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Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha

E-mail: izimar.dalboni@estacio.br
(22)98175-9191
Teoria Geral dos Recursos

DEFINIÇÃO
O recurso é a extensão do direito de ação. Ele é exercido quando uma das partes, inconformada com a decisão proferida,
novamente pede que o Estado aprecie o conflito, na expectativa de ver alterada a decisão que não lhe foi favorável.
Dessa forma, o recurso é o mecanismo processual através do qual se provoca o reexame de uma decisão, ou seja, os
recursos permitem a anulação e/ou a reforma dos pronunciamentos jurisdicionais pelas Instâncias Superiores, sendo
instrumento imprescindível ao devido processo legal substancial, como sinônimo de processo justo (art. 5º, LIV, da CRFB/88),
conferindo efetividade ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LV, da CRFB/88).

FUNDAMENTO JURÍDICO DO RECURSO - O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO


A base está no direito de poder recorrer, ou seja, de que as decisões possam submeter-se a reexames sucessivos viáveis,
visando adquirir uma melhor decisão possível ao caso.
- como regra, o recurso exige dualidade de jurisdições, uma inferior (da qual se recorre) e outra superior (para a qual se
recorre).

OBS. 1: Às vezes o recurso é dirigido para o próprio prolator da decisão (ex.: embargos de declaração).

OBS. 2: Também há casos em que não existe um duplo grau de jurisdição (ex.: hipótese da ação penal originária -STF).
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PRINCÍPIOS
1. Taxatividade ou Legalidade
Os recursos sempre dependem de previsão legal.

2. Princípio da unirrecorribilidade
Cada decisão desafia um único recurso.

3. Princípio da fungibilidade recursal:


O art. 579 do CPP dispõe que o recurso interposto de forma equivocada deve ser recebido como se fosse o recurso
adequado, salvo se houver má-fé da parte recorrente.

O que se entende como má-fé?


Para a doutrina, há dois critérios para o exame da má-fé.
critério objetivo: entende-se que há má-fé quando o recurso equivocado é interposto fora do prazo do recurso adequado.
critério subjetivo: entende-se que há má-fé quando há um erro grosseiro na interposição do recurso.

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PRINCÍPIOS
4. Non Reformatio In Pejus– é também chamado de personalidade dos recursos e vem previsto no art. 617 do CPP. A
regra é que o recurso seja examinado nos limites de sua apresentação e, assim, quem apelou solitariamente, não pode ver
sua situação agravada. Tal princípio é aplicável a qualquer recurso.

Deriva desse princípio a NON REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA que significa que, se apenas a defesa recorre e o processo
é anulado, em segundo julgamento, a situação do réu não poderá ser agravada, situação que não se aplica ao Júri, posto
confrontar com a soberania dos veredictos, que tem previsão constitucional.

No que pertine à REFORMATIO IN MELLIUS, segundo entendimento dominante, é permitida sem questionamentos.

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REQUISITOS OBJETIVOS
1. Cabimento – é a possibilidade jurídica do pedido recursal. É a lei que autorizará a interposição do recurso (princípio da
taxatividade). Caso a lei seja omissa, dever-se-á verificar a possibilidade de aplicação analógica do CPC, que incidirá se
houver possibilidade de preclusão temporal. Se não houver tal possibilidade, a parte deverá aguardar o fim do processo com a
decisão final para que possa recorrer.

2. Tempestividade – o recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei, sob pena de preclusão.
No processo penal, os prazos variam, havendo recurso de dois dias (embargos de declaração), cinco dias (apelação e recurso
em sentido estrito), dez dias (embargos infringentes), quinze dias (recurso especial).

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CONTAGEM DO PRAZO

Atenção:
A contagem do prazo para o recurso vem estabelecido no art. 798 CPP.
OBS: Os prazos recursais são fatais, contínuos e peremptórios, conforme art. 798 CPP, não se interrompendo, em regra, por
férias, domingo ou feriado, salvo nas hipóteses dos §3º (caso acabe no domingo, prorrogar-se-á para dia posterior) e §4º
(impedimento do juiz, força maior ou obstáculo judicial imposto pela parte contrária)

OBSERVAÇÃO : Essa é regra geral, mas eventualmente, existem outros prazos definidos em leis especiais.

O recurso é um ônus processual e, caso não seja interposto no prazo correto, a decisão ganha efeitos de imutabilidade.
Diferentemente do cível, quando a intimação ocorrer por mandado, precatória ou carta de ordem, o prazo recursal começará
a correr da intimação e não da juntada aos autos do mandado, precatória ou carta de ordem- Súmula 710, STF.

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ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE O PRAZO RECURSAL:

STF súmula 310: “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita neste dia, o
prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil
a seguir.”
Súmula 428 do STF: "Não fica prejudicada a apelação entregue em cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente.”
Súmula nº 216 STF: "A tempestividade do recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no
protocolo da Secretaria e não pela data da entrega na agência do correio.“;
A Lei nº 9.800/99, permite às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fax ou outro similar, desde
que os originais sejam entregues em juízo, necessariamente, até cinco dias da data do término do prazo estipulado em lei.

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3. Regularidade formal – nos casos em que a lei exigir é preciso cumprir determinadas formalidades, tais como: o preparo, o
oferecimento das razões, etc.

4. Ausência de fatos impeditivos ou extintivos (Desistência, Deserção, Preclusão e Renúncia)

A desistência não se aplica ao MP, por força do que determina o art. 576 do CPP (ver art. 42 do CPP).
A deserção é o não pagamento das custas para a interposição do recurso- O art. 806, § 2º, do CPP: a falta de pagamento das
custas, no caso de ação de iniciativa privada, se o recorrente não for pobre, acarreta a deserção, impedindo o julgamento do
mérito da pretensão recursal.
A preclusão é a perda da faculdade de recorrer.
A renúncia é a manifestação de vontade no sentido de não interpor o recurso. Diferencia-se da desistência, pois esta ocorre
após a interposição do recurso, e aquela, antes.

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REQUISITOS SUBJETIVOS

1. Legitimidade – é a pertinência subjetiva dos recursos, isto é, somente se admitirá recurso interposto pela parte que tenha
legítimo interesse na modificação da decisão – art. 577 do CPP. Lembramos que, caso haja divergência entre a vontade
do réu e de seu defensor no sentido da interposição do recurso, prevalecerá a vontade daquele que desejar sua
interposição.
2. Interesse – se a lesão ou ameaça a direito não foi afastada pela decisão, somente através do recuso poderá ser corrigida.
Deve ser respeitado o binômio necessidade/utilidade. Em regra, estará presente o interesse nas hipóteses de
sucumbência, que significa a desconformidade entre o que foi pedido e o que foi decidido. No entanto, há hipóteses que
haverá interesse, ainda que não haja esta aparente desconformidade.

Hipóteses de aparente ausência de sucumbência, mas permanência do interesse em recorrer pelo réu:
• Interesse do réu em recorrer de sentença absolutória– existe nos casos em que a sentença não afastar a possibilidade de
responsabilização civil – absolvição por excludente de culpabilidade.

• Interesse do réu em recorrer de sentença que concede perdão judicial – existe, pois não afasta a possibilidade de
responsabilização civil (é sentença declaratória da extinção da punibilidade).
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EFEITOS

1. Devolutivo –, Deve ser entendido como a característica por meio da qual o recurso devolve ao órgão jurisdicional toda
a matéria analisada.
O efeito devolutivo cria uma limitação ao órgão que analisará o recurso, pois o recorrente deverá estabelecer a matéria a ser
verificada. Trata-se do princípio do Tantum devolutum quantum apelatum. É a petição de interposição que limita a matéria a
ser analisada.

• Teoria Da Causa Madura


Nos recursos em que a devolução da matéria for ampla, é possível que o juízo ad quem conceda o que não foi pedido pela
parte, desde que haja provas suficientes para tal.

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EFEITOS

2. Regressivo – é o efeito no qual a matéria é devolvida para o mesmo órgão jurisdicional que proferiu a decisão, como ocorre
nos embargos de declaração.

3.Suspensivo – incidirá quando a interposição do recurso impede que a decisão produza imediatamente os seus efeitos. É
preciso que haja previsão expressa na lei, como ocorre com o art. 597 do CPP. Se a lei for omissa, o efeito será apenas
devolutivo.

4.Extensivo – ocorre quando a interposição do recurso por um dos réus aproveita aos demais, desde que o fundamento não
seja de caráter subjetivo (pessoal) – art. 580 do CPP. Paulo Rangel entende que o efeito extensivo é da decisão e não do
recurso e, assim, também incidirá nas ações autônomas de impugnação.

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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

O recurso submete-se a uma nova fase procedimental dividindo-se em duas partes: juízo de admissibilidade (juízo de
prelibação) e juízo de mérito (juízo de delibação).

O juízo de prelibação é o exame dos pressupostos processuais, ou seja, o exame da admissibilidade ou não da pretensão
recursal. É realizado em ambas as instâncias. Primeiro o juízo a quo, onde, preenchidas as formalidades legais o juiz de
primeiro grau recebe ou não o recurso. Segundo, no juízo ad quem onde o tribunal, após analisar a presença dos requisitos
intrínsecos e extrínsecos (formalidades legais) conhece ou não do recurso.

Ultrapassado o juízo de prelibação, o tribunal passará ao juízo de delibação ou de mérito.


Nesta fase serão analisados os eventuais vícios de procedimento ou de julgamento que possam macular a decisão (error in
procedendo e error in judicando, respectivamente). No primeiro caso, a sentença é anulada, cassada e outra deverá ser
proferida pelo juízo a quo. No segundo caso, a sentença é reformada ou modificada diretamente pelo tribunal, pois, se os
autos fossem baixados para que o juiz proferisse outra decisão, haveria ofensa ao livre convencimento motivado e à
independência funcional.

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Recurso em sentido estrito

QUESTÃO DISCURSIVA

(Ministério Público PR / 2008) Tício foi condenado à pena privativa de liberdade de 06 (seis) anos de reclusão por violação ao
artigo 157, parágrafo 2, incisos I e II do Código Penal. Da sentença condenatória, Tício foi intimado em 09/05/2008 (sexta-
feira), oportunidade em que manifestou o interesse de não recorrer da decisão condenatória. O advogado de Tício, defensor
devidamente constituído, fora intimado da decisão condenatória em 08/05/2008 (quinta-feira). No dia 16/05/2008, o advogado
de Tício interpôs recurso de apelação.
O recurso é tempestivo ou não? Justifique a sua resposta abordando as controvérsias sobre o tema indagado.

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Recurso em sentido estrito

O recurso em sentido estrito é cabível para impugnar as decisões interlocutórias do magistrado, nas hipóteses
expressamente previstas em lei.

Rol do art. 581 do CPP:


Trata-se, segundo a doutrina majoritária, de rol taxativo. Tal entendimento leva em conta o Princípio da
Taxatividade dos Recursos .
✓Contudo, como a lista remonta a 1941, os incisos têm desafiado interpretação ontológica e evolutiva, de
maneira a compreender provimentos jurisdicionais que, na essência, aproximam-se daqueles originariamente
contemplados, mas que só vieram a existir após 1941 (STJ).
Exemplo
Da decisão que indefere, revoga ou relaxa a prisão preventiva, cabe RESE (art. 581, V, do CPP). Compreendidas
nessa hipótese também estão as decisões de indeferimento, revogação ou relaxamento da prisão temporária e
das tutelas dos arts. 319 e 320 do CPP,

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Recurso em sentido estrito

Hipóteses de cabimento
Diversos dispositivos alinhados no art. 581, CPP perderam a aplicabilidade a partir da Lei 7.210/84 (LEP), que
instituiu o agravo de execução (art. 197) para decisões proferidas no curso da execução penal.
INCISO I - Trata da rejeição da denúncia. O CPP não prevê recurso contra a decisão que recebe a denúncia.
Por isso, a doutrina e a jurisprudência criaram a figura do chamado habeas corpus trancativo, que é cabível sob
a alegação de que inexiste justa causa para a ação penal.
O denunciado deve ser intimado para apresentar contrarrazões- Súmula 707, STF

• No JECRIM cabe apelação (art. 82, LEI 9.099/95).


• Na lei de imprensa, cabe apelação (art. 44, §2º, LEI 5.250/67).
• Súmulas aplicáveis – 707 e 709, STF.

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Recurso em sentido estrito

INCISO II – Trata da decisão que reconhece a incompetência do juízo. Assim, não há recurso quando a parte
sustenta a incompetência do juízo, mas o juiz afirma a sua competência. Neste caso, é possível impetrar habeas
corpus, com base nos princípios do juiz natural e do devido processo legal, previstos no art. 5º, LIII e LIV, da CF,
objetivando que o tribunal reconheça a incompetência do juízo e determine o declínio da competência.
INCISO III – As exceções estão previstas no art. 95 e ss., CPP. É cabível o recurso das decisões que acolhem
uma das exceções.
INCISO IV – Dispensa maiores comentários.
INCISO V – Geralmente usado pelo MP para atacar a decisão que denega ou revoga o pedido de prisão
preventiva, concede liberdade provisória ou relaxa a prisão em flagrante.
Para a defesa, é preferível o manejo do habeas corpus, pela celeridade e possibilidade de concessão de medida
liminar.
INCISO VI – revogado
INCISO VII – Ainda que a decisão que julga quebrada a fiança ou perdido seu valor seja impugnada via recurso
em sentido estrito, na prática é preferível o uso de habeas corpus.

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Recurso em sentido estrito

INCISO VIII – o recurso é em sentido estrito, pois, embora se trate de decisão definitiva, segundo Eugênio
Pacelli, ocorre a solução do mérito (e não seu julgamento). Recurso usado pelo MP, já que para a defesa não há
interesse.
INCISO IX – É situação oposta a anterior, recurso usado pela defesa.
INCISO X – Nesse caso, o HC foi impetrado em 1º Grau para atacar ato coator emanado da autoridade policial.
Assim, cabe ao MP manejar o recurso, pois é o único interessado na reforma da decisão.
Quanto à denegação da ordem, poderá a defesa recorrer, mas o que normalmente se faz é impetrar novo
habeas corpus no 2º Grau, tendo por base ato coator emanado do juiz a quo.
INCISO XI- Trata da suspensão condicional da pena, mas perdeu aplicação. É que, se a matéria for tratada na
própria sentença condenatória, caberá apelação por força do art. 593, § 4º, do CPP. Por outro lado, se a matéria
for tratada na execução penal, caberá o agravo em execução do art. 197 da Lei 7210/84.
INCISO XII – Trata-se de decisão proferida no âmbito do processo de execução da pena, impugnável por
recurso de agravo na execução, art. 197, LEP, não tendo mais aplicabilidade.

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Recurso em sentido estrito

INCISO XIII – Somente pode ser utilizado se a decretação da nulidade for absoluta, ou seja, quando o ato não
puder ser sanado.
Por outro lado, a decisão que não acolhe o pedido de decretação de nulidade e irrecorrível, abrindo-se duas
opções:
a) Pela via do habeas corpus;
b) Alegar novamente a nulidade nos debates finais ou memoriais e, em caso de não acolhimento, suscitar a
questão em preliminar de apelação.
INCISO XIV – o inciso é auto-explicativo.
INCISO XV - Trata do caso de denegação da apelação. Não se pode confundir denegação ou desprovimento. No
primeiro caso, há apenas um juízo de admissibilidade negativo, ou seja, o juiz deixa de receber a apelação. No
segundo caso, o juízo de admissibilidade foi positivo, mas o tribunal negou provimento ao recurso. O recurso em
sentido estrito poderá ser interposto apenas para discutir a admissibilidade da apelação.

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Recurso em sentido estrito

INCISO XVI – As questões prejudiciais estão previstas no art. 92, CPP. O recurso tem por objeto impugnar a
decisão que determina a suspensão do processo até a resolução da prejudicial no cível.
INCISO XVII - Trata-se de decisão proferida no âmbito do processo de execução da pena, impugnável por
recurso de agravo na execução, art. 197, LEP, não tendo mais aplicabilidade.
INCISO XVIII – Dispensa maiores comentários

Os incisos XIX, XX, XXI, XXII e XXIII foram revogados pelo art. 197 da Lei 7210/84 porque tratam de matéria
relativa à execução penal e, por isso, desafiam o agravo em execução.

O inciso XXIV foi revogado pelo art. 51 do CP, que passou a vedar a conversão da pena de multa em pena
privativa de liberdade, além de ser decisão proferida no curso da execução da pena,

✓O inciso XXV foi incluído pela Lei 13964/19 e refere-se ao acordo de não persecução penal previsto no art. 28-
A, CPP.
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Recurso em sentido estrito

Prazos e efeitos
O RESE possui prazo de interposição de 5 dias (art. 586, caput do CPP), sob pena de preclusão (prazo próprio),
e arrazoados em 2 (art. 588, caput), prazo impróprio – intempestividade é mera irregularidade. Admite juízo de
retratação pelo órgão prolator da decisão atacada, a ser exercido depois de apresentadas as razões e as
contrarrazões (art. 589, caput, do CPP).

Mantida a decisão, encaminha-se o recurso ao Tribunal; se reformada, e se da nova decisão couber recurso, a
parte então vencedora, ora vencida, pode impugná-la, também em 5 dias, pugnando que as suas então
contrarrazões sejam recebidas como razões e endereçadas ao Tribunal (art. 589, p.ú.).

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Recurso em sentido estrito
Procedimento do Recurso em sentido estrito:

1. o juiz profere a decisão.


2. no prazo de cinco dias, a parte ajuíza apenas a petição de interposição, manifestando o seu inconformismo
com a decisão (art. 586 do CPP).
3. o juiz faz o juízo de admissibilidade do recurso; se o recurso for recebido, devem ser observadas as fases
abaixo; se o recurso não for recebido, é possível a interposição do recurso de carta testemunhável (art. 639 a 646
do CPP), apenas para discutir a admissibilidade do recurso em sentido estrito.
4. após receber o recurso, o juiz intima a parte recorrente, para que apresente suas razões recursais.
5. no prazo de dois dias, a parte recorrente deve apresentar suas razões recursais. (art.588)
6. no prazo de dois dias, a parte recorrida deve apresentar as suas contrarrazões recursais. (art.588)
7. no prazo de dois dias, com as razões e as contrarrazões, o juiz tem a possibilidade de exercer o juízo de
retratação (art. 589, caput, do CPP).
8.se o juiz não exercer o juízo de retratação, ou seja, se for mantida a decisão recorrida, os autos sobem ao
tribunal para o julgamento do recurso.

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Recurso em sentido estrito
Procedimento do Recurso em sentido estrito:

9.se o juiz exercer o juízo de retratação, ou seja, se for reconsiderada a decisão, os autos permanecem na
primeira instância e o processo segue normalmente, salvo se, inconformada com a reconsideração, a parte então
recorrida interpuser recurso, sendo certo que, neste caso, através de simples petição, sem a necessidade de
novas razões e contrarrazões, a parte inconformada com a reconsideração da decisão levará a matéria à
apreciação do tribunal (art. 589, parágrafo único, do CPP).
EFEITOS
O recurso em sentido estrito, em regra, só tem efeito devolutivo. Porém, nos casos previstos no art. 584 do CPP
(581, VII, XV, do CPP), haverá efeito SUSPENSIVO.
Assim suspende-se os efeitos da decisão que:
decretar a perda da fiança;
conceder livramento condicional (agravo na execução)
denegar a apelação;
julgar deserta a apelação.
Efeito regressivo: Caso o juiz exerça o juízo de retratação, revendo sua decisão, o efeito será regressivo e não
devolutivo.
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Agravo na execução

O agravo em execução adveio com a Lei nº 7210/84 – Lei de Execução Penal (LEP) –, sendo o recurso
reservado para as decisões incidentais ao processo de execução da pena, sem efeito suspensivo (art. 197 da
LEP).
O art. 197 da LEP não fixou o prazo nem o processamento do agravo. Contudo, como é um sucedâneo do RESE
no âmbito da execução da pena, porque, até então, várias decisões incidentais à execução eram atacáveis por
RESE, estende-se ao agravo o mesmo procedimento reservado ao RESE, inclusive o prazo de interposição de 5
dias (S. 700 do STF) e o oferecimento das razões em 2, admitida a retratação.

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Recurso de Apelação

A apelação é cabível para impugnar as sentenças e as decisões com força de definitivas, que apreciam o mérito
da causa.

“Como se trata de decisão que aprecia e julga o mérito da pretensão punitiva, a apelação é o recurso que
permite a maior amplitude quanto à matéria impugnável, devolvendo ao tribunal toda a matéria de fato e de
direito, segundo a aplicação do tantum devoluntum quantum apellatum, isto é, nos limites da impugnação.” (
Eugênio Pacelli, 2012, p. 882)

A apelação, quanto à extensão, pode ser classificada em:


total (plena) - quando impugna a integralidade da decisão;
parcial (limitada) - quando ataca alguns aspectos, partes da decisão.

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Recurso de Apelação

A apelação está prevista nos arts. 593 a 606 do CPP.

O art. 593, I, do CPP, refere-se às sentenças definitivas.


Cabe ressaltar que o art. 593, I, do CPP, contém uma regra geral: cabe apelação contra condenação ou
absolvição proferida por juiz singular.
Entretanto, no caso de absolvição sumária, o recurso a ser interposto é o recurso de apelação previsto no art.
416, do CPP.

O art. 593, II, do CPP, trata das decisões definitivas e com força de definitivas.
A decisão definitiva também é chamada de terminativa de mérito. A decisão com força de definitiva também
é chamada de interlocutória mista terminativa.

O caso é da chamada apelação residual. É que a decisão a ser recorrida deve ser definitiva ou com força de
definitiva mas contra ela não pode caber o recurso em sentido estrito previsto no art. 581 do CPP.

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Recurso de Apelação

Exemplo: a decisão que declara extinta a punibilidade é definitiva, mas contra ela cabe o recurso do art. 581,
VIII, do CPP; logo, não cabe a apelação do art. 593, II, do CPP.
Por outro lado, a decisão que indefere a medida cautelar de sequestro é definitiva, não havendo previsão de
recurso no art. 581 do CPP; logo, cabe a apelação do art. 593, II, do CPP.

O art. 593, III, a, do CPP, refere-se à nulidade posterior à pronúncia.


Quando a nulidade é relativa e ocorre após a pronúncia, o recurso a ser interposto é a apelação do art. 593, III,
a, do CPP. Isso ocorre porque a nulidade relativa é passível de preclusão. Entretanto, se a nulidade for absoluta,
pouco importa se ocorreu antes ou depois da pronúncia, já que não haverá preclusão. Em se tratando de
nulidade absoluta, sempre se poderá interpor a apelação com base no art. 593, III, a, do CPP.
OBSERVAÇÃO:

Se a apelação for provida, os atos considerados nulos deverão ser repetidos, inclusive com a realização de
novo julgamento pelo tribunal do júri.

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Recurso de Apelação

O art. 593, III, b, do CPP, refere-se à sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos
jurados.
No primeiro caso, o juiz ignora flagrantemente a lei. No segundo caso, o juiz desrespeita a decisão dos jurados.

OBSERVAÇÃO:
Se a apelação for provida, o vício existirá apenas na própria sentença, sem macular todo o julgamento do
tribunal do júri; por isso, o tribunal de justiça apenas adequará a sentença, fixando corretamente a pena, sem
determinar a realização de novo julgamento pelo tribunal do júri, como determina o art. 593, § 1º, do CPP.

O art. 593, III, d, do CPP, trata da decisão dos jurados que foi proferida de forma manifestamente contrária à
prova dos autos.

A expressão “manifestamente” significa flagrantemente, absurdamente etc. contrária à prova dos autos. Trata-se
da única hipótese em que se critica o mérito da decisão dos jurados.

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Recurso de Apelação

OBSERVAÇÃO:

O art. 5º, XXXVIII, da CF, prevê a soberania dos veredictos e, mesmo assim, o CPP prevê um recurso
desafiando tal soberania. Mas o recurso só será provido se a decisão dos jurados for absurda. Se houver duas
teses razoáveis, ou seja, duas teses que encontram amparo na prova dos autos, a apelação não será provida
porque os jurados apenas optaram por uma das teses.

Se a apelação for provida, ou seja, se o tribunal de justiça reconhecer que a decisão dos jurados foi absurda, ele
apenas determinará a realização de novo julgamento pelo tribunal do júri, com a participação de outros sete
jurados, como determina o art. 593, § 3º, do CPP.
O próprio art. 593, § 3º, do CPP, registra que o recurso com fundamento no art. 593, III, d, do CPP, só pode
ser interposto uma única vez.
Cabe lembrar que isso não significa que cada parte possa usar o art. 593, III, d, do CPP, uma vez. Tal dispositivo
só pode ser usado uma única vez, consideradas ambas as partes, ou seja, a sua utilização pela defesa
impede que a acusação o utilize e vice-versa.
Profª Mestra: Izimar Dalboni Cunha
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Recurso de Apelação

LEGITIMIDADE
Ministério Público
✓O MP tem legitimidade para recorrer, mas com ressalva:
Em caso de ação penal privada, carecendo o MP de legitimidade para propor ação , não tem legitimidade para
recorrer em caso de absolvição, mas , tratando-se de sentença penal condenatória poderá recorrer como custos
legis.

Acusado e seu defensor


✓Possuem ampla e autônoma legitimidade para apelar.

✓ Querelante
Nas ações de iniciativa privada

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Recurso de Apelação

LEGITIMIDADE
✓ Assistente da acusação
O ofendido tem legitimidade para apelar, estando ou não habilitado como assistente da acusação, podendo
inclusive apelar supletivamente na forma do art. 598, CPP, ou seja, caso não haja recurso do MP no prazo legal,
o ofendido poderá em 15 dias apelar.

Ofendido habilitado como assistente da acusação


X
ofendido não habilitado

STF- O habilitado tem prazo de 5 dias (art. 593, CPP), não se aplicando o prazo de 15 dias do art. 598,
parágrafo único, CPP.
STJ – A lei não distingue entre ofendido habilitado ou não, sendo assim o prazo é igual para ambas as
hipóteses, aplicando-se o art. 598, parágrafo único, CPP, cujo prazo é de 15 dias.

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Recurso de Apelação

PROCEDIMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO

(a) o juiz profere a sentença.


(b) no prazo de cinco dias, a parte ajuíza apenas a petição de interposição, manifestando o seu inconformismo
com a sentença (art. 593 do CPP). Tratando-se de apelação das decisões do Tribunal do Júri é imprescindível a
indicação das alíneas.
(c) o juiz faz o juízo de admissibilidade do recurso; se o recurso for recebido, devem ser observadas as fases
abaixo; se o recurso não for recebido, é possível a interposição do recurso em sentido estrito (art. 581, XV, do
CPP), apenas para discutir a admissibilidade do recurso de apelação.
(d) após receber o recurso, o juiz intima a parte recorrente, para que apresente suas razões recursais.
(e) no prazo de oito dias, a parte recorrente deve apresentar suas razões recursais (art. 600 do CPP).
As razões poderão ser apresentadas diretamente no tribunal. A regra não se aplica ao MP.
(f) no prazo de oito dias, a parte recorrida deve apresentar as suas contrarrazões recursais (art. 600 do CPP).
(g) em seguida, o juiz necessariamente envia os autos ao tribunal de justiça, para julgamento do recurso, sem
ter a possibilidade de exercer o juízo de retratação
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Recurso de Apelação

Nos processos do JECRIM , é cabível a apelação nas seguintes hipóteses:

a) contra a decisão que homologa ou deixa de homologar a transação penal (art. 76, § 5º, da Lei n.
9.099/95); contra a decisão que rejeita a denúncia ou a queixa (art. 82, caput, da Lei n. 9.099/95);

b) contra a sentença definitiva de condenação ou absolvição (art. 82, caput, da Lei n. 9.099/95).
O prazo para apelar, em qualquer dessas hipóteses é de 10 dias. No rito sumaríssimo, a apelação deve ser
interposta por petição (vedada a interposição por termo nos autos), além do que deve vir acompanhada das
razões de inconformismo, já que não há previsão de prazo destacado para que se arrazoe o recurso. O
recorrido terá 10 dias para apresentar resposta ao recurso (art. 82, § 2º, do CPP).

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Recurso de Apelação

EFEITOS

DEVOLUTIVO – A apelação devolve ao Tribunal o conhecimento da matéria impugnada, bem como aquelas que
podem ser conhecidas de ofício.

SUSPENSIVO- O efeito suspensivo inibe os efeitos da sentença até o julgamento do órgão superior.
Art. 596, CPP- não há efeito suspensivo de sentença absolutória.
Art. 597, CPP – há efeito suspensivo quando se tratar de sentença condenatória.

OBS.:A segunda parte, que tratava das ressalvas não vigora mais, diante da reforma do CP (aplicação provisória
de interdição de direitos e medidas de segurança), da LEP (suspensão condicional da pena), bem como da
revogação do art. 393, CPP em razão do art. 5º, LVII, CF.

EXTENSIVO – previsto no art. 580, CPP.


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