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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

GRADUAÇÃO EM DIREITO

Resenha Crítica de Caso


Viviane de Souza Corrêa

Trabalho da disciplina: Direito Processual


Civil III

Professor: Gustavo Huguenin Queiroz

Nova Friburgo

2020

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EFEITO EXPANSIVO DOS RECURSOS

Referência: Manual de direito processual civil – Volume único / Daniel Amorim


Assumpção Neves – 8. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016; Donizetti, Elpídio
Curso Didático de Direito Processual Civil / Elpídio Donizetti. – 22. ed. – São
Paulo: Atlas, 2019.

Incialmente, cumpre explicitar que, dentre os efeitos recursais existentes encontra-se o


expansivo, e que este consiste na capacidade do recurso atingir matérias não impugnadas e
outros sujeitos além do recorrente. Ademais, deve ser analisado em duas perspectivas
distintas, quais sejam, subjetiva e objetiva.
Nesse sentido, primeiramente têm-se o efeito expansivo subjetivo, também conhecido
por parcela da doutrina como dimensão subjetiva do efeito devolutivo, que confere a
possibilidade de partes do processo que não recorreram também serem alcançadas pela
decisão do recurso. Trata-se de uma exceção, tendo em vista que, por força do Princípio da
Pessoalidade do Recurso, a regra é que o recurso aproveite somente ao recorrente.
Dessa forma, a expansão do recurso em relação aos sujeitos processuais somente
ocorre em casos pontuais, como nas hipóteses de litisconsórcio, conforme art. 1005 do CPC e
de devedores solidários, na forma do art. 1005, parágrafo único do CPC.
Neste interim, se mostra coerente que haja essa extensão aos demais, uma vez que
seria iníquo a existência de decisões dispares entre sujeitos do mesmo polo do processo e que
possuem o mesmo interesse.
No tocante ao efeito expansivo objetivo, é certo que este prevê a possibilidade de
matérias que não foram impugnadas pelo recorrente serem atingidas pela decisão do recurso.
Nessa ocasião, é preciso apresentar as duas espécies do efeito expansivo objetivo, quais
sejam, interna e externa.
Assim, mister faz-se aclarar, em primeiro momento, o efeito expansivo objetivo
interno, que se verifica quando a decisão proferida em um dos capítulos do recurso possui
matérias dependentes que não foram impugnadas e, em razão dessa dependência serão
abarcadas pelo recurso.
Dessa forma, é possível citar, à título exemplificativo, uma ação em que o recorrente
tenha impugnado somente o reconhecimento de paternidade e que, após exame de DNA, o
Tribunal tenha lhe dado provimento. Contudo, em que pese não ter sido impugnado, o recurso

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irá surtir efeitos também acerca do pedido de alimentos, uma vez que os alimentos dependem
do reconhecimento de paternidade para serem devidos.
Nesse seguimento, de todo oportuno é evidenciar que a expansão objetiva interna é
uma exceção a dimensão horizontal do efeito devolutivo dos recursos, haja vista que tal
dimensão prevê que é o recorrente quem delimita o que será devolvido, não cabendo ao
tribunal decidir além do que foi pedido.
Com relação ao recurso expansivo objetivo externo, é possível afirmar que seu alcance
abrange atos processuais que sucederam a interposição do recurso. Dessa maneira, é comum a
ocorrência desse efeito em recursos que não possuem efeito suspensivo e assim permitem o
seguimento do processo, tal como o agravo de instrumento,
No que concerne ao recurso supracitado, cabe ressaltar o Princípio da
Interdependência dos Atos Processuais, que institui no seguinte sentido, como os atos
processuais existem uns em razão dos outros, caso haja anulação ou nulidade de um, os atos
que deste advirem terão o mesmo fim.
Nesse sentido, a teoria dos frutos da árvore envenenada, instrumento importado do
sistema Common Law norte americano, salienta que a prova considerada ilícita prejudica as
provas que dela derivarem. Assim, é pertinente exportá-la ao Direito Processual Civil para
que se entenda a lógica da expansão objetiva externa, tendo em vista que ambas possuem a
mesma premissa, qual seja, se o objeto inicial for prejudicado, todos os demais seguirão a
mesma sorte.
Nesse diapasão, impende destacar a explicação suscinta do doutrinador Daniel
Amorim Assumpção Neves acerca do efeito expansivo como um todo:
Será gerado o efeito expansivo sempre que o julgamento do recurso ensejar
decisão mais abrangente do que a matéria impugnada – ou ainda quando
atingir sujeitos que não participaram como partes no recurso, apesar de
serem partes na demanda. Na primeira hipótese, haverá efeito expansivo
objetivo, que ainda poderá ser interno ou externo, a depender de a matéria
atingida pelo julgamento do recurso estar localizada dentro ou fora da
decisão impugnada. Na segunda hipótese tem-se o efeito expansivo
subjetivo.” (Manual de direito processual civil – Volume único / Daniel
Amorim Assumpção Neves – 8. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016,
p.2641)
Ainda, corroborando com todo o explicitado:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE QUITAÇÃO DE OBRIGAÇÃO C/C NULIDADE
DE TÍTULO CAMBIAL, CANCELAMENTO DE PROTESTO,
INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS COM PEDIDO DE
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
AFASTADA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO. APLICAÇÃO DO ARTIGO
1.005 DO CPC/2015. EFEITO EXPANSIVO DO RECURSO.

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LIBERAÇÃO DO DEPÓSITO JUDICIAL. OMISSÕES VERIFICADAS.
VÍCIOS SANADOS. 1. Deve-se observar o efeito expansivo dos recursos,
que possibilita que sua eficácia ultrapasse os limites objetivos ou subjetivos,
previamente estabelecidos pelo recorrente, consoante o artigo 1.005 do
CPC/2015, o qual estabelece que “ O recurso interposto por um dos
litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses” . 2. Verificada a existência de omissões no acórdão embargado,
devem ser acolhidos os aclaratórios para integrar o decisum, devendo
constar da sua parte dispositiva a extensão dos efeitos aos demais
litisconsortes e a liberação da quantia depositada pelo ora embargante.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONHECIDOS E ACOLHIDOS. (TJ-
GO - AC: 957289220128090011, Relator: DR(A). FERNANDO DE
CASTRO MESQUITA, Data de Julgamento: 22/03/2018, 5A CAMARA
CIVEL, Data de Publicação: DJ 2480 de 06/04/2018)

Diante de todo o exposto, é possível afirmar que o efeito abordado é de suma


importância. Ao decidir temáticas pertinentes ao que foi impugnado beneficia partes diversas
do recorrente, bem como garante maior efetividade a decisão, de maneira que, consagra-se o
Princípio da Efetividade do Processo e por consequência confere maior satisfação aos sujeitos
que o integram. Além de, valorizar o Princípio da Economia Processual, uma vez que diminui
a demanda judiciária ao prevenir que novas impugnações sejam feitas.

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