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Unidade 2
Direitos e garantias fundamentais
Encontro 04
Direitos individuais, coletivos e sociais
Remédios Constitucionais I
AULA
José Afonso da Silva (2015, p. 445) afirma que os remédios constitucionais são:
Segundo o autor, eles são garantias constitucionais, destinados ao gozo de direitos violados,
gravemente ameaçados ou não atendidos.
Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015, p. 348-349) sustenta, apesar de ser consagrada pela
doutrina, a consideração de que a expressão “remédios constitucionais” não seria a mais
adequada.
Segundo o autor, “entretanto, é ela consagrada para designar ‘uma espécie de ação judiciária que
visa a proteger categoria especial de direitos públicos subjetivos’ (Alfredo Buzaid), as chamadas
‘liberdades públicas’, ou direitos fundamentais do homem”.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Entre esses remédios, José Afonso da Silva (2015, p. 445447), conforme previsto no art. 5º, XXXIV,
da CF/88, elenca também:
a) Direito de Petição;
remédio democrático,
informal e
não oneroso.
Direito de Certidão também é não oneroso e informal, mas não exige a demonstração
da situação de interesse pessoal a ser esclarecida.
HABEAS CORPUS
Vamos começar analisando o habeas corpus, previsto no art. 5º, LXVIII, da CF/88.
Trata-se de ação penal de natureza constitucional, que objetiva prevenir ou sanar a violação ou coação
à liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder.
Esse remédio surgiu na Inglaterra com a Magna Carta de 121, classifica-se como uma Constituição
pactuada, ou seja, decorrente de um pacto entre rivais.
No Brasil ele foi previsto a partir da primeira Constituição Republicana de 1891 e foi trazido por Rui
Barbosa.
Naquela época, o habeas corpus tutelava todos os direitos fundamentais, tendo uma atuação muito
mais ampla.
Hoje, ele tutela apenas o direito à liberdade de locomoção, entendido em sentido amplo para
compreender as ameaças, ainda que indiretas, a esse direito.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se, nos termos do art. 5º, LXXVII, da CF/88, de uma ação constitucional gratuita, que não tem
forma definida, ou seja, não demanda o preenchimento dos requisitos para a petição inicial elencados
no art. 319, do Novo Código de Processo Civil (NCPC).
Além disso, não exige capacidade postulatória, podendo ser impetrado por qualquer pessoa física ou
jurídica. No caso, a pessoa jurídica somente pode manejá-lo em relação a seus sócios.
Assimile:
Figuras Identificadas:
b) Impetrado: a autoridade coatora, que atuou com ilegalidade ou com abuso de poder;
c) Paciente: aquele que será beneficiado pelo remédio constitucional, ou seja, aquele
que sofreu a ameaça ou a violação ao direito à liberdade de locomoção.
O paciente pode impetrar o habeas corpus, atuando também como impetrante. Isso ocorre
porque se trata de ação em que não se exige capacidade postulatória, podendo, inclusive, o
Ministério Público manejá-lo.
Modalidades
Atenção
c) ato ligado à função, como fundamento da punição que deve se ligar à função do
punido; e
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DIREITO CONSTITUCIONAL
MANDADO DE SEGURANÇA
O mandado de segurança, art. 5º, LXIX, da CF/88, segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015,
p. 352-353), corresponde a:
Ele decorre do entendimento segundo o qual o habeas corpus não mais se aplicava para a
proteção de todos os direitos fundamentais, mas tão somente da liberdade de locomoção.
Justamente por proteger direito subjetivo individual e líquido e certo, não amparado por habeas
corpus nem por habeas data, é um remédio constitucional de natureza jurídica residual ou supletiva.
Além disso, a ilegalidade ou o abuso de poder a ser combatido pelo mandado de segurança
devem ter sido praticados por autoridade pública ou por pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.
Direito líquido e certo pode ser definido como decorrente de fatos que possam ser comprovados de
plano, sem que seja necessária a dilação probatória.
Não cabe mandado de segurança em casos de direito que, por mais que se configure
como líquido e certo, já tenha sido objeto de coisa julgada, ou seja, em processo que
tenha transitado em julgado, não cabendo mais qualquer recurso.
Lembre-se
Também poderá figurar como impetrado, ou seja, como autoridade coatora, o agente público, ou
seja, pessoa jurídica de direito privado a quem o Poder Público tenha delegado poderes para
exercer atribuições que lhe são próprias, tal como ocorre nos casos de concessão e permissão de
obras ou serviço público.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
PRAZO: O prazo para impetrar o mandado de segurança é de 120 dias a contar do conhecimento
pelo impetrante da ilegalidade ou do abuso de poder praticado pela autoridade ou agente públicos.
Exemplificando
Por motivo de crença religiosa, um candidato adventista do sétimo dia impetra mandado de
segurança para realização da prova em horário diverso daquele determinado pela comissão
organizadora do concurso público, conforme discutido no RE 611.874/DF, em que foi declarada
a repercussão geral da matéria.
Conforme o impetrante, seu direito estaria amparado pelo art. 5º, VIII, da CF/88, que determina
que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei”.
O mandado de segurança coletivo, art. 5º, LXX CF/88, preceitua sua admissão com os mesmos
requisitos do mandado de segurança individual, havendo alteração substancial dos legitimados para
impetrá-lo:
Vale notar que o art. 21, da Lei 12.016/2009, que disciplina no mandado de segurança, afirma que,
na modalidade coletiva, ele:
“pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na
defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária,
ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, um ano, em defesa de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e
desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial”.
Reflita
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DIREITO CONSTITUCIONAL
O partido político sem representação no Congresso Nacional pode ser configurado como
associação desde que legalmente constituída e em funcionamento há mais de um ano?
Nesse sentido, ele se configuraria como legitimado para impetrar o mandado de segurança
coletivo?
Objeto
Fundamento constitucional Art. 5º, LXIX, da CF/88. Art. 5º, LXX, da CF/88.
Direito individual, que possa ser Direito coletivo ou individual homogêneo, que possa
Direito líquido e certo demonstrado de plano sem a necessidade ser demonstrado de plano sem a necessidade de
de dilação probatória. dilação probatória.
120 dias, a contar da ciência da ilegalidade ou do abuso de poder, conforme definido no art. 23,
da Lei n. 12.016/2009, após o que se verifica a ocorrência da decadência. Em regra, em caso de
Prazo omissão de autoridade, não há de se falar na contagem de qualquer prazo. No entanto, se existir
norma estabelecendo prazo para manifestação dessa autoridade, quando os 120 dias serão
contados do encerramento desse prazo.
Fonte: Elaborado pela autora.
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