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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 07º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA CAPITAL - PERNAMBUCO

Distribuição por Dependência ao processo de nº 0005498-11.2016.8.17.8201

ROSALINDA BATISTA DE LUNA, , brasileira, viúva, dona de casa, inscrita


no CPF sob o nº 008.893.204-46, portadora da cédula de identidade nº 1.121.032 SSP-
PE, residente e domiciliada na Rua José de Holanda, nº 824, CEP 50710-140, no Bairro
da Torre, na cidade de Recife -PE, por sua advogada e bastante procuradora infra-
assinada, LIANA LUNA VAN DRUNEN, inscrita na OAB/PE sob o n. 41.275 com endereço
profissional na Rua José de Holanda, nº 824, CEP 50710-140, Recife – PE, onde recebe
as intimações, vem, perante Vossa Excelência, propor

EMBARGOS À EXECUÇÃO

Nos termos do art. 914, do Novo Código de Processo Civil, que lhe é
movida no processo de nº 0005498-11.2016.8.17.8201, pelo CONDOMÍNIO POUSA DA
TORRE, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos:

Preliminarmente

I. DO REQUERIMENTO DE HABILITAÇÃO NO SISTEMA DO PJE

Diante da constituição de advogada pela Embargante, bem como


necessidade de habilitação no sistema do processo judicial eletrônico (PJE), requer a ora
embargante a habilitação na presente demanda da advogada Dra. Liana Luna van
Drunen, OAB/PE 41.275, brasileira, solteira, com endereço profissional na Rua José de
Holanda, nº 824, Apt. 602, C, Torre, Recife/PE, CEP 50.710-140.

Ademais, insta ratificar os termos do requerimento de notificação exclusiva,


com base no artigo 106, inciso I, do NCPC, para que sejam observadas que as
notificações/intimações sejam endereçadas exclusivamente à Advogada Dra. Liana Luna
van Drunen, OAB/PE 41.275, CPF/MF nº 010.41.534-85, as quais deverão ser remetidas ao
seguinte endereço: Rua José de Holanda, nº 824, Apt. 602, C, Torre, Recife/PE.

II. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A embargante é viúva, percebendo apenas uma pensão no INSS pela


morte de seu marido, consoante cartão da previdência ora anexado, não possuindo
condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios,
sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaração de
hipossuficiência.

Por tais razões, pleiteia-se os benefícios da Justiça Gratuita,


assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC),
artigo 98 e seguintes.

DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO

Consoante se depreende dos autos do processo principal, a Embargante


recebeu notificação em 24 de novembro de 2016, de modo que o prazo para opor
embargos à execução se iniciou em 25/11/2016, terminando em 16/12/2016, nos
termos art. 915, do Novo Código de Processo Civil.

Trata-se de execução de título judicial, de modo que cabíveis embargos


à execução, conforme disposto no art. 914, do Código de Processo Civil/2015.

DOS FATOS

De início, cumpre-se ressaltar que foi movida ação de cobrança pelo


exequente versando sobre supostas parcelas de taxas condominiais.

Entretanto, conforme restará demonstrado, a Executada não é parte


legítima para figurar nos autos da referida ação de cobrança por não ser proprietária
do imóvel a que se refere a cobrança.

Isto porque, conforme documentos ora anexados, o proprietário do


imóvel é o seu falecido marido, o Sr. Edinaldo Roberto Cavalcanti de Luna.

Ademais, está em trâmite processo de inventário dos bens do


proprietário do imóvel, Processo de nº 0007130-48.2016.8.17.2001, que faleceu em
01.01.2016, conforme certidão de óbito em anexo, de maneira que, apesar de sua
morte, o bem permanece em seu nome.

Além disso, a ora Embargante sequer é possuidora do imóvel em


questão, posto que quem é possuidora, por morar nele desde os fins de 1992, é a sua
filha, a Sra. Dayse Batista de Luna.

DO DIREITO

A) DA CARÊNCIA DE AÇÃO POR ILEGITIMIDADE PASSIVA

A legitimidade das partes é, consoante o disposto no art. 17, do NCPC,


uma das condições da ação, sem a qual é inviável a análise do mérito da demanda.
A legitimidade passiva, segundo a valiosa lição de Wambier, consiste
na “relação de sujeição diante da pretensão do autor”. Destarte, se não há nexo de
causalidade entre o direito invocado pelo autor e a conduta do réu, verifica-se a
ocorrência de ilegitimidade passiva.

Ademais, a legitimidade passiva para ações de cobrança de dívidas de


condomínio é do proprietário do imóvel, por se tratar de obrigação propter rem, isto é,
deverá figurar no polo passivo o detentor de direito real sobre o imóvel.

Sobre o conceito de obrigação propter rem, Silvio Rodrigues (2002, p. 79,


grifos do autor) leciona:

“A obrigação propter rem é aquela em que o devedor, por ser


titular de um direito sobre uma coisa, fica sujeito a determinada
prestação que, por conseguinte, não derivou da manifestação
expressa ou tácita de sua vontade. O que o faz devedor é a
circunstância de ser titular do direito real, e tanto isso é verdade
que ele se libera da obrigação se renunciar a esse direito.”

Dessa forma, não sendo a Executada proprietária do imóvel, não pode


dela serem cobrados os valores de cotas e taxas condominiais.

Neste mesmo sentido têm entendido os tribunais pátrios:

Ementa
Segunda Câmara Cível Agravo de Instrumento n.º
035.119.004.667 Recorrente: Condomínio Itaparica Mar
Recorrido: Ana Julia Tavernard Trindade Braz Relator:
Desembargador Substituto Ewerton Schwab Pinto Júnior
ACÓRDAO EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇAO DE COBRANÇA DE COTAS CONDOMINIAIS.
LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO POSSUIDOR. FASE DE
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA DO IMÓVEL, CUJO
PROPRIETÁRIO NAO FIGUROU COMO PARTE LITIGANTE.
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.I. A rigor, por
consistirem em obrigações propter rem, as obrigações
condominiais são opostas a quem figure como titular da coisa,
de modo que, acaso transmitido o bem imóvel, as obrigações
reais o seguem. II. Sucede que a condição de possuidor ostentada
pelo Promitente Comprador do bem imóvel objeto do
Condomínio Edilício e o efetivo exercício do direito de moradia
conferem-lhe legitimidade nas ações de cobrança de despesas
condominiais, ex vi do disposto no artigo 1.334, 2º, do Código
Civil de 2002.III. Conquanto a legitimidade passiva para as ações
de cobrança de cotas condominiais possa recair tanto sobre o
proprietário, quanto sobre o possuidor, a constrição judicial do
bem imóvel autônomo, verificada na fase de cumprimento de
Sentença, exige que o titular do domínio tenha figurado como
parte na fase de conhecimento. IV. Proposta a ação de cobrança
em fase daquele que exerce a posse direta sobre o imóvel,
desprovido de qualquer título, inviável a penhora do bem, cujo
proprietário é terceiro estranho à relação processual. Recurso
conhecido e improvido. ACORDA a Egrégia Segunda Câmara
Cível, em conformidade da ata e notas taquigráficas da sessão,
que integram este julgado, por unanimidade dos votos, conhecer
e negar provimento ao recurso.(TJES, Classe: Agravo de
Instrumento, 35119004667, Relator: NAMYR CARLOS DE SOUZA
FILHO - Relator Substituto : EWERTON SCHWAB PINTO JUNIOR,
Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento:
24/01/2012, Data da Publicação no Diário: 08/02/2012)

16905494 - ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA. COTAS


CONDOMINIAIS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.
OBRIGAÇÃO PROPTER REM. PRESCRIÇÃO. 1. A obrigação
condominial é de natureza propter rem, podendo ser promovida
a ação de cobrança de cotas condominiais contra o proprietário,
conforme registro imobiliário, o possuidor do imóvel, ou, ainda,
contra ambos, desde que tenha estabelecido relação jurídica
direta com o condomínio, sem
prejuízo de eventual ação de regresso. 2. O prazo prescricional
para cobrança de cotas condominiais é de cinco anos, a partir do
vencimento de cada parcela, uma vez que são líquidas, desde sua
definição em assembleia geral de condôminos, e tem lastro em
documentos físicos, nos termos do art. 206, § 5º, inciso I, do
Código Civil. (TRF 4ª R.; APL-RN 5019948-17.2012.404.7001; PR;
Quarta Turma; Relª Desª Fed. Vivian Josete Pantaleão Caminha;
Julg. 16/11/2016; DEJF 09/12/2016)

Como se não bastasse, a ora Embargante sequer pode ser entendida


como possuidora do presente imóvel, porquanto a real possuidora, que mora no local
desde os fins de 1992, é a sua filha, a Sra. Dayse Batista de Luna.

Dessa forma, restou caracterizada a ilegitimidade passiva da Executada,


devendo, assim, o feito ser extinto, sem resolução de mérito, por carência de ação, a
teor do disposto no art. 485, inc. VI, do NCPC.

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer a embargante:

A) O recebimento dos embargos com autuação em apenso e com a declaração de


procedência dos embargos, julgando assim, prejudicada a execução.
B) Que seja concedido o benefício da justiça gratuita.

C) Requer provar o alegado por todas provas admitidas em direito.

D) Seja expedido ofício ao 4º Cartório de Imóveis da Capital - CNPJ:


24.565.947/0001-08, localizado na Rua José de Osório, 571, Madalena, Recife-
PE. CEP: 50.610-280, para que seja trazida aos autos a certidão de propriedade
do imóvel.

E) Seja condenado o embargado a pagar as custas e emolumentos judiciais a


serem arbitrados pelo Douto Juízo.

Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00, para fins meramente fiscais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Recife, 14 de dezembro de 2016.

LIANA LUNA VAN DRUNEN


OAB/PE nº 41.275

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