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Resumo - Direito Constitucional Internacional (17/11/2023)

● Linha do tempo dos tratados internacionais


- antes de 1988: constituição de 1967 (ditadura militar) não abria espaço para os
direitos humanos, motivo pelo qual os tratados internacionais eram
equiparados às leis ordinárias;
- entre 1988 e 2004: por efeito do entendimento do RE 466343, os tratados
internacionais de direitos humanos passaram a possuir status normativo
supralegal e infraconstitucional (acima das leis ordinárias e abaixo da
constituição);
- após 2004: por força da EC 45 (2004), os tratados internacionais de direitos
humanos aprovados por 3/5 de ambas as casas legislativas, em dois turnos, se
equiparam às emendas constitucionais.

IMPORTANTE: a dinâmica acima apenas funciona para os tratados internacionais de


direitos humanos.

IMPORTANTE: atualmente, se não forem aprovados por maioria do quórum, os tratados


internacionais de direitos humanos vão possuir status normativo supralegal (acima das leis
ordinárias e abaixo da constituição).

CURIOSIDADE: o Decreto Legislativo n° 186 (09/07/2008) se tornou a primeira norma


internacional equivalente a uma emenda constitucional.

CURIOSIDADE: a verificação de compatibilidade dos tratados internacionais com a


Constituição Federal é realizada pelo STF por meio do controle de convencionalidade.

● Prisão civil por dívidas (CF, art. 5º, LXVII) X Pacto de San José da Costa Rica
- CF, art. 5º, LXVII: Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel; (não obstante este inciso se encontrar atualmente vigente, a
parte sublinhada, por força da EC 45, RE 466.343 e outros entendimentos, não
possui validade no nosso ordenamento jurídico);
- CADH, art. 7, 7 (Pacto de San José da Costa Rica): Ninguém deve ser
detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade
judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação
alimentar;

ENTENDA: Após a Emenda Constitucional 45, de 2004 — que acrescentou o parágrafo 3°


ao inciso LXXVIII do artigo 5º —, foi conferida aos tratados e às convenções de direitos
humanos dos quais o Brasil seja signatário e que forem aprovados pelo Congresso Nacional,
em votação de dois turnos, por três quintos de seus membros, a equivalência às emendas
constitucionais. Em razão disso, a orientação quanto aos tratados internacionais precisou ser
alterada, em especial sobre aqueles que, anteriores à emenda, haviam sido aprovados por
maioria simples, como ocorreu com o Pacto de San José. No julgamento do RE 466.343, com
repercussão geral (Tema 60), os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram que os
tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos, se não incorporados como
emenda constitucional, têm natureza de normas supralegais, paralisando, assim, a eficácia de
todo o ordenamento infraconstitucional em sentido contrário. Segundo a Suprema Corte, o
caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar
específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da
legislação infraconstitucional com eles conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de
ratificação.

POR QUE A PRISÃO CIVIL POR DÍVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA


CONTINUOU VÁLIDA NO NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO?

Porque a prisão civil por dívida de depositário infiel tinha como escopo tutelar o patrimônio,
bem jurídico este valorativamente inferior ao bem jurídico vida, por sua vez tutelado pela
prisão civil por dívida de pensão alimentícia. Não à toa o próprio Pacto de San José da Costa
Rica admite esta modalidade em seu art. 7.

IMPORTANTE: Súmula Vinculante 25, STF - É ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade de depósito.

● Classificação de Jellinek
- Status Passivo (status subjections): referem-se às obrigações do indivíduo
perante o Estado;
- Status Negativo (status libertatis): são as faculdades/liberdades do indivíduo
em face do Estado (sentido estrito), assim como seus direitos de defesa
(sentido amplo);
- Status Positivo (status civitatis): são as prestações positivas exigidas pelo
indivíduo e que devem ser tomadas pelo Estado;
- Status Ativo (status da cidadania ativa): é a participação do indivíduo na
atividade política.

● Direitos constitucionais X Garantias


- Direitos: bens previstos na Constituição;
- Garantias: instrumentos para assegurar esses direitos (Ex: remédios constitucionais).

CURIOSIDADE: Garantias institucionais segundo o STF

PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL – DIREITO DE INFORMAR: PRERROGATIVA


FUNDAMENTAL QUE SE COMPREENDE NA LIBERDADE CONSTITUCIONAL
DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO E DE COMUNICAÇÃO –
INADMISSIBILIDADE DE CENSURA ESTATAL, INCLUSIVE DAQUELA
IMPOSTA PELO PODER JUDICIÁRIO, À LIBERDADE DE EXPRESSÃO, NESTA
COMPREENDIDA A LIBERDADE DE INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA – TEMA
EFETIVAMENTE VERSADO NA ADPF 130/DF, CUJO JULGAMENTO FOI
INVOCADO, DE MODO INTEIRAMENTE PERTINENTE, COMO PARÂMETRO DE
CONFRONTO – PRECEDENTES – SIGILO DA FONTE COMO DIREITO BÁSICO
DO JORNALISTA: RECONHECIMENTO, em “obiter dictum”, DE QUE SE TRATA
DE PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL QUALIFICADA COMO GARANTIA
INSTITUCIONAL DA PRÓPRIA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO – PARECER DA
PROCURADORIA- GERAL DA REPÚBLICA PELA PROCEDÊNCIA DA
RECLAMAÇÃO – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
– A liberdade de imprensa, qualificada por sua natureza essencialmente constitucional,
assegura aos profissionais de comunicação social o direito de buscar, de receber e de
transmitir informações e ideias por quaisquer meios, inclusive digitais, ressalvada, no entanto,
apossibilidade de intervenção judicial – necessariamente “a posteriori” – nos casos em que se
registrar prática abusiva dessa prerrogativa de ordem jurídica, resguardado, sempre, o sigilo
da fonte quando, a critério do próprio jornalista, este assim o julgar necessário ao seu
exercícioprofissional. Precedentes
.– A prerrogativa do jornalista de preservar o sigilo da fonte (e de não sofrer qualquersanção,
direta ou indireta, em razão da prática legítima dessa franquia outorgada pelaprópria
Constituição da República), oponível, por isso mesmo, a qualquer pessoa,inclusive aos
agentes, autoridades e órgãos do Estado, qualifica-se como verdadeira garantia institucional
destinada a assegurar o exercício do direito fundamental de livremente buscar e transmitir
informações. Doutrina.

● Remédios constitucionais

- Habeas corpus (LXVII): - origem inglesa pós carta-magna - proteção a liberdade de


locomoção, o direito de ir e vir - é gratuito - qualquer pessoa tem capacidade
postulatória e o juiz pode conceder de ofício, ou seja, não precisa haver provocação -
AI-5: foi tirado o direito do habeas corpus para que existisse o arbítrio dos ditadores -
súmulas STF - 693: não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja
a única cominada. - 694: não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de
exclusão de militar ou perda de patente ou de função - tipos: - preventivo: há
elementos que comprovem que uma prisão pode acontecer e ocorreria na forma de
salvo conduto (ex: habeas corpus de lula) - repressivo/liberatório: para cessar violência
ou coação - regulamentação: CPP, arts 647 a 667.

- Mandado de segurança (LXIX/LXX): - surge na CF/34 - é uma ação subsidiária ao


HC e ao HD - o prazo de impetração é de 120 dias, contado da ciência do interessado
do ato a ser impugnado - direito líquido e certo? direito que pode ser provado
imediatamente, não há necessidade de dilação probatória (produção de provas) - tipos:
- quanto à legitimação - individual: tem como objetivo proteger o direito líquido e
certo de uma pessoa física ou jurídica que tenha sofrido ou esteja sofrendo uma
ameaça ou violação por ato ilegal ou abusivo de autoridade. - coletivo: tem eficácia
erga omnes e protege um direito pessoal e exclusivo de uma pessoa física ou jurídica,
mas sim um direito coletivo, que pode ser ameaçado ou violado por ato ilegal ou
abusivo de autoridade. - quanto ao momento - preventivo: quando houver ameaça de
um ato ilegal ou abusivo de autoridade que possa violar um direito líquido e certo do
requerente, e quando esse direito ainda não foi lesado de forma concreta - repressivo:
tem como objetivo reparar um direito líquido e certo que tenha sido violado por ato
ilegal ou abusivo de autoridade. É uma ação utilizada para buscar a reparação de um
direito que já foi lesado. - regulamentação: Lei 12016/2009.

- Mandado de injunção (LXXI): será concedido sempre que a falta total ou parcial de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
- surge na CF/88 - ataca, principalmente, normas constitucionais de eficácia limitada,
aplicabilidade mediata e reduzida - omissão - total: não há preceito constitucional (art.
37, VII, CF/88 = até hoje não há lei que regulamente o direito de greve dos
funcionários públicos) - parcial: o preceito constitucional é insuficiente (art. 7, IV,
CF/88 = assegura o salário mínimo, mas ele não é suficiente para a subsistência) -
tipos - individual: quem impetra são pessoas naturais ou PJ, os quais sejam titulares
dos direitos relacionados à nacionalidade, soberania e cidadania - coletivo - MP:
quando tutelar direito importante para defesa da ordem jurídica - DP: quanto tutelar
direito relevante para promover direitos humanos - partido político com representação
no congresso: assegurar direitos de cunho partidário de seus integrantes - organização
sindical, entidade de classe ou associação constituída e em funcionamento há pelo
menos 1 ano: assegurar o exercício dos direitos de seus membros ou classe

- Habeas data (LXXII): assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa


do impetrante que estão em bancos de dados públicos ou do órgãos do governo e para
retificação de dados - surge na CF/88 - tutela informações relativas à pessoa do
impetrante e não de terceiros.

- Ação popular (LXXIII): tem como objetivo garantir a proteção do patrimônio


público (res publica), da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio
histórico e cultural. - surge na CF/34 - qualquer cidadão brasileiro pode propor uma
ação popular, desde que esteja no pleno gozo dos direitos políticos e que comprove a
sua condição de eleitor - requisitos - lesividade ou ilegalidade: à moralidade
administrativa, ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e cultural.
- Reclamação constitucional (art. 102, I, l): tem como objetivo garantir a observância
de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) em casos nos quais haja descumprimento ou desrespeito por parte de autoridade
ou órgão judiciário inferior. - pode ser proposta por qualquer pessoa que seja parte ou
interessada no processo ou pelo MP.

- Ação civil pública (art. 129, III): tem como objetivo proteger interesses coletivos,
difusos ou individuais homogêneos, como o meio ambiente, o patrimônio cultural, os
consumidores, entre outros. - Não tem um autor individual, mas sim um órgão
responsável pela defesa dos interesses coletivos, como o Ministério Público ou uma
associação civil e pode ser proposta por qualquer pessoa ou entidade que tenha
interesse na proteção do bem jurídico em questão.

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