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Nome: Enailton Alves Borges Júnior

Disciplina: Gestão em Segurança Pública


Tema: Estrutura do Sistema Brasileiro de Policiamento
Data: 23/11/2020

Estrutura do Sistema Brasileiro de Policiamento

A segurança pública é disciplinada em capítulo específico na


Constituição da República Federativa do Brasil, sendo primordialmente DEVER do
Estado, englobando-se aqui as três esferas de atuação: Federal, Estadual e Municipal.
Vejamos:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.

Por se tratar de um dever constitucional, os entes federativos têm


obrigação legal de proporcionar segurança à população, conforme atribuições legais,
gerando, em caso de ineficácia, responsabilização às vítimas por eventuais danos
sofridos em razão de crimes que deveriam ter sido coibidos com a atuação estatal.
Além de ser um dever do Estado, a segurança pública é também
direito e responsabilidade de todos, denotando-se daí a importância da participação da
sociedade na propositura de planos para a segurança pública. Sendo que o objetivo
principal da segurança pública é buscar a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, ou seja, primeiro garante-se a integridade
físicas das pessoas e posteriormente seu patrimônio, sobrepujando assim o direito à vida
em relação aos demais.
Para que o objetivo da segurança pública seja alcançado, no decorrer
do art. 144 da Carta Magna são elencadas as atuações dos órgãos públicos de segurança.
À Polícia Federal cabe a atuação exclusiva em ações criminosas que atinjam bens,
serviços ou algum interesse da União, a atuação em casos com repercussão interestadual
ou internacional e a atuação no combate ao tráfico de drogas, nos crimes de contrabando
ou descaminho, é ainda órgão independente, organizado e mantido pela União. Já à
Policia Rodoviária Federal cabe o patrulhamento ostensivo das rodovias federais, sendo
também um órgão independente, organizado e mantido pela União. Ainda na esfera
federal, temos a Polícia Ferroviária Federal, que são responsáveis pela segurança das
ferrovias federais que efetivamente existam.
Adentrando nas esferas Estaduais e do Distrito Federal, temos a
Polícia Civil, que exerce atividades de polícia judiciária, investigando e apurando
infrações criminosas, possíveis autores, materialidade e circunstâncias através de
Inquérito Policial que posteriormente é enviado ao Poder Judiciário. A Policia Civil atua
também na repressão do crime, quando as investigações acontecem no sentido de
prevenir os delitos. Por estar na esfera Estadual e do Distrito Federal, a Polícia Civil é
subordinada ao Secretário Estadual de Segurança Pública e ao Governador.
Às Polícias Militares cabe a atuação efetivamente na prevenção do
crime, por meio do policiamento ostensivo com o intuito de preservação da ordem
pública, inibindo condutas para a prática de crimes. Já o Corpo de Bombeiros Militares
tem sua atuação voltada para as atividades de defesa civil.
Recentemente acrescida à Constituição Federal por meio da Emenda
Constitucional nº 104/2019, as Polícias Penais federais, estaduais e distritais, antes
conhecidas como Agente/Inspetor Penitenciário/Carcereiro, são as responsáveis por
manter a ordem e disciplina dentro dos estabelecimentos prisionais.
O parágrafo 8º do art. 144 disserta sobre as Guardas Municipais,
sendo sua criação facultada aos Municípios para a proteção de seus bens, serviços e
instalações. Por se tratar de uma faculdade, grande parte dos municípios tem receio
dessa empreitada, por requerer altos investimentos, gerar responsabilidades na área de
segurança, cobrança da sociedade, dentre outros motivos. Por outro lado, os municípios
que possuem Guarda Municipal apresentam diferenciação positiva na área de segurança
pública, sendo o trabalho dos agentes bastante destacado na comunidade e o efetivo ser
superior ao da Polícia Civil ou Militar.
Em nível ministerial, existe a Secretaria Nacional de Segurança
Pública, que é um órgão do Ministério da Justiça competência principal a
implementação, acompanhamento e avaliação das políticas e programas nacionais
voltados para a segurança pública, além de incentivar os órgãos estaduais e municipais a
elaborarem planos integrados de segurança, fortalecendo e integrando os órgãos
responsáveis pela segurança dos territórios nacionais.
Como em todas as áreas do serviço público no Brasil, nos órgãos de
segurança pública também existem sérios problemas de coordenação e aplicação de
recursos humanos e materiais destinados à execução de suas atividades. Em muitos
locais faltam condições básicas de estrutura material, tais como computadores antigos,
coletes balísticos vencidos, carência de viaturas, etc.
Quanto aos recursos humanos, os problemas são igualmente
relevantes, falta de motivação, reclamações quanto a progressão funcional e padrões
remuneratórios, estão no topo destes. Disputas internas e externas por exclusividade de
atribuições funcionais e reconhecimento profissional e social também geram bastante
desgaste nas instituições.
Diante disso é imprescindível que se estabeleça projetos concretos de
articulação, em nível macro e micro, para um melhor aproveitamento dos recursos
humanos e materiais desses órgãos públicos, devendo ser essa uma preocupação efetivas
em todas as esferas do governo. Além de autonomia técnica administrativa, conjugada
com participação popular por meio de conselhos nas estruturas gerais de cada instituição
de segurança pública.
Por ser o Brasil um país continental, desigual e com inúmeras
peculiaridades, é de extrema importância que ações sejam tomadas nas esferas menores,
como a municipal, entendendo assim os contextos locais, adotando-se políticas públicas
eficientes tanto no combate quanto na prevenção de delitos e diminuição de situações
que possibilitem a ocorrência de crimes.
O coordenador do núcleo sobre Políticas de Segurança da UFPE, José
Luiz Ratton, cita alguns pontos que considera imprecindíveis para a segurança pública.
Entre eles estão:
 a construção de mecanismos eficientes de redução da violência
policial;
 a prevenção e investigação dos crimes contra a vida;
 o controle as armas de fogo com políticas de longo prazo;
 a atenção ao encarceramento elevado e humanização das
prisões;
 e a adoção de políticas sobre drogas.
Em adição a esses tópicos, Ignácio Cano, professor e membro do
Laboratório de Análise da Violência da UERJ, disserta que são necessários programas
voltados aos jovens da periferia, pois são as pessoas que representam o recorte
populacional mais afetado pela violência nas cidades. Além da busca pela melhoria das
taxas de resolução de crimes e uma mudança do policiamento ostensivo no país.
Por fim, a segurança pública é um dos problemas mais alarmantes da
sociedade brasileira atual. As instituições de segurança pública, ainda que
precariamente, estão funcionando no país, mas podem melhorar e muito, para o
atendimento daquele que foi atingido pela violência ou criminalidade. É necessário ter
em mente que o entendimento das peculiaridades locais, o estudo de boas práticas
nacionais e internacionais, assim como a priorização do assunto segurança pública nas
agendas governamentais podem ser o ponto chave para sua solução.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988. São Paulo: Saraiva,


2019.
ADORNO, Sérgio. Sistema penitenciário no Brasil. Revista USP, São Paulo, n.9, 1991.
MACHADO, Leonardo Marcondes. Desafios (estruturais) da segurança pública
brasileira. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2019-nov-05/academia-policia-
desafios-estruturais-seguranca-publica-brasileira>. Acesso em novembro de 2020.
FARIA. Ícaro Corrêa. Segurança pública brasileira: responsáveis, números e desafios.
Disponível em: < https://www.politize.com.br/seguranca-publica-brasileira-entenda/>.
Acesso em novembro de 2020.
FERRAZ, José Roberto. O sistema policial brasileiro e sua funcionalidade. Mas
FUNCIONA?. Disponível em: < http://jundiagora.com.br/sistem-policial-funciona/>
Acesso em novembro de 2020.

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