Você está na página 1de 30

POLÍCIA MILITAR DO

PARANÁ ESTADO MAIOR


3ª SEÇÃO

DIRETRIZ Nº 005/2023 – PM/3

“INSTITUI O PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DA VIDA E


PREVENÇÃO AO SUICÍDIO NO ÂMBITO DA PMPR”

CURITIBA
2023
PMPR Curitiba, PR, 27 de julho de 2023-EM
3ª SEÇÃO DIRETRIZ N.º 005/2023-PM/3

“INSTITUI O PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DA VIDA E PREVENÇÃO AO SUICÍDIO NO


ÂMBITO DA PMPR”

Referências

a. Constituição Federal;
b. Constituição Estadual;
c. BRASIL. Lei Federal n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Dispõe sobre a
organização da Assistência Social e dá outras providências;
d. BRASIL. Lei Federal n.º 8.662, de 13 de março de 1993 - Dispõe sobre o Código de
Ética do/a Assistente Social;
e. BRASIL. Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe Sobre Os Cursos de
Formação em Psicologia e Regulamenta A Profissão de Psicólogo. Brasília, DF, 1962.
f. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n.º 010/2005. Aprova o
c ó digo de Ética Profissional do Psicólogo;
g. Decreto Estadual n.º 7.339, de 8 de junho de 2010 - Aprova o Regulamento Interno
e dos Serviços Gerais da Polícia Militar do Paraná;
h. Lei Estadual n.º 16.575, de 28 de setembro de 2010- Lei de Organização Básica
da PMPR (LOB PMPR);
i. Decreto Estadual n.º 5.075, 28 de novembro de 1998- Regulamento de Ética
Profissional dos Militares Estaduais do Paraná;
j. Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução nº
217 A (III), da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 10 de dezembro de 1948;
k. BRASIL. Portaria n.º 1.876, de 14 de agosto de 2006. Institui diretrizes Nacionais para
Prevenção do Suicídio, a ser implantadas em todas as unidades federadas,
respeitadas as competências das três esferas de gestão;
l. BRASIL. Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de
Prevenção da Automutilação e do Suicídio, a ser implementada pela União, em
cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; e altera a Lei nº 9.656,
de 3 de junho de 1998;
m. Portaria Interministerial n.º 2, de 15 de dezembro de 2010, SEDH/MJ, que estabelece
as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos
Profissionais de Segurança Pública;
n. BRASIL. Portaria Interministerial n.º 4.226, de 31 de dezembro de 2010. Estabelece
Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública;
o. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de
procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde. 2001;
p. BRASIL. Caderno técnico de tratamento do transtorno de estresse pós-traumático –
TEPT. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Secretaria Nacional de
Segurança Pública – SENASP, 2019;
q. Decreto n.º 6.297, de 4 de dezembro de 2020. Dispõe sobre Programa de Saúde
Mental aos Profissionais da Segurança Pública do Estado do Paraná no âmbito da
Secretaria da Segurança Pública do Estado do Paraná;
r. BRASIL. Lei n.º 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º
do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pública e
Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp); altera
a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro
de 2001, e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº
12.681, de 4 de julho de 2012;
s. BRASIL. Lei n.º 14.531, de 10 de janeiro de 2023. Altera as Leis n.º 13.675, de 11 de
junho de 2018, que cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
(PNSPDS), e 13.819, de 26 de abril de 2019, que institui a Política Nacional de
Prevenção da Automutilação e do Suicídio, para dispor sobre a implementação de
ações de assistência social, a promoção da saúde mental e a prevenção do suicídio
entre profissionais de segurança pública e defesa social e para instituir as diretrizes
nacionais de promoção e defesa dos direitos humanos dos profissionais de segurança
pública e defesa social; e dá outras providências;
t. BRASIL. Portaria MJSP n.º 483, de 9 de novembro de 2021. Regulamenta os Eixos de
Valorização dos Profissionais de Segurança Pública e de Fortalecimento das
Instituições de Segurança Pública e Defesa Social no âmbito da Política e do Plano
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, financiados com os recursos do
Fundo Nacional de Segurança Pública, transferidos na forma do inciso I do art. 7º da
Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018;
u. POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ_PMPR. Nota de Instrução n.º 002/2003 – PM/3.
Atenção psicossocial a policiais e bombeiros militares envolvidos em ocorrências de
alto risco. PMPR, 2003;
v. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ _PMPR. Portaria do Comando-Geral n.º
532 de 11 de julho de 2016. Institui as instruções reguladoras de perícias médicas e de
procedimentos relativos às dispensas e às licenças para tratamento da saúde. PMPR,
2016;
w. POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ_PMPR. Portaria do Comando-Geral n.º 100 de 23 de
março de 2020. Regula a aquisição, o cadastro e o porte de arma de fogo no âmbito
da Corporação e dá outras providências. PMPR, 2020;
x. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ _PMPR. Portaria do Comando-Geral n.º
662, de 14 de julho de 2021. Disciplina o emprego de Militares Estaduais no
atendimento biopsicológico aos integrantes da PMPR, 2021;
y. POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ _PMPR. Nota de Instrução n.º 002/2021 – PM/3.
Como noticiar casos de suicídio nos meios de comunicação e nas mídias sociais.
PMPR, 2021;
z. POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Prevenção e manejo do comportamento
suicida: manual dirigido a policiais e bombeiros militares do Estado do Paraná – PM/3.
PMPR, 2021.
1. FINALIDADE

Ampliar e fortalecer ações integrais de promoção da vida e prevenção do suicídio em


âmbito institucional, visando a diminuição das tentativas e mortes por suicídio de militares
estaduais da ativa e veteranos, assim como estabelecer protocolos compulsórios de ação e
atendimento a militares estaduais em situações de crise suicida.

2. SITUAÇÃO

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2018) 1, anualmente


cerca de 800 mil indivíduos se suicidam. Portanto, dentro de 40 segundos, em algum lugar do
planeta, um suicídio ocorre. Diariamente, duas mil pessoas dão fim à sua própria vida. Os
suicídios representam aproximadamente 1,4% de todos os óbitos do planeta e superam em
números a soma de homicídios, acidentes de transportes, guerras e conflitos civis (BOTEGA,
2015)2.
Se comparados os quantitativos de óbitos por suicídio no Brasil, se observa um
crescimento de 153% no período que compreende os anos de 1980 a 2011, onde foram
contabilizadas 205.990 mortes no total (RODRIGUES, 2020) 3. A taxa oficial de mortalidade
por suicídio era estimada em 3,3/100.000 hab. para a população em geral, no ano de 1980, e
chegando a 5,1/100.000hab. em 2011 (WAISEL- FISZ, 2013 4. Sistema de Informação de
Mortalidade do Ministério da Saúde – SIM/MS, 2011 5; MIRANDA; GUIMARÃES, 20166).
Ainda, conforme os dados divulgados pelo Fórum de Segurança Pública (2020) 7,
entre os anos de 2018 e 2019, os números absolutos de suicídio no Brasil figuraram em
11.315 e 12.700, respectivamente, representando um aumento de 11,4% entre os dois anos
(PENKAL, 2021)8.

1
WORLD HEALTH ORGANIZATION. National suicide prevention strategies: Progress, examples and indicators. Geneva: World Health
Organization, 2018.
2
BOTEGA, N. J. Crise Suicida: Avaliação e Manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.
3
RODRIGUES, C. B. Suicídio policial: compreender para prevenir. Curitiba: Editora CRV, 2020.
4
WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência. Homicídios e Juventude no Brasil. Brasília: Cebela Flacso, 2013.
5
MINISTÉRIO DA SAÚDE. SIM/MS. Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:
<http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/>.
6
MIRANDA, D.; GUIMARÃES, T. O Suicídio Policial: O que sabemos? Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, v. 09, n. 01, p.
13–34, 2016.
7
ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 14. 2020-. ISSN 1983-
7364. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/anuario-14/.
8
PENKAL, R. C. Suicídio policial militar: estudo dos casos de suicídio de policiais paranaenses. Belo Horizonte, 2021.
No que tange à relação entre suicídio e condições de trabalho, sobretudo na profissão
policial, ressalta-se a elevada propensão ao cometimento de suicídios (MIRANDA;
GUIMARÃES, 2016). Estudos realizados por Musumeci e Muniz (1998)9, identificam uma
taxa superior em 7,6 vezes, nos suicídios ocorridos entre policiais militares, se comparados
aos suicídios da população em geral no estado do Rio de Janeiro. Outrossim, o Anuário
brasileiro de segurança pública (2021) 10, apontou 229 casos de suicídio, entre os anos de
2017 e 2020, de profissionais de segurança pública no Brasil.
Ao compararmos a taxa de suicídios da população brasileira no ano de 2019 (6,1 por
100.000 habitantes) e as taxas das polícias militares de todo o país, no mesmo período, têm-
se níveis superiores na maioria dos estados (PENKAL, 2021). Ademais, o Anuário brasileiro
de segurança pública (2021), aponta a taxa de suicídio da Polícia Militar do Paraná,
correspondendo a 31,2 por 100.000 habitantes, considerando o seu efetivo no ano de 2019.
Tal representação numérica da população de militares estaduais paranaenses torna-
se ainda mais expressiva quando é realizada uma comparação com populações
consideradas como de risco pela literatura científica. Segundo dados do Ministério da
Saúde11, a taxa de suicídios para a população indígena, considerada como de risco e
vulnerabilidade social, foi de 15 casos por 100.000 mil habitantes; já para as Forças Armadas,
empregadas em atividade de combate, foram identificadas taxas de 15 casos por 100.000 mil;
enquanto que as taxas de suicídio na população geral brasileira foram de 5,5 casos por
100.000 habitantes.
Portanto, é emergencial pensar na prevenção do comportamento suicida entre os
militares estaduais do Paraná, que implica não apenas no objetivo de evitar a morte, mas
também, em considerar as sérias implicações na sociedade que são provocadas pela
ocorrência desses atos.
A prevenção ao suicídio depende de cada um dos integrantes da corporação, na atenção
a todas as dimensões, que não são apenas física e emocional, mas também adentra nas
esferas, familiar, social, e espiritual, sendo necessária uma abordagem responsável e
técnica, em um processo ininterrupto de conscientização e desmistificação, pois a
desinformação é fator relevante para o agravo do risco (BOTEGA et al 2006)12.

9
MUSUMECI, B.; MUNIZ, J. Relatório de pesquisa sobre Mapeamento da Vitimização de Policiais no Rio de Janeiro, Cesec, 1998.
10
ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 15. 2021-. ISSN 1983-
7364. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/07/anuario-2021-completo-v6-bx.pdf.
11
MINISTÉRIO DA SAÚDE. SIM/MS. Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:
<http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/>.
12
BOTEGA, N. J. et al. Prevenção do comportamento suicida. Psico, v. 37, n. 3, p. 5, 2006.
3. OBJETIVOS

a. Implementar na PMPR ações de assistência social, promoção da saúde mental e a


prevenção do suicídio, adequando às normativas da Política Nacional de Prevenção da
Automutilação e do Suicídio;
b. Prevenir mortes prematuras devido ao suicídio;
c. Reduzir as taxas de morte por suicídio;
d. Prevenir a ocorrência de outros comportamentos suicidas (automutilação, tentativa de
suicídio, dentre outros);
e. Prevenir os efeitos secundários prejudiciais associados aos comportamentos suicidas e
impacto traumático do suicídio nos sobreviventes (posvenção);
f. Qualificar a vigilância das mortes por suicídio e do comportamento suicida, bem como
qualificar a informação sobre o fenômeno e sua disseminação;
g. Garantir a oferta de atendimento em saúde mental aos militares estaduais;
h. Qualificar a gestão e o cuidado em todos os níveis de atenção;
i. Promover aos militares estaduais ações de qualidade de vida, educação, proteção,
recuperação da saúde e prevenção do suicídio em três diferentes níveis: universal, seletiva
e indicada;
j. Promover a educação permanente dos militares estaduais em função de gestores, assim
como dos profissionais de saúde, que atuam na PMPR, quanto ao sofrimento psíquico e às
lesões autoprovocadas;
k. Incluir em todos os cursos de formação, especialização e capacitação na PMPR a
disciplina e/ou atividade acadêmica de Prevenção e Manejo do Comportamento Suicida;

4. CONCEITOS BÁSICOS

1) Acolhimento: procedimento que envolve o recebimento do público-alvo, em local com


infraestrutura adequada e profissional qualificada, e o direcionamento das suas
demandas, contribuindo para a humanização do atendimento socioassistencial;
2) Acompanhamento: procedimento técnico realizado pelos profissionais qualificados, de
caráter continuado e obrigatório, em que se faz necessário o estabelecimento de
vínculos entre público-alvo e equipe técnica;
3) Atendimento: procedimento de escuta qualificada e identificação de demandas do
público-alvo, onde são definidas estratégias de intervenção para a situação-problema
apresentada, viabilizando a realização das intervenções pertinentes, podendo ser
individual ou em grupo;
4) Autópsia Psicológica: estudo retrospectivo que reconstitui o status da saúde física, e
mental e as circunstanciais sociais das pessoas que se suicidaram, a partir de
entrevistas com familiares e informantes próximos às vítimas;
5) Crise suicida: situação em que o risco de suicídio é o mais iminente;
6) Comportamento suicida: conjunto de ações que expõe a pessoa a riscos contra a sua
integridade, abrangendo também a tentativa de suicídio e o suicídio consumado;
7) Encaminhamento: procedimento formal de articulação das necessidades do público-
alvo com a oferta de serviços;
8) Entrevista: coleta de dados sobre a situação social, física e psicológica trazida pelo
público-alvo;
9) Fatores de risco: qualquer situação que aumente a probabilidade de ocorrência do
suicídio;
10) Fatores estressores: situações ambientais podem ser provocadoras de estresse e
agrupadas como: acontecimentos vitais, acontecimentos diários menores e situações de
tensão crônica;
11) Fatores protetivos: aqueles que protegem o indivíduo de fatos que poderão agredi-los
física, psíquica ou socialmente, buscando minimizar os riscos de suicídio;
12) Frustração: facilidade para apresentar irritabilidade, angústia, raiva, dentre outras
emoções negativas, diante de situações que não atendem às expectativas individuais;
13) Ideação suicida: envolve pensamentos passageiros ou recorrentes de que a vida não
vale a pena ser vivida até preocupações intensas sobre por que viver ou morrer;
14) Incidente crítico: quebra na rotina de trabalho que implique em risco à integridade
física, psíquica ou moral do profissional de segurança pública, ou agente penitenciário;
15) Modelo biopsicossocial: compreensão da saúde e da doença à luz das interações
entre as dimensões biológica, psicológica e social, com vistas a compatibilizar de forma
sistêmica as abordagens médica, psicológica e social;
16) Ocorrência de risco: quaisquer situações de risco à integridade física, psíquica ou
moral, tais como assédio sexual e/ou moral, confronto com arma de fogo, participação
em operação policial que resulte em dano ou prejuízo físico e/ou psíquico (próprio ou de
terceiro), envolvimento ou participação em suicídio, acidente de trabalho, participação
em operação que envolva investigação de temas delicados (pornografia infantil, abuso
sexual, pedofilia e outros), atuação em programa de proteção ao depoente especial,
execução de escuta telefônica, dentre outras;
17) Plantão Psicossocial: Equipe multidisciplinar (composta por policiais militares com
formação em Psicologia, Serviço Social e Teologia) voltada para o atendimento de
ocorrências de incidente crítico, envolvendo militares estaduais e seus dependentes. O
atendimento é voltado aos Primeiros Cuidados Psicológicos (PCP), nos procedimentos
de incidente crítico, utilizando-se de uma abordagem firme e tranquila, demonstrando
interesse genuíno e uma escuta ativa e atenciosa, transmitindo às vítimas confiança,
acolhimento e suporte emocional. O Plantão Psicossocial deve ser acionado através da
Central de Operações Policiais Militares (COPOM), ou ainda, através do telefone da
Seção de Assistência Social;
18) Posvenção: destina-se àquelas pessoas que de alguma forma foram expostas a um
suicídio, com o intuito de promover ações sistematizadas e preventivas, de acordo com
o risco de efeitos negativos após o evento traumático, a fim de disponibilizar o amparo e
assistência a todos os afetados;
19) Prevenção Universal: destinada a toda a população, indiscriminadamente, incluindo-
se os indivíduos que apresentam nenhum ou baixíssimo risco ao suicídio;
20) Prevenção Seletiva: voltada àqueles indivíduos que apresentam risco baixo a
moderado, ou seja, apesar de possuírem vulnerabilidade e se enquadrarem em alguns
fatores de risco, ainda não exibiram propriamente comportamentos suicidas, porém,
necessitam da devida atenção e cuidado;
21) Prevenção Indicada: dirigida àqueles indivíduos que passaram a apresentar quadros
de comportamento suicida, ou possuam um risco de suicídio considerado importante, ou
elevado, e que necessitam de um acompanhamento intensivo e um manejo voltado à
manutenção e garantia da continuidade do tratamento, promovendo a sua reabilitação
psicossocial;
22) Promoção da qualidade de vida no trabalho: ações integradas no âmbito da
organização e das relações socioprofissionais que visam à promoção do bem-estar,
saúde, desenvolvimento pessoal, exercício da cidadania e valorização dos profissionais,
não se referindo apenas à ausência de doenças relacionadas ao trabalho;
23) Público-alvo: profissionais de segurança pública: militares e civis, ativos e
aposentados, bem como os respectivos dependentes legais;
24) Rede socioassistencial: conjunto integrado de ações de iniciativa pública e/ou
privada, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas, atividades e projetos;
25) Resiliência: habilidade de superação de situações estressoras;
26) SAS: Seção de Assistência Social, pertencente à Diretoria de Pessoal, responsável
pelo atendimento biopsicossocial dos militares ativos, dependentes e seus dependentes;
27) Saúde biopsicossocial: perspectiva que dá importância não só aos aspectos
biológicos da saúde humana, mas também a aspectos psicológicos e sociais;
28) Substâncias psicoativas: substâncias com potencial de uso nocivo que podem
desencadear no indivíduo a autoadministração repetida, que geralmente resulta em
tolerância, síndrome de abstinência e comportamento compulsivo de consumo;
29) Suicidabilidade: probabilidade de ocorrer o comportamento suicida ou autodestrutivo
em um paciente durante a vida;
30) Suicídio: ato consciente e intencional efetivado pelo próprio agente, ainda que haja
um pensamento antagônico entre viver ou morrer, com a finalidade de extinguir a própria
vida, utilizando um meio que ele acredita ser letal;
31) Tentativa de Suicídio: ato de autoagressão cuja intenção é a morte, que acaba não
ocorrendo. Uma tentativa de suicídio pode ou não resultar em lesão.
32) Transtorno mental: alterações do funcionamento da mente que prejudicam o
desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na vida pessoal, no trabalho,
nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de autocrítica, na
tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral;
33) Seção de Atendimento Psicossocial (SAP): unidade responsável pela promoção de
ações de acompanhamento biopsicossocial individual e coletivo dos militares estaduais,
inativos, aposentados ou do serviço ativo, e de seus dependentes legais, bem como
pela redução e eliminação de riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho
que possam causar danos à saúde dos militares;
34) Visita domiciliar: atenção individualizada ao público-alvo prestada em uma unidade
domiciliar;
35) Vulnerabilidade social: baixa capacidade material, simbólica e comportamental, do
público-alvo, para enfrentar e superar os desafios com os quais se defrontam. Refere-se
a uma diversidade de situações de risco determinadas por fatores de ordem física, pelo
ciclo de vida, pela etnia, por opção pessoal e outras, que favorecem a exclusão e/ou que
inabilita, de maneira imediata ou no futuro, os indivíduos e/ou as famílias, na satisfação
de seu bem-estar, tanto na subsistência quanto de qualidade de vida.

5. EXECUÇÃO

O “Programa de Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio”, deverá ser aplicado


em todo o Estado, como estratégia permanente da PMPR para a prevenção desses eventos
e para o tratamento dos condicionantes a eles associados, sendo essencial a participação
ativa de todos os militares estaduais para a consecução dos objetivos elencados.
As ações de prevenção da violência autoprovocada e do comportamento suicida dos
policiais militares na PMPR deverão pautar-se nas seguintes diretrizes:
I-perspetiva multiprofissional na abordagem;
II-atendimento e escuta multidisciplinar e de proximidade;
III-discrição e respeito à intimidade nos atendimentos;
IV-integração e intersetorialidade das ações;
V-ações baseadas em evidências científicas;
VI-respeito à dignidade humana;
VII-ações de sensibilização dos policiais militares;
VIII-articulação com a rede de saúde pública e outros parceiros;
IX-realização de ações diversificadas ou cumprimento de disciplinas curriculares
específicas durante os cursos de formação;
X-desenvolvimento de ações integradas de assistência social e promoção da saúde
mental de forma preventiva e inclusiva para a família;
XI-melhoria da infraestrutura das unidades;
XII-incentivo à gestão administrativa humanizada
6. NÍVEIS DE PREVENÇÃO

6.1 PREVENÇÃO UNIVERSAL

A Prevenção Universal visa alcançar toda a coletividade dos policiais militares, com
enfoque na promoção da saúde e aumento da qualidade de vida.
a) Incentivar o convívio social por meio de confraternizações no espaço laboral,
contribuindo para a melhoria das relações interpessoais, além de promover a
aproximação dos seus dependentes (reestruturação familiar);
b) Incentivar a atividade física como uma importante prática ao contexto da saúde
mental;
c) Realizar a sensibilização e o treinamento dos gestores de recursos humanos, em
todos os níveis da Corporação;
d) Promover atividades religiosas com o envolvimento dos policiais militares, através
da Assistência Religiosa da Corporação (DP/7);
e) Elaborar encontros temáticos por área, trazendo temas relacionados à qualidade
de vida no trabalho, saúde mental entre outros;
f) Promover programas de informação sobre o tema suicídio, em todos os níveis
hierárquicos, principalmente no que tange ao encaminhamento de auxílio
especializado nos casos em que exista o risco de suicídio;
g) Promover o estabelecimento de vínculos de confiança nas relações provenientes
do ambiente de trabalho, que possam servir de suporte social, visando chamar a
atenção de mudanças comportamentais, que possam indicar fatores de risco, tais
como: separações conjugais, perda de entes queridos, problemas financeiros,
entre outros;
h) Desmistificar o tema suicídio, e sensibilizar os efetivos sobre a necessidade do
acolhimento do militar estadual em crise suicida;
i) Viabilizar palestras que promovam a sensibilização da temática da qualidade de
vida e de um ambiente laboral saudável;
j) Abordar o suicídio de forma direta e clara, informando sobre como proceder nos
casos de ideação suicida e tentativa de suicídio;
k) Promover palestras de orientação de educação financeira e endividamento;
l) Promover material didático institucionalizado sobre a prevenção e manejo do
comportamento suicida, através de manual e curso em plataforma de ensino à
distância;
m) Capacita os policiais militares no que se refere à identificação e ao
encaminhamento dos casos de risco;
n) Realizar a divulgação de campanhas através de recursos audiovisuais, de forma
física, através das mídias digitais, e vídeos institucionais;
o) Promover o conteúdo relacionado à saúde mental, em todos os cursos de
formação e especialização no âmbito da Polícia Militar;
p) Aplicar anualmente metodologia de avaliação e controle de resultados e metas a
serem atingidas na presente Diretriz.

6.2 PREVENÇÃO SELETIVA

A Prevenção Seletiva, por sua vez, visa a elaboração de uma rede assistencial no
ambiente de trabalho, composta não apenas pelos profissionais de saúde, mas também pelos
demais colegas.
Logo, as ações provenientes da Prevenção Universal permitem que os próprios
militares estaduais estejam aptos a observar e sinalizar mudanças repentinas de
comportamento.
Assim, auxiliam a realização de um diagnóstico antecipado sobre os riscos
específicos a que estes policiais militares estão expostos, oportunizando, desta forma, o
encaminhamento a profissionais especializados, com o tempo de planejamento de estratégias
terapêuticas melhoradas.
a) Ampliar divulgação das Seções de Atendimento Psicossocial (SAPs) existentes
nos Batalhões, para facilitação do acesso à busca de atendimento;
b) Realizar o acompanhamento de policiais envolvidos em ocorrências de alto risco
(PROAAR)13, traumáticas, e também, aos policiais que atenderam ocorrências de
suicídios;
c) Realizar o acompanhamento de policiais envolvidos em ocorrências provenientes
de incidente crítico (Plantão Psicossocial);
d) Disponibilizar o acompanhamento psicológico regular;
13
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Nota de Instrução nº 002/2003 – PM/3. Atenção psicossocial a policiais e bombeiros militares
envolvidos em ocorrências de alto risco. PMPR, 2003.
e) Disponibilizar o atendimento do serviço social;
f) Criação de programas de atenção para o uso e abuso de álcool e outras drogas;
g) Organização de rede de cuidado como fluxo assistencial que permita o diagnóstico
precoce dos militares em situação de risco, com o envolvimento de toda a
Corporação, de modo a sinalizar a mudança de comportamento ou a preocupação
com o colega de trabalho;

6.3 PREVENÇÃO INDICADA

A Prevenção Indicada é voltada àqueles policiais militares com forte ideação, com
suspeita de planejamento da ação ou ainda, que já tiveram tentativas de suicídio.

I Quando o policial militar encontra-se em tratamento para doenças relacionadas


a transtornos mentais;
II Quando o policial militar apresenta comportamentos que possam incidir em
risco de autoagressão.

a) Promoção e acompanhamento da Instituição, com a ajuda dos profissionais


indicados, às relações familiares e sociais dos policiais;
b) Estabelecer prioridades para o atendimento dos usuários de saúde mental,
definindo o recurso assistencial mais adequado a cada caso, identificando os
casos mais graves, permitindo um atendimento mais rápido e seguro de acordo
com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento;
c) Monitoramento de hábitos e costumes da caserna, que provoquem a
estigmatização ou constrangimento entre os militares que já receberam tratamento
para transtornos mentais ou demais situações que envolvam o risco de suicídio;
d) Realizar acompanhamento, diário, semanal, quinzenal ou mensal (conforme o grau
de risco e a necessidade do caso) do indivíduo;
e) Atenção a procedimentos relacionados à restrição do acesso e porte de armas de
fogo.
7. MANEJO DA CRISE SUICIDA

Existem medidas preventivas e imediatas para evitar a exposição do militar a riscos


desnecessários, que podem fazer toda a diferença na prevenção do suicídio.
O militar estadual com risco de suicídio (seja a ideação ou a tentativa) necessita de
cuidados, e a administração militar (ou qualquer policial que identifique estes riscos) deve
adotar as seguintes medidas de prevenção:

1) Em um ambiente reservado, comunicar ao policial militar, com muito respeito e


afeição, sobre os fatores de risco observados;
2) Manter a vigilância: após o controle e escuta da situação, afaste o militar de
qualquer meio que possa oferecer risco à integridade dele e mantenha-o sempre
próximo a outras pessoas, preferencialmente aquelas com quem já possua algum
vínculo;
3) Informá-lo que será encaminhado para atendimento na Seção de Assistência
Social da PMPR, através da SAP (Seção de Atendimento Psicossocial) existente
em sua Unidade ou pelo acionamento do Plantão Psicossocial 14. Por meio do
contato imediato com um psicólogo ou assistente social, o mesmo poderá avaliar o
risco para providenciar encaminhamento adequado (atendimento médico
emergencial);
4) Se existirem riscos graves e iminentes, o Comandante deverá retirar o policial
militar de qualquer função atrelada ao contato com arma de fogo e providenciar o
recolhimento de sua arma particular e/ou sob cautela 15. Tal ato pode ocorrer antes
mesmo do encaminhamento ao profissional de saúde mental de referência;
5) Conversar com o militar sobre a possibilidade de mobilizar e contatar quem possa
ajudá-lo (familiares, amigos, militares mais próximos). É muito importante que este
passo seja realizado, pois, a vigilância desta pessoa é fundamental;
6) O psicólogo realizará o atendimento clínico e emitirá o “atestado de não condição
ao porte e manejo de arma de fogo”. Além dos procedimentos técnicos atinentes
(encaminhamento médico, acionamento da rede familiar de apoio,
encaminhamento para outras modalidades de tratamento);
14
O Plantão Psicossocial pode ser acionado através da Central de Operações Policiais Militares (COPOM), ou ainda, através do
telefone da Seção de Assistência Social (41) 3333-2787/ (41) 3333-8328.
15
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Portaria do Comando-Geral Nº 100 de 23 de março de 2020. Regula a aquisição, o cadastro
e o porte de arma de fogo no âmbito da Corporação e dá outras providências. PMPR, 2020.
7) Manter a discrição e sigilo em todas as ações, fazendo com que apenas os
elementos essencialmente necessários tenham conhecimento da situação 16;
8) Em situações de grande descontrole emocional o único manejo clínico possível é
através da contenção clínica imediata (SAMU). O paciente encontra-se
incapacitado para um processo de comunicação, tornando inviável uma
intervenção psicológica, e portanto, sugere-se o encaminhamento para o serviço
de pronto-atendimento médico;
9) Nos casos de Risco Imediato e Emergencial, proveniente de uma tentativa de
suicídio, em que existe a instalação de uma crise, busque a ajuda de profissionais
imediatamente:

a. Militar estadual desarmado17: através do acionamento do Corpo de


Bombeiros;
b. Militar estadual armado18: Acionar as equipes especializadas do Batalhão de
Operações Especiais (BOPE) de forma imediata, via canal técnico e sem
prejuízo dos canais hierárquicos, conforme o Procedimento Operacional Padrão
(POP 200.3).
c. Ambiente controlado, mas há dificuldade de comunicação em virtude da
intensidade da crise emocional: em todas as situações acima elencadas, o
encaminhamento para o pronto socorro para atendimento médico deve ser
imediato, assim como o acionamento do Plantão Psicossocial 19 da Seção de
Assistência Social, que realizará as orientações necessárias. Posteriormente,
recomenda-se agendar atendimento psicológico na Seção de Atendimento
Psicossocial (SAP) da PMPR.

10) Em qualquer das situações acima elencadas, deverá ocorrer a notificação à


Seção de Assistência Social, por meio do Plantão Psicossocial.

16
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Nota de Instrução nº 002/2021 – PM/3. Como noticiar casos de suicídio nos meios de
comunicação e nas mídias sociais. PMPR, 2021.
17
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Diretriz nº 005/2011 – PM/3. Estabelece os procedimentos a serem observados pelos
integrantes da Polícia Militar do Paraná durante o processo de gerenciamento das situações policiais críticas. PMPR, 2011.
18
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Diretriz nº 005/2011 – PM/3. Estabelece os procedimentos a serem observados pelos
integrantes da Polícia Militar do Paraná durante o processo de gerenciamento das situações policiais críticas. PMPR, 2011.
19
O Plantão Psicossocial pode ser acionado através da Central de Operações Policiais Militares (COPOM), ou ainda, através do
telefone da Seção de Assistência Social (41) 3333-2787/ (41) 3333-8328.
8. POSVENÇÃO

São ações sistematizadas e preventivas a futuros impactos negativos aos quais


possam estar expostas às pessoas que tiveram contato com uma vítima de suicídio
(BOTEGA, 2015)20, devendo obrigatoriamente ser realizadas pelas OPMs como uma medida
preventiva a futuros casos de violência autoprovocada, por meio das ações da Seção de
Assistência Social (DP/7).

a) Ocorrendo a morte do militar estadual ou de familiar, o Plantão Psicossocial deverá


ser acionado através da Central de Operações Policiais Militares (COPOM), ou
ainda, através do telefone da Seção de Assistência Social (41) 3333-2787/ (41) 3333-
8328, para o suporte de primeiros cuidados psicológicos;
b) Adotar medidas para que não sejam divulgadas nas redes sociais detalhes da
ocorrência que exponham os familiares, tais como métodos, fotos, cartas, locais, e,
inclusive, o boletim de ocorrência (PMPR, 2021);
c) Nas situações que envolvam militares ativos, a Seção de Assistência Social da
Diretoria de Pessoal deverá, posteriormente ao fato, realizar a Posvenção na
respectiva Unidade;
d) A Seção de Assistência Social da Diretoria de Pessoal deverá realizar a autópsia
psicológica de todos os casos de suicídio (militares ativos e veteranos), com o intuito
de qualificar a vigilância das mortes por suicídio e do comportamento suicida, bem
como qualificar a informação sobre o fenômeno e sua disseminação;
e) Aprimoramento da notificação dos casos de suicídio e tentativa, entre militares
estaduais;
f) Desenvolvimento de estratégias de intervenção específicas para as unidades que
ocorreram casos de tentativa ou suicídio consumado (posvenção);
g) Abordagem do tema da divulgação dos casos de suicídio: de forma responsável,
respeitosa e que preserve a privacidade das vítimas e dos familiares (PMPR, 2021),
considerando o efeito identificatório sobre populações específicas e pessoas
suscetíveis ao suicídio;
h) Investimento e aprimoramento da capacitação dos profissionais de saúde para a
identificação dos sinais de alerta.

20
BOTEGA, N. J. Crise Suicida: Avaliação e Manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.
9. COMPETE À SEÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SAS – DP/7)

a. Desenvolver estratégias de informação, de comunicação e de sensibilização na


cultura militar sobre o suicídio, como um problema de saúde pública, e que pode ser
prevenido;
b. Organizar linha de cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento e
recuperação) aos casos de militares com risco de suicídio;
c. Instituir indicadores de gestão para a análise dos resultados obtidos;
d. O Chefe da DP/7 deverá acompanhar os relatórios atinentes às autópsias
psicológicas, a fim de prover dados epidemiológicos para a prevalência dos
determinantes e condicionantes do suicídio, assim como os fatores protetores e
desenvolvimento de ações intersetoriais;
e. Contribuir para o desenvolvimento de métodos de coleta e análise de dados,
permitindo a qualificação da gestão, a disseminação das informações e dos
conhecimentos;
f. Planejar, orientar, coordenar e controlar, na esfera de suas atribuições, as atividades
relacionadas a esta Diretriz;
g. Promover a educação permanente dos gestores em todos os níveis de atenção
quanto ao sofrimento psíquico e às lesões autoprovocadas;
h. Capacitar os profissionais psicólogos e assistentes sociais para o adequado manejo,
acompanhamento e tratamento dos casos de risco de suicídio;
i. Ao Chefe da DP/7 cabe o acompanhamento do acionamento do Plantão Psicossocial
em suas diferentes ações de prevenção e intervenção;
j. Acompanhar junto aos profissionais das SAPs os casos de risco de suicídio,
mantendo relatório continuado;
k. Acompanhar de maneira ativa e continuada as ações de Posvenção elencadas por
esta Diretriz.
10. COMPETE ÀS SEÇÕES DE ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL (SAPs)
SUBORDINADAS À DP/7

Deverão, através das avaliações psicológicas, ao detectar militares estaduais com


risco de suicídio, avaliá-lo nos graus de risco, específicas para estes indivíduos, realizando os
demais procedimentos clínicos atinentes à demanda.
O “mapeamento de risco” tem como objetivo o controle e o acompanhamento de
casos críticos, a fim de estabelecer propostas de ação e intervenção.
a) Realizar acompanhamento, diário, semanal, quinzenal ou mensal (conforme o grau
de risco e a necessidade do caso) do indivíduo;
b) Estabelecer prioridades para o atendimento dos usuários de saúde mental, definindo
o recurso assistencial mais adequado a cada caso. Portanto, tem entre seus objetivos
a identificação dos casos mais graves, permitindo um atendimento mais rápido e
seguro de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento;
c) Acompanhar o tratamento em clínicas especializadas, ou mesmo no CAP do
município, verificando como está a condição clínica do militar estadual: se permanece
em internamento, se abandonou o tratamento, entre outras.

10.1 Casos de risco grave – acompanhamento diário: com necessidade de atendimento


imediato. Condições em que o usuário apresenta risco de morte ou sinais de deterioração do
quadro clínico que ameaçam a própria vida ou de terceiros.
a) Tentativa de suicídio em qualquer circunstância, com ou sem agitação
psicomotora;
b) Episódio depressivo grave com ou sem sintomas psicóticos, associado à ideação
suicida, com planejamento ou história anterior de tentativa de suicídio;
c) Episódio de Mania (euforia) com ou sem sintomas psicóticos, associado
comportamento inadequado com risco para si e/ou terceiros
d) Autonegligência (perda do autocuidado) grave com doenças clínicas associadas
(comorbidades orgânicas);
e)Intoxicação aguda por substâncias psicoativas (medicamentos, álcool e outras
drogas);
f) Quadro psicótico com delírios, alucinações, alteração do comportamento, podendo
estar associado a confusão mental, ansiedade e impulsividade com risco para si
e/ou terceiros;
g) Episódio de autoagressividade (automutilação, cutting) com risco de morte
eminente;
h) Episódio de agitação psicomotora, agressividade auto e/ou heterodirigida, com
ideação, planejamento e/ou tentativa de homicídio ou suicídio;
i) Quadro de alcoolismo ou dependência química a outras drogas com sinais de
agitação e/ou agressividade auto e/ou heterodirigida, várias tentativas anteriores
de tratamento extra-hospitalar sem êxito, com risco psicossocial elevado.

10.2. Casos de risco elevado – acompanhamento diário: condições que potencialmente


ameaçam à vida e requerem rápida intervenção.
a) Quadro depressivo grave com ou sem sintomas psicóticos, com ideação suicida sem
planejamento, porém sem apoio sociofamiliar que possibilite tratamento extra-
hospitalar;
b) Quadro psicótico agudo, sem sinais de agitação psicomotora e/ou agressividade,
porém sem apoio sociofamiliar;
c) Autonegligência (perda do autocuidado) grave;
d) Alcoolismo ou dependência química a outras substâncias com sinais de abstinência
leve, ou moderado que não consegue se abster com programa de tratamento extra-
hospitalar, com evidência de risco social;
e) Quadros refratários à abordagem ambulatorial e especializada;
f) Episódios conversivos/dissociativos, com alteração aguda do comportamento e risco à
própria integridade ou à de terceiros;
g) Determinações judiciais.

10.3. Casos de risco moderado – acompanhamento semanal: condições que podem


evoluir para um problema sério, se não forem atendidas rapidamente.
a) Quadro depressivo moderado com ou sem ideação suicida, com apoio
sociofamiliar que possibilite tratamento extra-hospitalar;
b) Quadro psicótico agudo, sem sinais de agitação psicomotora e/ou agressividade
auto e heterodirigida, com apoio sociofamiliar que possibilite tratamento extra-
hospitalar;
c) Alcoolismo ou dependência química a outras drogas com sinais de abstinência leve
que consegue participar de programa de tratamento especializado ambulatorial;
d) Histórico psiquiátrico pregresso com tentativa de suicídio e internação prévia.

10.4. Casos de risco baixo – acompanhamento quinzenal: condições que apresentam um


potencial para complicações.

a) Síndromes Depressivas Leves;


b) Transtorno Afetivo Bipolar: episódio depressivo ou maníaco sem risco para si ou para
terceiros;
c) Insônia;
d) Síndromes conversivas/dissociativas sem risco para si ou para terceiros;
e) Sintomas psicossomáticos, crises de ansiedade;
f) Episódios de uso nocivo/abusivo de álcool ou outras substâncias psicoativas;
g) Luto / Reação adaptativa.

10.5. Casos não urgentes – acompanhamento mensal: condições não agudas, não
urgentes ou problemas crônicos, sem alterações dos sinais vitais.

a) Condições psiquiátricas crônicas estabilizadas;


b) Manutenção do acompanhamento ambulatorial multiprofissional para pacientes
com transtornos mentais crônicos em uso de medicação estabilizados;
c) Orientações e apoio familiar.

Ainda, cabe aos profissionais das SAPs:

a) Realizar intervenções sistemáticas nos locais de trabalho, a fim de minimizar o


impacto das tentativas de suicídio, suicídios consumados e outros incidentes
críticos;
b) Avaliar os fatores de risco e de proteção durante o acompanhamento
biopsicossocial a fim de prevenir os casos de suicídio;
c) Avaliar e, se for o caso, encaminhar sugestão de restrição do uso de arma de
fogo nos casos de incidentes críticos ou ocorrências de risco;
d) Promover o acompanhamento psicossocial à família e aos colegas de equipe
em caso de morte ocasionada por acidente de trabalho ou suicídio;
e) Promover atividades relacionadas a Qualidade de Vida aos militares estaduais;
f) Implementar o acompanhamento biopsicossocial de preparação dos militares
estaduais, processo de reserva remunerada ou reforma, com ações preventivas
e interventivas;

11. COMPETE AOS COMANDANTES, DIRETORES E CHEFES:

a) Assegurar que os Policiais Militares com comportamentos suicidas, ou outros


transtornos mentais, não sejam discriminados;
b) Os Comandantes, Diretores ou Chefes não poderão ignorar potenciais casos para o
risco de suicídio ou deixar de encaminhá-los para avaliação psicológica/psiquiátrica;
c) Sempre que houver um caso de risco de suicídio, tentativa, ou então o suicídio (de
militar ativo ou veterano) a Seção de Assistência Social deverá ser notificada, por
meio do Plantão Psicossocial, para que todo o suporte necessário seja disponibilizado
aos militares e seus familiares;
d) Os casos de risco de suicídio (ideação e tentativa) atendidos pelo Hospital da Polícia
Militar, nos preceitos éticos do atendimento médico, deverão ser notificados à Seção
de Assistência Social, por meio do Plantão Psicossocial, para que todo o suporte
necessário seja disponibilizado aos militares e seus familiares;
e) Encorajar seus subordinados a buscarem ajuda especializada e não fazer
comentários que possam desencorajá-los ou contribuam para piorar a condição do
militar;
f) Manter a confidencialidade das pessoas que precisarem de ajuda;
g) Contribuir para eliminar quaisquer preconceitos, proibindo comentários
preconceituosos em relação a militares que tenham algum histórico de transtorno
mental;
h) Garantir o sigilo dos atestados médicos na tramitação via e-protocolo, proibindo a
exposição dos militares;
i) Incentivar busca por ajuda quando o militar apresentar situações de risco como:
problemas conjugais, uso abusivo de álcool ou outras substâncias psicoativas,
conflitos relacionais, luto, possibilidade de exclusão da Corporação;
j) Favorecer o acesso aos serviços de saúde mental institucional, bem como a
divulgação dos canais de ajuda dentro e externos à Corporação;
k) Incentivar nos militares a preocupação com os companheiros de serviço, de modo a
estarem atentos a comportamentos de risco;
l) Viabilizar campanhas de prevenção ao suicídio, anuais;
m) Ser entusiasta de atividades de valorização profissional, de promoção da saúde e
prevenção de doenças;
n) Desenvolver atividades militares, sociais e religiosas, estimulando a integração entre
os militares e a participação das famílias;
o) Incluir a temática de saúde mental e prevenção ao suicídio nos cursos ministrados no
âmbito da corporação;
p) Prezar pela Gestão de Pessoas humanizada, baseada nos valores e ética militar;

12. COMPETE AOS MILITARES ESTADUAIS

O militar estadual que perceber qualquer sinal de mudança de comportamento e/ou


risco de suicídio no colega de trabalho, deverá adotar os seguintes procedimentos:
a) Encontrar um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com
o militar, deixando-o saber que está pronto para ouvi-lo sem julgamentos e
disponível para oferecer apoio;
b) Demonstrar respeito e compreensão, sendo empático e conversando de forma
verdadeira e honesta, evitando questionamentos ou julgamentos;
c) Incentivar o Policial Militar a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde,
de saúde mental da Corporação ou de emergência. Ofereça-se para acompanhá-lo
no atendimento;
d) Ao perceber que o militar está sob risco, não deixá-lo sozinho;
e) Procurar ajuda de profissionais de saúde mental, ou de emergência e entrar em
contato com alguém de confiança, indicado pelo próprio militar;
f) Comunicar o fato ao Oficial responsável, para tomar as providências institucionais
de cuidado;
g) Não divulgar nas redes sociais detalhes da ocorrência que exponham os familiares,
tais como métodos, fotos, cartas, locais, e, inclusive, o boletim de ocorrência
(PMPR, 2021)21;

13. PRESCRIÇÕES DIVERSAS

a) Para a divulgação ampla do protocolo de situações elencadas na presente Diretriz,


caberá aos Órgãos de Direção, de Apoio e de Execução da Corporação a gestão
necessária, com vistas à realização de divulgação em todos os níveis da estrutura da
Corporação, devendo, ainda, as orientações, serem afixadas em murais, quadros de
aviso, locais de reunião, salas de treinamento e salas de aula, utilizando, para tanto,
cartazes ou impressão colorida, na forma do ANEXO à presente Diretriz;
b) Casos omissos serão submetidos à apreciação do Comandante-Geral da PMPR.

ASSINADO ELETRONICAMENTE
Cel. QOPM Jefferson Silva,
Comandante-Geral da PMPR.

Anexo: quadros elucidativos22.


DISTRIBUIÇÃO: Comando-Geral, Subcomando-Geral, Estado-Maior, Diretorias, Ajudância-
Geral, APMG, CPE, CME, 1º ao 6º CRPMs e Unidades subordinadas,
21
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Nota de Instrução nº 002/2021 – PM/3. Como noticiar casos de suicídio nos meios de
comunicação e nas mídias sociais. PMPR, 2021.
22
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ – PMPR. Prevenção e manejo do comportamento suicida: manual dirigido a policiais e bombeiros
militares do Estado do Paraná – PM/3. PMPR, 2021.
ANEXO à Diretriz nº 005/2022 – PM/3 (Institui o Programa de Valorização da Vida e
Prevenção ao Suicídio no âmbito da PMPR).

1) Mitos relacionados ao suicídio:

Fonte: PMPR (2021).


2) Fique atento aos sinais verbais e comportamentais:

Fonte: PMPR (2021).

3) Sinais comportamentais:
Fonte: PMPR (2021).

4) Primeiros passos para viabilizar contato com um policial militar em uma crise
suicida:
Fonte: PMPR (2021).

5) Como se comunicar:
6) Como não se comunicar:

Fonte: PMPR (2021).

7) Protocolo de conduta e encaminhamento de policiais militares:


Fonte: PMPR (2021).

8) Protocolo de conduta e encaminhamento de policiais militares:

Fonte: PMPR (2021).


9) Após o suicídio de um militar estadual ou familiar

Fonte: PMPR (2021).

Você também pode gostar