Vários princípios atuam no Poder Legislativo. Os fundamentais são a inércia, a
inafastabilidade e o juiz natural. O princípio da inércia determina que o processo só terá começo quando a jurisdição for provocada, legalmente, pela parte interessada, através de uma petição inicial. Do contrário, o juiz é proibido de prestar tutela. Essa determinação é baseada no entendimento que todo homem é responsável por si mesmo, devendo proteger seus direitos por todos os meios possíveis. A máxima latina dormientibus non sucurrit jus, cuja tradução é o direito não socorre aos que dormem, é uma ilustração adequada para a noção estatal que considera inviável a proteção daqueles que, por fraqueza ou indolência, não lutam processualmente pelo seu direito. Caso o judiciário adotasse uma postura ativa, muitos atos jurídicos importantes que dependem do interesse das partes envolvidas seriam extinguidos, prejudicando a segurança e a eficiência do processo. Portanto, é plausível dizer que o judiciário se faz inerte para que as partes se façam ativas e possam melhor defender seus interesses. Em seguida, há o princípio da inafastabilidade, previsto no artigo 5°, inciso XXXV, da Constituição Federal. Também nomeado de direito de ação, este princípio determina que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Sua função é assegurar o acesso à justiça a todos que tiverem o direito lesado por meio de soluções rápidas e eficazes. É um princípio de rara importância ao Estado brasileiro, pois abre caminho para a satisfação de vários direitos materiais. Trata-se de garantir o acesso à justiça no sentido amplo da expressão. Não basta só iniciar o processo. Também deve haver celeridade, imparcialidade e clareza na sua condução. Por conseguinte, é importante saber que o princípio da inafastabilidade, embora de fácil definição, é extremante difícil de aplicar. As estatísticas apontam que o Brasil, por exemplo, acumulava cerca de 80 milhões de processos em 2018. Assim, entende-se a necessidade do princípio da inafastabilidade junto as complicações que encontra na realidade jurídica. O juiz natural é o terceiro princípio. Baseado no artigo 5°, inciso XXXVII e LIII, da Constituição Federal, garante um juízo adequado para o julgamento dos litígios e proíbe os “juízos ou tribunais de exceção”. No primeiro aspecto, a escolha do juiz deve anteceder os fatos, seguindo as normas pré-estabelecidas no ordenamento jurídico. No aspecto segundo, não pode haver qualquer tribunal ou juízo de extraordinário, mesmo se tratar de crimes que geram forte comoção social. A finalidade deste princípio é impedir que o Estado empreenda perseguições ou arbitrariedades aos indivíduos.