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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DIREITO CONSTITUCIONAL I
DOCENTE: DR. ARTUR CORTEZ BONIFÁCIO

PEDRO HENRIQUE SANTOS DA SILVA


2022.1 – NOTURNO

O DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL E A


PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – ARTUR CORTEZ
BONIFÁCIO
FICHAMENTO DA OBRA

NATAL, 2022
O DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL E A

PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – ARTUR CORTEZ

BONIFÁCIO

1.1 O SISTEMA JURÍDICO E O FIM DO DIREITO: A QUESTÃO DA

DECIDIBILIDADE

O autor inicia o primeiro capítulo da obra, explicando que atribuir um

conceito ao direito não é uma tarefa fácil, devido a sua carga doutrinária, como

também aos referenciais do termo. Por este motivo, o escritor buscará, ao

decorrer da obra, desenvolver uma ideia de direito que se aproxime da norma,

baseada no sentido da proteção dos direitos fundamentais. Desta forma, o

objetivo do mesmo é colocar em pauta problemas de convivência entre a

ordem jurídica internacional e a ordem interna, e avaliar como esse

relacionamento pode ceder legitimidade à atuação dos operadores jurídicos.

Progressivamente, Bonifácio afirma que o direito tem um conceito

científico, segundo enunciados e princípios próprios, métodos compatíveis à

sua natureza e objetos específicos. A ciência do direito tem o objetivo de

descrever fenômenos e realidades que despertam o interesse à análises

científicas, como a metalinguagem, o objeto, o direito posto e especializado.

Desta forma, um cientista do direito busca, em linguagem descritiva, o plano do

ser, a descrição daquilo que acontece no mundo e nas relações de vida.

A linguagem citada anteriormente, se refere a uma prescrição de

condutas, proibindo e permitindo, em um parâmetro de dever-ser. Esse sentido

de direito-linguagem enxerga o direito em três dimensões linguísticas: a

sintática, que vê os signos entre si; a semântica, que trabalha a relação de


sentido dos signos com os objetivos; e a pragmática que possibilita a relação

dos signos com os intérpretes ou utentes). Desta forma, o autor trabalhará o

direito na acepção de linguagem ao decorrer da obra, dando ênfase a

pragmática.

Sob essa ótica, podemos afirmar que a linguagem do direito traz um

discurso comunicativo através da cultura, da produção jurídica da sociedade,

do legislador, do aplicador da norma e das fontes do direito. A linguagem,

nesse sentido, tem a função de comunicar.

Semelhantemente, a ciência do direito descreve relações fáticas e seu

objeto prescreve condutas, onde os aspectos de unidade, adequação,

coerência e ordenação lhe conferem um caráter sistêmico. Sendo assim, o

sistema jurídico é uma realidade de fato (ser), um dever-ser (norma),

fundamentado em noções materiais consistentes (valor), animadores da

decisão.

Continuando com seu raciocínio, o renomado jurista declara que no

âmbito da decidibilidade, o direito pode ter validade da compreensão

sistemática e racional, onde a análise, entretanto, considera o caráter

sistemático e aberto do direito, na qual os valores integram um campo

suprapositivo. Desta maneira, por meio dos canais e influxos da sociedade

plural, o dinamismo do sistema vai se concretizando tanto para a ordem

interna, como para a ordem internacional.

Em outro momento, o escritor fala sobre as variações e oscilações que

um sistema jurídico pode sofrer em um determinado Estado. Para ele, a

formação de um sistema unitário, ou sistemas externos, devem guardar

coerência com a sistematização valorativa, com uma parte axiológica. E caso


um sistema jurídico não possua as determinações supracitadas, existe a pena

de incorrer em um déficit de legitimidade intransponível e remediável.

Sendo assim, as decisões tomadas na esfera dos poderes internos,

quando contrárias aos valores e direitos fundamentais positivados internamente

pela Constituição, precisam ser revistas sob uma análise de validade ou

eficácia.

Ordenadamente, Bonifácio aborda sobre como a Constituição e os

princípios adotados pela mesma legitimam as ações do Estado no exercício de

quaisquer que sejam suas funções. Esse resultado é devido a legitimidade do

poder elaborador da Constituição, antecedentes históricos de participação

popular e envolvimento dos segmentos da sociedade, onde o produto é o texto

constitucional.

Diante disso, podemos afirmar que a linguagem do direito deve ser

voltada para a sociedade, bem como deve reconduzir o exame metodológico e

científico para fins de seu sentido pragmático, com a finalidade de atender os

anseios sociais e realizar o ideal de justiça que lhe é favorável e adequado. Por

este motivo, o autor busca uma construção com os pressupostos de uma

dogmática de proteção dos direitos fundamentais, na perspectiva do direito

constitucional positivo e no constitucionalismo global.

1.2 A FUNÇÃO SUPREMA DA CONSTITUIÇÃO NO SISTEMA JURÍDICO

Na segunda parte da obra, o autor inicia o conteúdo falando sobre os

vários sentidos da Constituição, devido a seu caráter aberto e inacabado e por

ser o principal documento de unificação da ordem jurídica numa sociedade

plural.
No sentido normativo da Constituição, ela se apresenta como um

sistema de normas formais e materialmente superiores, as quais são bases

para a produção de outras normas, recebendo assim, o nome de “norma das

normas”. A Lei Maior é composta por normas que regulam a estruturação do

Estado, o povo, o poder, a soberania, protege os direitos fundamentais e se

abre para relações internacionais. Nela existem valores sociais de existência

ou de fato, representando compromisso histórico, ideológico, político,

econômico e filosófico.

O denominado princípio da supremacia da Constituição é um dos pilares

do sistema jurídico e é o produto da autoridade reconhecida pelo processo

constituinte. Na primeira aplicação prática deste princípio, reside em uma regra

de subordinação à Constituição, onde o objetivo é vincular as funções do

Estado aos princípios e regras da Constituição Federal. Já na segunda

aplicação, a supremacia se faz presente nas relações jurídicas que ligam as

pessoas entre si ou com o Estado, visando a estabilidade constitucional dessas

relações e a aplicação do direito. Nesta aplicação, as demais normas buscam

conformidade na Constituição. Ela é vista como a base de todo o ordenamento

jurídico. Ela é a própria fonte de produção legislativa.

Portanto, o princípio da supremacia da Constituição é uma das bases do

controle de constitucionalidade. Haja vista, que vulnerar a supremacia da

Constituição, nada mais é do que fragilizar a sociedade e o Estado, uma vez

que ali estão inseridos os fundamentos justificantes da existência de uma

formação estatal.

1.3 DO DIREITO INTERNO E DO DIREITO INTERNACIONAL. MONISMO E

DUALISMO. A NOVA CONCEPÇÃO DA ORDEM JURÍDICA.


Em um terceiro momento, Bonifácio afirma que o direito ultrapassa os

limites territoriais dos Estados com o mais singelo objetivo de proteger o

cidadão universal, onde quer que esteja. O conceito da dignidade da pessoa

humana começou a ser colocado em pauta após o final da Segunda Guerra

Mundial, com a Declaração Universal de Direitos Humanos, promulgada em

1948.

A partir desse contexto, surgem ordenamentos jurídicos com tendências

universais que emergem, de maneira igual, um direito exclusivamente voltado

para a preservação dos valores humanos quando voltados para o conceito de

dignidade. Logo, a vida, a segurança, a liberdade, a igualdade, a propriedade,

a saúde, a educação, o meio ambiente e o trabalho são direitos vistos como

fundamentais para o ser humano.

Agora falando sobre as normas de direito internacional, o estudioso

ressalta que a norma de direito internacional pode diferir em essência da norma

de direito interno, principalmente quando houver uma lei posterior

contradizendo um tratado anterior. As normas dos Estados e as de direito

internacional público, podem conviver em um único sistema jurídico ou podem

se separar.

Nesse sentido, a doutrina desenvolveu duas correntes de pensamento

sobre o assunto abordado: o monismo e o dualismo. Para Kelsen, há os que

entendem existir um só sistema jurídico e uma só ordenação, onde o Estado

reconhece, interpreta e integra as normas de direito internacional sem

modificá-las, podendo existir uma necessidade de publicação como uma

ferramenta de eficácia. Por outro lado, Dionísio Anzilotti denota a existência de

duas ou mais ordens jurídicas, distintas, separadas e com diversidade. Nessa


modalidade, as normas deixam de ser internacionais e se interiorizam, por

meio de um projeto de lei, de um decreto legislativo ou de um ato

administrativo: um decreto, para exemplificar.

O jurista encerra o capítulo sustentando a ideia de como o Direito

Internacional e o Direito Interno devem ter como base os valores e

fundamentos eleitos pela sociedade política e transformados em compromissos

constitucionais, entre os quais a internacionalização e a proteção dos direitos

fundamentais são pontos de confluência intransponíveis.

1.4 O DIREITO ENQUANTO ORDEM UNIVERSAL DE JUSTIÇA

No quarto fragmento do texto, o renomado autor discute sobre como

entre a relação entre o direito interno e o internacional resulta a precisão de

existência de um sistema jurídico aplicável em qualquer convivência humana,

com o sentido de justiça, objetivando o bem como para todos os seres

humanos em nível universal.Tal sistema precisa proteger a todos e assegurar

liberdade, igualdade e autodeterminação.

Sob o mesmo parâmetro, Bonifácio afirma que a justiça é um predicado

universal que acompanha a evolução social. Para complementar sua tese, o

autor cita o famoso filósofo Aristóteles como referência, onde o mesmo afirma

que em uma sociedade sempre existiu algo metafísico, influenciando nas

atitudes humanas e nas resoluções de conflitos.

Após a criação da sociedade política, foram criados o Estado e uma

ordem legal positiva, escrita ou costumeira, formando assim, os microssistemas

jurídicos onde há diversos tipos de sanções e soberanias.


Diante disso, podemos observar que o direito carrega uma carga de

valores e princípios que consolidam as posições de poder e autoridade em

qualquer sociedade, bem como a experiência jurídica é vista como anterior à

sociedade política, ao poder político e ao Estado.

Ademais, o autor também considera o direito como um instrumento

situado acima de qualquer ordem jurídica para fazer com que haja justiça e

solucione problemas decorrentes em nível mundial, como a fome, a pobreza, o

desemprego, a falta de assistência à saúde, entre outros. Portanto, onde existir

um ser dotado de personalidade jurídica, precisa haver um sentido universal de

justiça.

Em conclusão, o autor encerra a parte da excelentíssima obra

sustentando a ideia de que as normas de direito natural ou direitos naturais

positivadas pelas Constituições e pelos Tratados Internacionais, devem

fundamentalmente transformar-se em uma ordem em nível universal para a

concretização da justiça, possuindo valores que preservem os direitos

fundamentais e construa um modelo de Estado e isonomia social, onde são

assegurados acima de tudo, acrescidos aos direitos sociais, econômicos e

culturais.

Por fim, podemos concluir que o Direito Constitucional Internacional tem

o objetivo de promover a ordem universal de justiça, pois a justiça se coloca no

âmbito da supranacionalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONIFÁCIO, Artur Cortez. O Direito Constitucional Internacional e a

Proteção dos Direitos Fundamentais. São Paulo, Método, 2008, ps.19-49.

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