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“ O papel do fisioterapeuta dentro


da equipe multidisciplinar em
unidades de terapia intensiva

Ana Luiza Nascimento


FMT

Danielle de Aquino Zambom


FMT

Karla Rocha Carvalho Gresik


FMT

10.37885/201001806
RESUMO

Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) fornece suporte e tratamento intensivo,


propondo monitorização contínua, vigilância por 24 horas, equipamentos específicos,
além de outras tecnologias voltadas ao diagnóstico e ao curativo. Sob cuidados de uma
equipe multidisciplinar aos pacientes graves, o fisioterapeuta se faz atuante em diversos
estágios do tratamento intensivo, desde a recuperação da condição clínica à prevenção
de outras complicações. Objetivo: Apresentar o papel do fisioterapeuta na Unidade de
Terapia Intensiva, compreendendo possibilidades de atuação frente ao paciente grave.
Métodos: O presente artigo foi realizado através da análise bibliográfica cujas bases de
dados foram SciELO, LILACS, MEDLINE, e capítulos de livros utilizando palavras-chave:
“Unidade de Terapia Intensiva”, “pacientes graves” ,“recursos fisioterápicos”, “fisiotera-
peuta”, “ventilação mecânica”, “reabilitação”. Foram selecionados 30 (trinta) artigos, mas
apenas 12 (doze) preencheram os critérios de inclusão (ser original, estar em língua
portuguesa e inglesa, publicado nos últimos 10 anos), sendo que destes, apenas 5 (cin-
co) artigos foram citados diretamente. Resultados: A imobilidade presente no paciente
criticamente enfermo em leito de UTI torna-o predisposto a mudanças que comprometem
a sua capacidade física e funcional, no qual a cinesioterapia respiratória e motora é de
extrema importância no tratamento deste doente, favorecendo a recuperação da defi-
ciência ou perturbação e prevenção de futuras comorbidades. Conclusão: Em suma, o
fisioterapeuta exerce diversas condutas terapêuticas em diferentes fases do tratamento,
buscando evitar possíveis complicações respiratórias e motoras, garantindo um bom
prognóstico no quadro clínico do paciente e independência funcional até a sua alta.

Palavras-chave: Fisioterapeuta Intensivista, Unidade de Terapia Intensiva, Paciente Grave.


INTRODUÇÃO

Atualmente, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) vêm tendo uma alta demanda
devido a pandemia do COVID-19, pois se trata de uma unidade especializada a pacientes
em estado crítico, logo, fornece suporte e tratamento intensivo, propondo monitorização
contínua, vigilância por 24 horas, equipamentos específicos, além de outras tecnologias
voltadas ao diagnóstico e ao curativo. Vale salientar que os pacientes necessitam de con-
trole rigoroso dos seus parâmetros vitais e assistência contínua e intensiva. A qualidade dos
serviços prestados nas UTIs depende da assistência, da tecnologia de ponta, como também
de agilidade e habilidade no atendimento ao cliente (FRANÇA; et al, 2012).
Sob cuidados de uma equipe multidisciplinar unida por único objetivo que é recuperar
a saúde dos pacientes em estado grave que se encontram no ambiente das UTIs, temos em
sua composição: Médicos Intensivistas, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Auxiliar
de Enfermagem, Auxiliar Administrativo, Auxiliar de Higiene Hospitalar, e é nesse cenário
que o fisioterapeuta se faz atuante em diversos estágios do tratamento intensivo, desde a
recuperação da condição clínica à prevenção de outras complicações (FRANÇA; et al, 2012).
O grande desafio do fisioterapeuta em Unidade de Terapia Intensiva é tratar a imobilida-
de e incapacidades funcionais do paciente criticamente enfermo, pois com as complicações
respiratórias, advindas da internação e imobilização no leito, os exercícios respiratórios são
cruciais nos serviços prestados, além de restabelecer outras funções, exigindo do fisiotera-
peuta conhecimentos e habilidades nas áreas cardiopulmonar, musculoesquelética, entre
outras, (FRANÇA; et al, 2012).
A atuação do fisioterapeuta na UTI cada vez mais vem ganhando credibilidade, visibili-
dade, além de apresentar resultados positivos, com foco em um melhor prognóstico e maior
qualidade de vida durante período de internação e após alta hospitalar dos pacientes. Então,
através da autonomia no manuseio do ventilador mecânico e o fortalecimento da parceria
com a equipe multidisciplinar têm-se fatores cruciais dentro dos serviços prestados pelos
profissionais em Fisioterapia (FU, 2018).

OBJETIVO

Apresentar o papel do fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva, compreendendo


possibilidades de atuação frente ao paciente grave.

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MÉTODOS

Este estudo caracterizou-se como sendo de natureza descritiva de revisão bibliográfica


sobre o tema o papel do fisioterapeuta nas unidades de terapia intensiva. Utilizaram-se como
descritores de assunto os termos unidades de terapia intensiva, pacientes graves, recur-
sos fisioterápicos, fisioterapeuta, ventilação mecânica e reabilitação, a partir das bases de
dados SCIELO, LILACS e MEDLINE, além de capítulos de livros. Para escolha dos artigos
definiram-se como critérios de inclusão artigos originais, estar em língua portuguesa e/ou
inglesa, publicados em periódicos nos últimos 10 anos que abordassem a temática proposta.
Com os descritores unidades de terapia intensiva, pacientes graves e ventilação mecâ-
nica, foram obtidas 2 publicações indexadas ao SCIELO, 1 publicação indexada ao LILACS
e 2 publicações indexada ao MEDLINE. Diante dessa pequena amostra obtida optou-se
pelo uso combinatório dos descritores de assuntos. Assim, foram utilizados os descritores
fisioterapeuta e unidades de terapia intensiva e foram encontradas 3 publicações indexadas
ao LILACS, 1 publicação indexada ao SCIELO, e 3 publicações indexada ao MEDLINE.
Já com os descritores reabilitação e unidade de terapia intensiva, foram obtidas 4
publicações no SCIELO e 3 publicações no LILACS. Por fim, combinaram-se unidades de
terapia intensiva e fisioterapeuta, e foram obtidas 5 publicações no LILACS e 4 no SCIELOS.
Mesmo com a combinação de descritores obtivemos 2 ocorrências de publicações na base
de dados MEDLINE.
Foram selecionados 30 (trinta) artigos, mas apenas 12 (doze) preencheram os critérios
de inclusão (ser original, estar em língua portuguesa e inglesa, publicado nos últimos 10
anos), sendo que destes, apenas 5 (cinco) artigos foram citados diretamente.
O fluxograma 1 descreve a organização das bases de pesquisa referente ao total de
30 publicações encontradas para o presente estudo, apenas 12 atendiam aos critérios de
inclusão, sendo que delas, uma publicação repetiu-se no LILACS por 5 vezes, devido às com-
binações entre os descritores de assuntos; portanto, foi considerada apenas uma única vez.

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Fluxograma 1. Distribuição dos artigos de acordo com as bases de dados pesquisadas.

RESULTADOS

A imobilidade presente no paciente criticamente enfermo em leito de UTI torna-o pre-


disposto a mudanças que comprometem a sua capacidade física e funcional, no qual a cine-
sioterapia respiratória e motora é de extrema importância no tratamento deste doente, favo-
recendo a recuperação da deficiência ou perturbação e prevenção de futuras comorbidades.
O suporte da ventilação mecânica tem como objetivo oferecer aporte de oxigênio,
favorecendo as trocas gasosas, em condições favoráveis. Além disso, é papel do fisiote-
rapeuta manter as vias aéreas sempre limpas e desobstruídas, de modo que o paciente
retorne o mais rápido possível à respiração espontânea. França et al (2012), demonstraram
as recomendações mínimas, aplicáveis à realidade brasileira, sobre a fisioterapia na unida-
de de tratamento intensivo, onde o fisioterapeuta intensivista possui um papel de extrema
importância, atuando na prevenção e/ou tratamento das disfunções de diversos sistemas,
reduzindo os fatores de riscos, possíveis complicações clínicas e mortalidade.
Afim de traçar um panorama do papel do fisioterapeuta na equipe multidisciplinar,
foram buscados artigos e feito leitura e seleção dos mesmos, com amostra final eviden-
ciado no quadro 1.

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Quadro 1. Distribuição dos artigos segundo autor, ano e metodologia aplicada.

AUTOR ANO METODOLOGIA APLICADA

Revisão da literatura sobre as implicações dos programas


FRANÇA, D. C et al. 2010
de reabilitação pulmonar nas UTI.

Recomendações elaboradas pelo Departamento de


FRANÇA, EET et al. 2012 Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva
Brasileira (AMIB).

Editorial abordando os avanços e atualizações na atuação


FU, C. 2018
do fisioterapeuta, publicado em revista científica da área.

Revisão sistemática da literatura abordando os desfechos


PINHEIRO AR, CHRISTOFOLETTI G. 2012 propiciados pela fisioterapia motora em pacientes críticos
assistidos em UTI.

Revisão Integrativa da literatura acerca da mobilização


PISSOLATO JS, FLECK CS, M.SC. 2018
precoce em pacientes adultos.

Conforme literatura pesquisada, França; et al (2010), revisaram estudos sobre a rea-


bilitação pulmonar na UTI, ressaltando a segurança e boa tolerância nos protocolos de
atendimento uma vez que não foram percebidos efeitos colaterais. Os principais benefícios
identificados foram aumento da deambulação, melhora do desempenho da musculatura
respiratória e esquelética, além de impacto funcional nas atividades de vida diária.
A importância do fisioterapeuta em UTI tem sido cada vez mais difundida e mostra-se
salutar para o prognóstico do paciente. A fisioterapia atua eficazmente na prevenção da
fraqueza muscular, do hipotrofismo, melhorando significativamente a capacidade funcional,
além de beneficiar fisicamente e psicologicamente esses pacientes (PISSOLATO, 2018).
Evidências mostram a importância e eficácia da mobilização precoce em pacientes restritos
ao leito e sob ventilação mecânica, promovendo uma evolução clínica considerável. Ainda
assim alguns profissionais da fisioterapia limitam esses pacientes a beira leito deixando-os
à mercê da inatividade (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).
Em 2012, sob tutela da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), especialis-
tas desenvolveram um documento contendo recomendações para atuação do fisioterapeuta
na UTI, enfocando a prevenção e tratamento de atelectasias, condições respiratórias relacio-
nadas à remoção de secreção e condições relacionadas ao descondicionamento e declínio
funcional. Todas as intervenções abordadas foram de caráter exclusivo do fisioterapeuta no
que tange ao diagnóstico, prescrição e realização (FRANÇA; et al, 2012).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fisioterapia ainda não é uma profissão secular, mas pode afirmar que se encontra
num estado de maturidade e firmeza. A consolidação de áreas cada vez mais promissoras,
aliado ao arsenal terapêutico disponível, torna a profissão estrutura elementar no processo
de saúde, onde o profissional fisioterapeuta está fortemente inserido. Ademais, nunca hou-
veram tantas publicações científicas no campo da fisioterapia, evidenciando ainda mais a
importância da profissão.
Diante desse contexto, era de se esperar que dentro da unidade de terapia intensiva,
em conjunto com a equipe formadora de trabalho, o fisioterapeuta fosse também peça funda-
mental e imprescindível. Todos os estudos analisados trouxeram as repercussões do traba-
lho, seja no aspecto motor, cognitivo ou respiratório. O paciente internado na UTI necessita
das ações e intervenções da fisioterapia afim de obter processo curativo, prevenir sequelas
e otimizar o quadro funcional, podendo sair de um período prolongado de internação sem
tantas comorbidades e problemas.
A intervenção fisioterapêutica envolve técnicas de prevenção como posicionamento no
leito, estímulo à independência para atividades funcionais, estímulo à deambulação, e tam-
bém atua na prevenção de complicações respiratórias, assistindo no tratamento de patologia
pulmonar já existente, promovendo uma eficácia no padrão respiratório. A fisioterapia atua
também na prevenção de complicações circulatórias, diminui a dor oriunda da imobilidade,
mantém a força muscular e amplitude de movimentos com exercícios.

CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisioterapia nos pacientes em estado grave nos leitos de UTIs tem exigido cada vez
mais com que o fisioterapeuta execute o seu papel no manejo do paciente crítico, pois ela
é parte integrante da equipe multidisciplinar em unidade de terapia intensiva. Em suma, o
fisioterapeuta exerce diversas condutas terapêuticas em diferentes fases do tratamento,
buscando evitar possíveis complicações respiratórias e motoras, garantindo um bom prog-
nóstico no quadro clínico do paciente e independência funcional até a sua alta.
O estudo apresenta limitações quanto ao número de referências utilizadas, necessitando
de mais tempo para ampliação de estudos, com resultados mais substanciais.

REFERÊNCIAS
1. FRANÇA, Danielle Corrêa et al. Reabilitação pulmonar na unidade de terapia intensiva: revisão
de literatura. Fisioter. Pesqui., São Paulo, v. 17, n. 1, p. 81-87, Mar. 2010.

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2. FRANÇA, E. E. T. et al. Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do Depar-
tamento de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, (2012). Disponível
em:< https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2012000100003>
Acesso em: 22 de maio de 2020.

3. FU, Carolina. Terapia intensiva: avanços e atualizações na atuação do fisioterapeu-


ta [Editorial]. Fisioterapia e pesquisa [S.l: s.n.], 2018. Disponível em: DOI: 10.1590/1809-
2950/00000025032018.

4. PINHEIRO AR, CHRISTOFOLETTI G. Fisioterapia motora em pacientes internados na unidade


de terapia intensiva: uma revisão sistemática. Rev Bras Ter Intensiva, v.24, n 2, p.188-196,
2012.

5. PISSOLATO SJ DA. Mobilização precoce na unidade de terapia intensiva adulta. Fisioterapia


Brasil, v.19, n.3, p.377-384, 2018.

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