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PROCESSO TRIBUTÁRIO

Prof. Ms. Norberdson


2023.1
METODOLOGIA:

→ As aulas de seminário serão conduzidas com a turma os quais deverão formar, para
as atividades a serem desenvolvidas ao longo do semestre, cinco grupos de 07 (sete)
integrantes.

→ Esses grupos participarão de atividades, visando à aplicação dos conceitos teóricos


ministrados nas aulas expositivas. O total de atividades será distribuído no semestre
e valerá pelas AVP’s (1 e 2).

→ Tais atividades consistirão no julgamento de litígios hipotéticos (judiciais e


administrativos) envolvendo fisco e contribuinte, os quais serão informados aos
alunos com uma semana de antecedência. Com base no caso prático proposto, será
observada a programação da aula de seminário seguinte.

→ Por exemplo, na primeira semana os grupos se revezarão nos papeis abaixo


semanalmente:
- grupo 1 – representando o contribuinte – Será sorteado um aluno, dentre os
componentes desse grupo, para realizar sustentação oral, relatando o caso e
defendendo o contribuinte, pelo prazo máximo de 10 (dez) minutos.

- grupo 2 – representando o fisco – Será sorteado um aluno, dentre os componentes


desse grupo, para realizar sustentação oral, defendendo o fisco, após a do contribuinte,
pelo prazo máximo de 10 (dez) minutos.

- grupos 3, 4 – representando o julgador – seus integrantes deverão fazer anotações


individuais a respeito do caso analisado e das razões apresentadas em nome do fisco e
do contribuinte. Os alunos representando os julgadores deverão votar, por meio de
cédulas, no grupo (fisco ou contribuinte) que considerarem vencedor do debate. As
anotações individuais deverão ser encaminhadas eletronicamente (CANVAS), na forma
de relatório e voto de julgamento do caso analisado.

- Os alunos sorteados para realizar sustentação oral serão avaliados pela exposição
realizada.
→ Apresentações orais: às manifestações orais do fisco e do contribuinte serão
levados em conta não apenas os argumentos levantados pelo grupo em sua
manifestação oral, mas também a capacidade de antecipar ou rebater os argumentos da
outra parte durante o julgamento do caso. O pressuposto das apresentações é que o
grupo seja capaz tanto de demonstrar compreensão do caso e identificação dos
principais pontos controvertidos, quanto a preparação de seus membros.

→ A falta ou atraso na entrega do relatório e voto implicará conceito 0,0 (zero) quanto
àquela tarefa.

→ Também será considerada, para efeitos de atribuição de nota, embora não


obrigatórios, a utilização de recursos com a finalidade de facilitar a exposição dos
argumentos do grupo (tais como apresentações de slides, memoriais etc.).
→ Caso o aluno sorteado para a apresentação não se encontre presente no seminário,
ocasião em que uma nova pessoa será sorteada, ao ausente será atribuído conceito
0,0 (zero), independentemente do resultado obtido pelo grupo.

→ As ausências justificadas (mediante atestado médico) deverão ser apresentadas ao


professor até a sexta-feira de cada semana, não implicando atribuição de conceito 0,0
(zero) ao aluno justificadamente ausente na data da apresentação de seu grupo.

→ Na hipótese do grupo responsável pela apresentação em uma semana deixar de


fazê-lo, além de ser atribuído conceito 0,0 (zero) quanto àquela atividade a todos seus
membros, os alunos do grupo em questão ainda perderão, numa escala de zero a dez e
para cada apresentação que deixar de ser realizada, a possibilidade de receber
bonificações obtidas em razão de vitórias de seu grupo ao longo do seminário
equivalente a 1,0 ponto na média final do seminário.
Processo e procedimento

→ As normas que definem e limitam competências, instituem tributos, majoram alíquotas, atribuem
responsabilidade, concedem isenções etc. são normas de direito material tributário.

→ As normas que regulam os atos de fiscalização, o modo como deve ser feita a apuração do montante
do tributo devido (lançamento do tributo), o prazo para o contribuinte impugná-lo, a interposição de
recursos administrativos, a competência da autoridade julgadora etc. são normas de direito processual
em sentido amplo, disciplinando o processo administrativo tributário, que se desenvolve ainda no
âmbito da Administração Tributária, inicialmente de forma não contenciosa, em mero
procedimento verificado antes da prática do ato de lançamento.

→ De modo contencioso, como uma forma de controle interno da legalidade deste, consubstanciando
esta última etapa o processo administrativo tributário propriamente dito.

→ As normas que tratam da execução do crédito apurado pelo Fisco, da penhora de bens, da
interposição de embargos pelo contribuinte, ou da propositura de ação para anular o lançamento, para
obter a restituição de tributos pagos indevidamente etc., são normas de direito processual em sentido
estrito, e tratam do processo judicial tributário.
→ Procedimento é o meio extrínseco pelo qual o processo tem curso, a manifestação
concreta e palpável dos atos praticados pelos sujeitos de forma dialética.

No âmbito tributário, abrange todos os atos prévios à Constituição do crédito


tributário, ocasião em que, por não haver processo, não são assegurados ao
contribuinte garantias como a do contraditório e da ampla defesa.
PRINCÍPIOS VETORES DA CONDUÇÃO DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS

→ Oficialidade

Pelo princípio da oficialidade, tem-se que a Administração Tributária tem a faculdade de agir “de ofício” na
instauração de procedimentos, bem como na prática de atos tendentes ao seu término. Enfim, cabe à
Administração instaurar, desenvolver e concluir seus procedimentos.

→ Inquisitoriedade

Os procedimentos são inquisitórios, no sentido de que levados a cabo unilateralmente pela Administração, sem
a necessária participação do contribuinte. Trata-se de decorrência do fato de os procedimentos
operacionalizarem atividade administrativa típica, sem conteúdo decisório acerca de um conflito de interesses.

→ Cientificação

Impõe que a instauração de procedimentos administrativos em face de determinado contribuinte seja-lhe


comunicada previamente. Ainda que o contribuinte não tenha necessariamente oportunidades de participação
no âmbito do mero procedimento, que é inquisitório em razão de sua natureza não contenciosa, não se pode
negar-lhe a oportunidade de conhecer o procedimento, de acompanhar o desenrolar de suas fases, a fim de
que possa efetuar o posterior e eventual controle da legalidade das mesmas, quer junto à própria
Administração, quer junto ao Judiciário.
→ Busca pela verdade real

Também conhecido como princípio da busca pela verdade material, decorrente direto da regra da
legalidade, a Administração não pode agir baseada apenas em presunções, sempre que lhe for possível
descobrir a efetiva ocorrência dos fatos correspondentes.
É natural que, em face de uma verdadeira impossibilidade de se conhecer a “verdade material”, e em
decorrendo essa impossibilidade de falta imputável ao contribuinte, a Administração não pode ter a sua
atividade tolhida.

→ Subordinação hierárquica

Como a atividade administrativa tributária é plenamente vinculada, as autoridades superiores exercem


poder hierárquico precipuamente através da edição de normas infralegais, tais como instruções
normativas, portarias, ordens de serviço etc., às quais as autoridades que lhes são subordinadas devem
obediência. Não existe essa mesma subordinação hierárquica no que diz respeito aos órgãos julgadores,
em relação à sua atividade atípica de julgamento.

→ Dever de fundamentação

Por tal princípio, tem-se que os atos que compõem os procedimentos, e especialmente o ato praticado ao
final destes, devem contar com a devida fundamentação.
Princípios inerentes aos processos administrativo e judicial

→ Devido processo legal


O cidadão tem direito à existência de um processo administrativo de controle da legalidade dos atos do
poder público, processo este que há de ser útil, ou seja, a sua instauração deve ensejar a suspensão dos
efeitos do ato nele impugnado. Tem direito, ainda, a que esse processo desenvolva-se de maneira
equilibrada e razoável.

→Ampla defesa e contraditório


Um auto de infração, por exemplo, deve conter detalhadamente a descrição do fato imputado ao sujeito
passivo, gerador do dever de pagar o tributo ou a multa então lançados, bem como dos dispositivos legais
que a Administração entende aplicáveis. A falta desses requisitos, porque dificulta ou até inviabiliza a
defesa do sujeito passivo, é causa para a nulidade da autuação. Não supre a exigência de fundamentação
a mera referência lacunosa a uma “diferença de imposto apurada”, ou outras frases igualmente vagas,
que se enquadrariam a qualquer autuação, e por isso mesmo não fundamentam validamente nenhuma.

→ Instrumentalidade e economia processuais


Tanto no processo judicial, como no administrativo, o cumprimento de qualquer formalidade só será
exigível quando, além de previsto em lei, e compatível com os demais princípios jurídicos, for adequado,
necessário e proporcional ao atendimento das finalidades às quais citados processos se destinam. O
princípio da economia processual enseja a adoção, no decorrer do processo, de meios menos onerosos e
mais simples, a fim de que com o menor esforço se obtenha o mais proveitoso resultado.
→ Duplo grau de jurisdição
Segundo o princípio do duplo grau de jurisdição, a parte insatisfeita com determinada decisão tem direito
a recorrer a um segundo órgão julgador, com idêntico poder e amplitude de conhecimento do órgão
recorrido, para que este dite nova decisão substitutiva da precedente.

→ Necessária fundamentação das decisões


O dever de fundamentação é de ser observado em todos os casos, e a sanção para o seu
descumprimento é a nulidade. Isso sugere que sua estrutura não é propriamente a de um princípio, mas a
de verdadeira regra.
ArcelorMittal tenta no Carf anular
autuação de R$ 1,25 bi

Contribuintes vencem no Carf disputa


sobre tributação de lucros no exterior
→ Art. 7º O procedimento fiscal tem início com:

I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito
passivo da obrigação tributária ou seu preposto;

II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros;

III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. (DECRETO Nº 70.235, DE 6 DE


MARÇO DE 1972.)
Seleção de Contribuintes para o início da fiscalização

→ Informações erradas nas diversas declarações apresentadas ao Fisco


(DCTF, IRPJ, etc.);

→Sinais exteriores de riqueza, grande patrimônio e baixa contribuição;

→Ações Judiciais que questionam a exigibilidade de tributos (precaver a


decadência do direito de lançar);
Seleção de Contribuintes para o início da fiscalização

→ Fiscalizações de rotina;

→ Investigações apuradas nas Comissões Parlamentares de Inquérito;

→ Denúncias dos Ministérios Públicos Federal e Estadual; e

→ Denúncias anônimas.

OBS: A opção preferencial da Receita Federal do Brasil é pela fiscalização


dos contribuintes com maior capacidade contributiva.

Início da Fiscalização — Procedimento Fiscal


A RFB realiza os seguintes procedimentos fiscais:

→ Fiscalização: são as ações que objetivam a verificação do cumprimento


das obrigações tributárias relativas aos tributos e contribuições
administrados pela RFB, bem assim da correta aplicação da legislação do
comércio exterior, podendo resultar em constituição de crédito tributário ou
apreensão de mercadorias.

→ Diligência: são as ações destinadas a coletar informações ou outros


elementos de interesse da administração tributária, inclusive para atender
exigência de instrução processual.
→ Os procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições
administrados pela RFB são executados em nome desta, pelos
Auditores Fiscais da Receita Federal e instaurados mediante ordem
específica denominada Termo de Distribuição do Procedimento Fiscal
(TDPF).

→ O Termo é expedido exclusivamente na forma eletrônica, e pode ser


classificado em:

Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal de Fiscalização (TDPF-F),


para iniciar procedimento de fiscalização;
Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal de Diligência (TDPF-D), para
realização de diligência; e
Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal Especial (TDPF-E), para
prevenção de risco de subtração de prova.
Havendo dúvidas quanto à incidência de um determinado tributo cuja
notificação ainda não tenha sido efetuada, qual o procedimento
recomendado?

RESPOSTA: CONSULTA
CONSULTA FISCAL

→ A legislação tributária prevê o instituto da Consulta, pela qual o contribuinte, por meio de petição, procura dirimir
dúvidas de natureza interpretativa junto ao órgão administrativo fiscal competente, não podendo, de regra (salvo
manifesta má-fé), sobre matéria pendente de resposta, ser autuado.

A resposta, positiva (incidência tributária, parcial ou total) ou negativa (não incidência tributária, total ou parcial), gera
efeitos jurídicos, e, caso não lhe favoreça, o consulente pode rever seu entendimento, ou, então, tomar as medidas
judiciais que entenda cabíveis.

Na pendência da consulta, estabelece o CTN:

“Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo
determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de
garantia previstas nesta Lei ou em lei ordinária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal
para pagamento do crédito.’’

No AgRg no AgRg no REsp 747.383/SC, a 1ª Turma do STJ, Francisco Falcão, unânime, 20-6-2006, DJU 24-8-2006,
p. 103, decidiu:
“I – A consulta fiscal não suspende o prazo para pagamento do tributo e, apesar deste ter sido recolhido integralmente
antes da instauração de procedimento administrativo, não caracteriza denúncia espontânea, pois se trata de tributo
sujeito ao lançamento por homologação.”
A empresa Qualquer uma deixou, por equívoco, de recolher a contribuição
para o Programa de Integração Social – PIS referente ao mês de maio/06.
Considerando que a empresa tem a intenção de pagar esse valor à vista,
elabore uma resposta à consulta do cliente sobre os encargos devidos no
procedimento de denúncia espontânea, assim como sobre o entendimento
das autoridades fiscais federais acerca da extensão desse instituto.
Nos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 1966) “A
responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do
pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo
dependa de apuração”. A denúncia espontânea afasta a exigência não só da multa punitiva, mas,
também, da multa moratória.
Dessa forma, sobre os débitos denunciados espontaneamente há apenas a incidência de juros
moratórios, correspondentes aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação
e de Custódia – SELIC.EMENTA: TRIBUTÁRIO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – PARCELAMENTO –
MULTA MORATÓRIA – AFASTAMENTO – PRECEDENTES (ERESP.193.530/RS). – A eg. Primeira Seção
do STJ já assentou o entendimento no sentido de que, não havendo procedimento administrativo em
curso pelo não recolhimento do tributo e tendo sido deferido o pedido de parcelamento, está configurada
a denúncia espontânea, que exclui a responsabilidade do contribuinte, tornando inexigível o pagamento
da multa moratória. – Ressalva do ponto de vista do relator. – Recurso conhecido e provido. (STJ, 2ª
Turma,REsp n° 237.841/CE, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. 12.03.2002, v.u.,DJU 13.05.2002)
Uma empresa recebe notificação da Receita Federal cobrando imposto que ela julga
não ser devido. Que tipo de procedimento ela poderia adotar em sua defesa? Quais os
fundamentos legais desse procedimento?

RESPOSTA: RECLAMAÇÃO OU IMPUGNAÇÃO (art. 151 do CTN.)


MODALIDADES DE LANÇAMENTO

→ Lançamento por declaração – CTN, art. 147

No lançamento por declaração, o contribuinte apresenta formulário (declaração de informações), cujos


dados nele contidos, se considerados corretos, são tomados pelo Fisco para apurar o montante do tributo
devido.

→ Lançamento de ofício – CTN, art. 149

Refere-se aos casos em que o Fisco é detentor de elementos suficientes para efetuar o lançamento,
notificando o contribuinte sobre o montante do tributo devido.

→ Lançamento por homologação – CTN, art. 150

O lançamento por homologação costuma ser nomeado de autolançamento, porque o contribuinte


procederia, ele mesmo, ao lançamento.
Entretanto, o sujeito passivo não efetua o lançamento propriamente dito, sujeito à homologação pela
autoridade administrativa. Ele simplesmente exerce a atividade de calcular o tributo devido, informar e
pagar no prazo assinalado pela legislação. E é toda essa atividade (cumprimento das obrigações
acessória e principal) que está sujeita à homologação.
PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTOS

→ É preciso dar importância aos documentos que devem ser mantidos à disposição do Fisco e do Juízo.

→ Quanto ao tempo durante o qual os documentos devem ser guardados, se acha relacionado, cumulativamente,
com:

a)os prazos de decadência e de prescrição. Existindo dúvida ou entendimentos divergentes, por cautela, deve-se
optar pelo prazo maior;

b)as obrigações tributárias que estão sendo objeto de discussão em processos administrativos e judiciais. Toda a
documentação probante deve ser guardada.

→ Quanto aos documentos que devem ser guardados, são os que implicam obrigações tributárias principais e
acessórias. Documentos fiscais propriamente ditos, como livros e notas fiscais; documentos de informações e de
arrecadação (folhas de pagamento e demais documentos por serviços prestados por terceiros – de referibilidade para
o cálculo das contribuições sociais em geral, imposto de renda e outros), como também dos principais livros da
empresa, que, pensamos, devem ser guardados para sempre, como o Diário e seus livros auxiliares (estes últimos
porque detalham os lançamentos feitos naquele livro).

Lei nº 9.430/96, cujo art. 37 trata da guarda de documentos, e o art. 38, quanto à mantença de documentação
técnica completa e atualizada do sistema de arquivos magnéticos.
Princípios peculiares ao processo administrativo

→ Utilidade do processo administrativo


O processo administrativo, enquanto instrumento de controle da legalidade dos atos da administração, há
de ser útil. Isso significa, entre outras coisas, que não se pode admitir que, antes de concluído o processo,
uma das partes envolvida sofra dano de tal ordem que a decisão a ser finalmente proferida perca a sua
finalidade.

→ Não submissão do órgão julgador ao poder hierárquico


Os órgãos julgadores estão adstritos ao poder hierárquico do Ministro do Estado, ou do Secretário
Estadual ou Municipal, somente no que diz respeito às suas funções administrativas típicas, tais como
horário de funcionamento da repartição, critérios de nomeação etc., mas não no que se relaciona ao
mérito de suas decisões.
→ Oficialidade

Cumpre à autoridade administrativa a instauração, o impulso e a conclusão do processo


administrativo.

→ Verdade material
“Presunção de veracidade dos atos administrativos”. Decisão do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais – CARF:

“PAF – ÔNUS DA PROVA – cabe à autoridade lançadora provar a ocorrência do fato constitutivo do
direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar do fisco cabe ao sujeito passivo alegar
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos e além de alegá-los, comprová-los efetivamente, nos
termos do Código de Processo Civil, que estabelece as regras de distribuição do ônus da prova
aplicáveis ao PAF, subsidiariamente. [...]”
DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA

→ A Lei 4.320/64, define que os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, não
pagos no vencimento, serão inscritos como Dívida Ativa, em registro próprio, após o prazo fixado para
recolhimento do tributo ou somente depois de “decisão final proferida em processo regular”.

a) Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal
relativa a tributos e respectivos adicionais e multas.

b) Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de
contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros,
laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação, etc.

→ Antes do vencimento do tributo, ou mesmo após a instauração do contencioso tributário, o contribuinte


poderá impugnar o lançamento. Nesta última hipótese, somente depois de ultimado o processo
administrativo instaurado a partir da impugnação do contribuinte e, sendo esta improcedente, é que a
Fazenda Pública deverá adotar os procedimentos para inscrição do débito em Dívida Ativa.

→ A Dívida Ativa não pode ser confundida com constituição do crédito tributário.
FORMALIDADES DA INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA (CTN)

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará
obrigatoriamente:

I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio
ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da
inscrição.

Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são
causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser
sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito
passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.

Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova
pré-constituída.
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca,
a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
→ A Dívida Ativa regularmente inscrita consubstanciará a futura execução fiscal, constituindo-se em título
executivo extrajudicial.

→ É indispensável que a Certidão de Dívida Ativa, que embasa a futura execução fiscal, discrimine a
composição do débito: principal, atualização, juros, multa, encargo legal, gozando o título executivo da
presunção de liquidez e certeza.

POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO OU EMENDA DA CDA

→ O CTN bem como a Lei de Execução Fiscal, a despeito da presença de vícios que contaminem a CDA,
permitem que a nulidade seja sanada mediante a substituição da CDA nula até a decisão de primeira
instância.

→ Neste último caso, devolve-se ao sujeito passivo ou interessado o prazo para defesa, que somente
poderá versar sobre a parte modificada (princípio da economia processual).

→ A jurisprudência do STJ faz a distinção entre possibilidade de emenda ou substituição da CDA diante
de erro material ou formal do próprio título, e a hipótese de vício na própria formação do título
(inscrição em Dívida Ativa) ou decorrente do próprio lançamento tributário.

→ Permite-se nas hipóteses de mera irregularidade a continuidade do feito executivo, sanando-o sem
precisar promover a substituição do título
→ O erro na indicação do sujeito passivo constante na CDA não é considerado formal ou material a
possibilitar a substituição antes de proferida sentença nos embargos à execução, motivo pelo qual
levou o STJ a editar a Súmula 392: “a Fazenda Pública pode substituir a certidão de Dívida Ativa
(CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou
formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução”.

→ Exemplo: o devedor de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) vende o


automóvel a outro, mas não comunica ao órgão responsável a transferência do veículo, mantendo em
seu nome – talvez displicentemente, a propriedade do bem.

→ Solução: desistir da execução fiscal contra devedor incorreto e, em seguida, ajuizar contra o novo
proprietário do bem.

→ Vício formal é o que não atinge nenhum dos aspectos essenciais do lançamento, listados no artigo 142
do CTN, a saber: descrição do fato gerador, determinação da base de cálculo, apuração do montante
devido, identificação do(s) sujeito(s) passivo(s) e, sendo o caso, indicação da penalidade cabível

→ Vício material é o que atinge qualquer daqueles elementos essenciais: erro na descrição dos fatos
tributáveis, no seu enquadramento jurídico, na identificação do(s) sujeito(s) passivo(s), etc.
MODALIDADES DE CERTIDÃO DE REGULARIDADE FISCAL

a) Certidão negativa: trata-se de certidão expedida sem apontar débitos do contribuinte requisitante.
Atualmente, para diversos atos da vida civil e empresarial são exigidas certidões negativas. Existem
também várias espécies de certidão (da justiça eleitoral, de débitos trabalhistas, de débitos do INSS). A
previsão normativa confere o prazo de 10 (dez) dias para emissão e fornecimento da CND, porém,
atualmente, com o processamento eletrônico do documento não se mostra razoável o contribuinte ter que
aguardar todo este tempo, devendo-lhe ser entregue de forma imediata, muitas vezes sem sequer
precisar se dirigir ao órgão Fazendário.41

b) Certidão positiva: o título apontará débito(s) do contribuinte, indicando sua condição de irregularidade
fiscal. Para que o débito seja indicado na certidão deve ter superado o prazo de vencimento do tributo ou
depois de ultimado definitivamente processo administrativo fiscal, no qual tenha se discutido o crédito
tributário da Fazenda Pública.

c) Certidão positiva com efeito de negativa: nesta certidão, haverá indicação dos débitos tributários
vencidos do contribuinte, contudo, nas hipóteses expressamente previstas em lei, permite-se que seja
dotada de efeito negativo. Nesta situação, o contribuinte – para todos os efeitos – deve ser tratado como
se não possuísse débitos tributários, embora apareça no título a indicação do tributo devido. Poderá ele
praticar quaisquer atos que dependam de apresentação de certidão negativa.
PROTESTO DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA E “NEGATIVAÇÃO” NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO

→ Em 2018, o STJ, no REsp 1.686.659/SP, julgado sob a sistemática do recurso repetitivo enfrentou
definitivamente o tema concluindo da seguinte forma: “A Fazenda Pública possui interesse e pode
efetivar o protesto da CDA, documento de dívida, na forma do art. 1º, parágrafo único, da Lei
9.492/1997, com a redação dada pela Lei 12.767/2012”.

→ O STJ, em fevereiro de 2021, em sede de recurso repetitivo, sobre a possibilidade ou não de inscrição
em cadastros de inadimplentes, por decisão judicial, do devedor que figura no polo passivo de
execução fiscal, entendeu ser cabível, independentemente do esgotamento prévio de outras medidas
executivas, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à existência do direito ao crédito previsto na
Certidão de Dívida Ativa – CDA.

Tema Repetitivo 1026: “O art. 782, § 3º do CPC é aplicável às execuções fiscais, devendo o
magistrado deferir o requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes, preferencialmente pelo sistema SERASAJUD, independentemente do esgotamento
prévio de outras medidas executivas, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à existência do
direito ao crédito previsto na Certidão de Dívida Ativa – CDA.”
→ É condição no curso da execução fiscal autorização judicial para “negativação” do executado ou
poderia o Fisco promover diretamente a inclusão no SERASA, SPC, ou Cartório de Protesto, por
exemplo, no exercício inerente às suas atividades de cobrança.
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO

O Processo Tributário tem como ponto de partida a Constituição Federal, cujo art. 5º:

“LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.’’

O art. 142 do Código Tributário Nacional estabelece: (fase oficiosa)

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.

O Decreto nº 70.235/72, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal federal: (fase contenciosa)

“Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento.’’


→ O Decreto n° 70.235/72, a princípio, regia o processo administrativo de determinação
e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da
legislação tributária federal, isto é, o Processo Administrativo Fiscal (PAF). Atualmente,
porém, aplica-se o seu rito também em outros casos, como:

a) Compensação de tributos no caso de não homologação, isto é, não aceitação pela


Administração;
b) Exclusão do SIMPLES.

RITO PROCESSUAL

→ O Decreto nº 70.235 estabelece um rito processual que decorre da especialização


dos julgadores, distinto daquele definido pela Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

→ A aplicação da Lei n° 9.784 aos processos administrativos regidos pelo Decreto


n.º 70.235/72 é apenas subsidiária.
→ No PAF as impugnações se dirigem a órgão diverso daquele que realizou o ato administrativo de
lançamento, denominado de Delegacia Regional de Julgamento (DRJ), definido como primeira
instância administrativa.

Delegacias de Julgamento (DRJ)→


(https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/quem-e-quem/unidades-
regionais-e-locais/delegacias-de-julgamento-drj/delegacias-de-julgamento-drj)
DOS ATOS E TERMOS PROCESSUAIS

→ Categoria específica de atos administrativos, relacionados ao processo administrativo fiscal. A sua


importância será ressaltada na análise das nulidades processuais.

→ O ato administrativo há cinco elementos a considerar: a manifestação da vontade, o motivo, o objeto, a


finalidade e a forma.

manifestação da vontade: pessoas postas ao serviço do Estado para o exercício de atribuições


determinadas; (competência)
motivo: razões em que ele se baseia. Estritamente legal, assentando sempre no interesse público;
objeto: está na modificação, que por meio dele se vise trazer à ordem jurídica;
finalidade: é o resultado prático que se procura alcançar pela modificação trazida à ordem jurídica;
forma: é o meio pelo qual se exterioriza a manifestação da vontade. Por ela se corporifica o ato.

Dec. 70.235/72:
“Art. 2º Os atos e termos processuais, quando a lei não prescrever forma determinada, conterão
somente o indispensável à sua finalidade, sem espaço em branco e sem entrelinhas, rasuras ou
emendas não ressalvadas”.
DOS PRAZOS

→ O art. 5º que informa como será feita a contagem do prazo no PAF. Esse artigo é cópia do art. 210 do
CTN:

Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia do início e incluindo-se o
do vencimento.

→ Quanto às regras de contagem de prazo:

Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que
corra o processo ou deva ser praticado o ato.

→ Com relação à contagem dos prazos, esta se faz continuadamente, computando-se também os dias
feriados. O dia inicial (dies a quo) exclui-se da contagem, contando-se, porém, o do vencimento
(dies ad quem). Portanto, o começo da contagem só se perfaz a partir do dia seguinte. Mas é preciso
que esse dia seja útil.
→ Os prazos no PAF, assim como no Processo Civil, são matéria de ordem pública, sua inobservância
pode ser declarada ex officio, acarretando a preclusão.

→ A intimação no processo administrativo fiscal: via de regra, feita por Aviso de Recebimento do Correio
(AR). Ao contrário da publicação no Diário Oficial, exigida no caso do processo judicial. No caso de
extravio do AR ou de eventual dificuldade em definir a data de seu recebimento, a situação fática deve ser
interpretada de forma a restringir o direito do contribuinte o mínimo possível.

→ O disposto no art. 183 do Código de Processo Civil (CPC), que se aplica supletivamente ao Processo
Administrativo Fiscal.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.
OS PRINCIPAIS PRAZOS PREVISTOS NO DECRETO 70.235/72

Cinco dias:

a)para oposição de embargos de declaração, contados da ciência do acórdão, quando este contiver
obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o
qual deveria pronunciar-se a turma. (art. 65, § 1º da Portaria MF 343/2015);

b)para interposição de agravo do despacho que negar seguimento, total ou parcial, ao recurso especial,
interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado
outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF, contados da ciência do despacho que
lhe negou seguimento (Câmara Superior de Recursos Fiscais) (art. 71, § 1º da Portaria MF 343/2015);

c)para que o conselheiro informe à Presidência da Câmara situação de impedimento ou suspeição em


relação a processo pautado, antes da data da reunião da sessão de julgamento (art. 44, § 2º, da Portaria
MF 343/2015).

Oito dias: para execução, pelo servidor, de atos processuais, se outro prazo não for especificado (art. 4.º
do Decreto 70.235/1972)
Quinze dias:

a)após a expedição da intimação, para considerar-se o sujeito passivo intimado, quando, feita a intimação
por via postal, for omitida a data do recebimento no comprovante respectivo (art. 23, § 2.º, II, do Decreto
70.235/1972);

b)para considerar-se o sujeito passivo intimado, no caso de intimação por meio eletrônico, contado este
prazo da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo ou no meio
magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo (art. 23, § 2.º, III, “a” e “b”, do Decreto
70.235/1972);

c)para considerar-se o sujeito passivo intimado, após a publicação do edital, quando este for o meio de
intimação utilizado (art. 23, § 2.º, IV);

d)para interposição de recurso especial, contra decisão que der à legislação tributária interpretação
divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria Câmara
Superior de Recursos Fiscais (CSRF), contados da data da ciência da decisão (art. 68 da Portaria MF
343/2015);

e)para oferecimento de contrarrazões ao recurso especial interposto (art. 69 e 70 da Portaria MF


343/2015);
Dez dias:

a)para manifestação sobre de representação de nulidade dos despachos e decisões


proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa (art. 80, §
7º, da Portaria MF 343/2015).

b)para interposição de recurso contra decisão de Turma Ordinária que declarar ou


rejeitar a nulidade, contados da ciência da decisão (art. 80, § 12 da Portaria MF
343/2015).
Trinta dias:

a)para realização, pela autoridade local, de atos processuais que devam ser praticados em sua jurisdição, por
solicitação de outra autoridade preparadora ou julgadora (art. 3.º do Decreto 70.235/1972);

b)para apresentação, ao órgão preparador, da impugnação da exigência fiscal originária (art. 15), modificada
antes do julgamento (art. 18, § 3.º), ou agravada na decisão (art. 15, parágrafo único), todos do Decreto
70.235/1972;

c)para interposição de recurso voluntário aos Conselhos de Contribuintes, contra a decisão de primeira
instância (art. 33 do Decreto 70.235/1972);

d)para cobrança amigável, contados do término do prazo previsto ou da ciência da decisão administrativa final,
quando o sujeito passivo não cumprir a exigência, não a impugnar, nem dela recorrer, quando cabível (arts. 21
e 43 do Decreto 70.235/1972);

e)para que o Procurador da Fazenda Nacional seja considerado intimado pessoalmente das decisões do
CARF, contados da data em que os respectivos autos forem entregues à PGFN, salvo se antes dessa data o
Procurador se der por intimado mediante ciência nos autos (art. 79 da Portaria MF 343/2015).

f)para que o Procurador da Fazenda Nacional apresente contrarrazões ao recurso voluntário e razões ao
recurso de ofício, contados da data da disponibilização dos processos requisitados (art. 48, § 2º, da Portaria
MF 343/2015).
Sessenta dias: prazo para validade do procedimento fiscal iniciado por apreensão de
mercadorias, documentos ou livros, ou por ato escrito cientificado ao sujeito passivo ou
seu preposto, podendo o referido prazo ser prorrogado, sucessivamente, por igual
período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos
(art. 7.º, § 2.º, do Decreto 70.235/1972).
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO

→ Enquanto estiver em curso o processo administrativo fiscal com a insurgência pelo contribuinte via
impugnação, ocorre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o que inviabiliza a declaração da
prescrição intercorrente.
→ Nesta mesma linha de narrativa, não haveria regra própria e específica para aplicação da prescrição
intercorrente ao processo administrativo fiscal.

PROCESSO ADMINISTRATIVO – FASE OFICIOSA DO PAF

→ A primeira etapa dessa fase interna é a instauração, que marca de maneira evidente o início do
processo administrativo fiscal, afinal, mesmo que ainda não haja crédito tributário constituído, há o dever
de fiscalização da Administração que vincula a autoridade fiscal à persecução de um crédito tributário não
extinto.
O art. 7º do Decreto nº 70.235 define as três hipóteses de início do procedimento de fiscalização:

Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001)

I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da
obrigação tributária ou seu preposto;
II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros;
III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada.

§ 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores
e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas.

§ 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta
dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o
prosseguimento dos trabalhos.

Parágrafo único: Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.
→ O termo jurídico “denúncia” é conceituado como dar notícia, avisar, relatar quanto aos fatos ou tornar
público fato ou direito, ou, ainda, ofensa a direito. Em suma, é dar o conhecimento ao Fisco de que o
procedimento adotado pelo contribuinte está em desacordo com as normas em vigor. O art. 138 do
CTN exige que o contribuinte inadimplente reconheça, espontaneamente, a sua situação de
irregularidade fiscal. Ou seja, aquele que realizar a autodenúncia estará, dependendo do caso,
excluído da aplicação da multa.

→ O STJ já pacificou questão outrora controvertida, no sentido de ser inaplicável a denúncia espontânea
em relação aos tributos lançados por homologação, sempre que o débito tributário houver sido
declarado à Fazenda sem a correspondente quitação pelo contribuinte, conforme acórdão proferido em
súmulas abaixo elencadas:

STJ Súmula nº 360


O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação
regularmente declarados, mas pagos a destempo.

STJ Súmula nº 436


A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário,
dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
SIGILO DAS OPERAÇÕES FINANCEIRAS DOS CONTRIBUINTES E COMPARTILHAMENTO DE
INFORMAÇÕES FISCAIS

→ Outro condicionamento de destaque que decorre da existência de processo instaurado diz respeito ao
sigilo das operações financeiras de contribuintes junto a instituições bancárias, como se extrai do art.
6º da Lei Complementar 105/2001, para fins de obtenção por parte das autoridades e agentes fiscais,
de dados constantes das contas e aplicações.

→ As autoridades e os agentes fiscais da União, dos estados, do DF e dos municípios somente poderão
examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de
depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento
fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa
competente.

→ Considerando a gravidade da medida prevista, bem como seu impacto na ordem jurídica, foi
necessário regulamentar o dispositivo transcrito. Sobre o tema, tem-se o Decreto federal 3.724, de
2001, que disciplina a requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal, de informações
referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equiparadas.
Justiça quebra o sigilo do imposto
de renda do apóstolo Valdemiro
Santiago

08/09/2022 10h25
https://noticias.uol.com.br/colunas/rogerio-gentile/2022/09/08/justica-quebra-do-
sigilo-do-imposto-de-renda-do-apostolo-valdemiro-santiago.htm
DO AUTO DE INFRAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO

→ De acordo com o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, Auto de Infração e Notificação de lançamento são os
atos administrativos pelos quais a Administração Pública torna o débito fiscal exigível.

→ O auto de infração decorre de um procedimento de fiscalização realizado no contribuinte, enquanto a


notificação de lançamento surge da análise das informações prestadas pelo próprio contribuinte.

→ A competência para a lavratura também é distinta: no primeiro caso é a autoridade fiscal responsável
pela fiscalização, enquanto no segundo a competência é do chefe da repartição fiscal (Delegado ou
Inspetor).
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO – FASE CONTENCIOSA DO PAF

→ A intimação do sujeito passivo para ciência de sua condição ante determinada obrigação tributária abre
a possibilidade de instauração do contencioso administrativo que não constitui estágio obrigatório, mas
a oportunidade de contraposição, na via administrativa, à atividade oficiosa e impositiva do poder de
tributar.

DA IMPUGNAÇÃO

→ É a impugnação que, tecnicamente instaura a fase litigiosa do procedimento, conforme o art. 14 do


Decreto nº 70.235/72. Até a impugnação, há mero procedimento administrativo.

→ O art. 16 do Decreto nº 70.235/72 estabelece os requisitos da impugnação.

→ O art. 17 do mesmo diploma informa a necessidade de impugnação expressa, sob pena de se


considerarem aceitas pelo contribuinte as partes do auto de infração ou notificação de lançamento que
não forem expressamente impugnadas. Entretanto, o contribuinte pode, em homenagem ao princípio
da verdade material, requerer diligências com a finalidade de comprovar a inexigibilidade do crédito
tributário.
→ A impugnação será formalizada e instruída com os documentos em que se fundamentar, dirigida ao
órgão preparador, no prazo de 30 dias, a contar da data em que for feita a intimação (art. 15 do Decreto
70.235/1972).

→ A petição deve indicar as qualificações do interessado e a autoridade julgadora, além de fundamentar o


pedido nos motivos de fato e de direito que o sustentam, demonstrando os pontos de concordância e
as razões e provas que desconstituem o ato impugnado, sob pena de preclusão dos argumentos e
provas já disponíveis.

→ Sob pena de perda do direito de comprovar o alegado, segundo a Lei do PAF, o impugnante deve
apontar as diligências e perícias que porventura se pretendam realizar, antecipando os quesitos e
assistentes técnicos a serem indicados, se for o caso.

→ Aspecto a ser trazido aos autos pelo contribuinte é a cópia da petição inicial que porventura tenha
submetido à apreciação do Poder Judiciário a matéria impugnada.

Súmula CARF 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo
de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício,
com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão
de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
→ Não serão apreciadas, no âmbito do processo administrativo fiscal, as alegações de
inconstitucionalidade como fundamento para se afastar a aplicação ou deixar de observar tratado,
acordo internacional, lei ou decreto. Esse óbice somente inexiste caso a norma atacada já tenha sido
declarada inconstitucional por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal.

Art. 16. A impugnação mencionará:

I - a autoridade julgadora a quem é dirigida;


II - a qualificação do impugnante;
III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas
que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)
IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as
justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de
perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748,
de 1993)
V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição.
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo
impugnante.
REVELIA: ADMINISTRATIVA E COBRANÇA DO CRÉDITO

→ A consolidação administrativa da obrigação tributária constituída pelo lançamento:

ausência de impugnação ou de pagamento no prazo legal

→ Não pagou ou não impugnado: incumbe à autoridade fiscal declarar a revelia do sujeito passivo em
relação à parte não litigiosa do crédito e proceder à cobrança amigável da exação, pelo prazo de 30
dias (art. 21 do Decreto 70.235, de 1972).

→ Não impede o curso do prazo prescricional para ajuizamento da cobrança judicial.

→ Diante do inadimplemento de parte da obrigação tributária “não impugnada”, o órgão preparador


providenciará a formação de autos apartados para imediata cobrança amigável, antes da remessa dos
autos para julgamento da impugnação apresentada (art. 21, § 1º, do Decreto 70.235/1972). A
suspensão da exigibilidade do crédito somente abrange a parte impugnada da obrigação.

→ Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago o crédito tributário, o órgão
preparador declarará o sujeito passivo devedor remisso e encaminhará o processo à autoridade
competente para promover a cobrança executiva (art. 21, § 3º, do Decreto 70.235, de 1972).
INTIMAÇÃO

→ Formas regulares de intimação no processo administrativo fiscal (art. 23 do Decreto 70.235, de 1972):

(i) pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela,
provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com
declaração escrita de quem o intimar;

(ii) por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio
tributário eleito pelo sujeito passivo.

(iii) por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante:

a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo;

b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo.

→ Não têm ordem de preferência entre si.

→ Quanto à notificação por via postal, sua validade é reconhecida mesmo que quem a tenha recebido
não seja o representante legal do destinatário.
Domicílio Tributário Eletrônico – DTE

Art. 2º Os atos e termos processuais, quando a lei não prescrever forma determinada, conterão somente o
indispensável à sua finalidade, sem espaço em branco, e sem entrelinhas, rasuras ou emendas não
ressalvadas.

Parágrafo único. Os atos e termos processuais poderão ser formalizados, tramitados, comunicados e
transmitidos em formato digital, conforme disciplinado em ato da administração tributária.

→ A partir de manifestação expressa do sujeito passivo, mediante termo de adesão à nova sistemática
que indique a caixa postal a ser considerada como novo domicílio tributário.

Art. 23. Far-se-á a intimação:


§ 2° Considera-se feita a intimação:
III - se por meio eletrônico:
a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário
do sujeito passivo;
b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela
administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou
(iv) Quando resultar improfícuo outro meio de intimação ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição
declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado:
I – no endereço da administração tributária na internet;
II – em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação;
III – uma única vez, em órgão da imprensa oficial local.

→ Considera-se realizada a intimação por edital 15 dias após sua publicação (art. 23, § 2º, inciso IV, do
Decreto 70.235/1972).

→ Procedimento que somente se justifica somente depois de caracterizada irrefutável a tentativa inútil de
intimação do contribuinte por meio das outras modalidades previstas na norma.

→ A intimação via edital, portanto, é considerada válida desde que demonstrada a tentativa de intimação
do contribuinte por via postal.
→ Em se tratando de aplicação das normas tributárias no espaço, a regra de intimação é a da
territorialidade e, portanto, o domicílio do sujeito passivo delimita a competência tributária para
arrecadação e, ainda, viabiliza sua localização territorial pelo Estado na persecução do cumprimento
da obrigação tributária.

→ O sujeito passivo da obrigação tributária tem a liberdade para estabelecer seu domicílio, mas de
natureza relativa: a autoridade administrativa poderá recusar essa escolha, de forma fundamentada,
quando o domicílio fiscal eleito imponha dificuldade à atividade arrecadatória ou de fiscalização.
COMPETÊNCIA

→ O julgamento do processo de exigência de contribuições ou tributos administrados pela Secretaria da


Receita Federal compete (arts. 25 e 26 do Decreto 70.235, de 1972):

I – em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de deliberação interna


e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal;

a) aos Delegados da Receita Federal, titulares de Delegacias especializadas, nas atividades


concernentes a julgamento de processos, quanto aos tributos e contribuições administrados pela
Secretaria da Receita Federal.

b) às autoridades mencionadas na legislação de cada um dos demais tributos ou, na falta dessa
indicação, aos chefes da projeção regional ou local da entidade que administra o tributo, conforme for por
ela estabelecido.

II – em segunda instância, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, órgão colegiado,


paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, atual Ministério da Economia, com atribuição
de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de
natureza especial;
JULGAMENTO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA

→ A decisão conterá relatório, fundamentos, conclusão e ordem de intimação do interessado,


identificados todos os autos de infração ou as notificações de lançamento que constituam seu objeto e
detalhando as razões de defesa suscitadas (art. 31 do Decreto 70.235/1972).

→ Deve, ainda, enfrentar distinta e fundamentadamente as questões preliminares alegadas e depois o


mérito da impugnação, apreciando as provas como elementos formadores de livre convicção do órgão
julgador, podendo demandar sobre sua produção (arts. 28 e 29 do Decreto 70.235/1972).

→ A decisão da impugnação não é passível de pedido de reconsideração (art. 36 do Decreto


70.235/1972), mas pode ser impugnada por recurso voluntário, total ou parcialmente, com efeito
suspensivo, no prazo de 30 dias de sua ciência (art. 33 do Decreto 70.235/1972).

→ Será objeto de recurso de ofício pela autoridade de primeira instância, por declaração na própria
decisão, sempre que exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor
total (lançamento principal e decorrentes)
JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA

→ As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de
Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543-B e 543-C da Lei 5.869, de 1973,
ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei 13.105, de 2015 – CPC (Julgamento dos Recursos Extraordinário e
Especial Repetitivos), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no
âmbito do CARF.

→ Das decisões colegiadas do CARF não cabe pedido de reconsideração128, mas podem ser
interpostos:

(i) Embargos de Declaração, em 5 dias, a serem apreciados pelo próprio colegiado que tenha proferido a
decisão embargada; e

(ii) Recurso Especial dirigido à Câmara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 15 (quinze) dias, contra
decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara, turma de
Câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais (art. 37, § 2º, do Decreto
70.235, de 1972).

→ Da decisão que não conhece do recurso especial cabe a interposição de agravo interno, nos termos de
que dispõe o art. 71 do Regimento do CARF.
→ Terão tramitação prioritária os processos no CARF que:

(i) contenham circunstâncias indicativas de crime, objeto de representação fiscal para fins penais;

(ii) tratem de exigência de crédito tributário de valor igual ou superior ao determinado pelo Ministro de
Estado da Fazenda (Economia), inclusive na hipótese de recurso de ofício;

(iii) atendam a outros requisitos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda;

(iv) a preferência tenha sido requerida pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional;

(v) a preferência tenha sido requerida pelo Secretário da Receita Federal do Brasil; e

(vi) figure como parte ou interessado, nos termos do art. 69-A da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; portadora de deficiência física ou mental;
portadora de moléstia grave; portadora de câncer (Estatuto da Pessoa com Câncer – Lei 14.238/2021),
mediante requerimento do interessado e prova da condição.
EFICÁCIA E EXECUÇÃO DAS DECISÕES PROFERIDAS NO PAF

→ Os atos e as decisões administrativas exarados no âmbito do Processo Administrativo Fiscal estão


sujeitos a controle, segundo prescrevem os princípios do contraditório e da ampla defesa, ao carregar
toda a sua força normativa também para os litígios instalados fora do processo judicial.

→ A partir do momento da decisão do Fisco, seja pelo decurso do prazo para impugnação ou recorrer ou,
ainda, pelo esgotamento de todas as instâncias recursais, opera-se a preclusão da possibilidade de
retratação ou reexame na via administrativa.

→ Decisão definitiva for favorável ao sujeito passivo, cumpre à autoridade preparadora exonerá-lo, de
ofício, dos gravames decorrentes do litígio (art. 45 do Decreto 70.235, de 1972).

→ Nos casos em que contrária ao sujeito passivo, a decisão será submetida ao prazo de 30 dias para
cobrança amigável e, caso frustrada, deve ser encaminhada para inscrição do débito em Dívida Ativa e
posterior cobrança executiva (arts. 41 e 43 do Decreto 70.235, de 1972).

→ Consubstanciada qualquer das fases processuais que conferem completude à decisão administrativa
impositiva de obrigação tributária e transcorrido o prazo de 30 (trinta) dias da notificação do sujeito
passivo sem pagamento, está configurada a constituição definitiva do crédito tributário e o vencimento
da obrigação, a partir de quando tem início o curso do prazo prescricional para ação executiva.
PROCESSO DE CONSULTA

→ Permite que o contribuinte conheça previamente a interpretação oficial da Administração sobre


determinada norma que, ao menos em tese, lhe é aplicável.

→ Cuida-se de uma sistemática que estabelece uma relação de boa-fé, confiança e lealdade processual,
razão pela qual entende o STJ ter a resposta à consulta caráter vinculante para os órgãos fazendários.

→ Previne aplicação de penalidades e define com clareza os limites que lhe serão conferidos
administrativamente, por outro, facilita a atividade fiscal ao inibir o contencioso, bem como obstaculiza
futuros debates judiciais.

→ Não suspende o prazo para recolhimento de tributo, retido na fonte ou autolançamento antes ou
depois de sua apresentação, nem o prazo para declaração de rendimentos (art. 49 do Decreto
70.235/1972). Durante o período entre sua apresentação até o trigésimo dia subsequente à data da
ciência da decisão definitiva, nenhum procedimento fiscal será instaurado contra o sujeito passivo em
relação ao tributo consultado (art. 48 do Decreto 70.235/1972).
NULIDADES

→ De acordo com a Lei do PAF, a nulidade no Processo Administrativo Fiscal se verifica, basicamente, a
partir de suas circunstâncias:
i) a incompetência da autoridade que tenha lavrado ato/termo ou expedido despachado/decisão no feito
ou.
ii) a violação ao direito de defesa do sujeito passivo (art. 59 do Decreto 70.235/1972).

→ O ato nulo somente prejudica os procedimentos que dele resulte ou dependa diretamente, tanto que a
autoridade que declarar a nulidade deve definir os atos por ela comprometidos e determinar as
providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo administrativo fiscal (art. 59, §§
1º e 2º, do Decreto 70.235/1972).

→ Se a nulidade cometida macula formalmente o lançamento, o disposto no art. 173 do CTN


(decadência) estabelece que, exsurge da decisão definitiva reconhecedora dessa nulidade do
lançamento, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário.

→ Em prestígio ao princípio da economia processual, quando for possível decidir em favor do sujeito
passivo que se beneficiaria da declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a declarará nem
determinará a repetição do ato ou a solução do erro (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972).
DOS FATOS:
"Tratam¬-se de impugnações apresentadas pelo contribuinte ______________ (CPF n° __________) e elos responsáveis
solidários indicados na autuação (CPF n°______), (CPF nº _____), (CNPJ n° _____), (CNPJ _____) e (CNPJ _______), em
face de Auto de Infração lavrado no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil em _______ (fls. ).
Por meio do referido Auto de Infração (fls.), relativo ao Imposto de Renda de Pessoa Física- IRPF, relativo aos exercícios ____,
____ e ____, está sendo exigido do contribuinte o recolhimento de crédito tributário no valor de R$ ______________, sendo:
Imposto ¬ R$ ____________
Juros de Mora (calculados até _______) ¬ R$____________
Multa de Ofício ¬ R$ ____________
Multa Isolada ¬ R$____________

Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes do AUTO DE INFRAÇÃO (fls.) e do Termo de Descrição dos Fatos
(TDF ¬ fls.), que acompanha e é parte integrante do Auto, foram apuradas as seguintes infrações:
1. Omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício, relativos aos serviços de publicidade não tributados na
pessoa física e/ou tributados indevidamente na empresa _____________, CNPJ __________ (do Termo de Descrição dos Fatos);
2. Omissão de rendimentos de fontes situadas no exterior, oriundos dos serviços de publicidade não tributados na pessoa
física e/ou tributados indevidamente na empresa, CNPJ ______ (do Termo de Descrição dos Fatos);
3. Omissão de rendimentos de fontes situadas no exterior, oriundos do direito de preferência, pagos pelo ________
(__________), não tributados na pessoa física e/ou tributados indevidamente na empresa CNPJ ___________ (do Termo de
Descrição dos Fatos);
4. Omissão de rendimentos de fontes situadas no exterior, oriundos do trabalho com vínculo empregatício (contrato de
agência e direitos de imagem), pagos por _________ (______), não tributados na pessoa física e/ou tributados indevidamente
nas empresas, CNPJ _______, CNPJ _________ e CNPJ ______ (do Termo de Descrição dos Fatos).
5. Falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnê ¬leão, ensejando a exigência da Multa Isolada.
As autoridades fiscais incluíram no polo passivo, como responsáveis solidários pelo crédito tributário constituído, _________
____ e _______________, pais do contribuinte, e as empresas ____________, ________________ e ___________, _______
____, que têm como únicos sócios os pais do contribuinte, em razão de entenderem estar caracterizado o interesse comum
e a atuação conjunta de todos nas situações que constituíram os fatos geradores das obrigações tributárias.
A exigência da multa de ofício qualificada, no percentual de
150%, foi justificada pelos autuantes tendo em vista a apuração de ocorrência de sonegação,
fraude e conluio nos negócios perpetrados. Ao longo do TDF, as autoridades fiscais buscam demonstrar que o contribuinte e os
responsáveis solidários praticaram atos e negócios jurídicos envolvendo simulações, com o objetivo único
de reduzir a carga tributária incidente nas transações realizadas pelo contribuinte, mormente nas prestações de serviços de
publicidade e nos valores recebidos do _____________________, relativos a sua transferênciapara o clube.
O trabalho fiscal está baseado em documentos e esclarecimentos
prestados pelo contribuinte, pelas empresas ______________, _________________ e __________,
bem como em documentação encaminhada pela Justiça espanhola para o Ministério Público Federal e repassada
à Receita Federal do Brasil (RFB).

DAS IMPUGNAÇÕES DOS RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS


______________________________ - Apresentaram, em ____ defesas de idêntico teor, apenas alterando a ordem,
na peça de defesa, do item intitulado "Da inexistência de responsabilidade solidária".
A concomitância da tramitação de defesa administrativa e medida judicial em nome do contribuinte
interessado enseja

A) o indeferimento da medida judicial, em razão do processamento da defesa junto à instância


administrativa.

B) o sobrestamento da medida judicial até resolução da questão perante a instância administrativa.

C) a extinção da defesa administrativa, sem apreciação de mérito, se a matéria discutida em ambas as


instâncias for absolutamente idêntica.

D) a aplicação da multa por litigância de má-fé ao interessado, por utilizar-se de duas vias de defesa -
administrativa e judicial - para discussão da mesma matéria.
De acordo com a legislação tributária que dispõe a respeito do processo administrativo fiscal, o
procedimento fiscal tem início

A) com a apreensão de mercadorias, documentos ou livros.

B) apenas com a lavratura do auto de infração.

C) trinta dias após o despacho aduaneiro de mercadoria importada.

D) no momento em que decidir o fiscal de tributos, a seu livre arbítrio.


A União lavrou auto de infração para a cobrança de créditos de Imposto sobre a Renda, devidos pela
pessoa jurídica PJ. A cobrança foi baseada no exame, considerado indispensável por parte da autoridade
administrativa, de documentos, livros e registros de instituições financeiras, incluindo os referentes a
contas de depósitos e aplicações financeiras de titularidade da pessoa jurídica PJ, após a regular
instauração de processo administrativo.
Não houve, neste caso, qualquer autorização do Poder Judiciário. Sobre a possibilidade do exame de
documentos, livros e registros de instituições financeiras pelos agentes fiscais tributários, assinale a
afirmativa correta.

A) Não é possível, em vista da ausência de previsão legal.

B) É expressamente prevista em lei, sendo indispensável a existência de processo administrativo


instaurado.

C) É expressamente prevista em lei, sendo, no entanto, dispensável a existência de processo


administrativo instaurado.

D) É prevista em lei, mas deve ser autorizada pelo Poder Judiciário, conforme exigido por lei.
João, empresário, inconformado com a notificação de que a Administração Pública Fazendária teria
acesso às informações de sua movimentação bancária para instruir processo administrativo fiscal, decidiu
procurar o Escritório Alfa de advocacia para uma consulta a respeito do caso. João busca saber se a
medida configura quebra de sigilo fiscal e se o procedimento da Administração Pública está correto.
Com base na hipótese apresentada, assinale a opção que indica a orientação a ser dada pelo Escritório
Alfa, considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca do acesso a dados
bancários sigilosos pela Administração Pública Fazendária.

A) Não se trata de quebra de sigilo, mas de transferência de sigilo para finalidades de natureza
eminentemente fiscal, pois a legislação aplicável garante a preservação da confidencialidade dos dados,
vedado seu repasse a terceiros estranhos ao próprio Estado, sob pena de responsabilização dos agentes
que eventualmente pratiquem essa infração.

B) A imediata notificação do contribuinte é mera liberalidade da Administração Fazendária, sendo ao


contribuinte facultada, tão somente, a extração da decisão final da Administração Fazendária.

C) Tal uso de dados ofende o direito ao sigilo bancário, porque macula o princípio da igualdade e o
princípio da capacidade contributiva.

D) É inconstitucional a quebra de sigilo, pois a legislação aplicável garante a preservação da


confidencialidade dos dados, vedado seu repasse a terceiros, inclusive aos integrantes da Administração
Pública Fazendária.
A pessoa jurídica A declarou débitos de Imposto sobre a Renda (IRPJ) que, no entanto, deixaram de ser
quitados. Diante do inadimplemento da contribuinte, a União promoveu o protesto da Certidão de Dívida
Ativa (CDA) decorrente da regular constituição definitiva do crédito tributário inadimplido.
Com base em tais informações, no que tange à possibilidade de questionamento por parte da contribuinte
em relação ao protesto realizado pela União, assinale a afirmativa correta.

A) O protesto da CDA é indevido, uma vez que o crédito tributário somente pode ser cobrado por meio da
execução fiscal.

B) O protesto da CDA é regular, por se tratar de instrumento extrajudicial de cobrança com expressa
previsão legal.

C) O protesto da CDA é regular, por se tratar de instrumento judicial de cobrança com expressa previsão
legal.

D) O protesto da CDA é indevido, por se tratar de sanção política sem previsão em lei.
Em cumprimento de diligência na sede da gráfica Impressões Beta, empresa beneficiária de imunidade
quanto aos impostos incidentes sobre sua atividade de impressão de periódicos, fiscais da Fazenda
Estadual apreenderam notas e livros fiscais, sem terem apresentado mandado judicial com a previsão da
medida.
Com base no cenário acima, assinale a alternativa correta no que tange à conduta dos agentes do Fisco.

A) A ação não apresenta qualquer ilegalidade, conformando ato regular de fiscalização, representando
um poder-dever da Administração.

B) A ação é ilegal, pois a legislação que rege a fiscalização tributária não se aplica àqueles que gozam de
imunidade tributária.

C) A ação é ilegal, pois, para o cumprimento da diligência, era imprescindível a apresentação de


mandado judicial.

D) A ação não apresenta qualquer ilegalidade, já que a função de fiscalização é ilimitada, tendo em vista
a supremacia do interesse público.
Processo nº ________________________________________
Recurso nº ________________ Voluntário
Acórdão nº _______________

Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA


Recorrente ___________________________________________
Recorrida FAZENDA NACIONAL

O contribuinte contestou o lançamento por meio da impugnação de fls. __, conforme alegações
reproduzidas do Acórdão ________ da 5ª Turma da DRJ/REC:

a. Apresentou a DAA nela deduzindo:


• os valores de "pensão alimentícia judicial" de seus três filhos, pagos por força de decisão
judicial (oferta de alimentos homologado judicialmente), descontados em seu "hollerit" e pagos aos
"alimentandos" diretamente pelo Governo do Estado de ___________, no valor total de R$ 68.690,60;

• as "despesas médicas" do Plano de Saúde da _____________, no total de R$ 12.731,80, e de


atendimento médico de R$ 1.200,00, despesas inclusas na "obrigação alimentícia" da prestação de
assistência médica aos três filhos;

• as despesas com instrução de um dos Alimentandos, no valor de R$ 2.958,23.


A DRJ/REC julgou a impugnação improcedente (Acórdão de Impugnação de fls. ________), sob os
seguintes fundamentos:

a) Pensão alimentícia: o valor pago em razão de acordo de oferta de alimentos homologado


judicialmente não se enquadra na previsão legal que autoriza sua dedução da base de cálculo do
IRPF;

b) Despesas com Instrução: a dedução não pode ser aceita tendo em vista que está prevista na ação
de oferta de alimentos e essa não se adequa aos requisitos legais de admissibilidade para dedução
do imposto de renda, uma vez que não houve a dissolução da sociedade conjugal; e

c) Despesas Médicas: as deduções não podem ser aceitas tendo em vista que estão previstas na ação
de oferta de alimentos e essa não se adequa aos requisitos legais de admissibilidade para dedução
do imposto de renda, uma vez que não houve a dissolução da sociedade conjugal.
→ No que se refere à possibilidade de dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia da
base de cálculo do IRPF, o inciso II do art. 4º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, dispõe:

Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser
deduzidas:
[...]
II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família,
quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo
homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 Código de Processo Civil;

A controvérsia reside na possibilidade de se deduzir os valores correspondentes à pensão alimentíci


a da base de cálculo do IRPF quando essa pensão provém de acordo homologado judicial-
mente, em face de ação de oferta de alimentos em que o alimentante se propõe a efetuar paga-
mento aos filhos, ainda que não tenha havido a dissolução da unidade familiar.
→ Ações dessa natureza, consoante relatado no acórdão recorrido, têm como base o art. 24, da Lei
5.478, de 25 de julho de 1968, que dispõe:

Art. 24. A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a residência comum por
motivo, que não necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os
rendimentos de que dispõe e de pedir a citação do credor, para comparecer à audiência de conciliação e
julgamento destinada à fixação dos alimento a que está obrigado.

→Se não houve da dissolução da unidade familiar, também não existem motivos para a oferta de alimen-
tos.

→No presente caso,


o contribuinte, mesmo casado com a mãe dos alimentandos, optou por ingressar com
ações de oferta de alimentos, para que fossem homologadas judicialmente as pensões que se propu-
nha a pagar aos três filhos do casal, o que evidencia a falta de conexão entre objeto pretendido pelo
art. 24, da Lei 5.478/68 e o fim alcançado pelos acordos judiciais.
Processo nº _____________________
Recurso nº Voluntário
Acórdão nº ___________________ – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária

Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO
COMPROVADA. GANHO DE CAPITAL. MULTA QUALIFICADA
Recorrente __________________________
Recorrida FAZENDA NACIONAL

Trata-se de recurso voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra decisão que de-
clarou improcedente em parte a sua impugnação apresentada para desconstituir o Auto de Infraçã
o de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Física IRPF, que integra o presente processo.
A descrição das infrações relativas aos anos calendário de _____ e _______
consta do AI, fls. _____, cujo Demonstrativo de Apuração encontra-
se às fls. ________. Todos os pormenores acerca da apuração fiscal foram descritas no Termo de
Constatação Fiscal TCF, fls. ______, onde se verificou a prática das seguintes condutas:
a) falta de recolhimento do imposto incidente sobre ganhos de capital na alienação de bens e
direitos; e
b) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Foi
imposta multa qualificada no patamar de 150% do imposto devido, em razão de suposta conduta do-
losa do sujeito passivo, verificada nas duas infrações que lhe foram imputadas.
Na peça recursal de fls. ______ o sujeito passivo apresentou as razões, que abaixo reproduzo em apertada síntese.

Multa qualificada
Valendo-se da doutrina de Eduardo Arrieiro Elias, conclui que havendo depósitos bancários não comprovados,
sem que se consiga comprovar cabalmente a existência de conduta dolosa, não pode prevalecer a imposição da
multa exacerbada.

Depósitos bancários
Defende que para que se sustente a presunção legal de que depósitos bancários não comprovados se
configuram em omissão de rendimentos
deve-se comprovar a aderência das movimentações financeiras ao patrimônio do contribuinte.

Depósitos bancários de origem não comprovada


Alienação de imóvel: afirma que apresentou o contrato de compra e venda, identificou o comprador e os de
pósitos bancários, os quais correspondem 94,44% do total da transação, tendo sido efetuados mediante TED
bancárias direcionadas ao
vendedor e emitidas pelo adquirente ou por empresas de sua propriedade. Além de que o comprador registrou a
operação em sua DIRPF e compareceu ao processo para confirmar a compra do imóvel.

Falta de recolhimento do imposto decorrente de ganhos capital


Assevera também que as datas dos depósitos coincidem com aquelas previstas no contrato e que a diferença
entre os depósitos apresentados e o total da transação decorreu de dois pagamentos feitos em espécie.
Voto

Admissibilidade
Conforme relatado, o autuado apresentou recurso tempestivo, merecendo assim conhecimento por preencher os
demais requisitos legais.

Depósitos bancários não comprovados omissão de rendimentos - tributação


É cediço que a partir de 01/01/1997 a disciplina da tributação dos depósitos bancários passou a ser dada pelo art.
42 da Lei n.º 9.430/1996 (alterado pela Lei n.º 9.481/1997), que traz a seguinte redação:

"Art. 42. Caracterizam/se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de d
epósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurí
dica, regularmente
intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas oper
ações.
Assim, verificando/se que a presunção adotada no lançamento tem respaldo em lei, caberia ao contribuinte tentar
afastá/la mediante apresentação de comprovantes hábeis, o que foi feito para muitos dos lançamentos.

Verificação das comprovações das origens dos depósitos bancários


Alienação de imóvel. Acerca dessa questão a DRJ decidiu que a acusação fiscal é pertinente. Inicialmente afi
rma que os Instrumentos de Particulares de Compromisso de Compra e Venda de Imóvel referentes à compra do
terreno pelo autuado , bem como de sua venda, ambos datados de _______, não foram registrados em cartório, não
possuem testemunhas e as firmas das assinaturas neles contidas não possuem o devido reconhecimento. Alega não
ser comum que em operações dessa monta (R$ 3 milhões) se deixem de observar essas cautelas.
Citando o art. 221 do Código Civil, sustenta que o contrato de compra e venda de imóvel somente poderia
operar efeitos em relação ao fisco se cumprisse a formalidade legal de registro em cartório. Ressalta que tal
documento poderia ser confeccionado a qualquer tempo.

Falta de recolhimento do imposto decorrente de ganhos capital


No recurso, o sujeito passivo não apresentou novos elementos que pudessem afastar tal conclusão, devendo, porta
nto, prevalecer o entendimento de que os recolhimentos não estão vinculados inequivocamente ao pagament
o do tributo decorrente da operação sob enfoque. Concluo, então, que deve ser mantida o lançamento quan
do ao ganho de capital relativo a este imóvel.

Multa qualificada
A justificativa do fisco para aplicação da multa qualificada no patamar de 150% do imposto não
recolhido foi a prática reiterada de idêntica infração à legislação tributária em dois anos calendário consecuti
vos,
quando o contribuinte omitiu rendimentos tributáveis representados por depósitos de origem não comprovadas em
suas
contas bancárias.

Pois bem, só cabe a aplicação da multa majorada nos casos em que o fisco consiga demonstrar a ocorrência d
as condutas de sonegação, fraude e/ou conluio. A mera divergência entre os valores declarados e aqueles a
purados pelo fisco não é suficiente à aplicação de gravame de tamanha monta.
Processo nº _______________________
Recurso nº ______________ Voluntário
Acórdão nº _________________ 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária

Matéria ITR
Recorrente
Recorrida FAZENDA NACIONAL

Relatório

Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrado Auto de Infração


para exigir crédito tributário de ITR, exercício
____, no montante total de R$41.660,72, incluído multa de ofício de 75% e juros de mora, calcul
ados até,
incidentes sobre o imóvel rural), denominado "Lote 25 Loteamento São José 4° Etapa”, localizado n
o Município. Conforme se depreende do Demonstrativo de Apuração de ITR , que acompanhou o Auto d
e Infração, foram redu-zidas de 1.665,9ha para 0,9 as áreas declaradas de utilização limitada.
O lançamento foi assim justificado no Termo de Verificação Fiscal:

“A despeito de o contribuinte ter sido regularmente cientificado, não ofereceu qualquer resposta para
que esta fiscalização analisasse a dedução declarada. Assim sendo, como a área de utilização li
mitada (1.665,9 hectares) não foi ratificada por meio de documentação hábil e idônea, conforme dete
rmina a legislação aplicável, o dado então declarado pelo contribuinte foi glosado conforme atesta
o demonstrativo aposto em folha 07, sendo procedido o lançamento de oficio por falta de recolhime
nto do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural / ITR, com as devidas correções, conforme aut
o de infração constante do processo _____, cuja cópia é enviada ao contribuinte por via postal
com Aviso de Recebimento (AR)”.

Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou tempestivamente impugnação, acostada às f


ls.17/25, cujos principais argumentos estão sintetizados pelo relatório do Acórdão de primeira instânc
ia, o qual adoto, nesta parte:
Cientificado da decisão da DRJ em _____, o contribuinte apresentou na data de ______, tempestivamente,
o Recurso Voluntário de fls. __, alegando, em síntese:

1. foi autuado por não ter apresentado o Ato Declaratório Ambiental – ADA para se beneficiar da isenção
prevista para áreas de interesse ecológico;
2. o imóvel está inserido efetivamente em área de interesse ecológico determinado pelo Governo Federal
através do Decreto n°. 99.278, de 06 de junho de 1990 que criou a Área de Proteção Ambiental APA da Chapada da
Mangabeira e posteriormente confirmou o interesse de proteção ecológica, criando o Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba, abrangendo terras do Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins, através do Decreto sem
número, do dia 16 de julho de 2002, cujo roteiro e memorial descritivo, envolve completamente a área do
imóvel em questão;
3. transcreve a legislação, apresentando memorial descritivo e mapa;
4. por causa da criação da APA foi proibido de explorar seu imóvel;
5. usando da prerrogativa oferecida pela Lei 9.393/96, declarou no DIAT a isenção tributária advinda da
transformação do imóvel em área de utilização limitada, assim declarada pelo Poder Público;
6. é evidente que todos os pressupostos da previsão legal estavam presentes, pois o Decreto que delimitou e
descreveu os limites da APA Serra da Tabatinga, (Decreto 99.278/90) também foi claro, no seu Art. 11, "não será
permitida a construção de edificações, exceto as destinadas à realização de pesquisa e ao controle ambiental";
7. não agiu de má fé, nem teve o intuito de burlar, ou negar ou ainda sonegar o imposto. Exerceu uma
prerrogativa claramente estatuída em lei;
8. a interpretação do que pretende a legislação, quando fala "de interesse ecológico para proteção
dos ecossistemas, assim declarados mediante ato do órgão competente, federal ou estadual", não é
outra coisa senão, o que está literalmente expressado no Decreto, principalmente, pois ele contém o
roteiro descritivo da sua extensão. Tanto o Decreto que criou a APA em 1990, como o que criou o
Parque em 2002, podem ter seu perímetro reconstituído e comparado com a localização do Lote 25 do
Loteamento São Jose
9. discorre sobre questões conceituais das definições de reserva legal, preservação permanente e
utilização limitada;
10. quanto ao mérito, entende que não se faz necessário ratificar o que foi criado por lei.
11. por fim, insurge contra o arrolamento de bens.
Voto

Para acolher a pretensão do contribuinte é imprescindível que reste devidamente comprovada a


Área de Interesse Ecológico, observados os preceitos específicos, para que a mesma tenha os
benefícios legais.

Em sua defesa, o contribuinte argumenta que seu imóvel está inserido efetivamente em área de
interesse ecológico determinado pelo Governo Federal no Decreto n°. 99.278, de 06 de junho de 1990
que criou a Área de Proteção Ambiental APA da Chapada da Mangabeira e posteriormente confirmou
esse interesse em proteção ecológica, criando o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba,
cujo roteiro e memorial descritivo, envolve completamente a área do imóvel em questão .

A legislação do ITR não prevê a exclusão de áreas genericamente inseridas em Áreas de Proteção
Ambiental (APA), sem que se examine, em cada caso, o tipo de restrição da propriedade, o que deverá
ser estabelecida por meio de ato específico. E, neste caso, não se tem este ato.

Assim, não pode ser reconhecida a pretensão do contribuinte de acolher a Área de Proteção
Ambiental da Serra da Tabatinga, como área de interesse ecológico.
Tipos de multa tributária

1. Multa Moratória
A aplicação da multa moratória acontece quando há o atraso no pagamento de um determinado
tributo. Por exemplo, se um imposto tem vencimento no décimo dia do mês e, por algum motivo, o
contribuinte não pagou em dia, isso caracteriza inadimplemento, o que já é o suficiente para legitimar a
cobrança da multa moratória.

2. Punitivas isoladas
As multas punitivas isoladas acontecem quando não há tributo devido aos cofres públicos. Isso
porque ela acontece diante de um ato ilícito relativo a um dever instrumental, ou seja, pela falta do
cumprimento e entrega de obrigação acessória.
A multa isolada acontece quando há descumprimento da obrigação acessória, ou seja, o descumprimento
de um dever instrumental. Por outro lado, as multas agravadas e qualificadas, são as ramificações
geradas de acordo com o comportamento do contribuinte e o ato praticado. As multas agravadas são
infrações maiores enquanto as qualificadas são atos de dolo, sancionados no Direito Tributário e Penal.

3. Punitivas acompanhadas do lançamento de ofício


A multa punitiva acompanhada do lançamento de ofício acontece quando há algum tipo de ato
ilícito. Caracteriza-se por sanção administrativa ou penal, e é mais onerosa, já que está ligada aos casos
de omissão ou fraude, além da sonegação do imposto.
MÉTODOS ADEQUADOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS FISCAIS

→ Além de a ineficiência na cobrança de tributos no sistema brasileiro se manifestar em etapa posterior à


cobrança do crédito tributário, o Brasil figura entre os piores países no critério pagamento de tributos,
com as empresas que mais precisam despender tempo para cumprir suas obrigações tributárias –, tal
fenômeno também se apresenta na recuperação do crédito pela via jurisdicional.
→ A autocomposição, por sua vez, se caracteriza como método consensual de resolução de conflitos, por
meio da qual uma das partes abdica de seus interesses, no todo ou em parte, para a pacificação do
conflito. São espécies de autocomposição a transação, a renúncia e a submissão. A transação consiste na
realização de concessões recíprocas entre as partes para a solução do conflito; a renúncia, na abdicação
do direito por ato unilateral; e a submissão, à resignação da resistência à pretensão da parte contrária.

→ A heterocomposição, por outro lado, consiste na resolução do conflito por terceiro imparcial, que não
guarda relação com a disputa. Apresentam-se como exemplos dessa espécie a jurisdição estatal e a
arbitragem. Entre as referidas formas de resolução de conflitos, suscitam debates no Direito Público
aquelas que se entrelaçam com o sistema de justiça multiportas, quais sejam, a autocomposição e a
arbitragem.
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150
e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que
não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação
tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e
consequente extinção de crédito tributário.
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso.
(CPC) Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação,
com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da
administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

LEI Nº 13.140, DE 26 DE JUNHO DE 2015.

Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de
conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, e o Decreto nº 70.235, de
6 de março de 1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997.
LEI Nº 13.988, DE 14 DE ABRIL DE 2020

Art. 1 º Esta Lei estabelece os requisitos e as condições para que a União, as suas autarquias e
fundações, e os devedores ou as partes adversas realizem transação resolutiva de litígio relativo à
cobrança de créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária.

LEI N.º 17.162, 27.12.19 (CEARÁ)

Art. 5º A Procuradoria do Estado do Ceará poderá, na cobrança da dívida ativa, propor transação tributária
por aderência, obedecidos aos seguintes parâmetros não cumulativos:
Não obstante se extraia do art. 171 do Código Tributário Nacional uma abertura à
autocomposição, ao viabilizar a celebração de transação que, mediante concessões
mútuas, importe a determinação de litígio e consequente extinção de crédito tributário, a
transação constitui, conforme linhas gerais traçadas no início deste capítulo, modalidade
de autocomposição, e não de heterocomposição, não sendo possível dela extrair uma
permissão à arbitragem tributária.
REQUISITOS DA PETIÇÃO: ART. 319, CPC

Art. 319. A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;

II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de


inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.


Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.


→As ações declaratórias têm natureza preventiva, ou seja, devem
anteceder eventual exigência tributária do Fisco.

→Não pode o autor ingressar em juízo manifestando mera intenção de


incorrer no fato jurídico que ensejará a incidência do Tributo. Essa
incidência deve já ter ocorrido ou ser iminente.
Reconhecimento da existência de
relação jurídica tributária, quando
positiva

A ação objetiva:
Reconhecimento da inexistência de
relação jurídica tributária, quando
negativa

Efeito dúplice: a sentença que reconhecer a existência de relação jurídica tributária, ou direito a ela inerente,
torna seu oposto improcedente, se declarada existente, não há possibilidade de declaratória negativa, e
vice-versa. Embora apenas o contribuinte possa ingressar com tal ação, é evidente que a sentença que
dela resultar irá declarar a existência ou inexistência de uma dada relação jurídica. Pode, portanto,
gerar efeitos pró-contribuinte como pró-fisco.
A ação declaratória, em matéria tributária, tem como característica peculiar
ser uma ação de iniciativa do contribuinte. Essa modalidade de ação visa
apenas a efeitos declaratórios, basicamente de três tipos:

a) declarar a inexistência da relação jurídica tributária;

b) declarar imunidade ou isenção fiscal do sujeito passivo;

c) declarar importe menor a ser pago a título de tributação.


→A hipótese mais comum é a de cunho negativo, ou seja, a que pretende a declaração
de inexistência de relação jurídica. Essa é a abordagem processual empregada
sempre que o contribuinte pretende obter reconhecimento judicial da impossibilidade
de a Fazenda lhe exigir qualquer espécie de tributo.

→Menos frequentes, as ações de cunho positivo contemplam pretensão de declaração


de existência de relação jurídico tributária. Essa é a alternativa utilizada pelo
contribuinte quando pretende ver assegurado direito não reconhecido pela Fazenda.

Exemplos: É o caso do reconhecimento de crédito escritural, do direito a aplicar um


determinado regime jurídico, do direito de isenção ou mesmo imunidade.
A empresa Qualquer Uma S.A. tem por objeto social a exportação de produtos na
área de tecnologia avançada e a comercialização de produtos de informática no
mercado doméstico. O diretor financeiro da referida empresa consulta-o a respeito
da constitucionalidade da incidência da CSLL sobre o lucro obtido com as
operações de exportação. Segundo informação do aludido diretor financeiro,
inúmeros concorrentes da Qualquer Uma S.A. deixaram de tributar os lucros
auferidos com a exportação de produtos, tendo em vista a edição da Emenda
Constitucional n.º 33/01. Ele, porém, tem receio de deixar de recolher tal tributo e
sofrer sanções do Fisco Federal, uma vez que participa de várias concorrências
para venda de seus produtos no mercado nacional, inclusive para empresas
públicas.
QUESTÃO: Na qualidade de advogado da empresa, ingresse com a medida judicial
mais apropriada para afastar a exigência da CSLL. O cliente, contudo, não
pretende deixar de recolher a referida exação tributária, desde já, pois teme pelo
insucesso da tese tributária que envolve o caso. Assim, solicita-lhe que
ingresse com medida judicial apenas para resguardar os seus direitos.
Resposta: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICO-
TRIBUTÁRIA.

Mérito: A Emenda Constitucional nº 33/01 prevê uma imunidade para as contribuições


incidentes sobre as receitas decorrentes de exportação. Sendo assim, tendo em vista
que o lucro das exportações está englobado dentro do valor das receitas, este também
estaria albergado pela imunidade antes referida.
→As ações anulatórias se destinam a combater o débito tributário que já tenha sido
constituído.

→Tal como a declaratória, segue o procedimento ordinário. Justamente por isso, pode o
autor cumular ambos os pedidos na mesma ação.

→De acordo com o caput do art. 38 da Lei nº 6.830/80 (LEF), a ação anulatória deve ser
acompanhada do depósito judicial do montante controvertido. Tal dispositivo não foi
recepcionado pela nova ordem constitucional (“a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”)

Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta
Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato
declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e
acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos.
• Fundamento Legal
Art. 38, Lei nº 6.830/80 (LEF) + Art. 319, CPC

• Momento: Posterior ao Lançamento/AIIM (Auto de Infração e Imposição de Multa)

• Aplicação com Execução Fiscal

• Desnecessidade de depósito prévio

- Princípios da Inafastabilidade Jurisdicional, Contraditório e


Ampla Defesa (Art. 5º, XXXV & LV, CF)

- Súmula nº 247, TFR. Não constitui pressuposto da ação anulatória


do débito fiscal o depósito de que cuida o Art. 38 da Lei 6.830, de
1980.

- Súmula Vinculante nº 28. É inconstitucional a exigência de depósito


prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
• Cumulação com Repetição do Indébito

• Autonomia do Executivo Fiscal (Art. 784, §1º, CPC)

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:


(...)
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
(...)
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não
inibe o credor de promover-lhe a execução.

• Efeito Suspensivo:

Tutela Provisória (Art. 294, CPC)


e/ou
Depósito Integral (Art. 151, II, CTN)
A Empresa VAI QUE É TUA Ltda, sediada no Município do Icó/CE, é
autuada em decorrência do não pagamento de Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISSQN) em relação aos valores recebidos pela
prestação de serviços de comunicação. O prazo para impugnação
administrativa expira-se sem que a empresa autuada tome qualquer
iniciativa, tendo sido então o débito inscrito em Dívida Ativa há cinco
meses.
Por julgar indevido o ISS sobre serviços de comunicação e, na iminência
de sofrer uma execução fiscal, que poderia comprometer os seus
negócios, a empresa o constitui como advogado para defender os seus
interesses. Tomar as providências cabíveis.
RESPOSTA:

Ingressar com Ação Anulatória de Débito Fiscal; requerer a anulação do crédito inscrito
em dívida ativa; efetuar o depósito do
montante discutido - artigo 38 da Lei 6.830/80 ; os serviços de comunicação devem ser
tributados pelo ICMS e não pelo ISS.
Ação de Consignação em Pagamento
“Trata-se de uma ação judicial impetrada pelo
devedor para garantir seu direito ao pagamento e
quitação. Vale dizer, o devedor, além do interesse
moral em cumprir sua obrigação, possui também
interesse jurídico, eis que o não pagamento sujeita-
lhe aos encargos moratórios sobre a dívida.
Portanto, o ordenamento jurídico reconhece ao
devedor um direito de pagar”.
João Marcelo Rocha
Fundamento Legal:
Art. 164, CTN + Art. 335, CC + Arts. 319, 539 e seguintes do CPC.

(CTN). Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo,
nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou
ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo
fato gerador.

(CC). Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida
forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto
ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Momento: Objeção ou Dúvida

Depósito: (Art. 542, I, CPC)

Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:


I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias
contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º ;
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto
sem resolução do mérito.

Discussão & Julgamento: (Art. 164, §1º & §2º, CTN)

§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.


§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a
importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no
todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das
penalidades cabíveis.
Modalidades

- Art. 114, CPC

Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica
controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.

- Art. 109, I, CF

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
V – Dos Pedidos
Diante do exposto, requer;

a) que seja autorizado o depósito do valor indicado, nos termos do art. 542, I, do CPC, bem como a
atribuição de efeito suspensivo nos termos do art. 151, II, do CTN:
b) que seja dispensada a realização de audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319, VII,
do CPC OU impossibilidade de realização da audiência, pois se trata de um direito indisponível que não
admite autocomposição, aplicando-se o art. 334, § 4º, II, do CPC:
c) seja citado o réu, por meio de seu representante, para responder a ação, conforme o art. 547 do CPC
OU sejam citados os réus, por meio de seus representantes, para responderem a ação em litisconsórcio
passivo necessário, conforme os arts. 114 e 547 do CPC – Casos de bitributação:
d) que seja homologada a consignação e declaradas extintas ambas as obrigações, uma vez que...
(síntese da tese jurídica) nos termos do art. 156, VIII e X, do CTN:
e) a restituição do valor excedente depositado, corrigido e atualizado, caso decidido que o tributo devido
seja o de menor valor:
f) a condenação da parte sucumbente nas custas e honorários advocatícios, segundo o art. 85, § 3o, do
CPC.

Por fim, pretende o Autor realizar todos os meios de provas em direito admitidas, em especial as provas
documentais, nos moldes do art. 319, VI, e 369 do CPC.
Joana Maria, brasileira, engenheira civil, casada, portadora da cédula de identidade n. 0000 e do CPF n.
111, residente e domiciliada na Rua J, n. 001, bairro M, Município Icó, Estado Ceará, recebeu cobrança
simultânea, por meio de uma mesma guia de documento fiscal, de dois tributos: IPTU e Taxa de
Conservação das Vias e Logradouros Públicos.

No caso da referida taxa, certo é que a contribuinte não concorda com sua cobrança, o que a levou, por
meio de seu advogado, a ajuizar ação judicial a fim de declarar sua inconstitucionalidade, havendo pedido
liminar, ainda não apreciado, para afastar a obrigatoriedade do recolhimento da referida exação fiscal.
No entanto, em relação à cobrança do IPTU, pretende a contribuinte efetuar o seu pagamento.

No entanto, a guia de pagamento é única e contém o valor global dos referidos tributos, tendo o banco
rejeitado o pagamento parcial relativo somente ao IPTU.

Nesse caso, considerando que o IPTU ainda não está vencido, bem como a contribuinte não obteve êxito
para solucionar seu problema na esfera administrativa, elabore a peça adequada para efetuar o
pagamento do imposto municipal, com base no direito material e processual pertinente.

Utilize todos os argumentos e fundamentos pertinentes à melhor resposta.


Ação de Repetição de Indébito

→Se o débito tributário já tiver sido quitado pelo contribuinte, será


necessário o ajuizamento de ação com carga condenatória, que tenha
como escopo obrigar o Fisco a restituir os valores.

→Ação pelo procedimento ordinário, o que permite sua cumulação.

→Ordinariamente, o procedimento cabível para essa restituição é da


expedição de precatórios ou de requisição de pequeno valor, a depender
da quantia a ser ressarcida.
Ação de Repetição de Indébito
→Compensação (Arts. 170 & 170-A, CTN)

→STJ. Súmula 461: “ O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou
por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada
em julgado”. (2010)

→Sendo assim, o direito ao indébito emerge tanto em ações condenatórias quanto


declaratórias.

→Em qualquer hipótese, no entanto, é necessário verificar se a legislação do sujeito


ativo do tributo autoriza a compensação do indébito com outros débitos tributários.
Caso não haja tal previsão, ao contribuinte que tenha promovido o recolhimento do
tributo só restará postular o ressarcimento via requisição de pequeno valor ou
precatório judicial.
Ação de Repetição de Indébito

Fundamento Legal: Art. 165, CTN + Art. 319, CPC

Momento: Pagamento Indevido & Desnecessidade de


Protesto

Cumulação com Declaratória ou Anulatória - Tributos


Periódicos
Ação de Repetição de Indébito

Características

Tributos Indiretos (Art. 166, CTN)

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza,


transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem
prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a
terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la

- Súmula 546, STF. Cabe a restituição do tributo pago indevidamente,


quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não
recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.
Exemplo: um Supermercado que embute o valor referente ao ICMS no
preço final de seus produtos. Nesse caso, a recuperação de valores
somente será possível somente em duas possibilidades:

1.Para quem houver assumido o encargo: neste caso, o consumidor ou o


próprio Contribuinte de Direito, caso este consiga provar que não houve
transferência de responsabilidade
2.Quando houver autorização do sujeito a quem foi transferida a
responsabilidade do pagamento, novamente o consumidor.

Porém, como o consumidor final é pessoa estranha na relação jurídico-


tributária, também falta a ele legitimidade para pleitear a repetição de
indébito tributário.
Ação de Repetição de Indébito

Substituição Tributária

- Artigo 150, parágrafo 7º, da CF

Art. 150. § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a
imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.

- Artigo 10º da Lei Complementar n. 87/96

Art. 10. É assegurado ao contribuinte substituído o direito à restituição do valor do imposto pago por força
da substituição tributária, correspondente ao fato gerador presumido que não se realizar.

O dever de satisfazer a obrigação tributária permanece em mãos do substituído, ainda que seja
o substituto quem deva cumprir o dever de entregar soma em dinheiro ao Fisco a título de tributo.
Ação de Repetição de Indébito

Correção Monetária & Juros (167, CTN)

- Súmula 162, STJ. Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a


partir do pagamento indevido.
- Súmula 188, STJ. Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos
a partir do trânsito em julgado da sentença.

Para tributos Federais: Selic (Art. 39, §4º, da Lei nº 9.250/95)


Ação de Repetição de Indébito

Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos,
contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa
ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão
condenatória.
CONTAGEM

1) nos casos em que o indébito tributário tem como fundamento, em síntese, o pagamento indevido de
tributo por qualquer razão que macule a regularidade do recolhimento (incisos I e II do artigo 165 do
CTN), o prazo prescricional se inicia na data de extinção do crédito tributário;
2) caso o indébito decorra de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória (no
caso do inciso III do artigo 165 do CTN), o lustro prescricional é contado a partir da data em que se
tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado,
anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória
Ação de Repetição de Indébito

ATENÇÃO:

Súmula 625, STJ: O pedido administrativo de compensação


ou de restituição não interrompe o prazo prescricional para a
ação de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168
do CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda
Pública.
Antes de ser editada a Lei paulista no 10.992, de 21 de dezembro de 2001, que instituiu
o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações de Quaisquer Bens ou Direitos –
ITCMD, José doa para seu primeiro filho, Antonio, ações de uma empresa situada no
Estado de São Paulo. José falece em 15 de janeiro de 2003, portanto, depois da edição
do novo Código Civil – Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. As ações que foram
doadas para Antonio são levadas à colação no processo de inventário, e foi recolhido o
ITCMD sobre todos os bens arrolados no inventário, inclusive os que haviam sido objeto
da antecipação de legítima. Em janeiro de 2004, Antonio lê uma entrevista de um
advogado no jornal, que defende a não-incidência do ITCMD nesta hipótese específica,
de modo que os valores já recolhidos poderiam ser restituídos ou compensados com
outros débitos de tributos estaduais. Desta forma, Antonio consulta-o/a como
advogado/a, para obter sua opinião legal sobre o caso. Elabore a medida judicial
adequada para defender os interesses de Antonio, redigindo a fundamentação e o
pedido nos termos que entender aplicáveis.
RESPOSTA:

i) Elaborar ação de repetição de indébito, dirigida ao juízo competente (na Capital, uma das Varas da
Fazenda Pública; no interior, Vara Cível ou Vara Única, dependendo da Comarca), requerendo a repetição
do indébito do tributo (tendo em vista que não há possibilidade legal de compensação).

ii) No mérito, não há incidência do ITCMD nesta hipótese, porque a doação ocorreu antes da edição da lei
que instituiu o referido imposto no Estado de São Paulo. A colação, nos termos do art. 2002 e seguintes
do Código Civil de 2002, constitui simples indicação nos autos do processo de inventário, do valor dos
bens doados pelo de cujus ainda em vida, com o intuito de igualar a legítima dos descendentes e do
cônjuge.

Neste sentido, confira-se o seguinte julgado: Inventário – Herdeiros que informam as doações que o pai
fez em vida (adiantamentos de legítima) para, a partir de seus efeitos, apresentarem plano de partilha
proporcional sobre os bens que remanescem – Hipótese de partilha justa ou equânime que se fez em vida
(art. 1776 do CC), inviabilizando a tese de que caberá recolher imposto causa mortis também sobre o
valor dos bens doados – Bitributação inadmissível – Provimento (TJSP, 3ª Câmara de Direito Privado,
Agravo de instrumento nº 272.495/2, rel. Des. Ênio Santarelli Zuliani, j. 03.12.2002, DJ SP I 28.01.2003, p.
36 – Repertório IOB de Jurisprudência, vol. I – tributário, constitucional e administrativo, n. 1/18809, p.
675).
PROCESSOS JUDICIAIS TRIBUTÁRIOS DE INICIATIVA DA FAZENDA

EXECUÇÃO FISCAL

→ A Execução Fiscal é regulada pela Lei 6.830/1980, que dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida
Ativa da Fazenda Pública, abrangendo a União, os estados, Distrito Federal e os municípios e as
respectivas autarquias.

→ Aplicam-se, subsidiariamente, as normas constantes no Código de Processo Civil.

→ É um procedimento especial, mas como todo processo de execução deve preservar as garantias do
contraditório e da ampla defesa, postulados compreendidos pelo texto constitucional (art. 5º, inciso LV)
e aplicados irrestritamente às normas processuais.

→ A Execução Fiscal se forma através do aperfeiçoamento do processo administrativo formador da CDA.

→ A CDA é Certidão de Dívida Ativa concebida em procedimento unilateral pela Fazenda, a partir da
inscrição de crédito em dívida ativa;

→ A CDA deve conter todo o conhecimento jurídico necessário ao procedimento executivo


Legitimidade ativa e passiva

→ Legitimidade Ativa:
Exclusivamente entes da Administração Direta, por meio de suas Procuradorias, e de certos entes da
Adm. Indireta (Autarquias e Fundações Públicas) – excluídas as Empresas Estatais (atividade privada)

→ Legitimidade Passiva:
Art. 4º, LEF: previsão de nomeação de responsável e co-responsável.

Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:


I - o devedor;
II - o fiador;
III - o espólio;
IV - a massa;
V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito
privado; e
VI - os sucessores a qualquer título.

§ 1º - Ressalvado o disposto no artigo 31, o síndico, o comissário, o liquidante, o inventariante e o administrador, nos
casos de falência, concordata, liquidação, inventário, insolvência ou concurso de credores, se, antes de garantidos os
créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em garantia quaisquer dos bens administrados, respondem,
solidariamente, pelo valor desses bens.
(CTN) Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que
forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos
praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter
moratório.

(CTN) Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
 COMPETÊNCIA TERRITORIAL:

 Domicílio fiscal do executado

 COMPETÊNCIA JURISDICIONAL:

 Ente tributante → ente que executa

 Justiça Federal → União

 Justiça Estadual → Estados e Municípios

Na ausência de Justiça Federal no foro do executado, o procedimento será feito na Justiça Estadual,
contudo, a competência recursal permanece da Justiça Federal (TRF)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL DA UNIÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA 1ª
INSTÂNCIA DELEGADA POR AUSÊNCIA DE VARA FEDERAL NA COMARCA. COMPETÊNCIA
RECURSAL ABSOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 108 II DA CRFB. DECLÍNIO.
Como salienta o texto legal, a incompetência absoluta é vício grave no processo e pode ser alegada pelas
partes ou intervenientes a qualquer momento e grau de jurisdição, independente de exceção. Pode,
inclusive, ser decretada de ofício pelo juiz, por referir-se a interesse público, sendo norma cogente. Na
hipótese, cuida-se de execução fiscal da União Federal sobre FGTS e contribuição previdenciárias
patronais. O Juízo Federal de Volta Redonda declinou de competência para Justiça Estadual de Barra
Mansa, tendo em vista a competência territorial funcional do domicílio do executado neste último
Município e competência delegada da Justiça Estadual para apreciação do feito, tendo em vista a ausência
de Vara Federal na Comarca de Barra Mansa-RJ, consoante art. 15, I da Lei nº. 5.010/1966 então vigente.
Trata-se de competência delegada autorizada pelo art. 109, § 3º, parte final, da CRFB. Todavia, a
competência delegada se restringe sobre a 1ª instância, quando não há Vara Federal na Comarca. Na 2ª
instância, o TRF possui jurisdição sobre todo o território de sua competência, inexistindo, assim, vácuo de
jurisdição a ser preenchido pela Justiça Estadual. Inteligência do art. 108, II da CRFB. Precedente do STJ.
Competência recursal declinada para Justiça Federal. (TJ-RJ - AI: XXXXX20228190000, Relator: Des(a).
RENATA MACHADO COTTA, Data de Julgamento: 25/05/2022, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 27/05/2022)
Procedimento da Execução Fiscal

Petição Inicial

 Documentação requerida mais simplificada.

 Art. 6º, LEF:

I) o Juízo a que se destina; II) o Pedido; III) o requerimento para a Citação;

 CDA: em tese, abarca toda documentação e todo o pedido da Execução


Fiscal

 Administração Fazendária não precisa indicar as provas que pretende fazer –


faculta-se à Fazenda fazê-lo a qualquer momento...
(LEI 6.830/80). Art. 6º - A petição inicial indicará apenas:

I - o Juiz a quem é dirigida;

II - o pedido; e

III - o requerimento para a citação.

§ 1º - A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte
integrante, como se estivesse transcrita.

§ 2º - A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único


documento, preparado inclusive por processo eletrônico.

§ 3º - A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na


petição inicial.

§ 4º - O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.


Procedimento da Execução Fiscal
Despacho Inicial

Três possibilidades:

A) Rejeição da Inicial: vícios formais sanáveis (art. 801, CPC/15 → 15 (quinze)


dias para retificação)
B) Indeferimento da Inicial: vícios materiais insanáveis, decisão de que cabe
apelação;
C) Juízo acata a Inicial: decorrem os efeitos do art. 7º, LEF; (citação do
executado/permissão aos procedimentos de penhora e arresto)
Procedimento da Execução Fiscal

Citação em Execução

→ A citação executiva é, via de regra, POSTAL;

Prazos: a citação postal faz correr os prazos contra o executado a partir da ciência do
processo:

Prazos correm a partir do recebimento da Carta, e não da juntada no processo. Se


impossível a determinação da data do recebimento, contam-se 10 (dez) dias a partir do
envio da Citação aos Correios.

→ O réu tem 5 (cinco) dias para apresentar:


a) O pagamento do quantum;
b) Oferecer garantia;
Procedimento da Execução Fiscal

Citação em Execução

→ Frustrada a citação postal, há previsão de citação por edital:

Publicação no Diário Oficial – não há necessidade de se publicar em Jornal

→ Publicação tem validade de 30 (trinta) dias

Para os casos de Réu encontrar-se no exterior, o prazo de publicação é de 60


(sessenta) dias.
Procedimento da Execução Fiscal
Prescrição Intercorrente em Execução

Art. 40, LEF: sugere que não há prescrição da Execução

Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor
ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não
correrá o prazo de prescrição.

→ Súmula nº 314, STJ:

Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo
o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.

Suspensa a execução, por 1 (um) ano, devido a:


A) Impossibilidade de encontrar o executado;
B) Inexistência de bens penhoráveis;
→ Inerte a Fazenda, passa a correr prescrição intercorrente – 5 (cinco) anos
→ Juízo: decreta de ofício (consulta à Fazenda);
se suscitado pela parte, pode decretar;
Procedimento da Execução Fiscal

Defesas do Executado

→ Execução: poucas oportunidades de apresentação de defesa pela executado


(contraditório mitigado)

→ Manifestações consagradas no Direito brasileiro

I) Exceção de Pré-executividade;
II) Embargos à Execução;
Em relação à Lei de Execução Fiscal, Lei nº 6.830/1980, assinale a alternativa INCORRETA.

A) A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de
qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do
inventário.

B) O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 90 (noventa) dias.

C) O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento
expresso do respectivo cônjuge.

D) O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e garantir a execução do saldo
devedor.

E) Na execução fiscal, far-se-á a intimação da penhora ao executado, mediante publicação, no órgão


oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora.
João da Silva é sócio-gerente da empresa ABC Ltda. dedicada à prestação de serviços. No ano de 2015, foi iniciada
execução fiscal contra a empresa em razão de débitos do imposto municipal sobre serviços (ISS), tendo a empresa
sido citada em fevereiro de 2015. No ano de 2016, visando dificultar a satisfação da execução, João da Silva
constituiu nova sociedade com o mesmo objeto social, deixando de prestar serviços em nome da empresa ABC Ltda.,
encerrando todos os contratos em nome da empresa, fechando o seu único escritório, bem como liquidando todos os
seus bens e transferindo o recurso resultante para os seus sócios, sem, contudo, formalizar a dissolução, liquidação e
extinção da sociedade, como determina a legislação comercial. Em novembro de 2020, após anos de tentativas
frustradas de proceder à penhora de bens do devedor, a Fazenda Pública solicitou o redirecionamento da execução
fiscal a João da Silva, em razão da dissolução irregular da empresa ABC Ltda. Com base nessa situação hipotética e
na legislação tributária nacional, é correto afirmar que:

A) não é possível o redirecionamento da execução fiscal para João da Silva, pois se trata de sociedade limitada,
sendo o redirecionamento possível apenas no caso de dissolução irregular de sociedades de capital.
B) o redirecionamento da execução é possível, pois o prazo prescricional de cinco anos será contado a partir da
citação quando antes dela tiver ocorrido o ato ilícito destinado a fraudar a execução.
C) não é possível o redirecionamento da execução fiscal para João da Silva, pois não se pode falar em
responsabilidade de sócios de sociedade limitada por dívidas da pessoa jurídica, salvo após processo ordinário de
desconsideração da personalidade jurídica.
D) o redirecionamento da execução é possível, pois a citação positiva do sujeito passivo devedor original da
obrigação tributária, por si só, não provoca o início do prazo prescricional quando o ato de dissolução irregular for a
ela subsequente.
E) o redirecionamento da execução não será possível, apesar do período decorrido, se alegado pelo devedor ter
havido ineficácia por parte da Fazenda Pública na cobrança do crédito após a dissolução irregular na sociedade.
O executado será citado para, no prazo de ________ , pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos
indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas: a citação será feita
pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma; a citação pelo correio
considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de
recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal; se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15
(quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital; o edital de
citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente
judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente, o nome do devedor e dos co-
responsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o
prazo e o endereço da sede do Juízo. O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60
(sessenta) dias. O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição.

O texto acima estará correto de acordo com a Lei que dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda
Pública (Lei n º . 6.830/1980) se a lacuna for preenchida por:

A) 48 (quarenta e oito) horas

B) 03 (três) dias

C) 05 (cinco) dias

D) 10 (dez) dias

E) 15 (quinze) dias
A empresa QUALQUER UMA auferiu receitas ao longo do exercício de
2015, tendo, conforme determina a legislação tributária aplicável, declarado
às autoridades fiscais os valores devidos a título de PIS e de COFINS.
Ocorre que, embora declarados, os respectivos valores não foram
recolhidos em favor da União Federal, porquanto a referida empresa
passava por sérias dificuldades financeiras. A Procuradoria da Fazenda
Nacional, no regular exercício de suas prerrogativas, inscreveu os citados
débitos de PIS e COFINS em Dívida Ativa da União Federal em
01/01/2020. Em 05/07/2021 foi ajuizada execução fiscal para cobrança da
dívida, tendo a empresa sido citada em 06/07/21. Neste contexto, indaga-
se se foi respeitado o prazo prescricional para a cobrança (ajuizamento da
ação de execução fiscal) em tela. Justifique a sua resposta indicando a
base legal aplicável.
RESPOSTA:
O prazo prescricional não foi respeitado. A inscrição em dívida ativa
suspende o prazo prescricional por 180 dias (artigo 2º, § 3º, Lei 6.830/80).A
execução foi ajuizada quase um ano e meio após a inscrição em dívida
ativa (05/07/2021), o que significa que a contagem do prazo prescricional
voltou a ocorrer 180 dias após a data de inscrição em dívida ativa, ou seja,
07/2020.Portanto, tomando-se as datas de ocorrência dos fatos geradores
até a distribuição da ação de execução fiscal, descontados os 180 dias de
suspensão, terá sido consumada a prescrição.

§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da


legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e
certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de
direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta
ocorrer antes de findo aquele prazo.
Procedimento da Execução Fiscal

Exceção de Pré-Executividade (EPE)

→ Não dispõe de detalhamento normativo e previsão legal


→ Moldes dados pela Doutrina e pela Jurisprudência

Não há necessidade de se oferecer garantia à Execução

Objetos da EPE

A EPE se destina a questionar:


I) Ilegitimidade do título executivo (CDA);
II) Descumprimento de pressupostos processuais e condições da ação;
Procedimento da Execução Fiscal
Procedimento da Execução Fiscal

Exceção de Pré-Executividade (EPE)

→ Não há produção de provas:

Súmula nº 393, STJ: “A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal


relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”.

Objetos da EPE: construção jurisprudencial

Prescrição / decadência (matérias de ordem pública)


Certeza e Liquidez da CDA (condição da ação)
Norma já declarada inconstitucional pelo STF (ordem pública)
Citação inválida (pressuposto processual)
Um ex-procurador de empresa estrangeira foi citado por edital para pagar
dívida fiscal de empresa sediada no Brasil, controlada pela empresa
estrangeira da qual foi procurador, decorrente de falta de recolhimento de
ICMS. Ao apreciar os autos da execução fiscal, constata-se a revelia da
empresa brasileira que, citada, teve seus bens penhorados e silenciou. A
sentença nos autos da execução transitou em julgado. Diante da
insuficiência de bens da executada, porém, o juiz acatou petição da
Procuradoria do Estado e determinou fosse citado, também, o ex-
procurador de empresa estrangeira. Como advogado, adote as medidas
judiciais cabíveis, visando assegurar o patrimônio do ex-procurador da
empresa.
Fundamentação e ação Cabível:

Interposição de exceção de pré-executividade com pedido de exclusão do


nome do ex-procurador do polo passivo da execução fiscal, com fulcro nos
artigos 5º, II da CF c/c artigos 134 e 135 e 137 do CTN.
Procedimento da Execução Fiscal
Embargos à Execução

Previsão legal: art. 16 e SS, LEF

Os embargos à execução têm natureza de ação incidental à execução fiscal, uma vez
que se trata de incidente processual de discussão de mérito, que dá início a ação
circunscrita na própria execução fiscal, não se trata de mera peça de defesa.

→Objeto:

Discussão geral de mérito – não sofre as restrições da EPE;


Procedimento da Execução Fiscal
Embargos à Execução

Os Embargos à Execução comportam dilação probatória.


Há previsão legal de necessidade de prestação de garantia, via:
i) Depósito;
ii) Fiança;
iii) Nomeação à penhora

Questionamento: há ilegalidade na exigência de prestação de garantia à oposição de Embargos?

Os Embargos à Execução têm efeito suspensivo sobre a Execução Fiscal


RECURSO ESPECIAL Nº 1.487.772 - SE (2014/0269721-5)
RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA
RECORRENTE : ENIDETE RIBEIRO CABRAL
ADVOGADOS : MARCUS AURÉLIO DE ALMEIDA BARROS E OUTRO(S) - SE000097B
EDSON WANDER DE ALMEIDA COSTA - SE004156
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DO DEVEDOR.
EXECUTADO. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PATRIMÔNIO. INEXISTÊNCIA.
HIPOSSUFICIÊNCIA. EXAME. GARANTIA DO JUÍZO. AFASTAMENTO.
POSSIBILIDADE.
Procedimento da Execução Fiscal
Embargos à Execução

Prazo para oposição de Embargos: 30 dias contados da garantia


5 (cinco) dias para oferecer garantia após a citação

Decisão denegatória de Embargos:

Ainda que seja oferecido recurso, a Fazenda pode proceder à execução provisória do
bem
Embargos à Arrematação/Adjudicação

Em hipóteses de penhora:
→Há possibilidade de oposição de embargos à arrematação, à adjudicação e à
alienação, no prazo de 5 (cinco) dias, quando houver:
(I) causa de nulidade ou
(II) causa extintiva da obrigação executiva
Desde que se trate de causas supervenientes à penhora.
Sublinhe-se que o terceiro adquirente de boa-fé, que não contribuiu à nulidade
suscitada, não deverá ser prejudicado pela perda da coisa e terá todo seu valor
restituído pela Fazenda.
Procedimento da Execução Fiscal
Embargos à Execução

Desistência da Execução, após oposição de Embargos:

→Opostos os Embargos, se o Fisco quiser desistir da Execução, há duas hipóteses:


(I) Se a matéria embargada for processual, a Fazenda pode desistir unilateralmente;
(II) Se direito material embargado, a desistência se condiciona à anuência do
Embargante;

Terceiro Prejudicado:
Há possibilidade de oposição de embargos à execução por terceiro de boa-fé, alheio à
relação tributária, que sinta haver possível prejuízo aos seus interesses legítimos na
Execução em curso.
Procedimento da Execução Fiscal
Embargos à Execução

Penhora e Garantias à Execução


Duas possibilidades:
(A) executado nomeia bens à penhora;
(B) Fazenda requisita bens à penhora;

Ordem de preferência de bens:


Art. 11, Lei nº 6.830/80 vs. Art. 835, CPC

Critério de especialidade: prevalece o art. 11, LEF


MAS:
STJ vem mitigando a rigidez do art. 11, em face da dificuldade de comercialização de certos
bens. (ArRg no Ag nº 1.074.820/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, 2009)
Embargos à Execução
Penhora e Garantias à Execução
Mitigação da ordem obrigatória de penhora:
→O Art. 11, prevê que pedras preciosas antecedem veículos automotores, mas, qual
satisfaria mais rápida e plenamente o crédito fazendário, com o menor custo de
avaliação/adjudicação?
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a
seguinte ordem:
Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em
seguinte ordem: instituição financeira;
I - dinheiro; II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do
II - título da dívida pública, bem como título de Distrito Federal com cotação em mercado;
crédito, que tenham cotação em bolsa; III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
III - pedras e metais preciosos; IV - veículos de via terrestre;
IV - imóveis; V - bens imóveis;
V - navios e aeronaves; VI - bens móveis em geral;
VI - veículos; VII - semoventes;
VII - móveis ou semoventes; e VIII - navios e aeronaves;
VIII - direitos e ações. IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
Embargos à Execução
BACEN JUD – bloqueio eletrônico de bens e valores

(CTN). Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras
do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam
cumprir a ordem judicial.

STJ: o bloqueio online não pode ser primeira opção da Fazenda!

I) necessidade II) transcurso III) demonstração de que as


de comprovação do prazo para pesquisas patrimoniais fazendárias
da devida apresentação/ retornaram infrutíferas, isto é, a
citação do nomeação de
Requisitos para
Fazenda não conseguiu achar bens
executado; bens à penhora penhoráveis do executado para o BACEN JUD
pelo suprir as demandas da Execução
executado; Fiscal.
Fazenda pode requerer:

A Penhora de Bens utilitários


domésticos, luxuosos ou
supérfluos
(desde que não sejam essenciais)

A Penhora de Frutos e de Rendimentos de Bens


Inalienáveis
(desde que não se destinem à prestação alimentícia)
Fazenda pode requerer:

A Penhora de Parcela do Faturamento de PJ

Atenção!

A requisição deve ser


extremamente fundamentada

O Juiz deve nomear administrador


A Penhora do Faturamento deve oficial para aferir a arrecadação
atender a certos requisitos:
O percentual a ser penhorado não
deve inviabilizar o exercício
financeiro e empresarial da PJ
Embargos à Execução

Substituição do Bem penhorado

→ O inciso II, do art. 15, da LEF, dispõe que:


A Fazenda poderá, via requerimento, pedir a substituição da penhora, sem prestar
informações;
→A disposição tem razão de ser, sendo a Execução ação do Fisco
; →Contudo, a prescindibilidade de razões para a substituição confronta o princípio da
menor gravosidade para o devedor;

→A Jurisprudência tem adotado entendimento de que a justificação da


substituição da penhora é necessária e está submetida à decisão do Juízo,
tendo em vista o princípio da menor gravosidade; (REsp nº 53.652-94/SP, Rel.
Ministro Humberto Gomes de Barros)
O Sr. Gavião, executivo consagrado no mercado, foi contratado para o cargo de diretor
da CB Ltda., empresa do segmento de eventos esportivos e que passa por graves
dificuldades financeiras, para promover o seu saneamento e torná-la novamente
lucrativa. Para o exercício da sua delicada função, iniciada em janeiro de 2019, o Sr.
Gavião recebeu amplos poderes dos sócios. Em vista do delicado quadro financeiro da
empresa e para que fossem adimplidos os compromissos com empregados e
fornecedores, acabou-se por não pagar a contribuição previdenciária, parte patronal,
nos exercícios de 2019 e 2020.A empresa sofreu autuação fiscal em setembro de 2021,
sem ter, contudo, ingressado com recurso administrativo que pudesse suspender a
exigibilidade do débito envolvido. Seguiu-se a execução fiscal com a penhora dos bens
pessoais do Sr. Gavião, em janeiro de 2022, uma vez que ele figurava no polo passivo
da execução fiscal. Na qualidade de advogado do Sr. Gavião, tome as medidas
cabíveis.
RESPOSTA:

Embargos à execução, artigo 135, III, do Código Tributário Nacional. Sustentar que
mero não pagamento de tributo não configura excesso de poder ou infração de lei
suficiente para responsabilizar pessoalmente o diretor
Medida Cautelar Fiscal
“Processo de natureza cautelar, utilizado pela Fazenda Pública
para ver assegurado o adimplemento de crédito tributário lançado,
ou a efetividade da execução desse mesmo crédito, tornando
indisponíveis os bens do sujeito passivo, de sorte a que este não
possa utilizar de meios sub-reptícios para não adimplir o crédito
da Fazenda Pública (pondo seus bens em nome de terceiros,
contraindo dívidas fictícias, etc.)”.

Hugo de Brito Machado Segundo


Características

Fundamento Legal
Art. 1º e seguintes da Lei nº 8.397/92

Art. 1° O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no
curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
respectivas autarquias.
Parágrafo único. O requerimento da medida cautelar, na hipótese dos incisos V, alínea "b", e VII, do art.
2º, independe da prévia constituição do crédito tributário.
(...)
Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é essencial:
I - prova literal da constituição do crédito fiscal;
II - prova documental de algum dos casos mencionados no artigo antecedente.
Momento: Indícios de fraude ao fisco, após constituição do crédito
Art. 2º da Lei nº 8.397/02
Art. 1º, § único, Lei nº 8.397/02

Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não
tributário, quando o devedor:
I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação
no prazo fixado;
II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da
obrigação;
III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens;
IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio;
V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal:
a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade;
b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros;
VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do
seu patrimônio conhecido;
VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública
competente, quando exigível em virtude de lei;
VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário;
IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.
Modalidades: Preparatória ou Incidental
Antes ou Após Execução Fiscal

Notificação de Lançamento e Impugnação/Recurso Administrativo


Art. 151, III, CTN
AgRg no AREsp 571.765/DF

MEDIDA CAUTELAR FISCAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUPERIOR A 30% DO PATRIMÔNIO


CONHECIDO DO DEVEDOR. ART. 2º, VI, DA LEI N.8.397/1992. EXIGIBILIDADE SUSPENSA EM
RAZÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE HIPÓTESE PARA A INDISPONIBILIDADE DE
BENS. 1. O art. 2º da Lei n. 9.397/1992, inciso VI, estabelece que "a medida cautelar fiscal poderá ser
requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor possui débitos,
inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido".
2. Porém, enquanto suspensa a exigibilidade do crédito tributário, não se pode pretender a
indisponibilidade dos bens do contribuinte/responsável com base no inciso VI do art. 2º da Lei n.
9.397/1992. Nesse sentido: Resp 1186252/MG, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, Dje
13/04/2011; REsp 1314033/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 18/10/2013;
REsp 1163392/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/08/2012. 3. Agravo
regimental não provido.“. (AgRg no AREsp 571.765/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/11/2014, DJe 4/11/2014)
Sujeitos, Propor, Requisitos, concessão de liminar e procedimento

Arts. 5º ao 17 da Lei nº 8.397/92


“fumus boni iuri & periculum in mora”

Art. 5° A medida cautelar fiscal será requerida ao Juiz competente para a execução judicial da Dívida Ativa
da Fazenda Pública.
Parágrafo único. Se a execução judicial estiver em Tribunal, será competente o relator do recurso.
Art. 6° A Fazenda Pública pleiteará a medida cautelar fiscal em petição devidamente fundamentada,
que indicará:
I - o Juiz a quem é dirigida;
II - a qualificação e o endereço, se conhecido, do requerido;
III - as provas que serão produzidas;
IV - o requerimento para citação.
Art. 7° O Juiz concederá liminarmente a medida cautelar fiscal, dispensada a Fazenda Pública de
justificação prévia e de prestação de caução.
Parágrafo único. Do despacho que conceder liminarmente a medida cautelar caberá agravo de
instrumento.
(...)
A empresa de engenharia de informação TI EXPERT S.A., sucessora de outra
empresado mesmo grupo, porém atuante no ramo tecnológico em mecânica de
máquinas, MACPORT Ltda., vem sofrendo problemas financeiros, agravada sua
situação em virtude da falta de investimento por parte dos sócios estrangeiros. Como
resultado dessa circunstância, a TI EXPERT se viu obrigada a atrasar o pagamento de
tributos federais de modo deliberado, com o intuito de poupar caixa para fazer frente às
despesas com empregados e fornecedores. Não obstante impontual no cumprimento
das obrigações principais, a empresa manteve as obrigações acessórias em dia,
efetuando os lançamentos fiscais e prestando as informações sobre os tributos
impagos. Os débitos fiscais da TI EXPERT foram inscritos na Dívida Ativa da União,
dando-se início às execuções fiscais correspondentes. A TI EXPERT foi citada nas
mencionadas execuções fiscais. Inerte no prazo legal, teve bens penhorados para
garantia do débito e intimado o representante legal da penhora realizada, na qualidade
de depositário legal. Seu departamento contábil, porém, verificou que determinados
tributos federais lançados há mais de seis anos foram inscritos na dívida ativa
extemporaneamente. Na qualidade de advogado da empresa, elabore a medida judicial
solicitada por seu cliente.

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