O documento trata de um recurso de agravo de instrumento relacionado a um pedido de denunciação da lide que foi indeferido em primeira instância. O relator entende que a denunciação da lide deve ser permitida uma vez que já ocorreram os principais atos processuais com a intervenção da parte denunciada e não há prejuízo à marcha do processo, portanto o recurso deve ser provido.
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Título original
MATERIAL AULA 15 - denunciação - hipótese de seguradora (1)
O documento trata de um recurso de agravo de instrumento relacionado a um pedido de denunciação da lide que foi indeferido em primeira instância. O relator entende que a denunciação da lide deve ser permitida uma vez que já ocorreram os principais atos processuais com a intervenção da parte denunciada e não há prejuízo à marcha do processo, portanto o recurso deve ser provido.
O documento trata de um recurso de agravo de instrumento relacionado a um pedido de denunciação da lide que foi indeferido em primeira instância. O relator entende que a denunciação da lide deve ser permitida uma vez que já ocorreram os principais atos processuais com a intervenção da parte denunciada e não há prejuízo à marcha do processo, portanto o recurso deve ser provido.
0000, de Criciúma Relator: Desembargador Hélio do Valle Pereira
AGRAVO DE INSTRUMENTO – RESPONSABILIDADE
CIVIL – DENUNCIAÇÃO DA LIDE – EXTINÇÃO DE OFÍCIO – AUSÊNCIA DE DANO À MARCHA PROCESSUAL – FALTA DE OPOSIÇÃO DAS PARTES – RECURSO PROVIDO. A denunciação da lide tem por objetivo prestigiar a economia processual. No lugar de uma posterior ação regressiva, permite-se que desde logo o garante integre o contraditório, intervindo eficazmente, até porque se torna simultaneamente assistente do denunciante. Haverá único julgamento, resolvendo-se simultaneamente o plexo de relações jurídicas. Mais ainda, ao vencedor (que não seja o denunciante) surge até a perspectiva (há forte entendimento, aqui trazido apenas como obiter dictum) no sentido de poder executar desde logo o denunciado. O preconceito de certa corrente doutrinária e jurisprudencial existe quando a denunciação inaugure uma nova linha argumentativa, desviando-se da causa de pedir essencial. Daí a sustentação para delimitar a intervenção aos casos de direito de regresso automático. Aqui, além de haver concordância das partes quanto à denunciação (até do denunciado), os conjecturáveis contratempos procedimentais já se deram e não há dano à boa marcha processual que favoreça a exclusão da tardia. Além de tudo, a garantia é daquelas automáticas. Recurso provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento
n. 4002679-61.2020.8.24.0000, da comarca de Criciúma - 2ª Vara da Fazenda em que é Agravante Expresso Coletivo Forquilhinha Ltda. e Agravados Marcelo Klehm, Maria Cristina Teodoro e Essor Seguros.
A Quinta Câmara de Direito Público decidiu, por unanimidade,
conhecer e dar provimento ao recurso, restabelecendo a denunciação da lide. Custas legais. Participaram do julgamento, realizado nesta data, os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Denise de Souza Luiz Francoski E Artur Jenichen Filho. Florianópolis, 18 de junho de 2020.
Desembargador Hélio do Valle Pereira
Presidente e relator
Gabinete Desembargador Hélio do Valle Pereira
RELATÓRIO
Expresso Coletivo Forquilhinha Ltda. agrava da decisão da 2ª Vara
da Fazenda da Comarca de Criciúma pela qual se indeferiu o pedido de denunciação da lide a Essor Seguros S/A sob os seguintes fundamentos: Ademais, indefiro de plano a denunciação da lide pretendida pelo réu Expresso Coletivo Forquilhinha LTDA, uma vez que a denunciação da lide baseada em direito de regresso é facultativa, nos termos do inciso II e § 1º, do artigo 125, do CPC. Assim, e considerando que tal medida somente procrastinará o deslinde da lide em questão, não há porque deferi-la, até mesmo porque, em caso de condenação, o réu poderá promover ação regressiva em face do denunciado, não havendo, portanto, qualquer prejuízo. A agravante diz que, contrariamente ao posicionamento expressado na decisão, a denunciação deve ser vista como forma de dar celeridade ao processo, já que, no caso de derrota a denunciada, estaria de imediato obrigada a arcar com os valores da condenação até o limite do contrato. Sob outro ângulo, defende que o acidente só ocorreu por culpa exclusiva dos agravados e que, não sendo as vítimas usuários diretos do serviço de transporte, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor deve ser afastada. Deferi o efeito suspensivo. Vieram contrarrazões somente por parte da Essor Seguros S/A, que se manifestou favorável ao provimento do recurso.
VOTO
A intervenção foi deferida (fls. 403 – autos
305316-85.2018.8.24.0020), e a denunciada chegou até mesmo a contestar os pedidos (fls. 407-421). Ninguém se opôs à intervenção de terceiros – nem mesmo a seguradora, que agora expressamente manifesta concordância nas contrarrazões.
Gabinete Desembargador Hélio do Valle Pereira
Hoje consta até laudo pericial, prova inclusive debatida. Quer dizer, mesmo inicialmente (referendo) permitida a denunciação, de ofício se teve por bem reconhecer que o incidente iria causar dano à boa marcha processual (fls. 541-542). Fosse desse modo, na realidade, nunca deveria ser admitida a denunciação, ainda que – seria um paradoxo – ela estivesse prevista em lei. Na realidade, diante do quadro instaurado, os maiores contratempos decorrentes da convocação de terceiro já se deram. A manutenção da seguradora atende à economia processual na medida em que uma boa parte dos atos que seriam realizados em ação regressiva já estão constituídos. Sob outro ângulo, registro que os autores não enquadram o caso como hipótese de aplicação do Código de Defesa do Consumidor, de modo que, ressalto, essa causa de pedir nem sequer pode ser cogitada para recrutar a vedação que vem do art. 88 daquele diploma. Enfim, ainda que fosse esse o caso (de relação de consumo), ante a situação instaurada, seria inútil que a essa altura o impedimento fosse empregado aqui. A denunciação da lide, é verdade, tem alguma antipatia jurisprudencial. Mas isso se justifica quando ela traga uma nova linha argumentativa, que desvie significativamente os rumos do processo. Daí a tendência de limitá-la aos casos de garantia direta. É bem o caso dos autos, inclusive – e até a seguradora quer permanecer no processo. Assim, conheço do recurso e dou-lhe provimento para permitir que a denunciada permaneça integrando o polo passivo. É o voto.