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: 1
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região
Tramitação Preferencial
- Idoso
Partes:
RECLAMANTE: ROMEU FERMINO BARBOSA
ADVOGADO: JEAN GUILHERME DE ANDRADE RUTHES
RECLAMADO: SILVIO FERNANDO GRIPPA
RECLAMADO: TRANSPORTADORA ROCHA LTDA
PERITO: JOSE LUIZ KACHEL
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Fls.: 2
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO
16ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA
ATOrd 0000870-93.2018.5.09.0016
AUTOR: ROMEU FERMINO BARBOSA
RÉU: SILVIO FERNANDO GRIPPA - ME, TRANSPORTADORA ROCHA LTDA
Data: 30/07/2020
SENTENÇA
Vistos, etc.
I - RELATÓRIO
ROMEU FERMINO BARBOSA, já qualificado nos autos em epígrafe, ingressou com a presente
reclamatória trabalhista em face de SILVIO FERNANDO GRIPPA – ME e TRANSPORTADORA
ROCHA LTDA., também qualificados. Pleiteou as verbas elencadas às fls. 29/34. Aditou a
petição inicial às fls. 90/94. Atribuiu à causa o valor de R$56.170,95.
DECIDE-SE
II – FUNDAMENTAÇÃO
1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
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Tendo em vista que o autor alega a prestação de serviços no período de 10-10-2013 a 31-07-
2018, a análise da pretensão observará, com relação ao período de 11-11-2017 em diante, a
alteração legislativa implementada pela Lei 13.467/2017.
Apesar de regularmente notificados (fls. 207/208, fls. 180/181) e intimados a apresentar defesa
escrita em 15 dias (fls. 216/219), os reclamados não compareceram para contestar o feito, pelo
que são declarados revéis e confessos quanto à matéria de fato, presumindo-se verdadeiras as
alegações da inicial, desde que verossímeis e coerentes com as demais provas dos autos (CLT,
artigo 844, “caput” e § 4º, IV).
A solidariedade não se presume: resulta da lei ou da vontade das partes, consoante se infere do
art. 896 do CCB.
No caso do grupo econômico, decorre de lei, ex vi do art. 2º, § 2º da CLT, que instituiu
responsabilidade solidária entre as empresas integrantes, visando melhor garantir os créditos
trabalhistas dos empregados das diversas empresas, motivo pelo qual é despicienda qualquer
indagação sobre a capacidade econômica do real empregador.
Ante revelia e confissão ficta dos reclamados, aliadas aos documentos colacionados com a
exordial, que atestam a identidade de sócios e o objeto social comum, tenho como veraz a
formação de grupo econômico.
Desta forma, os reclamados responderão solidariamente pelos créditos deferidos nesta ação.
Ante a presunção de veracidade das assertivas obreiras, tem-se que, embora admitido em 10/10
/2013, o autor foi registrado apenas em 01-09-2014.
Assim, condeno o primeiro reclamado a retificar a CTPS do autor, para constar a correta
vigência do contrato de trabalho, com início em 10-10-2013 e término em 11-09-2018 (ante a
projeção do aviso prévio proporcional de 42 dias, nos termos do art. 487, § 1º da CLT e
Orientação Jurisprudencial nº 82 da SDI-I do TST), sob pena de multa que, com amparo no art.
536, § 1º e art. 537 do CPC fixo em R$50,00 ao dia, a qual terá incidência por até 30 dias. Findo
o prazo sem o cumprimento da obrigação pelo réu, as anotações deverão ser levadas a efeito
pela Secretaria desta M.M. Vara do Trabalho, devendo, ainda, ser expedido ofício à SRTE para
comunicação da irregularidade e providências cabíveis, nos termos do art. 39, parágrafo 1º da
CLT.
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Assim, observados os limites impostos pelo pedido, faz jus o reclamante às seguintes parcelas:
saldo de salário (31 dias), aviso prévio indenizado (42 dias), 13º salário proporcional de 2018 (8
/12); férias + 1/3 de 2016/2017 (simples) e férias +1/3 de 2017/2018 (simples) – já computada a
projeção do aviso prévio.
Sobre as verbas deferidas, exceto sobre as férias indenizadas, incide o FGTS, no importe de
11,2%.
O primeiro reclamado deverá, ainda, no prazo de 5 dias após o trânsito em julgado e a contar
de sua intimação para este e fim: a) efetuar os depósitos mensais do faltantes do FGTS
(inclusive do período sem registro), acrescidos da multa de 40%, comprovando a regularidade
dos mesmos por meio da juntada das respectivas guias de recolhimento (meio eletrônico),
emitindo as guias de TRTC com a devida autorização para saque, com depósito das vias do
empregado (em papel) na Secretaria desta Vara do Trabalho; e b) entregar ao autor a
comunicação de dispensa - guias CD/SD, mediante depósito de tais documentos (em papel) na
Secretaria desta Vara do Trabalho, para fins de habilitação no seguro-desemprego, tudo sob
pena de execução direta por quantia equivalente.
Fixo o valor devido pela soma do vale transporte e do vale alimentação mensal em R$569,50, de
acordo com a alegação da exordial, ausentes outros parâmetros nos autos.
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Tendo em vista a contumácia dos reclamados, considero verdadeira a alegação do autor, de que
o 13º salário do ano de 2017 foi fracionado em 4 (quatro) parcelas, das quais apenas 2 (duas)
foram pagas.
Desta feita, defiro o pagamento do valor equivalente às 2 (duas) parcelas remanescentes do 13º
salário de 2017.
Indefiro a integração pretendida, uma vez que o vale alimentação concedido pelo empregador
não possui natureza remuneratória, encontrando amparo convencional expresso nesse sentido
(por exemplo, cláusula 19, CCT 2016/2018, fl. 73).
9. DANO MORAL
Ainda que os reclamados tenham sido declarados revéis e confessos, em se tratando de pedido
de indenização por danos morais, há que se visualizar a presença do ato ilícito praticado pelo
empregador, bem como do dano moral sofrido pelo empregado, este abrangendo
constrangimentos, humilhações, calúnia, injúria e difamação, por exemplo, e, à obviedade, o
nexo causal entre a conduta do primeiro e a consequência danosa na esfera pessoal do segundo.
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empregado tem noção do risco que está assumindo e não pode transferir esses riscos ao
empregador.
Com relação aos descontos de parcela do plano de saúde na folha de pagamento, não vislumbro
ato ilícito, pois a forma de custeio do plano é definida no contrato celebrado com a seguradora e
ordinariamente prevê a participação do empregado.
Extrai-se do item 6 da exordial, que apenas os vales alimentação dos meses de maio e junho de
2018 não foram quitados (fl. 12). Além disso, no item 8 da exordial, o autor alega que o vale
alimentação era pago em dinheiro “ao longo de todo período contratual” (fl. 13).
Logo, não prospera a alegação presente no item 10 da petição inicial, de que o vale alimentação
nunca foi pago (fl. 18).
Outrossim, indefiro a aplicação da multa prevista na CCT 2016/2018, que tem vigência limitada
a abril de 2018 (fl. 70). O descumprimento da cláusula afeta ao vale alimentação se deu a partir
do mês de maio de 2018.
A justiça gratuita diz respeito apenas à isenção das despesas processuais, que pode ser
concedida nos termos do artigo 790, §§ 3º e 4º da CLT, restando prejudicado o pedido ante a
procedência parcial da demanda.
Em face da procedência parcial dos pedidos e considerando a revelia dos reclamados, condeno
estes ao pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais em benefício do patrono da
parte autora, no importe de 5% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença,
considerando-se o grau de zelo do profissional, a natureza e a importância da causa, o trabalho
realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 791-A, da CLT).
A atualização das verbas deferidas deve observar a época própria de exigibilidade de cada
parcela, o índice da correção monetária do mês subsequente ao da prestação dos serviços
(Súmula 381 do TST) e o disposto nos arts. 39, "caput", da Lei 8.177/91 e 879, § 7º, da CLT.
A aplicação do índice IPCA-E para atualização monetária depende da decisão a ser proferida
pelo Supremo Tribunal Federal na ADC 58, tendo em vista a liminar deferida pelo Exmo. Min.
Gilmar Mendes em 27-06-2020 naquela ação.
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Juros de mora de 1% ao mês, contados desde o ajuizamento da ação (CLT, art. 883), incidentes
sobre a importância já corrigida monetariamente (Súmula 200, TST).
Ressalva-se, contudo, que os critérios para apuração do imposto de renda estarão sujeitos à
observância da legislação vigente quando da liquidação da sentença, suscetíveis à alteração de
acordo com a legislação vigente no mês de recebimento ou crédito, de que trata o artigo 12-A da
Lei nº 7.713/1988.
Na base de cálculo do imposto de renda, não se incluem os juros de mora, pois os valores
recebidos pelo contribuinte a tal título não podem ser reputados renda, mas sim indenização,
porque se trata de verba destinada a reparar o dano oriundo da mora (art.404, CC).
III – DISPOSITIVO
Pelos fundamentos expostos, decide a 16ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA/PR julgar PRO
CEDENTE EM PARTE a pretensão formulada por ROMEU FERMINO BARBOSA em face de SIL
VIO FERNANDO GRIPPA – ME e TRANSPORTADORA ROCHA LTDA. para declarar a revelia
e confissão dos reclamados e condená-los solidariamente a pagar ao autor, nos termos da
fundamentação, que se incorpora a este dispositivo:
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k) FGTS (11,2%) sobre as verbas salariais deferidas, com exceção das férias indenizadas.
Deverão os reclamados arcar com os honorários sucumbenciais, no importe de 5%, sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, em favor do patrono da parte adversa.
Liquidação da sentença mediante cálculos. Juros e correção monetária na forma da lei e nos
termos supra.
Intime-se o autor. Intimem-se os reclamados, nos termos do art. 852 c/c 841, parágrafo 1º da
CLT.
Nada mais.
JANETE DO AMARANTE
Juíza Titular
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Fls.: 9
JANETE DO AMARANTE
Juiz Titular de Vara do Trabalho
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https://pje.trt9.jus.br/pjekz/validacao/20073009165296300000079035581?instancia=1
Número do processo: 0000870-93.2018.5.09.0016
Número do documento: 20073009165296300000079035581