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ROTEIRO DE ESTUDOS AULAS 1 e 2

DISCIPLINA: TEORIA DA DECISÃO JURISD. E RECURSOS NO PROC CIVIL
CÓDIGO DA DISCIPLINA: ARA 1224

PRINCÍPIOS RECURSAIS

Os princípios recursais são:

1 - Princípio da Taxatividade:

Caracteriza-se pelo fato de os recursos estarem expressamente previstos em lei.


Assim, somente pode ser considerado recurso o meio de impugnação categoricamente
previsto na lei de ritos.

No Direito Processual Civil, os recursos estão todos enumerados no rol taxativo


do art. 994 do CPC. Pela norma, são cabíveis os seguintes recursos: apelação; agravo de
instrumento; agravo interno; embargos de declaração; recurso ordinário; recurso
especial; recurso extraordinário; agravo em recurso especial ou extraordinário; e
embargos de divergência.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência
É vedada pela lei processual a criação de outros recursos diferentes desses, seja
por leis estaduais, seja por Regimentos Internos de Tribunais que comumente legislam
em matéria processual.

2 - Princípio da Voluntariedade

Por esse princípio se condiciona, exclusivamente, a existência do recurso à


vontade da parte de recorrer com o ato de interposição do recurso.

3 - Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

Está ligado ao controle da atividade estatal por meio dos recursos e relacionado
ao princípio do devido processo legal. A possibilidade de reexame da decisão da
causa constitui o elemento básico desse princípio.

Pela estrutura do Poder Judiciário brasileiro contida na Constituição Federal,


como visto anteriormente, há um sistema hierarquizado de poderes, sendo o Supremo
Tribunal Federal o órgão máximo da estrutura judiciária do nosso país; existem ainda os
Tribunais Superiores, os Tribunais Federais e Estaduais.

“Os tribunais, na grande maioria dos casos, exercem a função de


reexaminar as decisões proferidas pelos juízes inferiores. Em
outras palavras, a maior parte da atividade dos tribunais é de
segundo grau de jurisdição, daí resultando a evidência de que a
Constituição Federal se refere, quando disciplina a estrutura do
Poder Judiciário, ao princípio do duplo grau de jurisdição.”
(DIDIER, 2016)

4 - Princípio da Singularidade

Admite apenas uma espécie recursal como forma de impugnação de cada


decisão judicial.

Assim, de acordo com esse princípio, é cabível apenas um tipo de recurso para
cada decisão judicial; contudo, as partes podem interpor cada uma, um recurso da
mesma decisão, na hipótese de existir sucumbência recíproca.
5 - Princípio da Dialeticidade

“Costuma-se afirmar que o recurso é composto por dois


elementos: o volitivo (referente à vontade da parte em recorrer)
e o descritivo (consubstanciado nos fundamentos e pedido
constantes do recurso). Esse princípio está ligado ao elemento
descritivo, “exigindo do recorrente a exposição da
fundamentação recursal (causa de pedir: error in judicando e
error in procedendo) e do pedido (que poderá ser de anulação,
reforma, esclarecimento ou integração)” (NEVES, 2015).

6 - Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus

Em uma redação simples, esse princípio consiste em não poder piorar a situação
daquele que recorre. O órgão jurisdicional somente age quando for provocado e nos
exatos termos do pedido. Esse princípio se orienta pela vedação à reforma da decisão
recorrida em prejuízo do recorrente e em benefício do recorrido.

Nesse sentido, “na pior das hipóteses para o recorrente, a decisão recorrida é
mantida, não podendo ser alterada para piorar sua situação” (NEVES, 2015). Assim,
para o recorrente, o que de pior pode ocorrer é tudo ficar como antes da interposição do
recurso.

Se a decisão for favorável em parte a um dos legitimados e em outra parte ao


outro legitimado, poderão ambos interpor o recurso; nesse caso, não haverá o Princípio
da Proibição da Reformatio in Pejus, porque o Tribunal poderá dar provimento ao
recurso de uma das partes ou até mesmo negar provimento a ambos, nos limites dos
recursos interpostos.

7 - Princípio da Fungibilidade

O termo fungibilidade significa troca, substituição; em sede recursal, significa


receber um recurso pelo outro. Esse princípio tem como requisitos a dúvida objetiva, a
ausência de erro grosseiro e a inexistência de má-fé.

OBS: NÃO APLICÁVEL EM ERRO GROSSEIRO. AQUELE QUE IMPEDE


O PROSSEGUIMENTO DO RECURSO: PRAZOS, FORMA DE INTERPOSIÇÃO,
LOCAL DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO.

A doutrina e a jurisprudência pátria permitem, com o fim de não prejudicar o


recorrente, o recebimento de um recurso pelo outro, isto é, o recebimento do
recurso inadequado, como se fosse adequado.
O princípio da fungibilidade não é regra, mas, sim, exceção. Ele resulta de uma
dúvida objetiva sobre qual recurso deve ser interposto em determinada hipótese, isto é,
de uma situação de incerteza razoável a respeito do recurso cabível.

OBSERVAÇÃO:

No que tange à má-fé, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se posicionou que


se aplica a Teoria do Menor Prazo Recursal, isto é, “considera-se recorrente de má-fé
aquele que, na dúvida entre dois recursos ou mais, escolhe o que tem o maior prazo e
recorre neste prazo, o que demonstraria, na visão do Tribunal, sua malícia em
aproveitar de mais tempo para a interposição de recurso” (NEVES, 2013).

8 - Princípio da Complementariedade

Pelo sistema do CPC, as razões recursais devem ser apresentadas no momento


da interposição do recurso, não se admitindo que este seja interposto em um momento
procedimental e em outro sejam apresentadas as razões.

PETIÇÃO DO RECURSO:

1 – INFORMA A INTENÇÃO DE RECORRER;

2 – AS RAZÕES RECURSAIS.

NO CPC, TANTO A PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO, QUANTO AS RAZÕES


RECURSAIS, TEM QUE SER APRESENTADAS NO MESMO MOMENTO (NA
MESMA PEÇA).

OBS: DIFERENTE DO PROCESSO PENAL

9 - Princípio da Consumação

Tem como fundamento a preclusão(PERDA DO ATO PROCESSUAL)


consumativa, que ocorre no ato da interposição do recurso. Por esse princípio, proíbe-
se que um recurso seja substituído por outro, interposto posteriormente.

EX: A PARTE AUTORA INTERPÔS APELAÇÃO EM 03/03/2022;

NÃO PODERÁ, A PARTE AUTORA, INTERPOR OUTRA APELAÇÃO


POSTERIORMENTE, EM SUBSTITUIÇÃO A INTERPOSTA EM 03/03/2022;
EXCEÇÃO: ART. 1024 § 4º - Embargos de declaração. Quando tratarmos
desse recurso iremos abordar essa excepcionalidade.

CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS

1 - Quanto à extensão da matéria: recurso parcial e recurso total

Esclarece o art. 1.002 do CPC que “a decisão pode ser impugnada no todo ou
em parte”. Diante da redação da norma, constata-se que a decisão judicial a qual se
deseja impugnar por recurso pode ser recorrida em seu todo ou apenas em uma parte.

Diz-se que o recurso é parcial quando “não compreende a totalidade do conteúdo


impugnável da decisão. O recorrente decide impugnar apenas uma parcela ou um
capítulo da decisão”. Já se entende por recurso total “aquele que abrange todo o
conteúdo impugnável da decisão recorrida. Se o recorrente não especificar a parte em
que impugna a decisão, o recurso deve ser interpretado como total” (DIDIER, 2016).

NO RECURSO, O RECORRENTE PODE RECORRER DE TODA DECISÃO


JUDICIAL, OU DE PARTE DELA.

EX: SENTENÇA JULGOU PARCIALMENTE OS PEDIDOS AUTORAIS.

RECURSO, VAI IMPUGNAR A PARTE EM QUE O AUTOR SUCUMBIU


(PERDEU).

QUANDO OCORRE A PERDA TOTAL DO PROCESSO, O RECORRENTE


PODERÁ RECORRER DE TODA DECISÃO.

2 - Quanto à fundamentação: livre e vinculada

A fundamentação dos recursos se classifica em livre e vinculada.


Fundamentação livre significa que aquele que irá interpor o recurso, recorrente, está
livre para na fundamentação “deduzir qualquer tipo de crítica em relação à decisão,
sem que isso tenha qualquer influência na sua admissibilidade. A causa de pedir
recursal não está delimitada pela lei, podendo o recorrente impugnar a decisão alegando
qualquer vício” (DIDIER, 2016).

EX: APELAÇÃO CÍVEL. O RECORRENTE PODERÁ IMPUGNAR TODA A


DECISÃO SEM ESPECIFICIDADE.

Na fundamentação vinculada, há, por parte do recorrente, uma vinculação na sua


fundamentação recursal a determinada lei que delimita o ataque a ser feito contra a
decisão impugnada. Didier elucida: “o recurso caracteriza-se por ter
fundamentação típica. É preciso "encaixar" a fundamentação do recurso em um dos
tipos legais”. Continua o doutrinador a afirmar que, “nos recursos de fundamentação
vinculada, o recorrente deve ‘alegar’ um dos vícios típicos para que o seu recurso seja
admissível. Essa alegação é indispensável para que o recurso preencha o requisito da
regularidade formal”.

EX: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – 1022 A 1026 – OCORRÊNCIA DE


OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE, ERRO MATERIAL.

EX: RECURSO ESPECIAL – STJ – 105, III CF/88 – NESTE RECURSO PODERÁ
ALEGAR APENAS VIOLAÇÃO À NORMA INFRACONSTITUCIONAL.

EX: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – STF – 102, III CF/88 – NESTE RECURSO


PODERÁ ALEGAR VIOLAÇÃO À NORMA CONSTITUCIONAL.

3 - Quanto à forma de interposição: principal e adesivo

O recurso principal é aquele interposto pelo recorrente dentro do prazo recursal


e dentro do rol taxativo determinado pela redação do art. 994 do CPC.

O recurso adesivo não é considerado pela doutrina e jurisprudência pátria


uma modalidade recursal, mas, sim, uma forma de interposição tardia de
impugnação para aquele que inicialmente não tinha a intenção de recorrer, mas,
aproveitando-se do recurso interposto pela parte contrária, apresenta, conjuntamente
com a sua peça de resposta ao recurso principal (contrarrazões), o seu recurso adesivo,
recorrendo, assim, da parte da decisão que restou inconformado.

Trata-se na verdade de um recurso interposto de forma diferenciada e com


pressuposto de admissibilidade particular – somente será conhecido se houver o
conhecimento do recurso principal (art. 997, § 2°, do CPC).

Podem ser objetos de recurso adesivo os seguintes recursos: apelação, recurso


especial e recurso extraordinário (art. 997, §§ 1º e 2°, I, II e III, do CPC).

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e


com observância das exigências legais (tempestividade, preparo = custas, etc).

§ 1o Sendo vencidos (AMBOS PERDERAM NO PROCESSO –


JULGANDO PARCIALMENTE PROCEDENTE) autor e réu, ao recurso interposto
por qualquer deles poderá aderir o outro. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.

§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe


aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e
julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto,


no prazo de que a parte dispõe para responder (OFERECER CONTRARRAZÕES);

II - será admissível na APELAÇÃO, NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


E NO RECURSO ESPECIAL;
III - não será conhecido (ADMITIDO PARA SER JULGADO), se houver
desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível.

EX – PETIÇÃO INICIAL PEDINDO DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS.

SENTENÇA JULGANDO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO


AUTORAL, CONDENANDO O RÉU AO PAGAMENTO DOS DANOS
MATERIAIS, JULGANDO IMPROCEDENTE O PEDIDO DE DANOS
MORAIS.

AUTOR – VENCEDOR, EM RELAÇÃO AOS DANOS MATERIAIS.

AUTOR – PERDEDOR, EM RELAÇÃO AOS DANOS MORAIS. (INTERESSE


RECURSAL)

RÉU – PERDEDOR EM RELAÇÃO AOS DANOS MATERIAIS (INTERESSE


RECURSAL).

RÉU – VENCEDOR EM RELAÇÃO AOS DANOS MORAIS.

SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA (QUANDO TEMOS VENCIDOS E


VENCEDORES NO PROCESSO, AMBOS PERDERAM GANHARAM).

SENTENÇA PUBLICADA NO DIA 10/02/2022. PRAZO DE 15 DIAS ÚTEIS PARA


INTERPOR APELAÇÃO. PRAZO FINAL: 07/03/2022. (FICTÍCIO)

1 - DENTRO DO PRAZO (até 07/03/2022), SOMENTE O RÉU VEM A INTERPOR


APELAÇÃO CÍVEL, EM RELAÇÃO AOS DANOS MATERIAIS, REQUERENDO A
REFORMA DO JULGADO PARA JULGAR O PEDIDO IMPROCEDENTE.

2 – AUTOR, QUE NÃO INTERPOS APELAÇÃO TEMPESTIVAMENTE, EM


RELAÇÃO AO DANOS MORAIS, É INTIMADO A OFERECER
CONTRARRAZÓES AO RECURSO INTERPOSTO PELO RÉU.

3 – NESTE CASO, CONFORME ART. 997 § 1º, O AUTOR NO PRAZO DAS


CONTRARRAZÕES (É O MESMO PRAZO DO RECURSO – ART. 1003 § 5º),
PODERÁ, ALÉM DE OFERECER AS CONTRARRAZÕES, INTERPOR RECURSO
ADESIVO DE APELAÇÃO, QUE FUNCIONARÁ COMO UMA APELAÇÃO
PROPRIAMENTE DITA.

1 – OFERECER CONTRARRAZÕES (NÃO É OBRIGATÓRIO)


2 – INTERPOR RECURSO DE APELAÇÃO ADESIVO

PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS

A doutrina nacional considera o direito de recorrer como uma extensão do


direito de ação, E TAMBÉM DO ACESSO À JUSTIÇA.

Os requisitos de admissibilidade dos recursos podem classificar-se em:


INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS. Os requisitos intrínsecos são concernentes à
própria existência do poder de recorrer, e os extrínsecos estão ligados ao modo de
exercer o direito de recorrer.

São considerados requisitos intrínsecos: o cabimento; o interesse recursal, a


legitimidade recursal; e a inexistência de ato impeditivo ou extintivo do direito de
recorrer.

São considerados requisitos extrínsecos: a tempestividade; o preparo


(CUSTAS); e a regularidade formal.

Há também doutrinadores que diferenciam os pressupostos de admissibilidade


em objetivos e subjetivos. Os pressupostos objetivos “dizem respeito ao próprio
recurso em si mesmo considerado” (NEVES, 2016), enquanto os pressupostos
subjetivos são inerentes à pessoa do recorrente.

São pressupostos objetivos:

 Adequação;

 Tempestividade;

 Preparo;

 Motivação.

São pressupostos subjetivos:

 Legitimidade;

 Interesse recursal.
 Pressupostos extrínsecos:

 Tempestividade;

 Preparo;

 Regularidade formal;

 Pressupostos intrínsecos:

 Cabimento;

 Legitimidade para recorrer;

 Interesse em recorrer;

 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

Pressupostos extrínsecos

Tempestividade: O recurso adequado e cabível ao caso em análise deve ser


interposto dentro do prazo processualmente legal. O não cumprimento desse requisito
enseja a preclusão temporal e formação da coisa julgada.

Todo e qualquer recurso possui um prazo para ser interposto, sob pena de
preclusão (PERDA DO ATO PROCESSUAL). A regra perante o CPC encontra-se
descrita no art. 1.003, § 5°, do CPC.

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os


advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o
Ministério Público são intimados da decisão.

[...]

§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e


para responder-lhes (APRESENTAR CONTRARRAZÕES) é de 15 (quinze) dias
(ÚTEIS, COM BASE NO ART. 219 DO CPC).

Perante o CPC, todos os recursos terão prazo de interposição de 15 dias,


salvo o recurso de Embargos de Declaração (ART. 1022 A 1026 DO CPC), cujo prazo
será de 05 (cinco) dias, TAMBÉM ÚTEIS.

Preparo: É uma exigência legal para que o recorrente comprove o recolhimento


dos encargos financeiros recursais no momento da sua interposição, caso este seja uma
exigência para a interposição de determinado recurso. PREPARO = CUSTA
PROCESSUAIS, INCLUSIVE PORTE DE REMESSA DE RETORNO).

OBSERVAÇÃO
Estão dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os
recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos
Estados, pelos Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

OBSERVAÇÃO

No processo em autos eletrônicos, é dispensado o recolhimento do porte de


remessa e de retorno.

Sobre o preparo, dispõe a lei processual:

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando


exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de
retorno, sob pena de deserção.

[...]

§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de


retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não
vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.

[...]

§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o


recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na
pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

Regularidade formal: A regularidade trata-se de exigência prevista no Código de


Processo Civil para a interposição de cada recurso.

Pressupostos intrínsecos

Cabimento (alguns autores denominam Adequação): A regra recursal é a


unirrecorribilidade. CADA DECISÃO COMPORTA 1 RECURSO ESPECÍFICO.

O cabimento é uma exigência imposta àquele que irá recorrer (recorrente), que
deverá observar, dentre as espécies recursais existentes na legislação em vigor, qual é o
recurso adequado para impugnar a decisão à qual está inconformado.

Legitimidade para recorrer: Conforme a redação do artigo 996 do CPC, tem


legitimidade recursal a parte vencida (CONTRÁRIO DE VENCEDOR), o Ministério
Público (como parte ou como fiscal da ordem jurídica) e o terceiro prejudicado
(AQUELE QUE NÃO FEZ PARTE DA RELAÇÃO PROCESSUAL, MAS QUE A
DECISÃO PROFERIDA, LHE PREJUDICA DE ALGUMA FORMA. TERÁ QUE
COMPROVAR DENTRO DO RECURSO, A QUESTÃO DO PREJUÍZO CAUSADO
PELA DECISÃO E O INTERESSE EM RECORRER).

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Súmula 99 do STJ: O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no


processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.

Interesse em recorrer ou interesse recursal: Somente pode recorrer a parte que está
inconformada com a decisão, isto é, a parte vencedora não pode recorrer, pois a sua
pretensão foi alcançada.

Inexistência de fato impeditivo ou extintivo: Aqui se impõe a exigência legal de que


não tenha ocorrido, após a propositura da ação, pela parte, nenhum fato superveniente
(POSTERIOR) que leve à extinção do direito de recorrer ou, ainda, que impeça o
tribunal de conhecer o recurso manejado.

Os fatos impeditivos consistem na própria desistência do recurso ou da ação;


também há o reconhecimento do pedido por parte do réu, há a renúncia ao direito
em que se funda a ação, ou ainda a prática de algum ato da parte que leve à preclusão
lógica.

Assim, na inexistência de fato impeditivo ou extintivo, encaixam-se as ausências


de desistência, renúncia, deserção, transação (ACORDO OU CONSENSO) acerca do
objeto litigioso do processo.

ATENÇÃO

CONCEITO DE TRANSAÇÃO: Transigir. Acordo. As partes fazem


concessões com o intuito de conciliar, de chegar a um entendimento comum.

DESISTÊNCIA: Sobre a desistência ao direito de recorrer, o art. 998 do CPC


deixa claro que aquele que interpõe o recurso poderá, sem a anuência do recorrido ou
dos litisconsortes, desistir do recurso.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou


dos litisconsortes, desistir do recurso.

RENÚNCIA: É ato unilateral de uma das partes (isto é, manifestada livremente


por ela); por isso, a redação do art. 999 do CPC dispõe que a renúncia ao direito de
recorrer independe da aceitação da outra parte

Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

ATENÇÃO
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não
poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma


reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer.

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