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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - FUPAC

FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE TEÓFILO OTONI

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Bianca Leme Dutra Lôbo,


Unipac, Direito,
Direito Constitucional I,
2º Período,
Teófilo Otoni

INTRODUÇÃO

Em nossa Constituição Federal Brasileira, existem garantias que são


colocadas à disposição do cidadão, e entre elas algumas ações que podem ser
utilizadas pelos indivíduos com o intuito de proteger os seus direitos, chamados de
remédios constitucionais.
Esses remédios constitucionais foram positivados no artigo 5º, nos incisos
LXVIII ao LXXIII e ficaram conhecidos como: o Habeas Corpus, o Habeas Data, o
Mandado de Segurança, a Ação Popular, o Mandado de Injunção e a Ação Civil
Pública foi positivada na lei 7.347/85.

HABEAS CORPUS

Analisando a história, o habeas corpus foi a primeira garantia de direitos

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fundamentais, concedida na Magna Carta, em 1215, por “João Sem Terra”, monarca
inglês, e formalizada, em 1679 pelo Habeas Corpus Act, uma lei para melhor garantir
a liberdade do súdito e para prevenção das pressões no ultramar.
No Brasil, a primeira mostra do instituto deu-se em 1821, essa terminologia
“habeas corpus” só apareceria em 1830, no Código Criminal e passou a ser
positivada na constituição de 1891 e posteriormente na constituição de 1988, no art.
5º, inciso LXVIII.
Esse remédio constitucional, cujo ajuizamento é gratuito, tem por objetivo
cessar a ameaça ou coação à liberdade de ir, vir e permanecer do indivíduo,
podendo ser repressivo ou liberatório (alvará de soltura), preventivo (salvo conduto),
ou suspensivo.
O autor da ação constitucional de habeas corpus recebe o nome de
impetrante, podendo ser qualquer pessoa física nacional ou estrangeira, em favor de
terceiro podendo ser o Ministério público ou até mesmo uma pessoa jurídica; o
indivíduo em favor do qual se impetra, recebe o nome de paciente (podendo ser o
próprio impetrante), e a autoridade que pratica a ilegalidade ou abuso de poder,
autoridade coatora ou impetrado.
Quem poderá conceder de ofício serão Juízes de Direito, Turma Recursal e o
Tribunal, em exceção ao princípio da inércia do órgão jurisdicional, quando no curso
do processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
ilegal (art. 654, § 2°, do CPP).
O habeas corpus será preventivo, também chamado de salvo conduto,
quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder (a restrição à locomoção ainda
não se consumou).
O habeas corpus repressivo pode ser chamado de habeas corpus liberatório e
ocorre diante da efetiva violação do direito de locomoção, dessa forma vem para
cessar a violência ou coação. Interessante notar que pode existir habeas corpus
coletivo, como vimos o HC 143.641, por votação unânime, o STF entendeu cabível a
impetração coletiva de habeas corpus, onde “todas as mulheres submetidas a prisão
cautelar no sistema penitenciário nacional que ostentem a condição de gestantes, de
puérperas ou de mães com crianças com até 12 anos de idade sob sua
responsabilidade e das próprias crianças” e teve a mudança de prisão cautelar em
prisão domiciliar.
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Observando a jurisprudência, não cabe Habeas Corpus para questionar pena
de multa, quando aplicada de forma isolada; ou trancar de processo de
impeachment; ou questionar perda de patente militar; ou discutir a perda de função
pública, quando aplicada de forma acessória na condenação; ou em substituição ao
Recurso Ordinário segundo os art. 102 e 105 da Constituição Federal/88 e também,
não cabe habeas corpus direcionado ao Supremo Tribunal Federal contra decisão
do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere liminar,
como vemos na Súmula 691 do STF.

HABEAS DATA

O habeas data foi implementado desde a década de 70 em diferentes países.


No Brasil, o habeas data surgiu com a Constituição Federal de 1988 – vigente até os
dias de hoje, como uma forma da Assembleia Constituinte demonstrar a sua aversão
pela ditadura militar, que determinava que às informações disponíveis sobre os
cidadãos, sobretudo aquelas em poder dos órgãos de segurança nacional deveriam
ser sigilosas. Com esse remédio constitucional, o acesso dos cidadãos a esses
dados foi viabilizado e facilitado.
Para Pedro Lenza, o habeas data veio para “disciplinar o direito de acesso a
informações, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público, para conhecimento ou retificação (tanto
informações erradas como imprecisas, ou, apesar de corretas e verdadeiras,
desatualizadas), todas referentes a dados pessoais, concernentes à pessoa do
impetrante”.
Esse remédio foi positivado na Constituição Federal em seu Art. 5º, inciso
LXXII e sua ampliação apareceu no art. 7º, inciso III, da Lei nº9.507/97 dispõe que o
habeas data poderá ser impetrado “para a anotação nos assentamentos do
interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e
que esteja sob pendência judicial ou amigável”.
Qualquer pessoa pode ajuizar essa ação de habeas data, sendo pessoa física
ou jurídica, se trata de um procedimento gratuito e de acordo com o art. 19 da Lei nº
9.507/97, “os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos
judiciais, exceto habeas corpus e mandado de segurança. Na instância superior,
deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que,
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feita a distribuição, forem conclusos ao relator”.
Esse remédio constitucional pode ser utilizado para obter informações em
bancos estatais, como a Receita Federal, ou privados, como o SPC, no entanto,
esse direito as informações, pode ser recusado pelo poder público quando o sigilo
for indispensável à segurança da sociedade e do Estado.
Para impetrar o habeas data primeiramente é necessário apresentar um
requerimento, pelo interessado, à autoridade ou órgão detentor das informações que
se pretende conhecer ou corrigir. As autoridades competentes terão 48 horas para
atender ou não o pedido e 24 horas para comunicar sua decisão ao indivíduo que
fez o requerimento.
Somente com a recusa dessa autoridade ou órgão, no prazo estabelecido, é
que poderá ser impetrado o habeas data pelo interessado, por causa disto, para que
o habeas data seja cabível, é necessário que a informação seja solicitada pela via
administrativa e negada pelo órgão que foi solicitado.

MANDADO DE SEGURANÇA

O mandado de segurança, é uma criação brasileira, sendo uma ação


constitucional de natureza civil, qualquer que seja a do ato impugnado, seja ele
administrativo, seja ele jurisdicional, criminal, eleitoral, trabalhista etc.
O mandado de segurança surgiu como resultado de uma construção histórico-
jurídica conhecida como “Doutrina Brasileira do Habeas Corpus” sendo positivado na
Constituição de 1934, art. 113 inciso 33 que nos diz:
“Dar-se-á mandado de segurança para defesa do direito, certo e
incontestável, ameaçado ou violado por ato manifestamente inconstitucional
ou ilegal de qualquer autoridade. O processo será o mesmo do habeas
corpus, devendo ser sempre ouvida a pessoa de direito público interessada.
O mandado não prejudica as ações petitórias competentes.”

Sobre essa perspectiva, Pedro Lenza afirma que o direito líquido e certo é
aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a
necessidade de dilação probatória. Trata-se de direito “manifesto na sua existência,
delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração”.

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Em 1936 foi regulamentado pela Lei n. 191, na Constituição de 1946 no
art.141, § 24, Constituição de 1967 (art. 150, § 21) e na Emenda constitucional
n.1/69 (art. 153, § 21) apresenta uma redação idêntica:
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito individual
líquido e certo não amparado por habeas corpus, seja qual for a autoridade
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder.”

Depois dessa trajetória ele vem ser positivado na Constituição Federal de


1988 em seu art. 5.º inciso LXIX, nos seguintes termos:
“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”

Dessa forma, através do mandado de segurança busca-se a invalidação de


atos de autoridade ou a supressão dos efeitos da omissão administrativa, geradores
de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.
Sob esse aspecto, Michel Temer afirma que “o mandado de segurança é
conferido aos indivíduos para que eles se defendam de atos ilegais ou praticados
com abuso de poder. Dessa forma, os atos vinculados e os atos discricionários
(aqueles cuja lei deixa a critério do administrador a escolha) são combatidos por mandado de
segurança, porque a Constituição Federal e a lei ordinária, ao aludirem a ilegalidade,
estão se referindo ao ato vinculado, e ao se referirem a abuso de poder estão se
reportando ao ato discricionário”.
Nesse caso o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física ou jurídica titulares
de direito violado e o sujeito passivo é a autoridade pública de qualquer um dos
poderes e das autarquias.
O mandado de segurança pode ser repressivo de ilegalidade ou abuso de
poder já praticados, ou preventivo, quando estivermos diante de ameaça a violação
de direito líquido e certo do sujeito ativo. Para entrar com o mandado de segurança,
temos um prazo de 120 dias, contado da ciência, pelo interessado, do ato a ser
impugnado.
De acordo com o art. 5º da Lei nº 12.016/2009, o mandado de segurança não
será concedido quando se tratar:
I - De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução;
II - De decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo e
III - de decisão judicial transitada em julgado.

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Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão
prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus e não será concedida
medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a
entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza (§ 2º do art. 7º da Lei nº
12.016/2009).
É importante destacar, que o requerente pode desistir de mandado de
segurança a qualquer tempo, mesmo que proferida decisão de mérito a ele
favorável, e sem anuência da parte contrária”, mas desde que não tenha havido
trânsito em julgado da decisão.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

O mandado de segurança coletivo veio para ser impetrado na defesa de


interesse de uma categoria, classe ou grupo, independentemente da autorização
dos associados.
Dessa forma, na Súmula 629 do Supremo Tribunal Federal que "a impetração
de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes". Neste caso, não vem a ser uma nova modalidade
de ação constitucional, ao lado do mandado de segurança tradicional, mas de forma
diversa de legitimação processual ad causam.
Esse regime de substituição processual conferido ao mandado de segurança
para a tutela coletiva de direito líquido e certo deu novas dimensões ao writ,
transformando-o em verdadeira ação coletiva. Por isso, neste caso, serão aplicadas
também as normas relativas às ações coletivas.
Nessa qualidade de ação coletiva, o mandado de segurança, não visa apenas
à tutela de direitos individuais, mas também de direitos coletivos, assim como dos
denominados direitos individuais de caráter comum ou homogêneos.
É importante mencionar que o Supremo Tribunal já teve oportunidade de
afirmar que o Estado-membro não dispõe de autorização para propor mandado de
segurança coletivo contra a União em defesa de supostos interesses da população
residente na unidade federada.

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Entende o Tribunal, também, que não se aplica, ao mandado de segurança
coletivo, a exigência da Lei n. 9.494/97, art. 2 A, segundo o qual, "nas ações
coletivas propostas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
suas autarquias e fundações, a petição inicial deverá obrigatoriamente estar
instruída com a ata da assembleia da entidade associativa que a autorizou,
acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação dos respectivos
endereços".
No entendimento de Michel Temer, os dois objetivos buscados com a criação
do mandado de segurança coletivo, são: o fortalecimento das organizações
classistas e pacificar as relações sociais pela solução que o Judiciário dará a
situações controvertidas que poderiam gerar milhares de litígios com a consequente
desestabilização da ordem social.
Podemos concluir então, que o mandado de segurança coletivo é uma ação
extremamente relevante no que diz respeito à tutela de direitos coletivos em sentido
amplo, evitando o ajuizamento de inúmeras ações individuais acerca do mesmo
assunto.

AÇÃO POPULAR

A ação popular teve a sua primeira aparição em um texto constitucional no


artigo 157 da Carta Magna de 1824, que está se referia basicamente a certo caráter
disciplinar ou mesmo penal.
Já na Constituição de 1934, art. 113, inciso 38 temos:
Art. 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à
subsistência, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:
38) Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de
nulidade ou anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados
ou dos Municípios.

Nesses trabalhos legislativos, muitas foram as vozes censurando à inserção


da ação popular no texto constitucional, sendo que ainda se destaca o
posicionamento de Clóvis Bevilaqua, o qual “[…] temia que daí adviessem
inconvenientes, que a boa organização do Ministério Público evita”, sendo que desta
forma, significa claramente as críticas da época acerca do instituto.

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Destarte, que na Constituição de 1937, essa ação foi suprimida, ressurgindo
no texto constitucional de 1946 e permanece até os dias atuais, prevista no art. 5.º,
LXXIII, da CF/88:
“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus de sucumbência”.

Assim como o voto, a iniciativa popular, o plebiscito e o referendo, a ação


popular, constitui um instrumento de extrema importância para a democracia direta e
participação política. Tem por finalidade a proteção dos interesses difusos, ou seja, a
interesses fundamentais da vida em sociedade, tão fundamentais quanto
indissociáveis da própria vida, como o ar; a água, a liberdade, o consumo.
Somente poderá ser autor da ação popular o cidadão, assim considerado
brasileiro nato ou naturalizado, desde que esteja no pleno gozo de seus direitos
políticos, comprovando a situação pelo título de eleitor, ou documento que a ele
corresponda. Para aquele sujeito que tiver entre 16 e 18 anos de idade, que tem
título de eleitor, pode ajuizar a ação popular sem a necessidade de assistência,
porém, sempre por advogado.
No polo passivo, teremos o sujeito que praticou o ato, a entidade lesada e os
beneficiários do ato ou contrato lesivo ao patrimônio público. O Ministério Público,
parte pública autônoma, funciona como fiscal da lei, mas se o autor popular desistir
da ação poderá promover o seu prosseguimento dela.
Seguindo todos os requisitos legais, é possível a concessão de liminar,
podendo a ação popular ser tanto preventiva, visando evitar atos lesivos, como
repressiva, buscando o ressarcimento do dano, a anulação do ato, a recomposição
do patrimônio público lesado, indenização etc.
No entanto, se a improcedência se der por deficiência de provas, haverá
apenas a coisa julgada formal, podendo qualquer cidadão intentar outra ação com
idêntico fundamento, valendo-se de nova prova, já que não terá sido analisado o
mérito.
Quando a ação for julgada improcedente, só produzirá efeitos depois de
passar pelo duplo grau obrigatório de jurisdição. Julgada procedente, a apelação
será recebida no seu duplo efeito: devolutivo e suspensivo.

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O sujeito ativo da ação popular é isento de custas judiciais e do ônus de
sucumbência, salvo comprovada má-fé.

MANDADO DE INJUNÇÃO

O mandado de injunção é um instrumento constitucional que veio para


defender os direitos subjetivos em face de omissão do legislador ou de outro órgão
encarregado de poder regulatório, está positivado em nossa Constituição no art. 5,
inciso LXXI, que prevê expressamente:
“conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
à cidadania.”

A norma constitucional de eficácia limitada, prescrevendo direitos, liberdades


constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
e a falta de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício dos direitos,
liberdades e prerrogativas acima mencionados (omissão), são os dois requisitos
constitucionais para impetrar um mandado de injunção.
Assim, a Constituição de 1988 introduziu, ao lado do instrumento do mandado
de injunção, destinado à defesa de direitos individuais contra a omissão do
legislador, um sistema de controle abstrato da omissão no art. 103, § 2o.
São sujeitos ativos para o mandado de injunção individual, as pessoas
naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
O mandado de injunção poderá ser impetrado contra o Poder Público, o órgão
ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. A petição
inicial deve seguir os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do
órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado.
Ao receber a petição inicial, o impetrado deverá receber uma notificação
sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via
apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, e terá o prazo de 10 dias
para trazer à baila as informações.

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A petição inicial pode ser indeferida quando a impetração for manifestamente
incabível ou manifestamente improcedente. Da decisão de relator que indeferir a
petição inicial, prescreve a lei, caberá agravo, em 5 dias, para o órgão colegiado
competente para o julgamento da impetração.
Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério
Público, que dará sua opinião em até 10 dias, e após esse prazo, com ou sem
parecer, os autos serão conclusos para decisão.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A ação civil pública é, ao lado da ação popular e do mandado de segurança


coletivo, um dos mais úteis instrumentos de defesa de interesses metaindividuais.
A Lei 7.347/1985 da Ação Civil Pública, foi fruto de estudos e debates
envolvendo professores e profissionais do direito que, a partir de meados da
década de 1970, sob influência da doutrina italiana e das class actions (ações
coletivas nos Estados Unidos) dos países de sistema jurídico common law (direito
comum), notaram a necessidade de desenvolver ferramentas processuais mais
adequadas para a solução dos conflitos de interesses transindividuais.
Dessa forma houve uma sensível modificação para que os sujeitos pudessem
ter a pacificação dos seus conflitos com justiça. Assim, enquanto no processo
individual a regra é a legitimação ordinária, ou seja, apenas o titular do direito
material controvertido pode ir a juízo em nome próprio, no processo coletivo foi
necessário instituir a legitimação extraordinária como padrão, admitindo-se que
determinadas pessoas ou entes compareçam a juízo, em nome próprio, para
defender direito ou interesse alheio.
Pode constituir objeto da ação civil pública ou coletiva a defesa dos seguintes
bens e interesses: meio ambiente; consumidor; patrimônio cultural (bens e valores
artísticos, estéticos, históricos, turísticos, paisagísticos etc.); ordem econômica e
economia popular; ordem urbanística; qualquer outro interesse difuso, coletivo ou
individual homogêneo. Podendo ainda acrescentar, a defesa coletiva das pessoas
portadoras de deficiência, dos investidores do mercado de valores mobiliários, das
crianças e adolescentes, dos idosos, entre outros.
Vale lembrar, que existem algumas regras a serem seguidas para as ações
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civis públicas ou coletivas, onde a ação deverá ser proposta no local em que o
dano ocorreu ou deva ocorrer, tratando-se de defesa coletiva de crianças ou
adolescentes, a competência será determinada pelo lugar da ação ou da omissão,
tratando-se de danos regionais ou nacionais, a ação civil pública ou coletiva deverá
ser proposta na Capital do Estado ou do Distrito Federal, à escolha do autor,
havendo interesse da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal,
a ação será da competência da Justiça Federal.
Segundo o professor Hugo Nigro Mazzilli, o sistema de liminar no processo
coletivo é o mesmo do mandado de segurança, no que diz respeito à concessão,
cassação ou suspensão. Porém, todas as restrições impostas à concessão de
liminares em ações civis públicas ou coletivas devem ser entendidas, desde que
não levem ao perecimento do direito, sob pena de admitir-se que a lei ordinária
pudesse obstar a efetividade do acesso à jurisdição.
Se o Ministério Público não for parte na ação civil pública, sua atuação será
obrigatória como fiscal da lei. Quando atuando como custos legis, não compete ao
Ministério Público a tutela do autor ou o réu, sejam eles quem forem, mas,
simplesmente, a defesa dos interesses a que a instituição está constitucionalmente
vinculada. Intervindo como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público terá vista
depois das partes, e será intimado de todos os atos do processo, podendo produzir
provas e requerer as medidas processuais pertinentes, inclusive recorrer.
Nas ações coletivas não ajuizadas pelo Ministério Público, caso ele deixe de
ser intimado para atuar como custos legis, o processo será nulo a partir do
momento em que seu órgão deveria ler sido intimado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os remédios constitucionais são instrumentos para resguardar os direitos e


interesses dos indivíduos contra os abusos do Poder Público, ou de quem lhe faça.
Pudemos verificar, que as ações constitucionais são verdadeiras garantias
fundamentais, diferenciando-se das demais ações por estar positivada.
Além disso, levam o nome de remédios para se diferenciar das ações de
controle concentrado de constitucionalidade, uma vez que se prestam a sanar as
ilegalidades ocorridas.
Podemos concluir então, de forma bem resumida que o habeas corpus é para
quando alguém sofrer violência ilícita em sua liberdade de locomoção, habeas data
é para assegurar o conhecimento ou retificação de informações pessoais do
impetrante, constantes em banco de dados de caráter público, o mandado de
segurança é para proteger direito comprovado documentalmente, quando o coator
estiver exercendo o Poder Público, a ação popular é para anular ato lesivo contra a
administração pública e o mandado de injunção é para efetivar direito
fundamental pendente de norma regulamentadora.

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Referências Bibliográficas

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de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.

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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 25. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.

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Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/79074367.pdf. Acessado em 06/09/2021.

Disponível em: http://www.mazzilli.com.br/pages/informa/difusos98.pdf. Acessado em 06/09/2021.

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Disponível em: http://sbdp.org.br/wp/wp-content/uploads/2018/03/HC-143641-Ementa.pdf. Acessado


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