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ÂNIMA EDUCAÇÃO
Curitiba
2022
RODRIGO NAZARENO DE CAETANO
Curitiba
2022
RODRIGO NAZARENO DE CAETANO
______________________________________
Profa. Michelle Gironda Cabrera, Dra.
RESUMO
The Brazilin legal system determined to the police agencies the main function of
preservation and maintenance of the public and social order. However, the increasing of
criminality perceptions are forcing the local autorities to extrapolate their constitutionally
delimited atribuitions. Thus, these municipalities end up creating “police” agencies in an
attempt to solve this great problem of violence and state inefficiency. This work
investigated the literature and did a research in loco to do an analysis of the attempt to
solve the security problem in the city of São José dos Pinhais - PR, at the time of the
creation of the Guarda Municipal, contributing with information that can subsidize the
reflective thinking and implementation of future public policy on this topic. It was possible
to perceive the importance of this corporation in small and medium cities as well as
importance in the Sistema Único de Segurança. In São José dos Pinhais, the diversity
of public demands delegated to the Guarda Municipal was verified and, despite the legal
divergence of the legality of this corporation, it is possible to conclude that it is very
important for public security in the city.
Keywords: Public Security. Guarda Municipal. São José dos Pinhais. Municipalization of
Public Security
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO……………………………………………......……………….………09
2 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL…………………………..………………11
2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A SEGURANÇA PÚBLICA…..…………………..11
2.1.1 A HERMENÊUTICA JURÍDICA E A GUARDA MUNICIPAL….……………....….14
2.2 AS GUARDAS MUNICIPAIS E O CONTEXTO DA SEGURANÇA PÚBLICA.....16
2.2.1 A Guarda municipal e a proteção ao meio ambiente urbano....……………..21
2.2.2 A Guarda municipal sob o viés da polícia cidadã..............…….….………....23
2.2.3 Atividade de inteligência nas Guardas Municipais......................…….…......29
3 A SEGURANÇA E O MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS….………..…33
3.1 A CRIAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS….........35
4 EFEITOS PRÁTICOS DA CRIAÇÃO DA GM SJP………………………......…...40
5 O ESTUDO DE CASO DAS GUARDAS MUNICIPAIS DA GRANDE PORTO
ALEGRE…………..………………………………...…………………...…..….…….48
6 CONCLUSÃO……………………………………....……………..………..........…...51
REFERÊNCIAS………………………………………………………......…………...53
9
1 INTRODUÇÃO
da polícia civil, militar ou federal. Afirma ainda que os municípios têm usado a GM como
polícia repressiva, uma clara afronta à Constituição conforme seu entendimento.
Barbosa relaciona também a controvérsia jurídica sobre o tema, exteriorizada na
ADI 5156 (Ação Direta de Inconstitucionalidade) promovida pela Federação Nacional de
Entidades de Oficiais Estaduais (Feneme), alegando a inconstitucionalidade dos
dispositivos presentes no Estatuto das Guardas Municipais.
Em que pese parte da doutrina seja contrária, o atual ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tem entendimento contrário. Conforme
explica Barbosa (2018, p.9) em julgamento liminar da ADI 5948, afirmou que por
estarem incluídas no Art. 144 da CF/88 as Guardas Municipais são órgãos de
segurança pública e devem estar integradas com os demais órgãos dos estados e da
União para combater a crescente violência do país. Apresenta o autor os números da
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, evidenciando que em muitos casos a
atuação das Guardas Municipais, principalmente em municípios pequenos, é de
extrema relevância, superando em muito os números da Polícia Militar em total de
atendimentos e flagrantes.
Afirma ainda o autor que em decorrência da grande violência há um grande
clamor social para a expansão das atividades da Guarda Municipal, porém, os
municípios, ao criarem uma nova polícia, acabaram extrapolando as competências de
autolegislação atribuídas constitucionalmente. Conclui Barbosa que o grave problema
da segurança pública não será superado se os problemas maiores de desigualdade
social não forem enfrentados.
Oliveira Júnior e Alencar (2016) corroboram o entendimento doutrinário de que
houve ampliação das atribuições da GM nos dias atuais, entretanto, vêm com temor
certas características herdadas das corporações militares. Conforme explicam os
autores, as guardas são uma inovação institucional no setor de segurança pública e a
participação popular na segurança, por meio dos conselhos de segurança, encontram
forte guarida dessa instituição, com capacidade de apoio e implementação de ações
preventivas. Porém, muitas vezes ao mimetizarem as práticas da Polícia Militar,
acabam se distanciando da população com tais ações ostensivas, em vez de
20
privilegiarem um modelo aos moldes preventivos, tal qual aponta o Estatuto das
Guardas Municipais.
Pereira Filho, Souza e Alves (2018) publicaram um interessante trabalho acerca
da importância da implementação das Guardas Municipais utilizando métodos
econométricos de análise de dados oficiais utilizando como base a Pesquisa de
Informações Básicas Municipais (Munic) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Os autores avaliaram a taxa de redução de homicídios por 100 mil
habitantes e a taxa de roubo e furtos de veículos por 100 mil veículos emplacados. No
caso da taxa de homicídios, os autores utilizaram como base os anos de 1991 – 2012 e
no caso do crime patrimonial o intervalo entre 2009 - 2011. A premissa inicial dos
autores era de que as corporações municipais possuíam um potencial pequeno de
afetar esses índices uma vez que se mostram pequenas nessa função (em relação ao
Estado e a União) e principalmente pela indefinição em torno de sua atuação, ora como
segurança patrimonial, ora como policiamento comunitário e ora como força repressora
auxiliar.
Para a análise os autores utilizaram como fundamento diretrizes do ramo
científico relativo à Economia do Crime, relacionando a criminalidade e a racionalidade
econômica, por meio de testes empíricos. Foram utilizadas técnicas binárias nas quais
os indicadores avaliaram hipóteses que incluíam ou não a corporação de segurança
nos municípios. Foram utilizados dados considerando as condições demográficas como
favoráveis a ambientes com ilícitos, e incluídas variáveis como por exemplo percentual
de jovens nas escolas, métricas de tensão familiar, taxa de abandono escolar e receita
pública como formas de homogeneizar os dados. Como o foco da presente monografia
não é a exploração de métodos econométricos aplicados, será dada ênfase a
contextualização dos dados obtidos e não o aprofundamento da metodologia em si.
O estudo utilizou estratégias semelhantes as quais as polícias militares utilizam,
conforme o Munic (Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE) 2014, para
alocação de seus efetivos, como por exemplo a densidade demográfica, a incidência da
criminalidade, a existência de presídios ou se está localizado em fronteira, entre outros.
Após análise econométrica utilizando métodos DID, PSM e combinação de ambos e
21
qualquer outro fator, fez com que não se acompanhasse a evolução provocada pelos
avanços do progresso nas áreas ambientais artificiais urbanas.
Aponta o autor que o legislador foi sagaz com a criação do Estatuto das Guardas
Municipais, pois atribuiu a essas corporações várias outras atribuições que ampliam a
atuação fiscalizatória sobre o território municipal, afastando-as da militarização
tradicional que tais agências possuem. Assim, o legislador revestiu a GM de atribuições
referentes ao poder de polícia não somente na segurança pública, mas na fiscalização
de todos os serviços prestados na prefeitura, inclusive a preservação do meio
ambiente.
Tais atribuições somente serão possíveis, segundo ele, com a prática
operacional pautada no sistema preventivo de patrulhamento no ambiente urbano das
cidades. Conforme aponta o Estatuto da categoria, a lei atribui competência para
proteção de bens, serviços, logradouros públicos e instalações municipais, abrangendo
bens de uso especial, dominial e de uso comum. Nesse contexto, informa o autor que
se inclui rios, mares, estradas e demais logradouros.
Relembra ainda que a Lei 13.675/2018, já abordada na presente monografia,
incluiu a GM nos órgãos operacionais do Susp. Assim sendo, conclui-se que cabe às
agências da municipalidade a proteção do patrimônio ecológico, cultural, urbanístico e
histórico do município, adotando-se quando necessários métodos de abordagem
educativa e preventiva, todas essas atuações amparadas na mais estrita legalidade.
organização das sociedades humanas e, citando Monet (2006, p.6), aponta que a
polícia nasce nas organizações sociais locais e tem etmologicamente nas cidades o
cerne de funcionamento.
Afirma Oliveira que a polícia moderna nasce na Inglaterra em 1829, com Robert
Peel, e tem como fundamento ser não somente uma força do Estado, mas sim da
sociedade. Segundo o autor, esse modelo foi adotado em muitas partes do mundo,
entretanto, sequencialmente foi sendo abandonado e suplantado pelo modelo
americano de polícia, principalmente pelos efeitos negativos do tipo de policiamento
implementado por Peel, como a corrupção e o uso político das polícias.
Oliveira cita a obra de Monjardet (2002, p.7) para classificar os tipos de polícia.
Segundo ele há três tipos: a polícia de soberania ou território; a polícia criminal e a
polícia urbana. Conforme explica, a polícia de soberania ou território está ligada às
Forças Armadas e à Polícia Militar, a Polícia Criminal está ligada ao poder judiciário,
podendo-se equiparar à polícia civil e a Polícia Urbana está ligada às Guardas
Municipais, em posição mais adequada para a operacionalização das estratégias de
polícia comunitária e policiamento orientado ao problema.
Segundo ele, a polícia surge com a função de coerção com a finalidade de
garantia do bem comum dos integrantes da comunidade. Cita o autor Bayley (2017, p.
8) o qual aponta a legitimidade do uso da força pela “autoridade” que a polícia recebe
da sociedade, enquanto unidades sociais legitimadoras, e não propriamente falando
pelo seu uso estrito. Outro interessante apontamento feito pelo autor ao citar Rolim
(2006, p.8) é que a polícia se caracteriza pelo fato de poder empregar a força coercitiva
contra situações que a priori não poderiam ser completamente definidas. A polícia tem
como função básica a regulação pública da violência privada e a mediação do conflito
para evitá-la. Além disso, a polícia é vista como representante visível do Estado, de
modo a garantir o monopólio da utilização da força. Ainda, a existência do Estado é
garantida pelas suas instituições policiais no âmbito interno tanto quanto pelas forças
armadas no âmbito externo.
Aponta o autor que a manutenção da ordem interna pelas Forças Armadas foi
uma prática comum em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, porém o
policiamento nesse modelo leva a uma atuação diferente, que reproduz características
25
comuns aos conflitos bélicos. Citando a obra de Bayley afirma que na Europa houve
intervenções militares em inúmeras revoltas que deixaram um rastro de extrema
violência e de mortos.
Com o surgimento do século XIX a polícia deixou de ser apenas ferramenta de
poder e passou a se caracterizar como garantidora de direitos, assumindo a face
democrática e etmológica. Conforme explica, a origem da palavra polícia e política vem
do grego “politéia”, designando tanto a cidade (pólis) como unidade autônoma quanto a
própria administração. Com os romanos, a palavra foi latinizada e transformada em
politia, evoluindo em outras línguas como police, polizia, politzei entre outras.
Afirma o estudo que o nascimento da polícia moderna foi a eclosão de diversas
revoltas populares e desordens urbanas na maior parte da Europa e a consequente
incapacidade do governo em lidar com essas situações por meio da convocação de
tropas militares. Além dessas forças, os governos contavam com milícias, forças locais
cooptadas voluntariamente e armadas pelo Estado, as quais refletiam os interesses
políticos e de seus guerrilheiros. Assim, os governos europeus dessa época, diante do
problema da relutância dessas forças armadas, extinguiram essas milícias e retiraram
do Exército a responsabilidade pela manutenção da ordem interna, criando assim uma
força especializada de ordem pública. Assim, na Inglaterra, sob as ordens de Robert
Peel em 1829, instituiu-se uma força policial civil mantida pelos fundos públicos com
vistas a fazer frente aos distúrbios civis que surgiam contra o sistema da época. Nesse
período, afirma o autor, imperaram o modelo francês, bipartido, que se dividia em
Tenência de Polícia, instituída em Paris, e a Guarda Civil, polícia de origem militar das
regiões rurais.
A Tenência tinha como funções a administração da cidade, reprimindo a
criminalidade, tomando medidas preventivas contra incêndios e epidemias enquanto a
Maréchausée, rebatizada de Gendarmerie, a qual se transformou futuramente em
Guarda Civil, a polícia montada francesa, tinha como funções reprimir insurreições
camponesas e debelar levantes.
Há no novo modelo policial inglês uma forte oposição, pois as forças policiais
anteriores eram instrumentos do Estado e teme-se que o modelo seja o francês, que
estava a serviço de objetivos políticos e ameaçava as liberdades individuais. Assim,
26
Peel criou uma organização híbrida, entre a militar e a civil. O autor citando Monet
(2006, p.12) afirma que Peel tinha que resolver um problema no qual os policiais
deviam estar bem visíveis para que pudessem ser controlados pelo público e para que
não parecessem uma polícia secreta, ao mesmo tempo que não podiam lembrar com
seu uniforme e armamento as polícias militares francesas. Nasceu assim, utilizando
trajes próximos das vestimentas civis (sobrecasaca, cartola e armados com cassetetes)
a Polícia de Londres. Peel buscava, segundo o autor, a identificação entre a sociedade
e a polícia, com o objetivo de reestabelecer a fé do público na polícia.
Peel instituiu os princípios do policiamento, dentre os quais destaca-se que a
polícia existe para prevenir o crime e a desordem como alternativa para o uso militar ou
o próprio castigo da condenação penal, que ela deriva seu poder da aprovação do
público e que deve ser utilizada somente quando todos os recursos se esgotassem,
agindo assim com um bom relacionamento com o público com base na tradição de que
o público e a polícia são a mesma entidade e que os policiais são pessoas do povo
pagas para realizar o trabalho de responsabilidade de todos.
Ainda, Peel diz que a polícia não deve usurpar as funções do Judiciário e que a
ausência do crime mostra a eficiência do seu trabalho e não a evidência visível de suas
ações. Tal modelo desenvolvido por Peel também é chamado de policiamento por
consentimento, na qual a polícia não está apenas a serviço do Estado mas também do
cidadão. Esse modelo de polícia britânica, municipalista e cidadã, contribuiu para a
formação da base policial na Europa e América do Norte.
No século XX as polícias americanas tendiam a centralizar por meio de uma
especialização os serviços policiais, decorrentes principalmente da corrupção advinda
da proximidade com as estruturas sociais locais. O modelo de Peel ficou de lado e a
partir de então houve um afastamento da polícia e da comunidade.
O autor cita Carvalho (2017, p.13) o qual afirma que no Brasil as Guardas
Municipais nasceram como polícias urbanas e de proximidade, com forte vocação
comunitária, principalmente após a promulgação do Estatuto das Guardas Municipais
em 2014.
Monjardet (2002), citado por Carvalho (2017, p.14), afirma que a organização
policial é formada por meio da sociologia da polícia, composta de três fontes: o Estado,
27
que ocasionalmente ocorre entre as guardas e polícia militar. Explica que para
Monjardet, essas duas polícias são complementares, uma fazendo o policiamento
ocasional de proximidade com foco e preservação do Estado (polícia de ordem) e outra
com foco na paz social da comunidade por meio de policiamento permanente de
proximidade e comunitário (polícia urbana).
O autor cita também o entendimento de Souza e Albuquerque (2017, p.16)
segundo o qual após a entrada em vigor do Estatuto das Guardas Municipais,
transformou essas instituições em verdadeiras polícias municipais. Tal relação,
conforme explica Bayley, vem de uma pedagogia peculiar, uma vez que os policiais são
a representação do governo, sendo assim os professores mais permanentes dos
valores cívicos na sociedade. Cita também Balestreri (1998, p.17) o qual afirma que os
policiais são cidadãos qualificados e que tal dimensão pedagógica é anterior à
especialização, existindo mesmo antes da aplicação da lei. A polícia nesses moldes
funciona como verdadeiro baluarte de valores democráticos. Aponta ainda que para
Monjardet esse modelo de policiamento cidadão é mais eficiente se exercido no
policiamento de proximidade ou comunitário, em conexão com o policiamento orientado
ao problema.
Esse modelo de policiamento implica a delegação da tomada de decisão aos
policiais que atuam na ponta, mudando de um modelo centralizado para estruturas
descentralizadas, transformado operacionalmente numa inversão da pirâmide
hierárquica, colocando o cidadão como protagonista. Já o policiamento orientado ao
problema busca encontrar soluções locais para problemas também locais, com
abordagem situacional das ocorrências criminosas, promovendo a descentralização das
responsabilidades.
Conclui o autor afirmando que a maioria das demandas da sociedade não são de
natureza criminal, como a perturbação do sossego e acidentes de trânsito. Entretanto,
caso não sejam prevenidas e mediadas podem evoluir para situações criminais. A
prevenção nesse caso passa por atividade preventiva propriamente dita e em sua
maioria são atribuições de responsabilidade municipal. Assim, como as guardas são
instituições de caráter civil que recrutam pessoas da comunidade, como realizam
serviços que exigem proximidade com escolas, unidades de saúde e redes de
29
Nota-se que a integração de todos os órgãos que compõe esse sistema mostra-
se como função direcional dessas repartições. Ainda, a autora observa que a
articulação da GM, principalmente resguardada legislativamente, veio apenas após a
publicação do Estatuto Geral das Guardas Municipais em 2014 (BRASIL, 2014)
consubstanciando-se em um verdadeiro limite a ser superado. O Art. 5º desse Estatuto
aponta como atribuição da GM a colaboração com os demais órgãos de segurança
pública.
Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Valor 129 133 113 160 179 167 140 146 120 125 131 135 119 88 64
Art. 10. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Tabela 2 - Atendimento de ocorrências por tipo e ano, São José dos Pinhais
(selecionadas). (continua)
Tipo de Atendimento 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Furto 375 469 460 352 560 696 621 558 461 679
Homicídio 47 29 28 31 29 23 13 18 15 14
Receptação 5 5 7 19 68 40 44 34 28 31
Roubo 503 515 545 487 655 613 457 372 256 256
Tráfico de Entorpecentes 14 28 58 35 30 27 48 68 57 75
Crime Ambiental 1 26 17 19 50 86 59 97 65
Crime de Trânsito 7 12 17 16 11 19 7 12
Infração de Trânsito 99 1407 1854 1054 1142 1634 1789 2433 1734 1838
Tabela 2 - Atendimento de ocorrências por tipo e ano, São José dos Pinhais
(selecionadas). (conclusão)
Tipo de Atendimento 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Veículo Recuperado 198 225 210 226 297 277 167 190 89 110
Perturbação da Tranquilidade 210 2677 2937 1685 1880 2943 2797 2955 3728 4215
Policiamento Presença 607 6261 5103 4845 6865 7200 6986 7410 9045 9969
Violência Doméstica 234 294 234 147 132 162 197 312 357 406
roubo e furto e são encaminhados em flagrante por estarem com esses objetos. As
ocorrências tipo Furto e Roubo envolvem atendimentos de patrulhamento com vistas à
localização de suspeitos que realizaram tais crimes, não se limitando apenas a
encaminhamentos em flagrante, ou também a mera constatação e lavratura de boletim
de ocorrência. As ocorrências de crime ambiental envolvem situações descritas na lei
específica. Majoritariamente são relacionadas a queimadas irregulares ou corte de
árvores protegidas. Os apoios à secretaria especializada nesses casos não são
registrados nesse tipo de atendimento. As ocorrências de Violência Doméstica
capituladas na tabela englobam os atendimentos diversos que envolvem as regionais,
tais como violência física ou psicológica. Os atendimentos do grupamento especializado
nessa área são registrados em relatórios específicos.
O sistema de segurança municipal não é integrado com o da Polícia Militar.
Ocorre que muitas vezes tanto a corporação estadual quanto a municipal são
deslocadas para o atendimento da mesma ocorrência, gerando uma sobreposição de
esforços. Porém, via de regra quem chega primeiro no atendimento acaba tornando-se
o titular da ocorrência, qualquer que seja o tipo de atendimento demandado.
Decorrente desses atendimentos estão por exemplo a apreensão de armas de
fogo, as quais são apreendidas principalmente em decorrência do porte ilegal.
Conforme a tabela 03 logo abaixo, é possível perceber o quantitativo de armas tiradas
de circulação das ruas exclusivamente pelo atendimento da Guarda Municipal.
Tabela 3 - Número de armas apreendidas por tipo e ano, São José dos Pinhais
(selecionadas) (continua)
Total / Tipo 36 39 22 31 20
Arma caseira 0 1 0 0 0
Carabina 0 0 0 0 1
Espingarda 8 9 5 8 2
46
Tabela 3 - Número de armas apreendidas por tipo e ano, São José dos Pinhais
(selecionadas) (conclusão)
Total / Tipo 36 39 22 31 20
Garrucha 5 2 0 1 0
Pistola 5 5 8 9 8
Revólver 17 22 9 13 9
Sub-metralhadora 1 0 0 0 0
Rosado aponta outra situação que também percebo em SJP. Citando Rolim
(2004), mostra que a própria fragilidade conceitual da missão organizacional e o déficit
de pessoal especializado com visões diferentes da realidade favorecem a reprodução
das estratégias comprovadamente ineficazes das polícias estaduais. Afirma também
que quando há uma instabilidade institucional, devido à ausência de um plano de
carreira fixo e eficaz que propicie a estabilidade de permanência da função, contribui
para a fragilidade da cadeia de comando e a própria viabilidade a longo prazo, ficando
susceptível a vulnerabilidade político partidária que influencia todas as esferas de poder
e principalmente, nesse caso, a municipal.
O autor também cita a influência que outras Guardas Municipais em nível
nacional exercem na cultura organizacional das demais instituições em outras
localidades. Aponta Rosado a GM de São Paulo como grande influenciadora das
demais organizações, principalmente pela própria origem preceder a das demais e pela
forte imagem que essas instituições possuem em seu estado. Em São José dos Pinhais
posso afirmar que inúmeros agentes se espelham no comportamento adotado pelas
corporações militares Brasil afora, principalmente São Paulo. O fardamento
institucional, a nomenclatura das especializadas (por exemplo ROMU, que possui
origem na guarda paulista) até a própria maneira de se conduzir a ocorrência, estas
características ficaram fortemente enraizadas na mentalidade desses servidores, talvez
pela ausência de um referencial diferente ou da própria dificuldade em encontrar um
parâmetro nacional que seja inequivocamente modelo de exemplo a ser seguido.
Derradeiramente, conclui Rosado que a gestão municipal optou naquela
realidade gaúcha pelo policiamento reativo/repressivo, em detrimento à prevenção
primária, com um consequente distanciamento das comunidades. Em SJP, conforme
apontado no texto, posso afirmar que as opções foram as mesmas.
51
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Estados e pela União, as Policias Militares sendo consideradas reservas do Exército.
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54
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