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Faculdade São Luís

Curso de Enfermagem
Disciplina de Patologia

Distúrbios da
Circulação

Profa. Dra. Janaina Fernanda Gonçalves Neto


Circulação Sangüínea
● A circulação do sangue e a distribuição de
líquidos do organismo são feitas pelo
coração, vasos sangüíneos e sistema
linfático.

● Artérias: conduzem o sangue aos tecidos;

● Veias: retornam o sangue ao coração;

● Vasos linfáticos: reabsorvem o excesso de
líquidos filtrado na microcirculação.
Alterações Circulatórias
● Os fluidos do corpo transitam por três compartimentos: intracelular,
intersticial e intravascular;

● Esses compartimentos encontram­se em homeostase;

● Sobrevivência das células e dos tecidos – dependente do oxigênio
fornecido na irrigação sanguínea e de um equilíbrio hídrico normal;

● Quando há rompimento desse equilíbrio, surgem alterações, que
comumente podem ser agrupadas dentro dos distúrbios circulatórios.
Alterações Circulatórias
Compartimentos celulares
Alterações Circulatórias
● Hiperemia;
● Síndrome da Hiperviscosidade;
● Hemostasia;
● Hemorragia;
● Trombose;
● Embolia;
● Isquemia;
● Infarto;
● Choque.
Hiperemia
● É o aumento do volume sanguíneo em um tecido ou em uma
região.
● Hiperemia pode ser:

• Hiperemia ativa:

• Provocada por vasodilatação arteriolar, produzindo um

aumento do fluxo sanguíneo local;

• Resulta na coloração rósea intensa ou vermelha, e aumento

de temperatura no local atingido;
Hiperemia
• Pode ocorrer quando há necessidade de aumento do

suprimento de oxigênio e nutrientes.

• Ex.: Tubo gastrointestinal durante a digestão, musculatura

esquelética durante exercícios físicos, cérebro durante
estudo, glândula mamária durante lactação, rubor facial,
corpos cavernosos penianos durante excitação sexual.

• Está relacionada principalmente com as inflamações.
Hiperemia
• Hiperemia passiva ou congestão:

• decorre de uma diminuição da drenagem venosa;

• Por isso a região acometida adquire a coloração vermelho

escura, devido à alta concentração de hemoglobina
desoxigenada.

• Hiperemia passiva ou congestão pode ser:

• Localizada: causada por obstrução de uma veia. Ex.:

compressão de vaso e trombose;
Síndrome da Hiperviscosidade
● Viscosidade é a resistência intrínseca de um líquido contra o
fluxo.
● Qualquer ↑ da viscosidade, ↓ o fluxo (hipoperfusão).

● Viscosidade sangüínea:

• depende da concentração de fibrinogênio (proteína
plasmática), hematócrito (indica a proporção entre
hemácias e fluidos no sangue) e leucócitos.

• Maior viscosidade na microcirculação, devido a redução do
diâmetro do vaso e concentração de hemácias ­ ↓ o fluxo e
isquemia dos órgãos.
Síndrome da Hiperviscosidade
● Causas e consequências da Síndrome da
Hiperviscosidade:

• Hiperviscosidade plasmática;

• Aumento do hematócrito;

• Alterações no formato das hemácias;

• Leucocitose;
Síndrome da Hiperviscosidade
● Causas e consequências da Síndrome da Hiperviscosidade:

• Hiperviscosidade plasmática:

• Provoca sangramento, devido a lesão celular

causada por hipóxia e microtrombos, cefaléia,
confusão mental, coma e até a morte;

• Hiperglicemia ↑ a viscosidade plasmática.
Síndrome da Hiperviscosidade
• Aumento do hematócrito:

• produção exagerada de hemácias (policitemia,

poliglobulia) ­ ↑ o hematócrito ­ ↑ a viscosidade do sangue.

• Ex: quando a pessoa fica desidratada, pessoas que

apresentam doenças pulmonares crônicas, ou que vivem
em grandes altitudes. Nos últimos os casos, o organismo
precisa compensar a falta de oxigênio, aumentando a
produção dos glóbulos vermelhos.
Síndrome da Hiperviscosidade
• Alterações no formato das hemácias:

• Anemia falciforme: mutação no gene da

hemoglobina, resultando na síntese de
uma proteína defeituosa. Este tipo de
hemoglobina, quando submetida a
quantidades baixas de oxigênio, se
“cristaliza” e se deforma, tornando a
hemácia rígida e com uma aparência de
foice (daí o nome falciforme).
Síndrome da Hiperviscosidade

• As hemácias com o formato de foice não conseguem

atravessar os vasos sanguíneos do corpo com
facilidade. Ao contrário, elas obstruem os vasos
sanguíneos, bloqueiam o fluxo de sangue, e diminuem
o suprimento de oxigênio aos tecidos e órgãos.

• Leucocitose – leucostase: é a obstrução da

microcirculação por grande quantidade de leucócitos;
Síndrome da Hiperviscosidade
● Sinais da hiperviscosidade: tontura, delírio, coma,
distúrbios da visão, insuficiência respiratória
(taquipnéia ­ Aceleração do ritmo respiratório,
dispnéia – falta de ar, e  cianose ­ coloração azulada
da pele ou das mucosas);
Hemostasia
● Hemostasia é um processo fisiológico envolvido na fluidez do
sangue e no controle de sangramento quando ocorre lesão
vascular;

● Este processo depende da ação integrada da(s): parede
vascular, plaquetas e proteínas de coagulação.
Hemostasia
● Parede Vascular:

• Constituída de células endoteliais, que:

• possuem atividades antitrombótica e trombolítica;

• produzem plasmina – proteína que promove a

fibrinólise (degradam o fibrinogênio – coagulação
e viscosidade sangüínea).
Hemostasia
● Plaquetas:

• Atuam na cicatrização, onde ocorre:

• Aderência plaquetária na superfície endotelial lesada;

• Plaquetas ativadas liberam substâncias pró­coagulantes;

• Agregação plaquetária, formação do tampão e

coagulação.

• Ácido acetilsalicílico (aspirina): provoca alterações na
Hemostasia
● Sistema de coagulação:

• Transformação do fibrinogênio

em fibrina;

• Ativação de sistemas

anticoagulantes;

• Agregação plaquetária.
Hemorragia
● Saída do sangue do espaço vascular para cavidades ou interstício,
ou para fora do organismo.

● Do ponto de vista anatômico, a hemorragia pode ser classificada
em:

• Hemorragia arterial: é ocasionada pelo rompimento de uma
artéria, apresenta­se em jatos (hemorragia por Rexe) e com
sangue de cor vermelho vivo, podendo conter bolhas, indicando
que esse sangue é rico em oxigênio.

Hemorragia

• Hemorragia venosa: é ocasionada pelo

rompimento de uma veia, apresenta­se em filete e
com a presença de sangue vermelho escuro.

• Hemorragia capilar: é causada pelo rompimento de

capilares sangüíneos, o exemplo mais comum
desse tipo de hemorragia é a escoriação.
Hemorragia
Hemorragia
● As hemorragias também podem ser divididas do ponto de vista
clínico em:

• Hemorragias externas: caracteriza­se pelo extravasamento de
sangue para fora do corpo.

• Hemorragias internas: São mais difíceis de serem diagnosticadas
pelo socorrista, porque se apresentam de forma mais subjetiva,
não exteriorizando o sangue.

• Hemorragias mistas: é quando uma vítima apresenta os dois
tipos de hemorragia.
Hemorragia
● Sinais e Sintomas de hemorragia:

• Pulso fraco (bradisfigmia);

• Vítima queixa­se de sede;

• Suor pegajoso e frio;

• Pele, lábios e dedos cianóticos.

• Torpor e obnubilação (alterações da consciência).

• Desmaio e queda da Tensão Arterial.
Hemorragia
● Conseqüências e complicações :

• Dependem da quantidade de sangue perdido, a velocidade da
perda e do local afetado.

• Principais conseqüências :

• 1)Choque hipovolêmico : perda rápida de grande
quantidade de sangue ­ 20% do volume corporal.

• 2)Anemia : sangramento crônico e repetido (ex : úlcera
gástrica).

• 3)Asfixia : quando há hemorragia pulmonar importante,
Hemorragia

• 4)Infarto do miocárdio.

• 5)Hemorragia intracraniana: aumenta a
pressão intracraniana, podendo comprometer
a função de regiões vitais, devido a destruição
do tecido nervoso e vasos sangüíneos.
Trombose
● É um processo patológico caracterizado pela formação de
uma massa coagulada de sangue no interior de um sistema
vascular íntegro.

● Trombo ou coágulo: é a massa sólida formada pela
coagulação do sangue;

● A trombose pode ocorrer em uma veia situada na superfície
corporal, logo abaixo da pele. Nessa localização é chamada
de tromboflebite superficial ou simplesmente tromboflebite ou
flebite.
Trombose
● Quando o trombo se forma em veias profundas, no
interior dos músculos, caracteriza a trombose venosa
profunda ou TVP.

● Em qualquer localização, o trombo irá provocar uma
inflamação na veia, podendo permanecer restrito ao
local inicial de formação ou se estender ao longo da
mesma, provocando sua obstrução parcial ou total.
Trombose
● Fatores determinantes de trombose:

• Lesões das células endoteliais ou disfunção causada por

tabagismo e hipercolesterolemia – provocam ↓ de síntese de
substâncias anticoagulantes e alteração na superfície vascular,
facilitando a aderência plaquetária;
Trombose
• Alterações do fluxo sanguíneo, causadas por:

• insuficiência cardíaca, vasodilatação, ↑ do hematócrito, ↑ da

viscosidade e ↓ da contração muscular: ↓ a velocidade do
fluxo, causando:

• agregação de hemácias e plaquetas – formação de trombos;

• Hipóxia;

• No coração: insuficiência cardíaca e fibrilação arterial.

• Concentração de fatores de coagulação (pacientes
Trombose
• ↑ no número de plaquetas e fatores pró­coagulantes.

• Uso de anticoncepcionais orais (estrógeno) e final de
gestação: associado ao ↑ de protrombina e fibrinogênio, e
conseqüentemente a formação de trombos;

• Pacientes com Lúpus eritrematoso produz auto­anticorpo
contra fosfolipídeos plaquetários (Cardiolipina): ↑ o risco de
trombose, porque favorecem a agregação plaquetária;
Trombose
Trombose
Trombose
Embolia
● Presença de um corpo sólido, líquido ou gasoso (êmbolos)
transportado pelo sangue e capaz de obstruir um vaso.

● Tipos de êmbolos:

• Êmbolos sólidos: São os mais freqüentes. A grande
maioria provêm de trombos. Além desses, massas
neoplásicas (originam as metástases), massas bacterianas,
larvas e ovos de parasitos podem alcançar a circulação e
agir como êmbolos.


Embolia
Embolia
• Êmbolos líquidos: São menos freqüentes. Podem causar a
Embolia amniótica e a Embolia gordurosa.

• Embolia amniótica:

• o líquido amniótico é injetado pelas contrações uterinas
durante o parto para dentro da circulação.

• Incidência de 1 a cada 50.000 partos;

• Taxa de mortalidade alta – 86%;
Embolia
• Embolia gordurosa: podem formar êmbolos nas seguintes
situações:

• Esmagamento ósseo e/ou de tecido adiposo;

• Esteatose hepática intensa;

• Queimaduras extensas da pele;

• Inflamações agudas e intensas da medula óssea e
tecido adiposo (osteomielites e celulites);

• Injeção de grandes volumes de substâncias oleosas via
endovenosa;
Embolia

• Êmbolos gasosos:

• Presença de bolhas de ar ou de gases na circulação –
obstrução do fluxo vascular e  lesão tecidual
(barotrauma);

• Ocorrência:

• Durante o parto ou aborto: contração da
musculatura uterina pode injetar ar para as grandes
veias uterinas;

• Descompressão rápida da pressão atmosférica em
mergulhadores: o ar dissolvido no sangue, libera
Embolia
● Tromboembolia: êmbolos originados de trombos,
podendo causar:

• Tromboembolia Pulmonar: trombos originados nas
veias íleo­femurais ou veias profundas da panturrilha,
causando:

• ↑ da pressão pulmonar, causando sobrecarga no
coração;

• Em pacientes com insuficiência cardíaca: ocorre ↓
do fluxo sangüíneo, necrose, derrame pleural,
hemoptise, arritmias e dispnéia.
Embolia
• Tromboembolia arterial:

• Êmbolos originados de trombos formados no coração
(infarto do miocárdio, doença de Chagas, dilatação do
VE por insuficiência cardíaca, aneurisma do VE, lesões
de válvulas cardíacas);

• Principais locais de instalação de obstrução vascular
em embolia arterial:

• 1) Encéfalo: AVC isquêmico;

• 2) Artérias mesentéricas: infarto intestinal;

• 3) Baço ou rins: infartos;
Isquemia
● É a redução ou parada do suprimento sangüíneo em
determinado órgão ou estrutura.
● A intensidade da isquemia depende do grau de
obstrução.

● Causas de uma Isquemia:

• Obstrução vascular: causa mais freqüente;

• Acúmulo de líquidos: aumentam a pressão intersticial;

• Trombose e embolia;
Isquemia
• Tabagista, diabetes melito, hipertensão arterial (disfunção
endotelial), hipercolesterolemia, bacteremia, inflamações
generalizadas;

• Estresse: dobra o risco de vasoespasmo – isquemia – infarto
do miocárdio.

• Aumento da viscosidade do sangue: ↓ o fluxo sangüíneo,
especialmente na microcirculação.
Infarto
● Morte tecidual causada por isquemia prolongada.

● Infarto do miocárdio:

• É a necrose de uma parte do músculo cardíaco causada por
isquemia.

• Mas pode ser caracterizado pela oclusão das artérias
coronárias em razão de um processo inflamatório associado à
aderência de placas de colesterol em suas paredes.
Infarto
● O desprendimento de um fragmento dessas placas ou a
formação de um coágulo de sangue, um trombo, dentro das
artérias acarretam o bloqueio do fluxo de sangue causando
lesões irreversíveis e conseqüentemente necrose do músculo
cardíaco.

● Sintomas

• dor fixa no peito (angina), que pode variar de fraca a muito
forte, ou sensação de compressão no peito que
geralmente dura cerca de trinta minutos;
Infarto
• ardor no peito, muitas vezes confundido com

azia, que pode ocorrer associado ou não à
ingestão de alimentos;

• Dor no peito que se irradia pela mandíbula e/ou

pelos ombros ou braços (mais freqüentemente
do lado esquerdo do corpo);

• Ocorrência de suor, náuseas, vômito, tontura e

desfalecimento;

• Ansiedade, agitação e sensação de morte
Infarto
● Fatores de risco associados ao Infarto do Miocárdio:

• História familiar de doença coronariana,

• Fumo,

• Obesidade,

• Pressão alta (hipertensão),

• Diabetes Mellitus,

• Sedentarismo (Inatividade física),

• Níveis elevados de colesterol total no sangue
(hipercolesterolemia – às vezes de caráter familiar),
Choque
● Falência circulatória associada a distúrbios da
microcirculação e hipoperfusão generalizada.

● O choque é a conseqüência de uma hipotensão arterial
em decorrência de um baixo volume sangüíneo, da
inadequação da função de bombeamento de sangue do
coração ou do relaxamento excessivo (dilatação) das
paredes dos vasos sangüíneos (vasodilatação).
Choque

● O baixo volume sangüíneo pode ser devido:

• sangramento intenso em decorrência de um

acidente ou de um sangramento interno, como o
provocado por uma úlcera gástrica ou intestinal,
pela ruptura de um vaso sangüíneo ou de uma
gravidez ectópica (gestação fora do útero).
Choque

• à perda excessiva de líquidos corpóreos, que
pode ocorrer em casos de grandes queimaduras,
inflamação do pâncreas (pancreatite), perfuração
da parede intestinal, diarréia intensa, doença
renal ou uso excessivo de drogas potentes que
aumentam a excreção de urina (diuréticos).

•  à ingestão inadequada de líquidos.
Choque
● Tipos de choque:

• Choque cardiogênico: causado pela falência da bomba
miocárdica, devido ao infarto do miocárdio, arritmias ou
obstrução do fluxo sanguíneo (embolia pulmonar);

• Choque hipovolêmico: perda súbita do volume de líquidos
do organismo, podendo ser causado por sangramento
intenso ( traumatismos, cirurgias, ruptura de vasos
calibrosos), perda de plasma ( queimaduras extensas) ou
desidratação ( diarréia, calor excessivo);
Choque
• Choque séptico: causado por infecções bacterianas graves,
que produzem endotoxinas – lipopolissacarídeos (LPS)
que causam lesões ou alteram a função celular;

• Choque neurogênico: devido a acidentes anestésicos ou
lesão da medula espinhal, causada por vasodilatação;

• Choque anafilático: reações de hipersensibilidade em
alergias.
Cuide-se e previna!

FIM

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