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CONCEITO DE URGÊNCIA E

EMERGÊNCIA
CHOQUE (CONCEITOS E TIPOS)
UniLS
Disciplina Urgência e Emergência
Professor Jose Willian
Urgência e Emergência
• Emergência são condições que impliquem
sofrimento intenso ou risco iminente de morte
exigindo, portanto, tratamento médico imediato
• Urgência é uma ocorrência imprevista com ou
sem risco potencial à vida, onde o indivíduo
necessita de assistência médica imediata.
• Ambas as definições pressupõe atendimento
médico rápido e proporcional a sua gravidade
Urgência e Emergência
Urgência e Emergência
Urgência e Emergência
UMA URGÊNCIA PODE SE TORNAR UMA EMERGÊNCIA?

A.M.A, 44 anos deu entrada no PS devido queixas de


vômitos e dor de cabeça

Após a classificação, e tempo de espera de 40 minutos


para atendimento, A.M.A apresentou uma crise
convulsiva
Urgência e Emergência

• ESTRELA DA VIDA
Urgência e Emergência
• O atendimento de emergência constitui uma forma especial de atendimento
médico → decisões são estabelecidas num curto espaço de tempo
• Modificações na relação médico-paciente é estabelecida:
*médicos não são escolhidos pelos pacientes
*intervenções invasivas e de risco muitas vezes são mal informadas ao
paciente ou familiares
*falta de ambiente próprio para a troca de informações confidenciais
impede uma maior aproximação entre ambos
• Todos os profissionais que atuam nessa área da atividade médica devem
familiarizar-se com os principais conceitos éticos e legais comuns no atendimento
de emergência.
Urgência e Emergência
RESPONSABILIDADE DO MÉDICO
• Ocorre quando o médico não cumpre a
obrigação que tem em relação ao
paciente, causando-lhe dano.
Urgência e Emergência
CONSENTIMENTO INFORMADO

• O consentimento do paciente é um dever do médico expresso


no artigo 46 do CEM
• É vedado ao médico efetuar qualquer procedimento médico
sem o esclarecimento e o consentimento prévios do paciente
ou de seu responsável legal, salvo em iminente perigo de vida.
• Nas urgências e emergências não é frequente pela própria
situação a obtenção de um documento de consentimento
informado.
Urgência e Emergência
RESPONSABILIDADE DO PACIENTE
• Fidelidade
• Confidencialidade
• Veracidade
RESPONSABILIDADE CIVIL
• O Código Civil normatiza que aquele que por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito, sendo obrigado a reparar o dano.
• Não gera responsabilidade civil o erro profissional que corresponde ao risco e não
apresenta vínculos com a negligência, imperícia ou imprudência.
Urgência e Emergência
RESPONSABILIDA ÉTICA
• O atendimento de urgência é uma obrigação do Estado
• Controle de qualidade profissional de todos os que atuam no setor de emergência
PRIORIDADE NO ATENDIMENTO
• Deverão ser atendidos prioritariamente os mais graves mas todos devem ser
atendidos.
• Clientes mais angustiados ou com maior ansiedade podem também ter prioridade no
atendimento.
• Não importa quem tem maiores chances de sobreviver. Não se retira aparelho de
quem já o está utilizando, nem se substitui aparelho melhor por outro pior. Não se
antecipa alta de UTI para paciente sem plenas condições, para liberar a outro
necessitado.
Urgência e Emergência
COMISSÃO DE ÉTICA
• As Comissões de Ética existentes nos hospitais têm um papel fundamental de
zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e pelo prestígio e
bom conceito da profissão.
GREVE NOS SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA
• O Código de Ética Médica, no seu artigo 24, normatiza: “É direito do médico
suspender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a instituição
pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições mínimas para o
exercício profissional ou não remunerar condignamente, ressalvadas as situações
de URGÊNCIA e EMERGÊNCIA, devendo comunicar imediatamente sua decisão ao
Conselho Regional de Medicina”
Urgência e Emergência
SUPERLOTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA
• A Constituição brasileira de 1998 estabelece o dever do Estado
e o direito de todos à saúde, acrescentando como essencial,
universal e igualitário o acesso às ações e serviços para
promoção, proteção e recuperação da saúde.
• A superlotação em unidades de terapia intensiva da rede
pública como sendo responsabilidade do Estado pode-se
solicitar contratação de leitos na rede privada nessa situação.
• Medicamentos indispensáveis à sobrevivência do cidadão,
quando este não puder prover o sustento próprio sem
privações, é obrigação do Estado a forma de provê-los
Urgência e Emergência
TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
• Para o ordenamento jurídico brasileiro, cuja base é a
Constituição Federal de 1988, a vida é um bem indisponível. No
confronto entre dois bens, deve prevalecer o de maior valor;
no caso, a vida.
• Lembrar → o sangue pode ser substituído por outros fluidos ou
estimulantes da eritropoiese para a correção da anemia do
paciente testemunha de Jeová, optando sempre pela forma de
tratamento que não sacrifique os preceitos religiosos do
paciente.
Urgência e Emergência
ORDEM DE NÃO REANIMAÇÃO
• A ordem de não reanimação (ONR) visa respeitar a
autonomia de clientes e familiares e evitar a adoção de
medidas que comprometam a dignidade humana .
• De maneira prática, a ONR restringe -se à aplicação da RCP,
desfibrilação e ventilação assistida .
• Tratamentos não considerados como parte dessa atitude
são: uso de antibióticos, hemoderivados, técnicas de
diálise, quimioterapia, vasopressores, antiarrítmicos,
hidratação e nutrição enteral ou parenteral.
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DEVERES EM RELAÇÃO AO PRONTUÁRIO
• O prontuário tem caráter legal, sigiloso e possibilita a comunicação entre
membros da equipe multidisciplinar.
• Princípios básicos das informações contidas no prontuário:
→Integridade - apenas pessoas autorizadas podem modificar as
informações
→Confidencialidade - as informações devem estar restritas a um grupo de
pessoas autorizadas)
→Disponibilidade - as informações devem estar disponíveis quando
solicitadas;
→Legalidade - o prontuário deve atender aos aspectos éticos e legais das
informações, devendo estar disponível também a determinado perito
nomeado por um juiz
Urgência e Emergência
PROTOCOLO MANCHESTER
• Sistema de triagem que classifica os clientes através de
cores após uma avaliação que inclui verificação de seus
sinais, sintomas e nível da dor, que representam, assim,
a gravidade do quadro e o tempo de espera (urgência)
para atendimento de cada cliente.
• A classificação de risco é uma ferramenta utilizada nos
serviços de urgência e emergência, que visa avaliar e
identificar os clientes que necessitam de atendimento
prioritário, de acordo com a gravidade clínica, potencial
de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento
Urgência e Emergência
PROTOCOLO MANCHESTER/ Classificação de Risco
Urgência e Emergência
Urgência e Emergência
PROTOCOLO MANCHESTER/ Classificação de Risco

• Os profissionais aptos a aplicarem a metodologia do Sistema


Manchester de Classificação de Risco são enfermeiros
certificados como classificadores pelo Grupo Brasileiro de
Classificação de Risco.
• Classificação de risco é uma atividade PRIVATIVA do
Enfermeiro.
Urgência e Emergência
PROTOCOLO MANCHESTER/ Classificação de Risco
• O cliente faz uma queixa, descreve o sintoma apresentado, por exemplo, “dor
abdominal”, o enfermeiro segue o fluxograma DOR ABDOMINAL, disponível no
protocolo de Manchester.
Urgência e Emergência
PROTOCOLO MANCHESTER/ Classificação de Risco
Material necessário:
• Manual de classificação de risco;
• Termômetro (timpânico ou digital infravermelho);
• Glicosímetro;
• Monitor (oxímetro e FC);
• Relógio;
• Esfigmomanômetro e estetoscópio;
• Material para identificação da prioridade clínica do usuário (ex.: pulseiras, adesivos,
etc.);
• Ficha de registro da classificação de risco
Tipos de Choque
CHOQUE
• É uma síndrome caracterizada por uma redução
considerável da perfusão tecidual sistêmica devido a
diferentes etiologias e fisiopatologias, levando a uma baixa
oferta de oxigênio e nutrientes aos tecidos, bem como de
sua efetiva utilização.
• A hipóxia prolongada pode levar a morte celular, lesão de
órgãos-alvo, falência múltipla de órgãos e morte.
• A hipotensão é um componente importante do choque,
mas a hipóxia celular pode ocorrer mesmo com
normotensão ou hipertensão
Tipos de Choque
CLASSIFICAÇÃO

• Pode ser classificado em 4 tipos principais, baseados


tradicionalmente no seu perfil hemodinâmico: hipovolêmico,
cardiogênico, obstrutivo e distributivo (séptico, neurogênico,
anafilático)
• IMPORTANTE: choque também pode ser misto. Por exemplo,
nos pacientes com choque séptico, que podem apresentar
também o componente hipovolêmico bem como
cardiogênico associados.
Tipos de Choque
CHOQUE SÉPTICO

• Também conhecido como septicemia


• Surge quando uma infecção, que estava localizada em apenas
um local, consegue chegar até o sangue e se espalha por todo o
corpo, afetando vários órgãos.
• É um choque distributivo → presença de má distribuição do
fluxo sanguíneo relacionado a uma inadequação entre a
demanda tecidual e a oferta de oxigênio, fenômeno descrito
como shunt
Tipos de Choque
CHOQUE ANAFILÁTICO
• É a forma mais grave de reação de hipersensibilidade (alergia),
desencadeada por diversos agentes como drogas, alimentos e contrastes
radiológicos.
• Os sinais e sintomas podem ter início após segundos à exposição ao agente
ou até uma hora depois.
• Assim como o choque séptico, também é distributivo
• Principais causas:
– venenos: abelhas, marimbondos, vespas, etc;
– medicamentos: alguns antibióticos, como a penicilina, alguns anti-
inflamatórios, anestésicos, contrastes contendo iodo, insulina, entre outros;
– alimentos: camarão, mariscos, frutos do mar, amendoim, dentre outros;
– látex: derivados da borracha, como luvas.
Tipos de Choque
CHOQUE HIPOVOLÊMICO
• É uma situação de emergência decorrente da perda de grande quantidade de líquidos e
sangue.
• Essa situação faz com que o coração deixe de bombear sangue para o corpo, levando a
problemas em vários órgãos e colocando a vida do paciente em risco.
• Principais causas:
-acidentes de trânsito
-quedas de grande altura
-hemorragia interna
-úlceras ativas
-feridas ou cortes profundos
-metrorragia. 
Tipos de Choque
CHOQUE CARDIOGÊNICO
• Ocorre como consequência de uma falência da bomba cardíaca,
resultando na incapacidade do coração de manter uma adequada
perfusão tecidual, mesmo na presença de volume intravascular
adequado.
• Principais causas:
- IAM (principalmente afetando ventrículo esquerdo)
- Arritmias
- Miocardiopatia dilatada avançada
- Causas mecânicas (defeitos valvares, ruptura de septo, aneurisma
de parede)
- Insuficiência mitral aguda
Tipos de Choque
CHOQUE NEUROGÊNICO
• Acontece quando há falha de comunicação entre o cérebro e o resto do corpo, levando a
vasodilatação e perda do tônus vascular com comprometimento do fornecimento de
oxigênio para os órgãos,
• Choque distributivo
• Principais causas:
- trauma raquimedular
- compressão da medula espinhal
- anestesia raquidiana e anestesia peridural
- lesão no sistema nervoso
- hipoglicemia
Tipos de Choque
CHOQUE OBSTRUTIVO
• Resulta de uma obstrução mecânica ao débito cardíaco, causando a hipoperfusão
• Principais causas:
- Tromboembolismo pulmonar maciço
- Tamponamento cardíaco
- Pneumotórax hipertensivo
- Hipertensão pulmonar
- Coartação de aorta
Tipos de Choque
ACHADOS CLÍNICOS
• Varia de acordo com o tipo do choque, sua causa inicial e a resposta orgânica a
hipoperfusão e/ou hipóxia.
• Hipotensão
• Oliguria
• Alterações do estado mental
• Acidose metabólica
• Má perfusão periférica
• Outros: Febre, dispneia, taquipneia, dor no peito, palpitações, sinais de
desidratação, sinais de insuficiência respiratória,
Tipos de Choque
ABORDAGEM AO MANEJO INICIAL NA SALA DE EMERGÊNCIA
• Suporte básico a vida - avaliação do “ABC”: A: assegurar via aérea, mantendo-a
pérvia e protegida contra obstrução ou aspiração; B: manter adequada ventilação
e oxigenação do paciente fornecendo oxigênio suplementar; C: deve-se dar
atenção as possíveis causas do choque, visando um tratamento definitivo para o
problema.
• Acesso venoso calibroso
• Reposição volêmica agressiva
• Agentes inotrópicos e vasoativos
Tipos de Choque
CONSIDERAÇÕES NO TRATAMENTO DO CHOQUE
• Choque séptico: antibioticoterapia empírica deverá ser instituída precocemente e
imediatamente após a suspeita. Isso muda o prognóstico totalmente!!!
• Choque obstrutivo: dependendo de sua causa base, pode exigir tratamento
imediato ainda na sala de emergência.
• Choque anafilático: o tratamento inclui adrenalina e anti-histamínicos.
• Choque cardiogênico: poderá demandar o uso de balão intra-aórtico para manter
a perfusão cardíaca. A revascularização coronária aumenta a sobrevida nos
paciente cujo choque foi causado por isquemia miocárdica
Tipos de Choque
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO TIPOS DE CHOQUES.
• A assistência de enfermagem irá variar muito de acordo com o tipo e evolução do choque.
• O paciente em estado de Choque exige cuidados intensivos diante do risco iminente de
morte.
• Controle de glicemia capilar
• Manter monitor multi-paramétrico
• Coletar exames laboratoriais na urgência
• Manter oxigenoterapia.
• Controle da dor
• Determinar melhor decúbito de acordo com o tipo de choque
• Acesso venoso calibroso
Tipos de Choque
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CHOQUE SÉPTICO.
• Suporte ventilatório: oferta de oxigênio.
• Suporte nutricional.
• Monitorar sítios de punção arterial e venosa, incisões cirúrgicas, sondas urinárias e
feridas traumáticas ou úlceras de pressão para os sinais de infecção.
• Realizar todos os procedimentos invasivos com técnica asséptica, após cuidadosa
higienização das mãos.
• Comunicar alterações da temperatura corporal
• Administrar antibiótico na primeira hora.
Tipos de Choque
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CHOQUE CARDIOGÊNICO

• Administrar agentes farmacológicos;


• Monitorização hemodinâmica e cardíaca do paciente.
• Administração segura e exata de líquidos e medicamentos intravenosos.
• Proteção da pele.
• Avaliação de função respiratória
Tipos de Choque
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CHOQUE
HIPOVOLÊMICO

• Monitorar rigorosamente o paciente em risco de déficits


hídricos.
• Administração de líquidos e medicamentos prescrito e registro.
• Identificar possíveis complicações da resposta hídrica.
• Posicionamento adequado. (Trendelemberg).
• Observar os seguintes parâmetros, FC, ritmo cardíaco, PA, e
balanço hídrico.
• Avaliar o estado de consciência.
Tipos de Choque
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CHOQUE ANAFILÁTICO

• Manter VAS permeáveis.


• Suplementar Oxigênio.
• Acesso venoso.
• Monitorização Hemodinâmica
• Administração soluções cristaloides
• Uso de drogas vasoativas, em bomba de infusão.
• Avaliar e comunicar existências de alergias ou reações prévias aos antígenos.
Tipos de Choque
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CHOQUE NEUROGÊNICO

• Imobilização.
• Aplicar meias de compressão elástica.
• Administrar heparina conforme prescrição médica.
• Elevar e manter a cabeceira do leito em 30º..
Tipos de Choque
• Mesmo com importantes avanços no entendimento do choque, suas
taxas de mortalidade continuam altas.
• Faz-se necessário que TODA A EQUIPE esteja atenta aos sinais
sugestivos de hipoperfusão.
• O diagnóstico precoce, a ressuscitação agressiva e a interrupção da
causa base são a melhor abordagem no manejo destes pacientes
Referências
• Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (3): 190-194, jul.-set. 2004; Aspectos éticos e legais do
atendimento de emergência LUIZ AUGUSTO PEREIRA
• docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882566/choque-principios-gerais-de-diagnostico-
precoce-e-manejo-inicial.pdf
• enfermagemilustrada.com/tipos-choque
• sanarmed.com/choque
• Ferrada P: Image-based resuscitation of the hypotensive patient with cardiac
ultrasound: an evidence-based review. J Trauma Acute Care Surg 80 (3): 511–518, 2016.
• Martin ND, Codner P, Greene W, et al: Contemporary hemodynamic monitoring, fluid
responsiveness, volume optimization, and endpoints of resuscitation: an AAST critical
care committee clinical consensus. Trauma Surg Acute Care Open 5(1):e000411, 2020.
doi: 10.1136/tsaco-2019-000411
Obrigado!!!

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