Você está na página 1de 20

TORNIQUETE DE

EXTREMIDADES
ENFº JOSIEL EDUARDO ABRATE
ENFº CLAYTON OLIVEIRA
➢ O torniquete é um dispositivo de compressão usado para controlar o fluxo sanguíneo arterial e
venoso de uma extremidade por um período de tempo, a fim de conter hemorragias graves nos
membros inferiores e superiores (Eilertsen et al., 2020)

➢ Todos os torniquetes, apesar de muito úteis, possuem vantagens e desvantagens. Trata-se de


uma ferramenta capaz de salvar vidas, mas não é livre de complicações, e o usuário desta
ferramenta no cenário pré-hospitalar precisa compreender o risco potencial de complicações
referentes ao seu uso (Coleman et al, 2015; Callaway et al, 2015)

➢ As principais preocupações de segurança quanto ao uso do torniquete incluem: amputação


relacionada ao tempo de permanência do TQ no membro, fasciotomias, alteração no equilíbrio
ácido/básico, rabdomiólise (destruição das fibras musculares) e comprometimento
neurovascular permanente (Callaway et al, 2015).
2
TORNIQUETE DE EXTREMIDADE
➢ Existem vários torniquetes de extremidades manufaturados no mercado;

➢ Porém somente oite(08) deles são recomendados pelo CoTCCC*;

*Committee on Tactical Combat Casualty Care

3
1. Oclusão arterial;

2. Tempo de aplicação:
7. Relatórios de uso:
a) Tempo de oclusão <60 segundos;
b) Tempo para completar <90 segundos; a) Relatórios de uso de combate;
b) Relatórios de uso civil;
3. Simplicidade de aplicação: c) Preferências de usuário;
a) Usabilidade / fácil de usar; 8. Logística:
b) Passos para completar;
a) Número de estoque nacional (NSN) ;
4. Pressão: b) Custo de Administração de Serviços
Governamentais (GSA) por unidade;
a) Atingir a oclusão inicial; c) Custo comercial por unidade.
b) Ponto de dano;

5. Especificações do torniquete:

a) Largura;
b) Comprimento;
c) Mecanismo de tranca;
d) Registro de tempo;
e) Peso;
São 08 Critérios para recomendação de um
6. Complicações e segurança:
Torniquete pelo CoTCCC:
a) Falhas / problemas relatados
b) Problemas de segurança;
4
AUTO APLICAÇÃO DO TORNIQUETE

AUTO CUIDADO –“SELF CARE”

➢ A auto aplicação do torniquete de extremidade consiste na técnica em que o


operador de APH ou o leigo treinado precisa realizar o auto socorro em uma
hemorragia grave proveniente de um ferimento em uma extremidade (membros
superiores ou inferiores) em si mesmo;

➢ Nas literaturas que falam sobre essa técnica a


nomenclatura mais provável e comum de ser
encontrada será “Self Care” (Auto Cuidado);

5
➢ Aplique o torniquete ao mais alto possível “High” usando
a mão oposta para ajustar no membro sangrante;

➢ Use força de tração para o centro do corpo e aperte o


mais forte possível “Tight” para ajustar o torniquete na
posição mais alta do membro “High”
6
➢ Tente inserir os dedos entre o torniquete e o membro em
que está sendo aplicado, caso haja folga considere um
ajuste adicional;

➢ Confirmado o perfeito ajuste, torça o molinete mais


apertado possível “Tight” para controlar o sangramento e
sessar o fluxo de sangue para o membro ferido

7
➢ Após o torcer o molinete até bloquear o fluxo sanguíneo para o
membro ferido encaixe no clip de segurança, verifique se o
sangramento sessou e se há presença/ausência de pulso distal no
membro ferido;
➢ Caso exista a presença de pulso distal, considere um aperto
adicional;

➢ Confirmado o controle da hemorragia e a ausência do pulso


distal, finalize a aplicação do torniquete e feche o “TIME”
para, se possível, anotar o horário da aplicação do torniquete.
8
APLICAÇÃO NO COMPANHEIRO “BUDDY CARE”

➢ A aplicação do torniquete de extremidade em uma pessoa consiste na técnica em que o


operador de APH, profissional da segurança pública ou o leigo treinado precisa realizar
o socorro em uma hemorragia grave proveniente de um ferimento em uma extremidade
(membros superiores ou inferiores) em uma outra pessoa ferida;

➢ Nas literaturas que falam sobre essa técnica a nomenclatura mais provável e comum de
ser encontrada será “Buddy Care” (Cuidado Companheiro);

➢ Ao aplicar um torniquete em um ferido, diferente da auto aplicação, o operador deve


estar, sempre que possível, posicionado lateralmente a vítima que está sangrando, se
possível do lado da lesão hemorrágica grave, a força de tração da aplicação do torniquete
deverá ser direcionada para quem socorre (como quem puxa) assim terá mais
possibilidade de ajuste eficaz sendo aplicado o mais alto e mais apertado “High and
Thight” possível sendo essa aplicação no membro superior ou membro inferior;
9
APLICAÇÃO NO COMPANHEIRO “BUDDY CARE”

➢ Os passos para obter um resultado eficaz na


aplicação do torniquete em outra pessoa ferida,
são os mesmos que usamos na auto aplicação;

10
RELEMBRANDO...
Passos pra uma aplicação eficaz do torniquete de extremidades

➢ Envolver o membro ferido como torniquete;

➢ Aplicar um bom ajuste observando se há folga entre o torniquete e o membro onde


se encontra o ferimento;

➢ Girar o molinete o mais apertado possível até que o sangramento pare e/ou consiga
fazer com que o pulso distal do membro ferido se torne ausente;

➢ Fixe o molinete no clip de travamento e termine a fixação da banda (faixa) do


torniquete;

➢ Feche o TIME lembrando de, se possível, anotar o horário da aplicação;


11
CUIDADOS NA APLICAÇÃO DO TORNIQUETE

➢ Ao aplicar o torniquete em alguma extremidade ferida de uma vítima, informe a mesma,


se ela estiver consciente, que sentira dor na aplicação do torniquete. Porém será necessária
a sua aplicação;

➢ Ao aplicar o torniquete em alguma extremidade sobre a roupa observe se não há algum


objeto como chaves, celulares, carteiras e etc, que possam prejudicar a eficácia da
aplicação;

➢ Não se deve afrouxar o torniquete após sua aplicação, não existem estatísticas e nem
histórico de perda de membros por conta de aplicação de um torniquete de extremidades;

12
CUIDADOS NA APLICAÇÃO DO TORNIQUETE

➢ Ao aplicar um torniquete de extremidades ter atenção para que esse seja apertado o
suficiente e assim oclua o pulso distal do membro ferido. Caso não seja apertado o
suficiente poderá ocorrer o fenômeno chamado de “torniquete venoso” que, entre
outros problemas, pode ocasionar uma síndrome compartimental;

➢ Não demore para decidir aplicar um torniquete de extremidades quando houver uma
hemorragia grave e ameaçadora da vida em uma região que seja compatível com sua
aplicação (após sua avaliação rápida), pois ele poderá ser a ferramenta que salvará a
vida dessa vítima e fará a diferença entre a vida e a morte no APH;

13
ERROS COMUNS AO USAR TORNIQUETES

➢ Não usar um torniquete quando você deveria, ou esperar muito tempo para aplicá-lo;

➢ Não ajustar o torniquete no membro ferido tirando toda a folga antes de realizar
aperto propriamente dito;

➢ Usar um torniquete para sangramento sem gravidade;

➢ Não reavaliar, converter ou reposicionar o torniquete, quando indicado, obedecendo


os critérios para fazê-los, durante o atendimento em “zona morna”;

14
ERROS COMUNS AO USAR TORNIQUETES

➢ Retirar o torniquete quando a vítima está em choque ou quando tempo de transporte


para o hospital for curto e menor que duas horas;

➢ Não apertar o torniquete o suficiente, o torniquete deve parar o sangramento e


eliminar o pulso distal;

➢ Não usar um segundo torniquete, se necessário;

➢ Periodicamente afrouxar o torniquete para permitir o fluxo sanguíneo para a


extremidade lesada;

15
CONVERSÃO DE TORNIQUETES
➢ Consiste em converter um controle de hemorragias realizado em uma extremidade com
um torniquete de extremidades em um preenchimento de feridas e/ou curativo
hemostático finalizado com um curativo compressivo;

➢ Se a reavaliação de operador determinar que o torniquete aplicado inicialmente não foi


necessário, a conversão do torniquete por um preenchimento de feridas e/ou curativo
hemostático sendo concluído com um curativo compressivo pode ser considerada.
Nesses casos anote o tempo em que o torniquete foi afrouxado após a conversão do
mesmo;
➢ Após a finalizar a conversão, o operador deve afrouxar o torniquete inicialmente
aplicado, mantendo o mesmo no local sem retirar do membro ferido da vítima. Caso o
ferimento volte a sangrar o torniquete deve ser reapertado e não poderá mais ser
afrouxado ou retirado da vítima até a chegada no local do tratamento definitivo.
16
CRITÉRIOS PARA CONVERSÃO
A técnica de conversão de torniquetes tem
NÃO CONVERTA O TORNIQUETE SE:
que respeitar 3 critérios para ser realizada:

1. O torniquete foi aplicado há mais de 2


1. A vítima não apresenta sinais de
horas;
choque;
2. A vítima chegará a um centro de
2. É possível monitorar a ferida de
tratamento médico dentro de 2 horas ou
perto e observar se não volta a
menos após a hora da aplicação do
sangrar;
torniquete;
3. O torniquete não está sendo usado
3. Considerações táticas ou médicas tornam
para controlar o sangramento de
a transição para outros métodos de
uma extremidade amputada.
controle da hemorragia desaconselhável;

17
C
T O
É N
C V
D
N E
E
I R
C S
A Ã
O
18
AÇÕES APÓS A CONVERSÃO

➢ Exponha e marque claramente todos os torniquetes


com o horário de aplicação;

➢ Observe os torniquetes aplicados e o horário de


aplicação; hora do reposicionamento; hora das
conversões; e a hora da remoção;

➢ Use um marcador permanente para marcar no


torniquete e nas fichas de feridos;

19
CONVERSÃO DE TORNIQUETE
CONCLUSÃO

➢ A técnica de conversão de torniquetes não é uma prioridade no atendimento de


hemorragias graves no APH;

➢ Temos que ter treinamento, capacitação pra realizar essa técnica e reconhecer
claramente os critérios para a utilização da mesma;

➢ Quem decide a melhor técnica e melhor alternativa para intervenção na cena em um


controle de hemorragias no APH é o operador presente na cena;
➢ As literaturas somente nos dão um “norte” para seguirmos uma direção padronizada e
assim prosseguir com as nossas tomadas de decisões de acordo como que encontramos
na cena;
20

Você também pode gostar