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Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
Partes:
RECORRENTE: CARLA DAS CHAGAS OLIVEIRA
ADVOGADO: MARCOS ELY CAMPOS VIANNA
ADVOGADO: MARCIO ELY CAMPOS VIANNA
RECORRIDO: IRMANDADE DE SANTA IZABEL DE CABO FRIO
ADVOGADO: Peter Charles Samerson
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 11/04/2019 13:15:43 - 76cba2a
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19010812114410700000030939185
Número do processo: 0100279-14.2017.5.01.0432
Número do documento: 19010812114410700000030939185
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário, em que
são partes CARLA DAS CHAGAS OLIVEIRA, como Recorrente, e IRMANDADE DE SANTA
IZABEL DE CABO FRIO, como Recorrido.
I - RELATÓRIO
A Autora busca a reforma do julgado para que sejam acolhidos seus pedidos
de: nulidade do pedido de demissão e acolhimento da rescisão indireta; horas extras pela não fruição do
intervalo intrajornada. Postula, ainda, a reforma da sentença quanto à condenação a pagamento de honorários
de sucumbência.
Sem Contrarrazões.
É o relatório.
II - FUNDAMENTAÇÃO
CONHECIMENTO
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Número do documento: 19010812114410700000030939185
MÉRITO
"REVELIA
A revelia tem como consequência a confissão quanto à matéria de fato (art. 844/CLT).
A confissão produz seus efeitos em relação às questões fáticas, fazendo com que sejam
reputadas verdadeiras as alegações da parte contrária (art. 344/CPC).
EXTINÇÃO CONTRATUAL
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Número do documento: 19010812114410700000030939185
A reclamante afirmou que em 24/11/2016, diante do não cumprimento das obrigações
contratuais pela ré (inobservância do piso salarial e ausência de recolhimento de FGTS)
rescindiu o contrato por sua iniciativa, tendo o departamento pessoal solicitado que que
fizesse uma carta de demissão, o que foi feito. A rescisão contratual foi homologada pelo
Sindicato com as ressalvas de diferenças salariais e depósitos de FGTS devidos.
Entendo que o ato de comunicação de demissão é um ato jurídico perfeito, razão pela qual
sequer alegado o vício de consentimento não há falar em sua nulidade e eventual conversão
em outra modalidade de extinção contratual.
Assim, julgo improcedente o pedido de rescisão indireta, mantendo a rescisão contratual por
iniciativa da autora.
O TRCT foi datado em 20/01/2017, não havendo comprovação nos autos de que houve
quitação das verbas rescisórias em data diversa. Inobservado o prazo do art. 477, § 6º da
CLT, condeno a reclamada no pagamento da multa prevista em seu § 8º.
O extrato de FGTS juntado aos autos demonstra que a ré somente efetuou os depósitos de
FGTS referentes aos meses de agosto e setembro de 2016. Condeno a reclamada na
obrigação de fazer referente ao recolhimento do FGTS do reclamante de todos os meses do
contrato de trabalho, com exceção e agosto e setembro de 2016.
A Autora sustenta que "a Recorrida foi revel, portanto confessa quanto a
matéria de fato, ou seja, deve ser considerado verdadeiros os fatos alegados na libelo. [..];que o pedido de
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demissão da reclamante ocorreu em virtude do não pagamento do piso salarial da categoria; o não
pagamento do piso salarial afeta substancialmente a remuneração do trabalhador, mais também os reflexos
em todas as outras parcelas. [..].A jurisprudência é pacifica no sentido de que o não do piso salarial
autoriza a rescisão do contrato por rescisão indireta os termos do artigo 483 da CLT.
Analiso.
Na inicial, a Autora reconhece que pediu demissão, alegando que o fez tendo
em vista o não cumprimento das obrigações da reclamada (não pagamento do piso salarial e não
recolhimento de FGTS durante todo vinculo empregatício).
O art. 483, caput e § 3º, da CLT, prevê que o empregado poderá pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no
serviço até a decisão final do processo.
Assim, ainda que a autora tenha feito o pedido de demissão, a alegada falta
grave da reclamada foi configurada e, no caso, o pedido de demissão da Reclamante demonstra tão somente
a impossibilidade de manutenção do vínculo empregatício, sem significar qualquer opção pela modalidade
de extinção contratual.
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Assim, deve ser reconhecida a nulidade do pedido de demissão da
reclamante, com a conversão em dispensa sem justa causa.
"[..]
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do artigo 487, § 4º, da CLT; indenização de 40% do FGTS, bem como determinar a entrega das guias de
FGTS e seguro desemprego, sob pena de indenização substitutiva.
DO INTERVALO INTRAJORNADA
A reclamada juntou aos autos os cartões de ponto da autora com pré-assinalação dos
intervalos, bem como com marcações variáveis dos intervalos nos dias trabalhados pela
autora.
Em manifestação sobre defesa, a autora impugnou os controles por não estarem assinados.
Entendo que a ausência de assinatura, por si só, não é suficiente para afastar os controles
como meio de provas, ainda mais por ser um cartão de ponto eletrônico. Reputo os controles
idôneos como meio de prova.
A autora não apontou as ocasiões que não houve o intervalo integral de 1 hora, ônus que
seria seu, na forma do arts. 818 da CLT e 373, I do CPC.
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dezembro de 2013, Julho, novembro e dezembro de 2015, sendo assim mais uma vez confessa quanto a
matéria nos referidos meses.[..]; que em vários dias não houve qualquer marcação quanto ao intervalo
intrajornada, ou seja, não foi usufruído o mesmo."
Analiso.
Dessa forma, os controles de ponto juntados aos autos pela Reclamada revel
não constituem prova a seu favor, pois devem ser desconsiderados.
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empregado. Importa, assim, em medida legislativa de cunho "profilático", pode-se dizer, porque visa a
prevenir doenças relacionadas ao trabalho e acidentes de trabalho ocasionados por fadiga laboral. Daí a
indisponibilidade do conteúdo da norma.
"HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
Considerando que a presente sentença será prolatada sob a égide da lei 13467/2017 que
acrescentou o art 791-A na CLT e seguindo entendimento consubstanciado no acórdão Resp.
1465535/SP do Superior tribunal de Justiça, por meio do qual é possível constatar que a
natureza jurídica dos honorários sucumbenciais é híbrida, ou seja, material, por se tratar de
credito aos advogados que atuam no processo e processual, por se tratar de direito que surge
com a prolação da sentença, sigo o entendimento pacifico no STJ no sentido de que o direito
aos honorários sucumbenciais surge a partir da prolação da sentença.
Entendo que por ser direito de natureza hibrida cujo nascedouro decorre da prolação da
sentença desnecessária a postulação especifica, inserindo-se nas hipóteses da atuação ex
oficio do Magistrado. Registro, inclusive, a redação dos dispositivos processuais que tratam
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Número do processo: 0100279-14.2017.5.01.0432
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da matéria (tanto no CPC quanto na Lei 13.467/2017 utiliza expressões no imperativo: artigo
85 CPC "a sentença condenará(...)" e artigo 791-A da Lei 13.467/2017 "(...) serão devidos
(...)".
A Autora sustenta que "não possui condições financeiras para arcar com as
custas processuais sem prejuízo próprio e do sustenho de sua família. [..];que o disposto no art. 791-A é
inconstitucional, por representar limitação ao acesso à Justiça e ser incompatível com o princípio da
dignidade humana e a vedação ao retrocesso social. [..];a decisão merece reforma porque as disposições da
Lei 13.467/2017 não são aplicáveis para as reclamações trabalhistas anteriores a 11/11/2017 (data do
início da vigência da Reforma Trabalhista)."
Analiso.
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, são devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa."
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Número do processo: 0100279-14.2017.5.01.0432
Número do documento: 19010812114410700000030939185
Não obstante, constata-se que a ação foi ajuizada em 16/03/2017, antes da
vigência da Lei 13.467/2017, assim, não cabe a aplicação do disposto no art. 791-A, e parágrafos, da CLT..
III - DISPOSITIVO
A C O R D A M os DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO, por unanimidade, CONHECER do recurso;
no mérito, também por unanimidade, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para declarar a conversão do
pedido de demissão da reclamante, em dispensa sem justa causa e condenar a reclamada ao pagamento de
aviso prévio, nos termos do artigo 487, § 4º, da CLT; indenização de 40% do FGTS, bem como determinar a
entrega das guias de FGTS e seguro desemprego, sob pena de indenização substitutiva; para condenar a Ré
ao pagamento de 01 hora extra por dia de trabalho, com adicional de 50% e reflexos em RSR; férias + 1/3;
13º salário; FGTS, 40% e aviso prévio; para excluir a condenação da Autora em pagar honorários
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 11/04/2019 13:15:43 - 76cba2a
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Número do processo: 0100279-14.2017.5.01.0432
Número do documento: 19010812114410700000030939185
sucumbenciais ao advogado da reclamada, consoante a fundamentação supra, nos termos do voto do
Desembargador Relator. Custas de R$300,00 pela reclamada, sobre o novo valor arbitrado para a
condenação, de R$15.000,00.
msmp/emcb
Assinado eletronicamente por: MARIO SERGIO MEDEIROS PINHEIRO - 11/04/2019 13:15:43 - 76cba2a
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19010812114410700000030939185
Número do processo: 0100279-14.2017.5.01.0432
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