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Nome: Enailton Alves Borges Júnior

Disciplina: Direito Público e Privado


Tema: Remédios Constitucionais
Data: 25/11/2020

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Os remédios constitucionais, também conhecidos como ações


constitucionais, são garantias instrumentais previstas na Constituição Federativa do
Brasil, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais. São destinados às pessoas
que sentirem estar sendo lesadas ou ameaçadas em algum direito fundamental, com a
finalidade de tornar efetivo o exercícios desses direitos
José Afonso da Silva define remédios constitucionais como sendo:
"(...) garantias constitucionais na medida em que são instrumentos destinados a
assegurar o gozo de direitos violados ou em vias de ser violados ou simplesmente não
atendidos"
Na Constituição Federal são elencados direitos e garantias
fundamentais, sendo o direito uma norma de conteúdo declaratório, ou seja, declara algo
concernente ao direito à vida, à liberdade de locomoção, à propriedade, dentre outros. Já
as garantias são normas de direito assecuratório, que assegura algo que foi privado à
alguém ou ameaçado de privação.
Os remédios constitucionais colocados à disposição da sociedade para
a defesa e amparo dos direitos subjetivos são: habeas corpus, habeas data, mandado de
segurança, mandado de injunção e ação popular.

1. Habeas Corpus

O habeas corpus é impetrado quando há ameaça ao direito de


locomoção, resultando de abuso de poder ou de ilegalidade, não sendo possível sua
utilização em casos de punições disciplinares. Esse remédio tem natureza de ação
constitucional penal e é disposto no art. 5º, LXVII da CF, que diz: “Conceder-se à
Habeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”
Por ser de caráter sumaríssimo, no habeas corpus não existe
possibilidade de reexame de conteúdo probatório, pois, o objetivo é reparar o erro
judiciário. É uma ação isenta de custas e não exige capacidade postulatória, ou seja,
pode ser impetrada por pessoa jurídica, porém somente em favor de pessoa física, que
são as beneficiárias da garantia.
Ele pode ser concedido de ofício pelo juiz ou tribunal que constatar
que alguém esta sofrendo coação ou está na iminência de sofrer, sendo que a
jurisprudência também tem admitido que pode haver a desistência da ação de habeas
corpus por parte do impetrante.
O habeas corpus é considerado preventivo quando alguém estiver
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
ou abuso de poder. Ele é repressivo quando essa violência ou coação já está consumada.

2. Habeas data

Sobre o habeas data a Constituição Federal preleciona que:


"Art. 5° (...)
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo".

Como visto, esse remédio constitucional tem por objetivo possibilitar


o acesso às informações que constam em registro ou banco de dados de entidades
governamentais ou de caráter público, e também o direito à retificação desses dados.
É regulamentado pela Lei nº 9.507/97, possui natureza constitucional
personalíssima, ou seja, só poderão ser pleiteadas informações relativas ao próprio
impetrante, ou no caso de herdeiros ou cônjuge supérstite. Ela é também uma garantia
constitucional isenta de custas e pode ser ajuizado tanto por pessoa física, brasileira ou
estrangeira, quanto por pessoa jurídica.

3. Mandado de Segurança

O Mandado de Segurança é uma garantia constitucional que protege


direito liquido e certo não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, tem natureza
de ação civil, garantindo à pessoa física ou jurídica a anulação de ato ilegal que violou
seu direito ou impedir que se execute ameaça contra esse direito.
É disposto no art. 5º da CF/88:
"Art. 5° (...)
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público".

Os órgãos públicos com capacidade processual também poderão valer-


se desse remédio constitucional, sendo que as autoridades judiciárias também estão
sujeitas a responder em Mandado de Segurança quando praticarem atos administrativos
ou proferirem decisões judiciais que lesem direito individual ou coletivo, líquido e certo
do impetrante.
O Mandado de Segurança poderá ser repressivo, quando a ilegalidade
já ocorreu, ou preventivo, quando é demonstrado justo receio de sofrer violação de
direito liquido e certo.
O prazo para impetração é de 120 dias a contar da data em que o
impetrante tem conhecimento do ato a ser impugnado, o sujeito passivo é a autoridade
coatora e o sujeito ativo o próprio titular do direito lesionado, sendo a competência para
julgar determinada conforme a autoridade coatora, em caso de ser contra algum ato do
Presidente da República, por exemplo, a ação deve ser impetrada perante o STF.

3.1 Mandado de Segurança Coletivo

O Mandado de Segurança Coletivo se destaca do individual por seu


objetivo e legitimidade ativa, sendo o objetivo a proteção de direito liquido e certo
contra atos ou omissões ilegais ou com abuso de poder de autoridade, buscando a
preservação ou reparação de interesses transindividuais, individuais homogêneos ou
coletivos, e pode ser impetrado, nos termos da Constituição Federal por:

"Art. 5° (...)
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados".
Vale lembrar que esses entes legitimados para a impetração do
Mandado de Segurança não necessitam do consentimento de seus membros para
usufruir da garantia.

4. Mandado de Injunção

O Mandado de Injunção tem o objetivo de assegurar direito


constitucional não regulamentado, conferindo aplicabilidade imediata à norma até então
inerte por ausência de regulamentação, tendo o titular do bem reclamado o interesse de
agir. Nesse sentido, Constituição Federal explica que:

"Art 5º (...)
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício de
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania".

Essa garantia pressupõe existência de nexo causal entre a omissão


normativa do poder público e a inviabilidade do exercício de direito, liberdade ou
prerrogativa. Tem legitimidade ativa para o ajuizamento da ação qualquer pessoa que
esteja inviabilizada de exercer qualquer direito, liberdade ou prerrogativa por falta de
norma regulamentadora.
A legitimidade ativa também pode ser conferida a associações de
classe devidamente constituídas, sendo nesse caso Mandado de Injunção Coletivo. Já a
legitimidade passiva será sempre o Estado.
Norma regulamentadora deve ser entendida como qualquer medida
para se tornar efetiva determinada norma constitucional, nos termos do art. 103,§2ª da
CF. A competência para julgamento do mandado de injunção dependerá do órgão que
for responsável por elaborar a norma de regulamentação não existente.

5. Ação Popular

A ação popular, nos termos do art. 5º, LXXIII, da CF, é um


instrumento a disposição de “qualquer cidadão que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
Ela é regulamentada pela Lei Federal nº 4.717/1965, e pode ser tanto
preventiva, quando ajuizada antes da consumação do ato lesivo, como repressiva, no
sentido de corrigir os atos ilegais já praticados.
A legitimidade ativa é de qualquer cidadão brasileiro que esteja em
gozo de seus direitos políticos, e o Ministério Público figura nesse caso como parte
autônoma, sendo que caso haja desistência por parte do autor, o Ministério Público, se
preenchidos os requisitos, pode prosseguir com a ação.
A competência para julgar o ato impugnado é, em regra, do juiz de
primeiro grau, sendo que caso seja julgado procedente ou improcedente a ação popular
por ser infundada, ela produzirá efeito de coisa julgada erga omnes. Mas, se a
improcedência ocorrer por falta de provas, será somente coisa julgada formal,
possibilitando a propositura de nova ação com idêntico fundamento por qualquer
cidadão.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988. São Paulo: Saraiva,


2019.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 22º edição. 2002.
São Paulo. Malheiros;
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 14ª edição. 2010. São Paulo.
Saraiva.
RABESCHINI, André Gomes. Remédios Constitucionais. Disponível em:
<https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/42846/remedios-constitucionais>.
Acesso em novembro de 2020.

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