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CURSO: CARREIRAS JURÍDICAS


DATA: 13/09/2019
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROFESSOR: GUSTAVO FARIA
MONITOR: NAJARA SANTOS
AULA 02

SUMÁRIO

1 RECURSOS .................................................................................................................................. 1
1.1 Teoria geral dos recursos ........................................................................................................... 1
1.1.3 Efeitos dos recursos ................................................................................................................ 1
1.1.4 Pressupostos de admissibilidade ............................................................................................ 8

1 RECURSOS

1.1 Teoria geral dos recursos


[...]
1.1.3 Efeitos dos recursos

 Efeito suspensivo
O fato de recorrer já gera uma suspensividade, porque, se o recorrente tem 15 dias para
recorrer, nesse período, não é possível executar a sentença. Portanto, já impede a eficácia da
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decisão.
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Obs: nem todos os efeitos da decisão são suspensos, em virtude do efeito suspensivo.
Exemplo: no capítulo da sentença, o art. 495, CPC fala da hipoteca judiciária.
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Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em


dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de
dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca
judiciária.
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:
[...]
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.

Hipoteca judiciária, como visto na aula de sentença, é o efeito secundário da sentença


condenatória, que permite que o vencedor averba na matrícula de imóvel do devedor a
sentença, para garantir sua execução.
Como determinado no parágrafo primeiro do art. 495, CC, o efeito da hipoteca judiciário não é
suspenso pelo efeito suspensivo do recurso. Pode ser realizada ainda que na pendência desse
recurso.

Regra: recurso não tem efeito suspensivo, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
diverso. Art. 995, CPC:

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal
ou decisão judicial em sentido diverso.

Por força de lei (ope legis), possuem efeito suspensivo:


 Apelação – art. 1.012, CPC

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

 Recurso especial e recurso extraordinário, quando interpostos contra acórdão que julga
IRDR – art. 987, §1º, CPC

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou


especial, conforme o caso.
§ 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de
questão constitucional eventualmente discutida.

Exemplo: foi ajuizado IRDR perante o TJ para decidir sobre a legalidade do serviço de Uber.
O TJ julga esse IRDR. Se contra esse acórdão for interposto RE ou REsp, esses recursos
terão efeito suspensivo.
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Por força de decisão judicial (ope judicis), quem concede o efeito suspensivo é o relator do
recurso, mediante a comprovação de determinados requisitos – art. 995, parágrafo único, CPC:
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Art. 995. [...]


Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão
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do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave,


de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de
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provimento do recurso.

São os requisitos: probabilidade do provimento e risco de dano.


Por força de decisão judicial (ope judicis), possuem efeito suspensivo, a título de exemplo:
 Apelação – art. 1.012, §3º, CPC:

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


[...]
§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá
ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua
distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.

 Embargos de declaração – 1.026, §1º, CPC:

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo [...].


§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo
respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso
ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.

 REsp e RE

Art. 1.029. [...]


§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a
recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da
decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para
seu exame prevento para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016);
II - ao relator, se já distribuído o recurso;

Esses artigos não devem ser estudados neste momento, somente quando estudados os
recursos em espécie específicos tratados neles.

 Efeito expansivo
Efeito expansivo objetivo: o julgamento do recurso dá ensejo a decisão mais abrangente do que
a matéria impugnada.
 Interno: o recurso atinge capítulos não impugnados da decisão (despesas, honorários, juros,
correção monetária, entre outros). Exemplo: sentença condena o réu a danos materiais, ao
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pagamento das despesas processuais e ao pagamento de honorários advocatícios de 10%


da condenação. O réu interpõe apelação impugnando somente o capítulo da condenação
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por danos materiais. Se esse recurso for provido, ao atingir a condenação em danos
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materiais, atingirá também a condenação em despesas processuais e honorários


advocatícios. Por isso não é necessário, no recurso, fazer um capítulo pedindo “se o recurso
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for provido, peço a exclusão das despesas e dos honorários”.


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 Externo: o recurso atinge outros atos do processo, e não apenas o impugnado. Exemplo:
sentença contra a qual foi interposta apelação. Se essa apelação não tiver efeito suspensivo,
o vencedor iniciará imediatamente o cumprimento provisório dessa sentença na primeira
instância. Se a apelação for provida, atingirá a sentença e também os atos do cumprimento
de sentença provisório.

2014 MPE/SC – Promotor de Justiça


Em ação de investigação de paternidade cumulada com alimentos, no recurso do réu contra a
procedência do pedido declaratório de paternidade, o conhecimento e provimento do recurso afetará
também a pretensão condenatória a alimentos, já que guardam relação de prejudicialidade entre si. Trata-
se de exemplo de efeito expansivo objetivo do recurso. CERTA

Efeito expansivo subjetivo: o julgamento do recurso atinge sujeitos que não participaram do
recurso. O cerne desse tema está no art. 1.005, CPC

Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses.

Exemplo: MP propôs ação de anulação de casamento contra o homem e a mulher. É um


litisconsórcio unitário, porque a decisão é igual para ambos. O pedido foi julgado procedente,
mas só o marido recorreu, entretanto, o recurso do marido, se provido, beneficiará também a
mulher, em razão do efeito expansivo subjetivo do recurso.

Entretanto, isso não ocorre apenas em litisconsórcio unitário, pode ser simples também, a
depender da situação do caso concreto. Exemplo: A e B são devedores solidários. C, credor,
ajuíza ação contra ambos, entretanto, em uma ação como essa, o litisconsórcio formado é
simples, porque nada impede que um tenha obrigação de pagar e outro não. As decisões podem
ser distintas para cada um dos réus. Entretanto, mesmo assim, se o pedido for julgado
procedente, e somente B recorrer, a depender da fundamentação, seu recurso pode beneficiar
também A, como no caso de B conseguir provar, por exemplo, que o valor cobrado está pago.

“1. Condenação de duas empresas a pagar, solidariamente, indenização por danos


morais, em face da demora no fornecimento de peças para o conserto de veículo
importado. 2. Provimento da apelação interposta por apenas um dos litisconsortes,
cujo litisconsórcio passivo não é unitário. 3. Extensão dos efeitos da apelação ao
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litisconsorte que não apelou, em decorrência da eficácia expansiva subjetiva


do recurso.” (STJ, REsp 1.366.676/2014)
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No caso concreto, embora o litisconsórcio seja simples, um dos litisconsortes se beneficiou do


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recurso do outro.
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 Efeito regressivo
Principalmente no Direito Processual Penal, os autores costumam tratar esse efeito por iterativo.
É o efeito de que são dotados alguns recursos, que permite ao juízo que proferiu a decisão
exercer o juízo de retratação (revisão da decisão proferida).
Os recursos que possuem efeito regressivo no CPC são: todos os agravos (via de regra),
apelação (excepcionalmente – arts. 331, 332, 485, §7º, CPC, salvo se a apelação for
intempestiva).

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no
prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


[...]
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste
artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

O art. 331 está contido no art. 485, I, CPC. Portanto, há na prática apenas duas hipóteses de
efeito regressivo na apelação: arts. 332 e 485, CPC.
Se apelação for intempestiva, o juízo a quo não pode se retratar.

Enunciado 293, FPPC. “O juízo de retratação, quando permitido, somente poderá ser exercido
se apelação for tempestiva.”

Enunciado 68, CJF. “A intempestividade da apelação desautoriza o órgão a quo a proferir juízo
positivo de retratação.”

2018 CESPE PGE/PE – Procurador do Estado


No processo civil, é vedado ao órgão judicial que prolatar a decisão recorrida exercer o juízo de retratação
na hipótese de interposição de apelação intempestiva, mesmo que o juízo reconheça erro em sua
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sentença pela improcedência liminar do pedido. CERTA


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A CESPE sempre cobra enunciados, posicionamento de doutrina.


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 Efeito diferido
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O conhecimento, a análise de um recurso depende da admissibilidade de outro. Isso ocorre no


processo em relação ao recurso adesivo. Ao interpor recurso adesivo, se o recurso principal por
algum motivo cai, o adesivo embarca juntamente.
O recurso adesivo tem previsão no art. 997, CPC

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais.

O recurso adesivo é apenas uma forma especial (sui generis) de se interpor alguns recursos
específicos: apelação, REsp e RE. Não é um recurso em espécie, não está no rol de recursos
em espécie do art. 994, CPC.

“O recurso adesivo não constitui modalidade recursal diversa daquela a que adere,
tendo apenas uma forma de interposição diferente daquela ordinariamente utilizada
quanto ao recurso principal (recurso-tipo).” (STJ, REsp 1.675.996/2019)

Para pensar em recurso adesivo, deve-se necessariamente pensar em uma sentença que
imponha sucumbência recíproca. Exemplo: autor pede 15 e ganha 12, fica satisfeito. O réu
apresenta apelação, a partir da qual, o autor será intimado e, em seu favor, será aberto prazo
de 15 dias. Nesse prazo, o autor pode apresentar contrarrazões ao recurso de apelação e
também a apelação adesiva.

A diferença entre o recurso principal e o recurso adesivo é o prazo para interposição. O recurso
principal é interposto dentro de 15 dias da intimação da sentença. O recurso adesivo é interposto
dentro do prazo para apresentação de contrarrazões.

O recurso adesivo está condicionado à apresentação das contrarrazões, ou é possível somente


apresentar o recurso adesivo sem contrarrazões?

“O recurso adesivo não está condicionado à apresentação de contrarrazões


ao recurso principal, porque são independentes ambos os institutos de direito
processual, restando assegurado, pela ampla defesa e contraditório constitucionais,
tanto o direito de recorrer, como o de responder ao recurso.” (STJ, EDcl no REsp
171.543/2000)

Ainda que o recorrente utilize o recurso adesivo somente porque perdeu o prazo para
interposição do recurso principal, não é motivo para que o tribunal deixe de analisar o recurso
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adesivo.
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“Conquanto fique patente a manobra da recorrente para contornar a perda de


prazo para interposição de recurso de apelação autônomo, preenchidos os
requisitos legais do art. 500 do CPC, não pode o Tribunal deixar de analisar o
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recurso adesivo.” (STJ, REsp 864.579/2007)


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No atual CPC, o art. 500 mencionado corresponde ao art. 997.

Se o recorrente principal está amparado pela justiça gratuita, isso não exime o recurso adesivo
de recolher o preparo, caso não esteja isento. Os pressupostos de admissibilidade e julgamento
do recurso adesivo devem ser preenchidos autonomamente em relação ao recurso principal,
um não depende do outro nesse aspecto. O recurso adesivo é como se fosse um recurso
principal, então, sendo a única diferença entre ambos a tempestividade.

“Embargos de divergência nos quais se suscita dissenso pretoriano entre as Turmas


de Direito Público no que tange à exigibilidade de preparo ao recurso adesivo, nos
casos em que a parte que interpôs o recurso principal é isenta do recolhimento. A
exigibilidade do preparo do recurso adesivo não está vinculada à obrigação
de recolhimento desse tributo no recurso principal. Inteligência do art. 500,
parágrafo único, do CPC.” (STJ, REsp 989.494/2009)

Não há existência de subordinação quanto à matéria do recurso adesivo em relação ao recurso


principal. O recurso principal pode tratar do que quiser, e o recurso adesivo pode tratar do que
quiser.

“Não decorria do Código de Processo Civil de 1973 (art. 500), nem decorre do atual
estatuto processual (art. 997), interpretação que corrobore estar dentro dos
requisitos de admissibilidade do recurso adesivo a existência de subordinação à
matéria devolvida no recurso principal.” (STJ, REsp. 1.675.996/2019)

Daí, o seguinte entendimento:

“A jurisprudência do STJ está consolidada no sentido da possibilidade de manejar


Recurso Adesivo em Apelação na hipótese em que se pretende apenas a majoração
da verba honorária estipulada em sentença.” (STJ, AgInt no REsp 1.710.637/2018)

Exemplo: se há sentença impondo sucumbência recíproca, e autor e réu interpõem apelação,


ao ser intimado do recurso da outra parte, a parte que já interpôs recurso principal de apelação
não pode também interpor recurso adesivo, em razão do fenômeno da preclusão consumativa.

“Não cabe recurso adesivo quando a parte já tenha manifestado recurso autônomo.”
(STJ, AI 487.381/2003)

Exemplo: se há sentença impondo sucumbência recíproca, e o autor interpõe apelação (recurso


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principal) em 16 dias, e o réu interpõe apelação (recurso principal) em 15 dias. O autor será
intimado da apelação do réu, para se manifestar em 15 dias, mas, nesse caso, não pode interpor
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apelação adesiva, porque já interpôs o recurso principal, ainda que intempestivo.


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“A parte que, fora do prazo legal, apresentar apelação, não pode interpor recurso
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adesivo.” (STJ, AgRg no Ag 153.104)


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O recurso adesivo possui duas particularidades: tempestividade e efeito diferido (se o recurso
principal não for conhecido, o adesivo também não o será). O adesivo segue o principal.
É por essa razão que, quando a parte está satisfeita com a sentença, não recorre, mas, se a
parte contrária interpõe recurso principal, a parte satisfeita interpõe recurso adesivo, para forçar
a parte recorrente a desistir de seu recurso, em razão da possibilidade de sua situação piorar.
Isso porque se a parte recorrente do recurso principal desiste deste, a desistência leva o recurso
adesivo juntamente.

2016 CESPE TCE/PA – Auditor de Controle Externo


Se o recurso principal for conhecido, mas não for provido pelo tribunal, o recurso adesivo deverá ser
considerado manifestamente prejudicado porque, conforme determinado pela legislação, se subordina ao
recurso interposto de forma independente. ERRADO (porque somente o conhecimento do recurso
principal interfere no conhecimento do recurso adesivo, mas pouco importa se aquele foi ou não
provido, o adesivo será julgado, porque o conhecimento do recurso adesivo não tem relação
com o provimento do recurso principal – análise de mérito)

A desistência do recurso principal afeta o recurso adesivo, salvo, se foi concedida liminar de
antecipação de tutela no adesivo, caso em que não se admite desistência do recurso principal,
porque o julgamento do recurso adesivo já se iniciou.

“Concedida antecipação dos efeitos da tutela em recurso adesivo, não se


admite a desistência do recurso principal de apelação, ainda que a petição de
desistência tenha sido apresentada antes do julgamento dos recursos.” (STJ,
Informativo 554, REsp 1.285.405/2014)

REsp ou RE adesivo cruzado ad cautelam: acórdão foi prolatado e deu vitória para o autor;
acolheu o fundamento de lei federal e rejeitou o fundamento constitucional. Em regra, não há
interesse recursal para o autor, porque ele ganhou, independentemente do fundamento
acolhido pelo juiz.
Nesse caso, quem recorrerá é o réu, e interporá REsp, porque o fundamento acolhido é de lei
federal. O autor será intimado para contrarrazoar o REsp, entretanto, ao analisar esse REsp,
existe a possibilidade do STJ entender que o fundamento de lei federal não deveria ter sido
acolhido, hipótese em que o autor terá interesse em apresentar RE para levar o fundamento
constitucional ao conhecimento do STF.
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Portanto, ao contrarrazoar o REsp, o autor interpõe também RE adesivo. É chamado cruzado,


porque não possui a mesma natureza do recurso principal, que é um REsp, e é ad cautelam,
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porque somente será analisado se o REsp for julgado procedente (em desfavor do autor).
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A recíproca é verdadeira, ou seja, pode-se ter o REsp adesivo cruzado também.


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1.1.4 Pressupostos de admissibilidade


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Devem ser preenchidos para que o recurso seja conhecido.


 Subjetivos – dizem respeito aos sujeitos
 Legitimidade: refere-se a quem tem legitimidade para recorrer – art. 996, CPC.

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado
e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

- A parte vencida. Entretanto, mais correto seria afirmar que quem tem legitimidade recursal
é a parte. Se ela é vencida ou não, repercute sobre o interesse recursal.
São partes: autor, réu, terceiros intervenientes (chamado ao processo, denunciado à lide,
chamado pelo IDPJ, assistente litisconsorcial).
O assistente simples tem legitimidade recursal, salvo se houver vontade expressa do
assistido em sentido contrário, porque o assistente simples não está em juízo defendendo
direito próprio.

“A Corte Especial pacificou o entendimento segundo o qual o assistente simples


pode interpor recurso, salvo se houver vontade expressa do assistido em
sentido contrário.” (STJ, AgRg no AREsp 768.479/2016)

O amicus curiae, em regra, não pode recorrer (art. 138, §1º, CPC), salvo via embargos de
declaração e recurso contra a decisão que julga o IRDR.

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade


do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão
ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem
autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de
declaração e a hipótese do § 3º.

- O terceiro prejudicado
Não confundir terceiro prejudicado com terceiro interveniente (parte). O terceiro prejudicado
não participa do processo, mas pode recorrer de uma decisão.
Exemplo: advogado recorrer quanto aos seus honorários. Nesse caso, há uma legitimidade
concorrente com a parte.
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“A verba relativa à sucumbência, a despeito de constituir direito autônomo do


advogado, não exclui a legitimidade concorrente da parte para discuti-la.
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Precedentes.” (STJ, AgRg no AREsp 637.405/2015)


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Nesse caso, autor e réu que discutem honorários sucumbenciais possuem legitimidade
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extraordinária, porque os honorários são do advogado, então, discutem direito alheio em


nome próprio.
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Exemplo: litisconsorte necessário não citado que recorre da sentença, não recorre como
parte, mas como terceiro prejudicado, porque, se não foi citado, não se tornou parte.
Ao recurso de terceiro prejudicado, no caso de litisconsorte necessário não citado, não se
aplica o prazo em dobro, porque o litisconsorte não se tornou parte.

“Registre-se que a embargante atuava nos autos como terceira interessada, razão
pela qual a ela não se aplica a regra prevista no art. 191 do CPC/1973, que
permitiria a contagem em dobro do prazo recursal.” (STJ, RMS 51457/2017)

O art. 191, no atual CPC, corresponde ao art. 229.


- O Ministério Público
Tem legitimidade para recorrer tanto como parte quanto como fiscal da lei (vide hipóteses
de atuação como fiscal da lei no art. 178, CPC).

Súmula 99, STJ. O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que
atuou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.

Exemplo: ação que envolve interesse de incapaz possui o MPE como fiscal da lei. Pode
interpor recurso em face da sentença, fazer sustentação oral. Se houver necessidade de
interpor recurso em face do STJ, o MPE não poderá fazê-lo, somente o MPF poderá.
Entretanto, quando o MPE for parte na ação, poderá fazê-lo tranquilamente.

“O Ministério Pública Estadual, nos processos em que figurar como parte e que
tramitam no STJ, possui legitimidade para exercer todos os meios inerentes à
defesa de sua pretensão. A função de fiscal da lei no âmbito deste Tribunal
Superior será exercida exclusivamente pelo Ministério Público Federal, por
meio dos Subprocuradores-Gerais da República designados pelo Procurador-Geral
da República.” (STJ, Corte Especial, EREsp 1.236.822/2016)

 Interesse: composto pelo binômio necessidade e utilidade. Necessidade, nesse caso, advém
da necessidade de se valer da via recursal para alcançar o objetivo. Exemplo de recurso
desnecessário:

Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de


mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de
fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor
atribuído à causa.
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Contra a sentença que determina expedição de mandado de pagamento, não é necessária


a interposição de agravo de instrumento, porque, em face dessa decisão, o art. 702, CPC
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determina que são cabíveis embargos à ação monitória.


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Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos
próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória.

Utilidade advém da possibilidade de o recurso trazer ao recorrente uma decisão mais


vantajosa. Exemplo de recurso inútil:

Súmula 126, STJ. É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em
fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para
mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

Acórdão é sustentado por dois pilares: constitucional e lei federal. A parte quer recorrer, mas
interpõe somente o REsp. Esse recurso é inútil, porque, ainda que haja provimento do REsp,
o acórdão se manterá pelo fundamento constitucional, porque não houve interposição de
RE. Ou seja, esse REsp não tem capacidade de trazer uma situação mais vantajosa ao
recorrente.

Essa situação da inutilidade só serve quando qualquer dos fundamentos é suficiente para
sustentar o acórdão. Se um fundamento depende do outro, aí sim o REsp isoladamente é
útil.

Em determinada ação, o autor fez dois pedidos: anulação de casamento c/c divórcio. Trata-
se de cumulação subsidiária de pedidos. Se, nesse contexto, o pedido de anulação de
casamento for julgamento improcedente, mas o pedido subsidiário for julgado procedente,
existe interesse recursal, porque, na cumulação subsidiária, existe uma ordem de
preferência dos pedidos. Se o pedido principal não foi concedido, há possibilidade do recurso
trazer uma situação mais vantajosa ao recorrente, por meio de sua concessão.

Nesse caso, há sucumbência recíproca, então o ônus sucumbencial é partilhado.

“Tratando-se de cumulação subsidiária de pedidos, caso em que há hierarquia


entre os pedidos, havendo rejeição dos pedido principal e acolhimento do pedido
subsidiário, surge para o autor o interesse em recorrer da decisão, sendo que
tal circunstância evidencia que o autor sucumbiu em parte de sua pretensão, o que
impõe que ambas as partes suportem os ônus sucumbenciais [...].” (STJ,
Informativo 441, EREsp 616.918/2010)
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O autor fez cumulação alternativa de pedidos, e o juiz acolheu um dos pedidos. Não há
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interesse recursal, porque, para o autor, tanto faz receber uma coisa ou outra, de modo que
o recurso não poderá trazer vantagem para o recorrente. Nesse caso, o ônus da
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sucumbência é todo do réu, porque o autor teve sua pretensão integralmente satisfeita.
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“Em se tratando de cumulação alternativa, hipótese em que não há hierarquia


entre os pedidos, que são excludentes entre si, o acolhimento de qualquer deles
satisfaz por completo a pretensão do autor, não lhe ensejando interesse em
recorrer, o que impõe que os ônus sucumbenciais sejam suportados
exclusivamente pelo réu.” (STJ, Informativo 441, EREsp 616.918/2010)

Em regra, não há interesse recursal para modificar fundamentação de decisão. Exemplo:

“A Corte afirmou que estaria configurada, na espécie, a falta de interesse recursal,


na medida em que não haveria, na decisão monocrática objeto de impugnação, ato
com conteúdo decisório desfavorável ao agravante. Em última análise, o agravo
em questão se insurgiria contra a fundamentação da decisão monocrática
proferida, na parte do “fumus boni iuris”.” (STF, Informativo 797, pleno, MS
33.729/2015)

Exceção: pode haver interesse em reforma de fundamentação.


1) Ação popular proposta por um cidadão contra três réus. O dispositivo julgou o pedido
improcedente, razão pela qual, sob a ótica dos réus, não há interesse recursal. Entretanto,
o fundamento da improcedência foi ausência de provas, e o art. 18, Lei 4.717/65 (Lei de
Ação Popular) determina que, no caso de ausência de provas, a ação pode ser proposta
novamente se houver prova nova.

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto no
caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste
caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.

Portanto, os réus podem interpor apelação contra essa sentença para alterar seu
fundamento, pois o recurso pode trazer situação mais vantajosa.
2) O art. 503, §1º, CPC determina que, se na fundamentação da sentença, o juiz resolver de
questão prejudicial, essa questão faz coisa julgada, em regra. Exemplo: ação de alimentos
em que o réu, em defesa, nega a paternidade (questão prejudicial). O juiz deve decidir essa
questão prejudicial, na fundamentação, para analisar o pedido de alimentos. Se o juiz
determina que o réu é pai, mas julga o pedido de alimentos improcedente, por ausência de
necessidade, embora tenha vencido na sentença, o réu tem interesse em recorrer sobre a
determinação da paternidade, porque, se não o fizer, não poderá fazê-lo em momento
posterior.
26

Quando o art. 996, CPC determina que tem legitimidade para interpor recurso, a parte
vencida, está incorreto. Primeiro, porque vencido ou vencedor não é discussão para o plano
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da legitimidade, mas do interesse. Segundo, porque não apenas o vencido tem interesse,
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por vezes, o vencedor também tem interesse.


34

 Objetivos – dizem respeito ao recurso propriamente


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 Cabimento: deve ser analisado pelo binômio recorribilidade e adequação.


Recorribilidade implica se o ato atacado é recorrível. Despacho é irrecorrível, assim como
várias decisões também o são; exemplos:

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade


do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica,
órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.

Trata do amicus curiae.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando


exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa
e de retorno, sob pena de deserção.
[...]
§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de
deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar
o preparo.

Trata do não recolhimento do preparo recursal.

Adequação se refere à adequação do recurso ao ato atacado. Para cada decisão, há um


recurso pertinente. Exemplo: o recorrente interpôs RO quando cabível RE. O princípio da
fungibilidade, estudado na aula 1, permite que o recurso que não preenche o pressuposto
do cabimento, pelo vetor da adequação, seja conhecido.

 Tempestividade: em regra, os prazos recursais são legais e fatais (alguns falam em


peremptórios). Entretanto, atualmente, perante o CPC/15, todos os prazos no processo
podem ser dilatados:

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe:
[...]
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de
prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior
efetividade à tutela do direito;

O prazo recursal possui um artigo específico que o disciplina de forma analítica:


26
86

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os


advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública
ou o Ministério Público são intimados da decisão.
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O prazo inicia-se do dia útil seguinte à data da intimação da decisão, quando realizada via
publicação no órgão oficial.
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No caso da sociedade de advogados, pode requerer que, nas intimações, saia o nome do
escritório, e não dos advogados específicos:

Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as
intimações pela publicação dos atos no órgão oficial.
§ 1º Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas
o nome da sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na
Ordem dos Advogados do Brasil.

No caso de intimação ou citação sem ser pelo órgão oficial (de particular), o prazo conta-se
da juntada do AR, do mandado ou da própria carta aos autos.

“Nos casos de intimação/citação realizadas por correio, oficial de justiça ou por


carta de ordem, precatória ou rogatória, o prazo recursal inicia-se com a juntada
aos autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou da juntada da carta.”
(STJ, Informativo 604, REsp 1.632.777/2017)

Tratando-se de MP, Defensoria e Advocacia Pública, há a prerrogativa da intimação pessoal,


que se faz com a remessa dos autos, em se tratando de processo físico, ou com a consulta
no processo eletrônico, que, nesse caso, é igual para todos.

Atos processuais praticados em audiência: no CPC antigo, o entendimento era de que,


mesmo presente em audiência, a Defensoria, o MP ou a Advocacia Pública devem ser
intimados pessoalmente:

“É prerrogativa da Defensoria Pública a intimação pessoal dos seus membros de


todos os atos e termos do processo. A presença do defensor pública na
audiência de instrução e julgamento no qual foi proferida a sentença não retira
o ônus da sua intimação pessoal que somente se concretiza com a entrega dos
autos com abertura de vistas, em homenagem ao princípio constitucional da ampla
defesa.” (STJ, Informativo 491, REsp 1.190.865/2012)

Entretanto, esse entendimento foi superado pelo CPC/15, que determina que, se presentes
em audiência, esses órgãos consideram-se intimados no ato:

Art. 1.003. [...]


§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando
nesta for proferida a decisão.
26

Salvo no Processo Penal:


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“É induvidosa a existência de diálogo entre fontes normativas, amiúde entre o


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processo penal e o processo civil. Entretanto, a utilização de instrumentos dialogais


no processo penal é sempre em caráter residual, isto é, não pode contrariar
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princípios ou disposições específicas. Penso que o raciocínio a ser desenvolvido


para o art. 1.003, §1º, do CPC culmina na mesma conclusão quanto à
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inaplicabilidade ao processo penal. Isso porque o curso dos prazos é regulado pelo
art. 798 e §§ do CPP.” (STJ, REsp Repetitivo 1.349.935/2017)

Em caso de recursos remetidos pelo correio:

Art. 1.003. [...]


§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será
considerada como data de interposição a data de postagem.

Por essa razão, a doutrina entende que deve ser cancelada a Súmula 216, STJ. Enunciado
96, FPPC. Fica superado o enunciado 216 da súmula do STJ após a entrada em vigor do
CPC (“A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo
registro no protocolo da Secretaria e não pela data da entrega na agência do correio”).

Em relação aos feriados locais. Imagine-se que sexta-feira, hoje, é o último dia para interpor
o recurso para Brasília. Esse recurso deve ser interposto em BH (origem) para ser remetido
a Brasília. Sexta-feira foi feriado em BH, então, o recorrente interpôs o recurso na segunda-
feira seguinte, sem explicar o motivo na petição. O relator monocraticamente declarará a
intempestividade do recurso. Então, STJ r e STF sempre entenderam que seria possível
interpor agravo regimental e comprovar o feriado no agravo.

“A comprovação da tempestividade do recurso, em decorrência de feriado local ou


suspensão de expediente forense no tribunal de origem que implique prorrogação
do termo final pode ocorrer posteriormente, em sede de Agravo Regimental.”
(STJ, AgInt no AREsp 960.438/2016. No mesmo sentido, STF, Informativo 712, AI
741.616/2013)

Entretanto, o art. 1.003, §6º, CPC determina:

Art. 1.003. [...]


§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição
do recurso.

O CPC/15, que preza pelo julgamento do mérito, regrediu nesse aspecto. E por essa razão,
o STJ mudou seu entendimento:

“Corte Especial decide que feriado local tem de ser comprovado no ato da
interposição do recurso.” (STJ, Corte Especial, AREsp 957.821/2017)
26

Além disso, em relação ao recebimento de recurso em setor indevido:


86
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“O recebimento de recurso em setor indevido não poderá dar ensejo à


declaração de intempestividade, caso este tenha sido protocolizado dentro do
prazo assinado em lei. Ocorre que o recurso fora protocolado na contadoria daquele
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tribunal tempestivamente. A contadoria recebera a apelação e a encaminhara ao


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setor de protocolo um dia após o vencimento do prazo. A Turma assentou que o


referido erro não poderia ser atribuído exclusivamente ao advogado do
apelante, mas também ao setor que recebera a petição do recurso
indevidamente.” (STF, Informativo 800, RE 755.613/2015)

Há dois réus em processo físico, cada qual com um advogado diferente. Na sentença, o réu
A perda e o réu B ganha. A quer apelar, então, seu prazo é simples, porque somente ele
possui interesse recursal:

“É inaplicável a contagem do prazo recursal em dobro quando apenas um dos


litisconsortes com procuradores distintos sucumbe em processo com autos físicos
na vigência do CPC/2015.” (STJ, Informativo 636, REsp 1.709.652/2018)

Existe a Súmula 641, STF, nesse sentido, entretanto, por anterior ao CPC/15, o STJ ratificou
o referido entendimento.

 Preparo: quantia a ser paga para processamento do recurso: custas e porte de remessa e
retorno (frete – quando o processo for físico). No processo, vige a regra do preparo imediato,
isto é, deve ser realizado no ato do recurso, porque, a partir do momento em que se recorre,
acaba-se com o prazo, exceto:

Súmula 484, STJ. Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente,
quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário.

No juizado, a regra do preparo imediato é flexibilizada, podendo o preparo ser realizado em


momento posterior à interposição do recurso.

“O pagamento do preparo recursal pode ser comprovado por intermédio do


recibo extraído da internet, desde que esse meio de constatação de quitação
possibilite a aferição da regularidade do recolhimento.” (STJ, Informativo 565,
EAREsp 423.679/2015)

São dispensados do preparo:

Art. 1.007. [...]


§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os
recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal,
pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam
de isenção legal.
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O referido dispositivo faz menção apenas a autarquias. Entretanto, a Lei 9.494/97, art. 1º-A,
estende a dispensa a todas as pessoas jurídicas de direito público em qualquer esfera
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da federação:
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Art. 1o-A. Estão dispensadas de depósito prévio, para interposição de recurso, as


pessoas jurídicas de direito público federais, estaduais, distritais e
municipais. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

Em relação aos Conselhos de Fiscalização Profissional:

“Os Conselhos de Fiscalização Profissional, embora ostentem natureza jurídica


de entidades autárquicas, não estão isentos do recolhimento de custas e do
porte de remessa e retorno.” (STJ, Informativo 506, REsp 133.247/2012)

O art. 1.007, §1º, CPC menciona que ficam dispensados do recolhimento do preparo os que
gozam de isenção legal. Abrangem, por exemplo, beneficiários da justiça gratuita.
O art. 99, §7º, CPC permite que seja requerida a justiça gratuita no próprio recurso:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
[...]
§ 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente
estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator,
neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do
recolhimento.

Revisando seu posicionamento antigo, o STJ determinou que:

“A Corte Especial deste Superior Tribunal, revisando seu posicionamento,


considerou que, se não há revogação do benefício da gratuidade de justiça nas
instâncias ordinárias, não cabe ao beneficiário efetuar preparo do recurso especial,
muito menos renovar o pedido, por força do art. 9º da Lei n. 1.060/50.” (STJ, AgRg
nos EAREsp 591.848/2015)

A Defensoria Pública exercendo sua função típica, de defesa de hipossuficientes, deve


requerer justiça gratuita, e em quase todos os casos ela obtém. Não é porque está em juízo
que faz jus automático à justiça gratuita, deve requerê-la.
Há uma situação em que a Defensoria Pública atua na qualidade de curadora especial, em
função atípica, que não envolve hipossuficiência econômica, mas técnica, a exemplo do réu
citado por edital revel. Nesse caso, como a Defensoria na maioria vezes sequer sabe que é
seu assistido, dispensa-se o preparo:

“O recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial,


está dispensado do pagamento de preparo.” (STJ, Informativo 641, Corte Especial,
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EAREsp 978.895/2019)
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 Regularidade formal
 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer
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Há autores que fazem a seguinte classificação dos pressupostos:


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 Intrínsecos
 Legitimidade
 Interesse
 Cabimento
 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer
 Extrínsecos – dizem respeito à forma de se interpor o recurso
 Tempestividade
 Preparo
 Regularidade formal
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