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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE CARIRI DO OESTE – AL

Processo Digital nº: 0004321-76.2022.8.26.888 - EMBARGOS À EXECUÇÃO

CLEBER DE FREITAS, devidamente qualificado nos autos da ação de Embargos à


Execução movida contra à Ação de Execução de Título Extrajudicial proposta por
AM EXPRESSO TRANSPORTE DE BENS, também devidamente qualificado, vem,
por intermédio de seu advogado subscritor, interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO
Com fulcro nos artigos 1.009 ao 1012 do CPC/15 e demais artigos de leis aplicáveis
a espécie, contra a sentença que julgou improcedentes os seus embargos à
execução. Requer, na oportunidade, que o recorrido seja intimado para, querendo,
ofereça as contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos, com as razões anexas,
remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas para os fins de
mister, eis que tempestivo e cabível, conforme o artigo supra referido.

Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
Assinatura e
oab do advogado
RAZÕES DE APELAÇÃO

Processo Digital nº: 0004321-76.2022.8.26.888 Classe: Embargos à Execução.


Apelante Cleber de Freitas.
Apelado: AM Expresso Transporte de Bens.

Ínclitos julgadores
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
Colenda Turma

Em que pese o grande saber jurídico do juiz sentenciante, recorre-se em


busca de reforma do julgamento, eis que há erros no procedimento e no julgamento,
que não são condizentes com a justiça que se costuma aplicar no estado da Bahia.

DA TEMPESTIVIDADE

Nos termos dos artigos 219 e 1.003 do CPC, o prazo para interpor o presente
recurso é de 15 dias úteis, sendo excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento nos termos do Art. 224 do CPC/15.
Dessa forma, considerando que a decisão fora publicada no Diário Oficial na
data de ------- tem-se por tempestivo o presente recurso, devendo ser acolhido.

DO CABIMENTO

A apelação é cabível, conforme previsão do artigo 1.009 do CPC, visto que a


sentença foi contrária aos interesses do Apelante.

DO PREPARO

O Apelante não dispõe de recursos financeiros para recolher o preparo


recursal, conforme comprova declaração de hipossuficiência juntada aos autos, em
conformidade com os artigos 98, VIII e 1007, §1º do CPC.
É entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça que a
impenhorabilidade do salário deve ser respeitada, exceto nos casos em que sejam
garantidos o mínimo existencial do devedor, de forma a não comprometer sua
subsistência e de sua família.

SÍNTESE PROCESSUAL

AM Expresso Transporte de Bens ajuizou execução de título extrajudicial,


relativa a quatro cheques de 10 mil reais cada, distribuída à 8ª Vara Cível de Cariri
do Oeste/AL, sob o nº 0001234-56.2022.8.26.888 em face de Trem Bão – Pães de
Queijos e Cia, enquanto emitente dos cheques, e de Cleber de Freitas, enquanto
avalista.
Cleber, ora apelante, opôs embargos à execução, alegando, em suma, que o
valor de R$ 1.500,00 penhorado no processo, é relativo à verba salarial, afirmando
ainda que não possui condições de se sustentar sem o valor.
Sobreveio sentença de improcedência do pedido, a qual foi proferida nos
seguintes termos:
SENTENÇA Processo Digital nº: 0004321-76.2022.8.26.888 Classe
– Assunto: Embargos à Execução. Embargante: Cleber de Freitas.
Embargado: AM Expresso Transporte de Bens. Juiz de Direito: Dr. Daemon
Targaryen. Vistos.
CLEBER DE FREITAS, já qualificado nos autos em epígrafe,
ajuizou os presentes Embargos de Execução em face de AM Expresso
Transporte de Bens, também qualificado nos autos, sob a alegação, em
síntese, de os valores penhorados nos autos serem relativos à sua verba
salarial.
É O RELATÓRIO FUNDAMENTO E DECIDO.
Em que pesem as alegações apresentadas, o Superior Tribunal de
Justiça já se manifestou sobre a possibilidade de mitigação da
impenhorabilidade do salário, desde que garantido o mínimo existencial do
devedor. Assim, o devedor em momento algum realizou prova absoluta
apta a convencer este juízo do entendimento de que as verbas penhoradas
são sua única fonte de renda, afinal, não é crível que esteja sobrevivendo
até agora, quase 30 dias depois da penhora, se não possui condições
financeiras.
Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE os embargos opostos,
mantendo-se a penhora lançada por não configurar afronta a dignidade ou
violação a impenhorabilidade salarial.

Inconformado com a sentença proferida, principalmente por ignorar


completamente sua situação de miserabilidade, o apelante interpõe o presente
recurso de apelação.
RAZÕES DE APELAÇÃO
DA IMPOSSIBILIDADE DE PENHORA DE SALÁRIO

A decisão proferida pelo Juízo de Primeiro Grau que manteve a penhora do


salário do Apelante viola o direito fundamental à subsistência e à dignidade humana,
previsto no artigo 5º da Constituição Federal, além do princípio da
impenhorabilidade do salário previsto no artigo 833, IV do CPC. O salário é um
direito social garantido pela Constituição Federal em seu artigo 7º, IV, que
estabelece a sua natureza alimentar e impõe a sua proteção contra a penhora.
Ocorre que, no presente caso, o Juízo de Primeiro Grau não observou essa
proteção constitucional, permitindo a penhora de verba salarial.
O embargante é de origem italiana, vive no Brasil há quase 20 anos e, até
pouco tempo, era empresário do ramo de pães de queijo. Contudo, a empresa do
embargante faliu em decorrência da concorrência acirrada do mercado, o que o
obrigou a buscar emprego como padeiro em uma padaria concorrente.
Atualmente, o embargante recebe salário no valor de R$ 1.500,00, quantia
esta que é utilizada para sua subsistência, mas que, por consequência da execução
proposta, foi integralmente bloqueado (documentos comprobatórios anexos).
O Apelante possui apenas o salário de padeiro como meio de subsistência. A
penhora da sua única fonte de renda, além de ser ilegal, viola o princípio da
dignidade da pessoa humana, garantido pelo artigo 1º, III, da Constituição Federal.
A manutenção da penhora do salário do Apelante compromete sua subsistência e a
de sua família. Sendo assim, não há qualquer justificativa plausível para a
manutenção da penhora sobre o salário do Apelante.
Dessa forma, é imperiosa a reforma da sentença, no sentido de determinar a
liberação da penhora do salário do Apelante.

DA INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO

Outro ponto a ser destacado é a inexistência de obrigação de pagamento por


parte do Apelante. Conforme alegado em sua defesa, o cheque que deu origem à
execução foi emitido pelo Co embargado Trem Bão – Pães de Queijos e Cia, e não
pelo Apelante.
Ainda assim, o Juízo de Primeiro Grau julgou improcedentes os Embargos à
Execução opostos pelo Apelante, sem se manifestar sobre a responsabilidade pelo
pagamento do valor executado.
Diante disso, requer-se que este Tribunal reconheça a inexistência de
obrigação do Apelante de pagar o valor executado e, consequentemente, determine
a extinção da execução em relação a ele.

DA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO

A necessidade de motivação nos julgamentos proferidos pelos órgãos do


Poder Judiciário é obrigação constitucional, prevista no art. 93, IX da Magna Carta,
senão vejamos:
IX - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse
público à informação.

O Código de Processo Civil, em seu art. 489, §1º, apresenta as hipóteses em


que não se considera fundamentada a sentença, acordão ou decisão interlocutória,
ipsis litteris:
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - Se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso;
III - Invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,
em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - Se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob
julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

Assim, conforme previsão constitucional, a sentença ou decisão que for


proferida sem a devida motivação é nula de pleno direito.
No caso dos autos, o juízo a quo limitou-se em dizer que o Superior Tribunal
de Justiça já se manifestou sobre a possibilidade de mitigação da impenhorabilidade
do salário, desde que garantido o mínimo existencial do devedor, porém, não
realizou a devida fundamentação, não indicou qual seria o precedente do STJ que
se aplicaria ao caso e, tampouco demonstrou de que forma tal precedente se
encaixaria no caso em questão, ou seja, não realizou a devida fundamentação, o
que a torna nula de pleno direito.

DO EFEITO SUSPENSIVO

O embargante requer a concessão de efeito suspensivo aos presentes


embargos à execução, nos termos do artigo 1.012 do CPC, a fim de que sejam
suspensos quaisquer atos de constrição que tenham sido determinados em face do
embargante, em especial o bloqueio de sua conta bancária.
A não concessão do efeito suspensivo poderá agravar o prejuízo que já sofre,
eis que já houve a indevida penhora do saldo em conta, comprometendo a
manutenção de sua família.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:


a) O recebimento e processamento do presente recurso de apelação, com a
concessão do efeito suspensivo, nos termos do artigo 1.012 do CPC;
b) A nulidade da sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, por falta de
fundamentação;
c) A reforma da sentença, para determinar a liberação da penhora do salário do
Apelante;
d) O reconhecimento da inexistência de obrigação do Apelante de pagar o valor
executado e a consequente extinção da execução em relação a ele;
e) A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, nos termos do
artigo 98, VIII, do CPC, tendo em vista a hipossuficiência financeira do
Apelante;
f) A intimação da Apelada para que, querendo, apresente contrarrazões;
g) A condenação da Apelada ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, nos termos do artigo 85, §2º, do CPC.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local, data (dia/mês/ano)
Nome, assinatura e nº da OAB do Advogado (a)

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