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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL
QUESTÕES DE DIREITO CIVIL
Prof.ª. KAREN IRENA DYTZ MARIN
ALUNA: JULIANA VANIN CARRARO

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

1. Qual o critério que o Código Civil de 2002 adotou para distinguir prescrição e
decadência?
Para distinguir prescrição de decadência, o atual Código Civil optou por discriminar
prazos de prescrição, apenas e exclusivamente na Parte Geral, nos artigos 205 (regra
geral) e 206 (regras especiais). Sendo que a decadência sobrou todos os demais,
estabelecidos como complemento de cada artigo que rege a matéria, tanto na Parte Geral
como na Especial. Para ter certeza sobre se ação prescreve, ou não, adotou-se a tese da
prescrição da pretensão, por ser considerada a mais condizente com o Direito Processual
contemporâneo.

2. Segundo a doutrina clássica, qual o conceito de prescrição?


Segundo a doutrina clássica, a prescrição é indispensável à estabilidade e consolidação,
de todos os direitos, sem ela, nada seria permanente; o proprietário jamais estaria seguro
de seus direitos, e o devedor livre de pagar a mesma dívida duas vezes. Também,
conforme a doutrina romana, os fundamentos da prescrição são: “o interesse público, a
estabilização do direito e o castigo à negligência: representando o primeiro motivo
inspirador da prescrição; o segundo, a sua finalidade objetiva; o terceiro, o meio
repressivo de sua realização. Ou ainda, seria a perda de direitos por aquele que em um
lapso temporal deixou de fazer o que lhe cabia, causando a extinção de uma ação
ajuizável.
3. Explique cada uma das matérias imprescritíveis e o “fundamento” de tal motivação
legal.
Prescritibilidade é regra e a imprescritibilidade é exceção, assim não prescrevendo:
a. Os direitos da personalidade (direito à vida, à honra, à liberdade, etc);
b. O estado das pessoas (filiação, qualidade de cidadania e condição conjugal). Não
prescrevem, assim, as ações de separação judicial, de interdição, de investigação de
paternidade, etc;
c. As de exercício facultativo (ou potestativo), em que não existe direito violado, como as
destinadas a extinguir o condomínio (ação de divisão ou venda de coisa comum – CC,
art. 1.320), a de pedir meação no muro vizinho (CC, arts. 1.297 e 1.327) etc;
d. Os referentes a bens públicos de qualquer natureza, que são imprescritíveis;
e. As que protegem o direito de propriedade, que é perpétuo (reivindicatória);
f. As pretensões de reaver bens confiados à guarda de outrem, a título de depósito, penhor
ou mandato. O depositário, o credor pignoratício e o mandatário, não tendo posse com
ânimo de dono, não podem alegar usucapião;
g. As destinadas a anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou
contrato (CC, art. 1.167).

4. A arguição da prescrição pode ser feita em qualquer instancia e em qualquer fase


judicial? Justifique sua resposta.
Segundo o art. 193 a prescrição pode ser arguida em qualquer fase ou estado da causa,
em primeira ou em segunda instancia. Se a prescrição, entretanto, não foi suscitada na
instância ordinária (primeira e segunda fase), é inadmissível sua arguição no recurso
especial, perante o Superior Tribunal de Justiça, ou no recurso extraordinário, interposto
perante o Tribunal Federal, por faltar o prequestionamento exigido nos regimes internos
desses tribunais, que têm força de lei.

5. O Ministério Público poderá sustentar a prescrição se a parte não o fizer? Em


qualquer hipótese?
Poderá o Ministério Público em qualquer situação sustentar a prescrição se a parte não o
fizer, bastando levar o fato ao conhecimento do juiz, que agora deve pronunciá-la de
ofício.
6. A prescrição abrange direito patrimoniais e não-patrimoniais? Explique.
A prescrição em regra diz respeito a direitos patrimoniais, os não patrimoniais (direitos
pessoais, de família) estão sujeitos a decadência ou caducidade.

7. Diferencie suspensão e interrupção da prescrição, focando principalmente na


contagem de prazo.
Na interrupção o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente
por inteiro. De maneira diferente da suspensão, que ocorre quando a parte tem algum
requisito que impede que comece a correr ou algum fato que faça com que se suspensa a
prescrição, após cessado o fato o lapso prescricional volta a fluir somente pelo tempo
restante.

8. Explique de forma direta, cada uma das causas de suspensão e interrupção da


prescrição.
Não ocorre a prescrição:
a. Entre os cônjuges, quando há constância da sociedade conjugal;
b. Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
c. Entre os tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela;
O motivo, nos três casos, é a confiança, a amizade e os laços de afeição que existem entre
as partes.
d. Contra os incapazes de que trata no art. 3°;
e. Contra os ausentes do pais em serviço público da União, dos Estados ou
Municípios;
f. Contra os que se achem servindo as forças armadas em tempo de guerra;
g. Ou em casos de obstáculo judicial, como em greve de servidores.
A interrupção existe quando: Podendo existir uma única vez, oriunda de um
comportamento ativo do credor por exemplo, é feita por despacho do juiz, mesmo
incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da
lei processual.

9. Elabore um texto de ao menos 8 linhas sobre a caracterização da decadência e os


dispositivos do Código Civil que tratam da matéria.
Decadência é a perda do direito potestativo pela inércia do seu titular no período
determinado pela lei. Consequentemente, esses direitos têm o poder de influir ou
determinar mudanças na esfera jurídica de outrem. Desse modo, através dos critérios
usados pela doutrina, no mesmo instante em que o agente adquire o direito já começa a
correr o prazo decadencial. O Novo Código, considera prescricionais somente os prazos
taxativamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 (regra geral) e 206 (regras
especiais), sendo decadenciais todos os demais, estabelecidos como complemento de
cada artigo que rege a matéria, tanto na Parte Geral como na Especial.
Na decadência, que é instituto do direito substantivo, há a perda de um direito previsto
em lei. O tempo age em relação à decadência como um requisito do ato, pelo que a própria
decadência é a sanção consequentemente da inobservância de um termo. O Código Civil
trata apenas de suas regras gerais e distingue a decadência legal da convencional.

10. O Código Civil atual regulou prescrição e decadência no mesmo capítulo? Tal
decisão interferiu de forma significativa na distinção entre prescrição e decadência?
Por não estarem situados no mesmo capítulo do Novo Código Civil, esta decisão
interferiu no modo de diferenciação de prescrição e decadência, deixando totalmente
claro no art. 207 que as regras de um não irão se aplicar no outro.

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