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Dividido em:
Hemorrágico:
● Perda de sangue gera redução no volume intravascular, o que pode resultar
em choque;
● Causas: trauma (tanto o contuso, quanto o penetrante) → o mais comum, seguido por
hemorragia varicosa e sangramento intestinal inferior;
● Causas menos comuns: sangramento pós-operatório, ruptura da aorta
abdominal, fístula aórtica entérica, pancreatite hemorrágica;
Não-hemorrágico:
● Pela diminuição intravascular por conta de perda de algum fluido que não
seja sangue;
● Mais comumente é ocasionado pela perda de Na+ ou H2O;
● Exemplos: TGI (diarreia, vômitos), pele (queimaduras, condições
dermatológicas severas, como a síndrome de Stevens-Johnson), perdas
renas (uso excessivo de diuréticos, nefropatias);
→ Fisiopatologia do choque:
● O volume contido no compartimento intravascular é insuficiente para a
perfusão tecidual, o que significa que há uma liberação insuficiente de O2
para as mitocôndrias, fazendo com que essas organelas precisem realizar
um metabolismo anaeróbio e, assim, há produção de ácido lático e,
consequentemente, morte celular;
● A hipovolemia/hipoperfusão faz com que ocorra ativação por reflexos de baro
e quimiorreceptores hiperventilação. Dessa forma, ocorre a ativação
simpática cardíaca, vasoconstrição dos vasos de resistência e capacitância,
havendo restrição do fluxo sanguíneo na pele, musculoesquelético, renal e
esplênico, havendo preservação do fluxo sanguíneo no cérebro e no
miocárdio;
→ Tríade letal:
● Acidose:
○ Hipoperfusão dos tecidos;
○ Acidose metabólica;
○ Função reduzida do fator VII de coagulação;
○ Metabolismo celular passa de aeróbico para anaeróbico;
● Hipotermia:
○ Temperatura abaixo de 35°C;
○ Inativação dos fatores de coagulação temperatura-dependentes;
○ Vasoconstrição periférica, diminuindo a perfusão das extremidades;
● Coagulopatia:
○ Comprometimento da homeostase do sangue;
○ Atribuída à diluição de transfusão de sangue maciça, fluidoterapia,
hipotermia progressiva e desenvolvimento de acidose;
● Sinais e sintomas:
○ Refletem o comprometimento da entrega de oxigênio e a
diminuição da perfusão dos órgãos;
○ Em choque leve, a compensação fisiológica pode mascarar
esses déficits, resultando inicialmente em sintomas
inespecíficos, como mal estar, fraqueza, fadiga, elevação na FC
(com a tentativa do organismo de aumentar o DC) ou taquipneia
(para compensar o desenvolvimento de acidose);
○ Paciente descompensado → surgem sinais e sintomas mais clássicos:
■ Confusão e encefalopatia;
■ Taquicardia;
■ Hipoxemia;
■ Pele fria e pegajosa;
■ Diminuição do enchimento capilar;
■ Oligúria ( < 0,5 mL/kg/hora) pode indicar choque;
■ Hipotensão → ausência de hipotensão não pode ser usada para
excluir choque;
● Como fazer o diagnóstico?
○ O início do tratamento não deve ser adiado até o diagnóstico
final;
○ Objetivos:
■ Confirmar se há ou não choque;
■ Identificar a etiologia suspeita ou determinar o tipo de
choque;
○ Anamnese:
■ Importante para identificar sintomas inespecíficos e
possíveis etiologias;
■ HDA → trauma, cx, GI;
○ Exame físico:
■ Sinais vitais → específicos, mas não sensíveis;
■ FC, FR, PAM, estado mental;
■ Perfusão capilar;
■ Cateter vesical assim que inicia a avaliação;
■ Retirar toda a roupa para avaliar;
○ Lactato → elevado;
○ Provas de função renal → débito urinário diminuído, uréia e creatinina
elevadas
○ Provas de função hepática;
○ Enzimas cardíacas → elevadas se for grave;
○ Hemograma completo (com diferencial) → hemácias e plaquetas
baixas;
○ TP, TTP e INR → elevados;
○ Exame de urina e sedimento → densidade elevada e pH baixo;
○ Gasometria arterial → hipercalemia;
○ ECG → taquiarritmia;
○ Tipagem sanguínea e prova cruzada;
○ Beta-HCG;
○ Glicose;
○ Albumina;
● Diagnóstico etiológico:
○ O exame físico pode ser usado para diferenciar o choque com
DC elevado (distributivo) daquele com DC baixo (choque
cardiogênico, choque hipovolêmico e choque obstrutivo);
○ DC elevado → extremidades periféricas aquecidas, enchimento capilar
rápido (< 2 s) e pulsos amplos;
○ DC diminuídos → extremidades frias, enchimento capilar demorado
ou pulsos fracos;
■ Aumento das pressões de enchimento intravascular
(choque cardiogênico) e depleção de volume
intravascular (choque hipovolêmico);
○ A PVJ pode estar elevada no choque cardiogênico (com
insuficiência cardíaca direita) e reduzida (PVJ < 8 cm) no
choque hipovolêmico;
○ O exame físico pode demonstrar o local de uma infecção não
tratada (celulite, abscesso, lesão por pressão infectada ou outro
foco infeccioso). Da mesma forma, grandes equimoses podem
indicar um sangramento significativo relacionado com trauma ou
sangramento retroperitoneal espontâneo. O exame retal pode
revelar hemorragia GI;
○ O exame físico vai ser de extrema importância para verificação
de sinais e sintomas, a fim de estabelecer ideias as quais
podem sugerir a etiologia do choque. Esse exame físico
demonstra-se mais importante ainda em casos os quais o
paciente não conseguirá fornecer informações na anamnese
● Exames de imagem:
○ A partir de suspeitas;
○ Aneurisma de aorta abd: USG no pronto-socorro;
○ Sangramento GI: sonda nasogástrica + lavagem gástrica;
○ Úlcera perfurada ou Síndrome de Boerhaave: RX TÓRAX;
○ Endoscopia, colonoscopia;
○ Gravidez confirmada → USG pélvica no PS;
○ Dissecção da aorta torácica: ecocardio, aortografia, TC tórax;
○ Lesão abdominal traumática: FAST ou TC ABD (paciente
estável);
○ Fraturas de ossos longos: RX;
● Diagnóstico diferencial:
○ Causas ginecológicas;
○ Toxicidade;
○ Sangramento gastrointestinal inferior;
○ Fraturas pélvicas;
○ Traumas diversos;
○ Aneurisma torácico;
○ Sangramento gastrointestinal superior;
● Manejo clínico:
○ Suporte básico à vida (ABC):
○ A: via aérea pérvia, mantendo-a livre e protegida contra
obstrução;
○ B: manter adequada a ventilação e oxigenação do paciente,
com fornecimento de O2 suplementar por meio de máscara
facial;
○ C: considerar, principalmente: volume sanguíneo, débito
cardíaco e sangramentos.
■ Dar atenção às possíveis causas do choque, visando
tratamento definitivo;
● Reposição de fluidos (Ventilation Infuse Pump):
○ Acesso venoso:
■ Um acesso venoso periférico calibroso;
■ Acesso venoso central (femoral, jugular e subclávia);
■ Coletar sangue para tipagem, e prova cruzada;
○ Solução usada:
■ Cristalóide (ringer e soro fisiológico) ou colóides
(albuminas, dextranas e gelatinas);
■ Cristalóides são preferíveis, sendo o Ringer Lactato o
mais indicado;
■ 1L de Ringer Lactato ou Soro fisiológico 0,9% (aquecidos
a 39°C) em adultos e 20 mL/Kg em crianças;
■ A infusão contínua de grandes volumes de fluidos e de
sangue não substitui o controle definitivo da hemorragia;
● Transfusão:
○ A reposição precoce de sangue e hemoderivados deve ser
considerada em doentes com hemorragias classe III e IV;
○ 1:1:1 (hemácias, plasma e plaquetas) em choque classe II em
diante;
● Administração de drogas vasoativas:
○ Auxílio para manter a pressão e a perfusão;
○ Vasopressores:
■ Aumento da resistência vascular periférica/sistêmica por
meio do aumento do tônus vascular (diminuição do
diâmetro);
○ Ionotrópicos:
■ Atuam no aumento da contratilidade cardíaca;
○ Vasodilatadores:
■ Atuam na diminuição da resistência vascular
periférica/sistêmica por meio da diminuição do tônus
vascular (aumento do diâmetro);
● Avaliação da reposição volêmica e perfusão do oxigênio;
● Acidose metabólica pode surgirem casos graves e sua persistência
pode indicar uma reposição inadequada/insuficiente de fluidos. Logo
deve-se (re)administrar a infusão de sangue fluidos;