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Curso de Urgências e

Emergências Ginecológicas

Choque
Hipovolêmico
Choque Hipovolêmico

Choque Choque hipovolêmico

Síndrome clínica Choque em que há


aguda caracterizada volume sanguíneo
por hipoperfusão e circulante inadequado,
disfunção grave de resultante de
órgãos vitais para a hemorragia ou
sobrevivência depleção aguda de
volume
Choque Hipovolêmico

• Importância:
– Morbidade
– Impacto econômico
– Tratamento de incapacidades a longo prazo

– O Ginecologista deve compreender a patogênese, sinais/


sintomas e tratamento do choque:
• O pronto reconhecimento reduz a morbidade e mortalidade
Choque Hipovolêmico
• Avaliação clínica :

– Medir FC e PA em pé, sentada, deitada com 5 min de


intervalo

– Alteração ortostática é um aumento postural no pulso de


10 a 15 bpm ou queda na PAS de pelo menos 10 mmHg

– A manifestação clínica varia de acordo com a velocidade e


do volume total perdido
Choque Hipovolêmico

Classificação do Choque
I II III IV
• Perda de até 15% • Perda de 15 a 30% • Perda de 30 a 40% • Perda de mais de
Volume sanguíneo (1000 ml) Volume Volume Sanguíneo 40% do Volume
• FC normal ou Sanguíneo • Queda significante Sanguíneo > 2000
levemente elevada • FC entre 100 a da PAS inicial 30 a ml)
• Não há alteração da 120bpm 40% ou PAS < • PAS <90 mmHg
PA • FR=20 a 24 irpm 90mm Hg • FC >120 irpm
• Não há alteração da • Pele fria e pegajosa • Alteração do estado • FR> 24irpm
FR • Tempo de de Consciência • Anúria
• Não há alteração do enchimento capilar • FC > 120bpm • Agitação
tempo de >2 seg • FR > 24 irpm • Coma
enchimento capilar • Pressão arterial em • Oligúria
repouso é • Tempo de
geralmente enchimento capilar
preservada aumentado >2seg.
• Hipotensão
postural
Choque Hipovolêmico

• Princípios básicos:

– Hemoglobina: determinante da distribuição de oxigênio:


• Mas também é dependente de mecanismos compensatórios: sistema
renina angiotensina e hipotalâmico-hipofisário-suprarenal

– Oxigenação tecidual adequada: enquanto volume intravascular for


adequado
• Debito cardíaco aumenta apesar da Hg baixa (ex: <7 g/dl)

– A maioria dos indivíduos normais tolera Hg até 7 g/dl


Choque Hipovolêmico

• Princípios básicos:

– Regra de reposição de cristaloides: 3:1 (300 ml de cristaloide para


100 ml de perda sanguínea).
• Em 24 h , 2/3 dos cristaloides dispersarão para os compartimentos
intersticiais

– Funções cerebrais e cardíacas:


• mantidas pelo desvio de fluxo sanguíneo da pele, músculos, trato gastrointestinal e
rins.
• PAM abaixo de 60 a 70 mmHg: altera perfusão cerebral

– No choque classe IV a sobrevida depende:


• Transfusão rápida de sangue e cristaloides
• Intervenção cirúrgica rápida antes que funções cardíacas e cerebrais falhem
Choque Hipovolêmico
Choque Hipovolêmico

Diminui pré carga

Aumento da atividade simpática

Vasoconstrição

Diminui PAM Isquemia

Insuficiência de múltiplos órgãos


SARA
Insuficiência Hepática
Sangramento de estresse GI
Insuficiência Renal
Choque Hipovolêmico

• Achados Clínicos Cerebrais:

– Sintomas de Hipóxia Cerebral

• Quando a PAM cai abaixo de 60 a 70 mmHg


PAM= PAS + (PAD x 2)
3
• Dependem da gravidade e duração da hipovolemia
• Alterações sutis na acuidade mental
– Classe I e II
• Confusão, letargia, obnubilação e coma
– Classe III e IV
Choque Hipovolêmico

• Achados Clínicos Cardíacos:

– Taquicardia
• Pode estar associado a uma pressão larga de pulso e pulsos
latejantes
– fase hiperdinâmica aguda do choque

• Pode estar associado a pulsos fracos e filiformes


– Choque hemorrágico grave
Choque Hipovolêmico
• Achados Clínicos Cardíacos:

– Sinais de hipoperfusão de artérias coronárias


• Dor torácica e dispneia

• Distensão das veias jugulares

• Estertores e crepitações pulmonares

• Galope de B3 e B4, sopro de regurgitação mitral

• Alterações no ECG de isquemia miocárdica


Choque Hipovolêmico

• Achados Clínicos Renais:

– Oligúria: é mais sensível e confiável na avaliação da perda de volume.


Decorre da perfusão diminuída pelo volume diminuído.

Azotemia pré-renal Insuficiência renal aguda


oligúrica

Relação creatinina > 40 < 20


urinária e plasmática

Excreção de sódio urinário < 20 mEq/L/24h > 40 mEq/L/24h

Osmolaridade urinária Alta (> 500 mOsm) Baixa (< 350 mOsm)
Choque Hipovolêmico
• Achados Clínicos Renais:

• Oligúria: é mais sensível e confiável na avaliação da perda de volume.


Decorre da perfusão diminuída pelo volume diminuído.

• Achados Clínicos de Pele e Mucosas:

– Pele cianótica: hipoxemia pronunciada

– Pele úmida, fria e pegajosa


• Estimulação simpática secreção sudorípara

– Reenchimento capilar
• Na perda de mais de 30%de volume = teste positivo (> 2seg)

– Lábios e cavidade oral secos e rachados - “Sede”


Choque Hipovolêmico
• Achados Clínicos Permeabilidade SARA
capilar aumentada
Pulmonares:
Acúmulo de água
pulmonar extra vascular
– Dispneia, hipoxemia
progressiva,
Células inflamatórias
– Infiltrados pulmonares destroem células alveolares
bilaterais difusos
– Complacência reduzida Proliferação de
– Achados radiográficos: edema pneumócitos
pulmonar
– PO2 baixa (< 65 mmHg) Fibrose
• Estimulação simpática seguida de
acidose
Choque Hipovolêmico

• Achados Clínicos Hepáticos:

– Disfunção hepática primária


• Coagulação intravascular disseminada
• Sangramento

– Disfunção hepática secundária


• Hiperbilirrubinemia devido degradação de eritrócitos e disfunção hepatocelular
• Mais frequente na sepse
Choque Hipovolêmico

• Achados Clínicos Gastrointestinais:

– Sangramento gastrointestinal

• Citocinas e radicais livres podem promover lesão adicional que resultam em


ulceração ou sangramento

• Coloração em borra de café de aspirados gástricos ou sangramento vermelho-vivo

• A lesão da mucosa favorece a translocação de bactérias para o sangue o fígado


Choque Hipovolêmico

• Tratamento do choque

– Mnemônico ORDER

• Sequência de prioridades de ressuscitação

O OXIGENAR
R RESTAURAR VOLUME CIRCULATÓRIO
D DROGAS
E ESTIMATIVA DA RESPOSTA A TERAPIA
R REMEDIAR A CAUSA SUBJACENTE
Choque Hipovolêmico

• O OXIGENAR

– Assegurar via aérea adequada

– Aplicação de oxigênio por cânula nasal 1 a 6 L/min

– Se for necessário máscara fechada: 8 a 10 L/min

– Pacientes desorientadas : intubação endotraqueal


Choque Hipovolêmico

• R RESTAURAR VOLUME CIRCULATÓRIO

– Cateter venoso calibre 14 ou 16

– Ringer lactato: 1 a 2 L - SF 0,9%: pode ser usado mas o uso


prolongado aumento risco de acidose hiperclorêmica

– Colher hemograma , eletrólitos, magnésio, glicose, fosfato


Choque Hipovolêmico

• R RESTAURAR VOLUME CIRCULATÓRIO

– Normatizar gradiente alveoloarterial em PaCO2 > 30mmHg ou SaO2 >


55 % - Manter Gases sanguíneos:
PaO2 80-100 mmHg
PaCO2 30-35 mmHg e pH > 7,35

– Manter PAS em pelo menos 90 mmHg e PAM em 60 mmHg

– Manter Hg > 7mg/dL e 10 mg/dL em pacientes cardíacos

– Manter saturação de oxihemoglobina arterial em pelo menos 92% e


manter lactato sérico em 2,2 mMol/L

– Manter débito urinário de 20-30mL/h


Choque Hipovolêmico

• R RESTAURAR VOLUME CIRCULATÓRIO

– Uso de componentes sanguíneos:


• 200 a 250 mL de concentrado de hemácias tem hematócrito de 70%
• Combinado com soro é o componente de escolha
• Como verificado que HG> 7mg/dL mantem transporte de oxigênio satisfatório: não
se recomenda a transfusão empírica
• Perda sanguínea maior que 25% do sangue total
– Administrar sangue total : fornece quantidade de fatores de coagulação semelhante ao
plasma fresco congelado exceto fator V e VIII

– Coagulopatia dilucional verdadeira só ocorre quando 100% do sangue


é substituído
Choque Hipovolêmico

• D DROGAS

– Suporte farmacológico da PA
• Agentes inotrópicos e vasopressores
– Dopamina e dobutamina
» Estimula receptores dopaminérgicos cerebrais, renais e
mesentéricos resultando em vasodilatação e aumento de
débito cardíaco
– Epinefrina e norepinefrina: indicados na hipotensão refratária
– Somente depois da reposição adequada de volume
S.F. 2000
mL

Observar
Resposta

Resposta Resposta Sem


Rápida Transitória Resposta
• Resposta Rápida – até 15% de perda volêmica.
• Resposta transitória – Entre 15 e 40% de
perda volêmica (sangramento ativo)
– Iniciar Transfusão Sanguínea
• Concentrado de hemácias
• Sem resposta – Mais de 40% de perda
volêmica (Sangramento ativo)
– Iniciar transfusão Sanguínea
• (plasma/Concentrado de hemácias/Plaquetas)

J Trauma Acute Care Surg. 2012 Aug;73(2):358-364.


Choque Hipovolêmico

• D DROGAS

– Antibioticoterapia (profilática e terapêutica)

– Terapias adicionais
• Proteína C humana
• Insulina
• Reposição supra-renal
• Antiácidos
• Nutrição
Choque Hipovolêmico

• E ESTIMATIVA DE RESPOSTA
– Determinar a causa
– Verificar ventilação adequada: gasometria
– Resultados dos exames solicitados: correção

RÁPIDA TRANSITÓRIA AUSENTE


Sinais vitais Normal Recidiva da PA baixa Taquicardia persistente, hipotensão,
e taquicardia estado mental alterado
Perda sanguínea estimada Mínima Moderada a Grave
continuada
Necessidade de cristaloide Baixa Alta Alta

Preparação de sangue Baixa Moderada a alta Imediata

Necessidade de cirurgia Possível Provável Muito provável


Choque Hipovolêmico

Acidose Reflete glicólise anaeróbia


Metabólica
Aumento do lactato

Indicador de Piora
Choque Hipovolêmico

• R REMEDIAR A CAUSA SUBJACENTE

• Cirurgia: sangramento intra-abdominal continuado e


associado a instabilidade hemodinâmica
• Causas:
– Lacerações vaginais
– Aborto séptico
– Hematoma retro peritoneal pós cirúrgico
– Gravidez ectópica
– Sangramento pós operatório
– Perda sanguínea operatória aguda
– Trauma
Choque Hipovolêmico

Hemorragia Externa

Contusão
Choque Hipovolêmico

Hemorragia Interna

Hemorragia
Intraperitoneal
Choque Hipovolêmico
LIGADURA DAS
HIPOGÁSTRICAS

Can Fam Physician. 2007; 53:58-64.


Conttrole de dano
Controle de dano
Controle de dano
Choque Hipovolêmico

• Considerações Sobre Transporte

– Limitações
– Tipo de Veículo
– Distância a ser percorrida
– Equipamentos e Medicamentos
– Quadro Clínico

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