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Anotações do Curso online

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Curso: AGU - Advocacia-Geral da União - Advogado da União (Treinamento Intensivo +


Simulados + Projeto 80/20 + Preparação para Provas Discursivas)
Disciplina/Professor: Direito Constitucional Aragonê Fernandes
Comentário da Aula: Remédios Constitucionais V

38.4. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Mandado de Injunção

Art. 5º, LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

- Exemplos: (I) servidor público pode fazer greve? A lei de greve não saiu do papel, mas pode
fazer greve porque o STF deferiu o MI permitindo; (II) servidor público tem direito a
aposentadoria especial se ele trabalhar em atividade perigosa para a saúde? Sim, utilizam do
mandado de injunção.

>> Origem:

- Foi trazido pela Constituição Federal de 1988.

- O mandado de injunção (MI) é próximo à norma de eficácia limitada. É esse tipo de norma que
demanda um complemento.

- No entanto, é importante lembrar que o MI só pode ser impetrado quando se tratar de questões
relacionadas à soberania, à nacionalidade e à cidadania.
MACETE: SNC

>> Teorias Concretista x Não-concretista:

- Hans Kelsen levantou o chamado “mito do legislador negativo”. De acordo com essa doutrina, a
função do Judiciário é retirar normas inconstitucionais do ordenamento jurídico, logo não poderia
atuar como legislador positivo (criar leis).
No entanto, há muitos anos, no Congresso europeu, foi cunhada a expressão “sentenças
intermediárias”, nas quais o Poder Judiciário pode atuar trazendo sentenças normativas.
Nesse sentido, o Judiciário pode legislar em situações excepcionais.
Um exemplo disso é a decisão do STF que permitiu o aborto de fetos anencéfalos, pois essa
hipótese de aborto não é prevista em nenhuma legislação.

- Na teoria tradicional do mandado de injunção, a teoria proferida no MI só pode ter efeito não
concretista, visto que o Judiciário não pode legislar. Assim, a teoria não concretista parte da
premissa de que a decisão proferida no MI apenas irá declarar a mora (atraso) legislativa.
- Diante de uma série de casos de MI que chegavam ao Supremo em virtude dessa mora
legislativa, o Tribunal decidiu adotar a teoria concretista.
Vale lembrar que essa teoria é dividida em geral e individual. A teoria concretista geral é aquela
em que a decisão é resolvida para todo mundo.

>> Diferenças entre o MI e a ADO:

> Mandado de Injunção:


- Controle difuso;
- A competência depende do omisso; (de quem deveria ter feito a norma)
- Envolve questões de soberania, nacionalidade e cidadania;
- Qualquer pessoa pode entrar com o pedido.

> Ação Declaratória de Omissão:


- Controle Concentrado;
- A competência será do STF ou do TJ, neste caso, se a omissão envolver decisão na esfera
estadual;
- Questões mais amplas;
- O legitimado da ADO é previsto no art. 103 da CF/1988.

>> Competência para Julgamento:

- Depende de quem for a parte omissa.

- Vale lembrar que a competência do STJ para julgar MI será quando não se tratar de competência
do STF, da Justiça Militar ou de outro legitimado.

>> Nova Lei do MI e as Sentenças Normativas:

- A Lei n. 13.300/2016 trouxe, de forma mais detida, a questão das sentenças normativas.

- Os efeitos da decisão no MI são importantes e estão descritos no art. 9º da Lei n. 13.300/2016.

- Conforme esse dispositivo, parte-se da ideia de que a eficácia do MI é subjetiva às partes,


contudo a decisão judicial valerá até a regulamentação.
Ou seja, surgindo a lei, ela passará a ser observada e não mais a decisão do MI.

- Vale lembrar que existe a possibilidade de decisão ultra partes o u erga omnes quando for
indispensável ao direito. Assim, se o colegiado já decidiu uma vez, os próximos mandados de
injunção no mesmo sentido podem aproveitar essa decisão.

MS e MI Coletivos

- Constituição Federal:

Art. 5º, LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a. partido político com representação no Congresso Nacional;
b . organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

- Lei n. 13.300/2016:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


I – pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa
da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II – por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de
direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade
partidária;
III – por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de
seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial;
IV – pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.

- ATENÇÃO!!
O Ministério Público e a Defensoria Pública não são legitimados para entrar com Mandado de
Segurança Coletivo, mas apenas com o Mandado de Injunção Coletivo. Essa é uma informação
cobrada recorrentemente em provas.

>> Cabimento:

Nos casos em que couber o MS ou o MI individual, caberá o coletivo.

- O MI pressupõe a falta de norma regulamentadora, o que inviabiliza o direito. Logo, como o


direito já está inviabilizado, significa dizer que o MI é sempre repressivo.

>> Associação: Representação x Substituição Processual

- Tanto no caso do MS quanto do MI, a associação estará em uma situação de substituição


processual.

- Assim, é possível aplicar a Súmula n. 629 do STF, segundo a qual não há necessidade de
autorização expressa dos associados, visto que a entidade age em nome próprio.

- Nas outras situações, quando uma associação entra em juízo, ela entra em nome alheio, buscando
interesse alheio, caracterizando representação processual. Assim, somente será atingido pela
decisão quem assinou a petição inicial, autorizando expressamente.

Ação Popular

Art. 5º, LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

>> Hipóteses de Cabimento:

A ação popular pode ser tanto preventiva quanto repressiva, ou seja, pode ser proposta antes ou
depois da prática de um ato lesivo a qualquer um dos valores protegidos.

>> Quem Pode Ajuizar:

- Qualquer cidadão pode ajuizar uma ação popular, ou seja, qualquer pessoa com capacidade
eleitoral ativa (que pode votar) pode fazer isso.

- Entre os 16 e os 18 anos, o cidadão não possui a capacidade eleitoral passiva, contudo já possui a
capacidade eleitoral ativa de forma facultativa. Assim, se um menor entre os 16 e os 18 anos já
possui o título de eleitor, pode entrar com uma ação popular. Nesse caso, o menor não
precisa ser assistido pelos seus pais.

>> Quem Não Pode Ajuizar:

- Qualquer pessoa ou entidade que não vota.

- Exemplo: partidos políticos, sindicatos, estrangeiros, entidade de classe, associação, etc.

>> A Problemática Envolvendo Membros do Ministério Público:

- A Lei da Ação Popular dispõe que a legitimidade quanto a ação popular é do cidadão. No
entanto, caso o cidadão venha a desistir, o Ministério Público pode prosseguir.

- A regra é que o MP não possui legitimidade para entrar diretamente com a ação popular,
contudo, como é um dos legitimados para entrar com a ação civil pública, que é um instituto
semelhante, há precedentes na jurisprudência do STJ no sentido de que o MP pode, sim, entrar
com a ação popular.

>> Competência para Julgamento:

Juízes de primeiro grau podem julgar ação popular contra o Presidente da República, contudo
somente se forem da Justiça Federal.
Essa é a regra de julgamento. Há uma exceção descrita abaixo.

>> O Caso da Demarcação da Reserva Indígena “Raposa Serra do Sol” (PET n. 3.388)

- Na época, o caso envolveu um Senador e o então Presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva, por conta da demarcação de terras indígenas em faixa contínua no Estado de Roraima.

- No entanto, ao receber a ação, o juiz de primeiro grau encaminhou o caso para o STF, que
entendeu se tratar de um caso de conflito federativo, pois não se tratava de um cidadão entrando
com uma ação contra o Presidente da República, mas um conflito entre um Estado e a União.

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