trauma,
horário e mecanismo, e eventos
Envolve condutas que seguem um relacionados.

protocolo específico, PHTLS. Essa


fase requer que os socorristas
abreviem o máximo a permanência da
vítima na cena do trauma e notifique o
hospital de destino antes de iniciar o
transporte, para que os médicos se
preparem.
PREPARAÇÃO
FASE INTRA-HOSPITALAR
Se inicia a partir do momento da notificação dos socorristas. Consiste num
planejamento antecipado à chegada do paciente por parte da equipe e seu líder.
Compreende:
1. Desligar o ar-condicionado da sala de trauma;
2. Proteção da equipe (máscaras, óculos, luvas e avental impermeável);
3. Organizar a área de reanimação;
4. Equipamentos de via aérea (testar todos);
5. Soluções de cristaloides aquecidas;
6. Equipamento para monitorização;
7. Protocolo onda vermelha (sistema de alarmes na sala de trauma são acionados,
para que o politrauma se torne prioridade em todos os setores envolvidos).
TRIAGEM
Importante para classificar uma ordem de prioridade, quando há mais de uma vítima.
Há 2 tipos de situações de triagem:
• Múltiplas vítimas – quando os recursos presentes são suficientes para atender a
quantidade total de vítimas e manejar a gravidade das lesões. A prioridade de
atendimento são pacientes com risco de vida iminente ou traumatismos
multissistêmicos.
• Vítimas em massa – o número de vítimas e a gravidade das lesões excedem a
capacidade de atendimento. Tem prioridade de atendimento aqueles com maior
chance de sobrevida.
Essa abordagem baseia-se no lema “tratar primeiro o que representa maior ameaça à
vida”, utilizando uma ordem: XABCDE do trauma.
PROTOCOLO START

Existe alguns protocolos que


auxiliam a realização da triagem em
situação com diversas vítimas. O
protocolo START é um, a se seguir
para realizar de maneira rápida e
fácil no atendimento pré-hospitalar.
ABCDE DO POLITRAUMA
X - Controle de hemorragias graves
A - Vias aéreas + controle da coluna
cervical

B- Respiração

C- Circulação

D- Déficit neurológico A ordem de prioridade não se baseia no


que mais mata, e sim no que mata mais
rápido!

E- Exposição
ABORDAGEM INICIAL
A apresentação inicial do médico ao paciente já traz informações importantes
sobre seu estado clínico. A resposta à essa medida nos traz as seguintes
informações:
a) Não há comprometimento de vias aéreas (A), pois, como ele respondeu,
estão pérvias;
b) Não há comprometimento da ventilação (B), pois, o ar teve que passar
para formar a voz;
c) Há perfusão suficiente para raciocinar (C);
d) E, por fim, não há diminuição do sensório (D);
Com essa visão do estado geral do paciente, iniciamos a avaliação primária
propriamente dita.
ABORDAGEM INICIAL
X  CONTROLE DE HEMORRAGIAS EXTERNAS
GRAVES
A abordagem a esta, deve ser antes mesmo do manejo das vias aéreas,
uma vez que epidemiologicamente, apesar da obstrução das vias aéreas
ser responsável pelos óbitos em um curto período de tempo, o que mais
mata no trauma são as hemorragias graves, que devem ser estancadas
em um primeiro momento.
ABORDAGEM INICIAL
A  VIAS AÉREAS + RESTRIÇÃO DA MOBILIDADE
CERVICAL
O que mata mais rápido é a apneia. Então, para avaliar a permeabilidade das VA:
• No paciente consciente: solicita que o paciente abra a boca;
• No paciente desacordado: manobra de abertura de VA, Jaw Thrust
(preferencial) ou Chin Lift, sempre mantendo a coluna cervical estabilizada;
Caso haja, de fato, algo obstruindo a passagem de ar:
• Corpo estranho (CE): retirar com dedo em garra;
• Sangue/secreções: aspirador de ponta rígida;
OBS: Todo paciente politraumatizado merece receber oxigênio suplementar
ofertado com máscara não reinalante, com 12-15L de O2/min.
ABORDAGEM INICIAL
Caso o paciente não tenha capacidade de manter a via aérea pérvia, uma via aérea
definitiva deve ser considerada.
o INDICAÇÃO DE VIA AÉREA DEFINITIVA:
• ECG < 9
• Queimaduras faciais
• Trauma maxilofacial
• Risco de obstrução de VA
• Potenciais inalações
• Trauma laríngeo
A forma mais fácil de promovê-la é realizando uma intubação orotraqueal (IOT).
Caso não seja possível, podemos optar por uma cricotireoidostomia (por punção ou
cirúrgica) ou ainda uma traqueostomia.
ABORDAGEM INICIAL
o COLUNA CERVICAL
Cerca de 80% dos óbitos por lesão traumática da coluna deve-se a luxações do atlas-
occipital e fraturas de C1-C2.
O colar cervical, isoladamente, permite movimentação lateral parcial da cabeça,
assim como pequena rotação e movimentação anteroposterior. Assim, para uma
imobilização correta, deve-se utilizar também uma prancha longa rígida, somada a
coxins laterais para garantir a fixação da cabeça durante o transporte do paciente.
Na sala de trauma, a prancha rígida deve ser retirada, pelo risco de úlceras de
pressão.
ABORDAGEM INICIAL
B  VENTILAÇÃO
Se passamos pelo A, garantimos que o ar está chegando nos pulmões da vítima. Mas
isso não garante a eficiência das trocas gasosas, e é justamente essa oxigenação que
avaliamos no B.
• Inspeção: a expansão está simétrica?
• Palpação: há fratura palpável? Crepitação ou dor à palpação?
• Ausculta: MV bem distribuído e simétrico? (abolido/reduzido pode indicar
pneumotórax/hemotórax)
• Percussão: se, ao invés do som claro pulmonar (timpânico), estiver maciço pode
indicar hemotórax/hipertimpânico pode indicar pneumotórax;
ABORDAGEM INICIAL
o LESÕES QUE PREJUDICAM A VENTILAÇÃO:
• Pneumotórax hipertensivo – ar na cavidade pleural com repercussão hemodinâmica. Seu
mecanismo cria uma válvula unidirecional, que permite apenas a entrada de ar, e não a saída.
Assim, o grande volume de ar acumulado aumenta a pressão torácica, o que reduz o retorno
venoso e causa a estase de jugular. Além de comprimir o mediastino para o lado contralateral,
levando ao desvio de traqueia. Com isso, encontramos timpanismo à percussão e abolição de
murmúrios vesiculares, em um paciente com dispneia intensa e dor torácica. A conduta é: drenar o
conteúdo gasoso por punção de alívio e drenagem torácica.
• Hemotórax maciço – presença de sangue na cavidade pleural; maciço pois V > 1,5L. Paciente
também se mostra com dor torácica, dispneia, possível desvio de traqueia, macicez a percussão e
abolição dos MV. O tratamento consiste em: drenagem torácica, porém, considerando o choque
associado, realiza-se reposição volêmica.
ABORDAGEM INICIAL
o LESÕES QUE PREJUDICAM A VENTILAÇÃO:
• Tamponamento cardíaco – acúmulo de líquido na cavidade pericárdica, que comprime o coração
e limita seu movimento, causando um choque restritivo. Nesta condição está presente a Tríade de
Beck, composta por: hipotensão, estase jugular, abafamento das bulhas cardíacas. O tratamento
ideal seria uma toracotomia de emergência, mas, caso não haja tempo hábil ou profissional
capacitado, realiza-se uma pericardiocentese (que é uma medida de alívio).
ABORDAGEM INICIAL
C  CIRCULAÇÃO
o Hemorragia
O principal objetivo do C é identificar e tratar hemorragias, principal causa de
morte pós-traumática evitável.
OBS: O ATLS prega que, uma vez afastado pneumotórax hipertensivo, todo
choque no trauma é hipovolêmico até que se prove o contrário.

 Quais sinais indicam que o paciente está em choque? 3Ps:


• Pele: pálida e fria.
• Pulso: taquicardico
• Perfusão: tempo de enchimento capilar >3s.
ABORDAGEM INICIAL
o Choque
Outros fatores que também nos ajudam a identificar um possível choque são:
• Hipotensão
• Rebaixamento do nível de consciência
• Débito urinário reduzido
Devemos ter uma atenção especial com:
• Idosos: possuem capacidade limitada de aumentar sua FC em resposta à perda
sanguínea, logo podem apresentar choque sem taquicardia.
• Crianças: possuem uma reserva fisiológica muito grande e costumam não
apresentar sinais de choque; mas, quando descompensam, acontece de forma
rápida e catastrófica.
• Atletas: também possuem mecanismos de compensação semelhantes aos das
crianças, e podem inclusive apresentar bradicardia relativa.
ABORDAGEM INICIAL
o Choque
Ao identificar, obtém-se um acesso venoso periférico uni/bilateral calibroso, para iniciar
reposição volêmica com 1L de Ringer Lactato ou SF 0,9% aquecidos e, então, reavaliar
a necessidade de continuar a reposição de acordo com a resposta do paciente.
OBS: Todo choque é hipovolêmico/hemorrágico até que se prove o contrário. Logo,
sempre repomos volume.
Mesmo realizada a reposição volêmica em um paciente chocado, é mandatório
investigar a fonte de sangramento, através de inspeção e/ou exames de imagem. Nos
casos de hemorragia externa, faz-se compressão direta e, caso seja ineficaz, pode-se
avaliar a necessidade de realizar torniquete. Nos casos de hemorragia interna (que
acomete tórax, abdome, pelve, retroperitônio e ossos longos), os tratamentos variam.
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE
HEMORRÁGICO
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE
HEMORRÁGICO
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE
HEMORRÁGICO
Essa tabela do ATLS mostra a perda estimada de sangue baseada na condição inicial do
doente. A diurese constitui o parâmetro principal para a reposição volêmica adequada –
daí a necessidade de fazer uma sondagem vesical.
• Classes I e II, não complicadas (perda sanguínea de no máximo 1500ml), costumam
estabilizar apenas com infusão de cristaloide (Ringer Lactato aquecido a 39oC).
• Classe III e IV, com perda sanguínea maior que 1500ml, são marcadas pela
hipotensão, e, portanto, são candidatos à transfusão e uso precoce de ácido
tranexâmico.
Contudo, a prioridade é sempre interromper o sangramento, por cirurgia ou
embolização.
ABORDAGEM INICIAL
D  DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA
Aqui avaliamos o sistema nervoso do paciente, o que inclui:
• Reatividade das pupilas → bilateral; estão isofotorreagentes?
• Sinais de lateralização → bi hemi/para/tetraplegia?
• Nível de consciência → pode ser causado por trauma no SNC ou por
hipoperfusão; logo, ao detectar rebaixamento, é mandatório reavaliação imediata
das VA.
Avaliamos esse nível de consciência através da Escala de coma de Glasgow.
ESCALA DE COMA DE GLASGOW

Pesquisa-se resposta motora


“beliscando” o trapézio ou
pressionando o leito ungueal ou a
região supraorbital. O uso de drogas
também pode rebaixar a consciência,
porém, no trauma, toda alteração de
consciência deve ser considerada de
lesão no SNC até que se prove o
contrário.
ABORDAGEM INICIAL
E  EXPOSIÇÃO PRIMÁRIA
Para finalizar a avaliação primaria, temos que despir completamente o
paciente para procurar lesões externas – e não esquecer de racioná-lo
(em monobloco) para avaliar o dorso. Nessa etapa é fundamental a
atenção a hipotermia.
Nesse momento se deve realizar os exames indicados para o quadro do
paciente.
MEDIDAS AUXILIARES
São os exames e procedimentos que auxiliam na monitorização do
paciente (na maioria das vezes são realizadas simultaneamente a avaliação
primária):
• ECG;
• Oximetria de pulso;
• Sondagem gástrica e vesical;
• PA e FC;
• Capnógrafo;
• Gasometria arterial;
• Radiografias.
TRANSFERÊNCIA
Acabado o atendimento inicial, com a anamnese
colhida, cabe ao médico decidir se o paciente deve
ser transferido para um serviço especializado.
OBS: NUNCA um paciente instável deve ser
transferido.
Havendo necessidade, essa transferência não deve
ser atrasada (exceto quando estão realizando
medidas de ressuscitação ou garantir uma
transferência segura).
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
Terminado o ABCDE, vamos para a avaliação secundária, que consiste
em examinar o paciente de forma integral, realizando exame físico de
todos os sistemas e fazer a anamnese do trauma, que inclui a história
AMPLA:
• Alergias
• Medicamentos em uso
Realizado somente nos
• Passado médico/prenhez pacientes que demonstrem
tendência à normalização
• Líquidos e alimentos ingeridos recentemente de suas funções vitais.

• Ambiente e eventos do trauma


REAVALIAÇÃO
O atendimento foi finalizado, mas esse paciente deve ser reavaliado
constantemente, para garantir que nenhuma lesão passe despercebida. É
essencial a manutenção continuada dos dados vitais e diurese horária.
OBRIGADO!
REFERÊNCIAS
1. AMERICAN COLLEGE OF SURGIONS COMMITTEE ON TRAUMA.
ATLS: Advanced Trauma Life Suport. 10 ed. , 2018.
2. SANARFLIX. Atendimento inicial ao trauma. Disponível em:
https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5daab8754340d20011fb2951/
5daab78c4340d20011fb294e/documento/5daab78675f1530028c326f3.
Acesso em: 29 nov. 2021.
3. SANARFLIX. ATLS. Disponível em:
https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5daab8754340d20011fb2951/
5daab78c4340d20011fb294e/documento/5e5d5beb42f6250021dbacbd.
Acesso em: 29 nov. 2021.

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