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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0000.20.501730-4/001 Númeração 5003864-


Relator: Des.(a) Raimundo Messias Júnior
Relator do Acordão: Des.(a) Raimundo Messias Júnior
Data do Julgamento: 25/10/2022
Data da Publicação: 28/10/2022

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - PRELIMINAR - NULIDADE DA SENTENÇA -


FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO - REJEIÇÃO - AÇÃO ORDINÁRIA -
SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL - AVERBAÇÃO DO TEMPO DE
SERVIÇO - REGIME DE CONTRATO ADMINISTRATIVO TEMPORÁRIO -
REENQUADRAMENTO - PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO -
CARACTERIZAÇÃO - ADICIONAL VINTENÁRIO - IMPLEMENTAÇÃO
ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI MUNICIPAL Nº 4.070/2006 - NÃO
OCORRÊNCIA - BENEFÍCIO INDEVIDO - QUINQUÊNIO - PREVISÃO
LEGAL - INTELIGÊNCIA DA LEI MUNICIPAL Nº 2.786/1992 - LICENÇA-
PRÊMIO - DIREITO CONFERIDO AO SERVIDOR EFETIVO - ART. 105 DA
LEI MUNICIPAL Nº 2.786/1992 - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO
PROVIDO EM PARTE. 1. O que gera a nulidade da decisão não é a
escassez de fundamentação, mas, sim, a sua absoluta inexistência; logo, se
embora sucinta, a fundamentação exista, não é de se acolher a preliminar de
nulidade da sentença. 2. O reenquadramento de servidor público é ato único
de efeitos concretos, o qual não reflete uma relação de trato sucessivo. 3.
Pelo princípio da actio nata, é da data do posicionamento legal, que nasce,
para o servidor, a pretensão de perseguir, em juízo, a correção respectiva,
iniciando-se, a partir de então, a fluência do prazo prescricional. 4.
Transcorridos mais de cinco anos entre a data da posse da requerente e o
ajuizamento da ação, imperioso o reconhecimento da prescrição do fundo de
direito em relação à pretensão de reenquadramento. 5. Embora a Lei nº
2.786/1992 tenha assegurado o adicional vintenário ao servidor em efetivo
exercício no Município de São João Del Rei, após a edição das Leis
Municipais nº 4.070/2006 e nº 5.038/2014 tal direito foi conferido somente
aos servidores efetivos. 6. Considerando que a requerente não implementou
os 20 anos antes da promulgação das leis que modificaram o regime jurídico,
notadamente em relação ao adicional

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vintenário, não há falar-se em averbação do tempo para fins de recebimento


do benefício. 7. No âmbito do Município de São João Del Rei, a Lei Municipal
nº 2.786/92, ao assegurar aos servidores públicos o direito à percepção do
adicional de tempo de serviço, não distingue a natureza do vínculo funcional
para fins de cômputo do tempo de efetivo exercício. 8. Ademais, no art. 71,
do mesmo codex, que estabeleceu o direito ao quinquênio, inexiste exigência
de que os anos de efetivo exercício sejam contados de forma ininterrupta. 9.
Nos termos do art. 105 da Lei Municipal nº 2.786/1992 o direito à licença-
prêmio é conferido somente ao "servidor efetivo", com "a remuneração do
cargo efetivo"; logo, não faz jus a autora em computar o tempo laborado
mediante contrato temporário. 10. Sentença reformada. 11. Recurso provido
em parte.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.20.501730-4/001 - COMARCA DE SÃO JOÃO


DEL-REI - APELANTE(S): MUNICIPIO DE SAO JOAO DEL REI -
APELADO(A)(S): SONIA MARIA DE PAIVA CARVALHO

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 2ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em REJEITAR A PRELIMINAR, ACOLHER EM PARTE A PREJUDICIAL DE
MÉRITO E DAR PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO.

DES. RAIMUNDO MESSIAS JÚNIOR

RELATOR

O SR. DES. RAIMUNDO MESSIAS JÚNIOR (RELATOR)

VOTO

Trata-se de Apelação Cível da sentença proferida pelo MM. Juiz de


Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de São João Del Rei(Evento nº 35),

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que nos autos da Ação Ordinária ajuizada por Sônia Maria de Paiva Carvalho
contra o Município de São João Del Rei, julgou procedentes os pedidos,
declarando o direito da parte autora ao cômputo do tempo de serviço
prestado temporariamente, a partir de 01/10/1993, nos períodos descritos na
inicial, para fins de concessão do adicional vintenário, quinquênio, férias-
prêmio e reenquadramento, com a incorporação dos adicionais aos seus
vencimentos para todos os fins de direito. Além disso, condenou a parte
requerida ao pagamento, de forma retroativa, dos referidos adicionais, desde
a data da implementação do requisito temporal exigido em lei(01/10/1993),
respeitada a prescrição quinquenal, corrigidos pelos índices da CGJ/MG, e
com incidência de juros de mora de 1% ao mês, desde a citação, calculado
em fase de liquidação de sentença. Por fim, condenou o requerido ao
pagamento dos honorários advocatícios arbitrados em 10% sobre o valor da
condenação.

Em suas razões(Evento nº 38), argui o ente municipal, preliminarmente, a


nulidade da sentença, por falta de fundamentação. Além disso, destacada
que os benefícios postulados foram alcançados pela prescrição do fundo de
direito, visto que a autora tomou posse no cargo de Cirurgiã Dentista em
19/07/2000, e somente em 2018 ingressou com a ação. No mérito, aduz que
as Leis nº 2.786/1992, nº 2.788/1992, nº 5.038/2014 e nº 5.041/2014 não
contemplam o reconhecimento do tempo precário para concessão dos
direitos pleiteados; que o art. 16, § 1º, da revogada Lei nº 2.788/1992 foi
claro ao dispor sobre a indispensabilidade de o servidor ter cumprido o
interstício de efetivo exercício no mesmo grau para a obtenção da
progressão ao grau seguinte, o que, como visto, também não se verificou na
espécie, haja vista que as contratações temporárias da apelada não
ocorreram de forma ininterrupta nos cargos ocupados; que o ingresso na
carreira depende de aprovação em concurso público, e se dá na posição
inicial da carreira, como previsto no plano de cargos e salários dos servidores
municipais, introduzido pela Lei n° 4.070/2006; que a progressão horizontal é
prevista para o servidor ocupante de cargo efetivo; e que descabe computar
o tempo laborado como contratado para fins de quinquênio, adicional
vintenário e férias-prêmio, sob pena de violação ao princípio da legalidade.

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Contrarrazões(Evento nº 40).

A Procuradoria-Geral de Justiça opinou pelo não provimento do


recurso(Evento nº 42).

É o relatório.

Conheço do recurso, uma vez presentes os requisitos de admissibilidade.

PRELIMINAR

NULIDADE DA SENTENÇA

Falta de Fundamentação

Argui a parte apelante a nulidade da sentença por falta de


fundamentação.

Segundo o art. 93, IX da Carta Magna, as decisões do Poder Judiciário


devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade:

Art. 93.

(omissis)

IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e


fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o
interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes.

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Por seu turno, estabelece o art. 489, § 1º do CPC/2015:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

(omissis)

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as


partes lhe submeterem.

§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela


interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem


explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo


concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,


em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar


seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob
julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente


invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

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No caso concreto, razão não assiste ao apelante, uma vez que, embora
sucinto, o MM. Juiz motivou seu convencimento, no sentido de que a autora
implementou os requisitos para fazer jus aos benefícios requeridos na
petição inicial.

Com efeito, o que gera a nulidade da decisão não é a escassez de


fundamentação, mas sim a sua absoluta inexistência, o que não é o caso dos
autos.

Nesse passo, se embora sucinta, a fundamentação exista, não é de se


acolher a nulidade arguida.

Assim, REJEITO A PRELIMINAR.

PREJUDICIAL DE MÉRITO

PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO

Pretende a autora que o tempo laborado como contratada para o


Município de São João Del Rei seja computado para fins de adicional
vintenário, quinquênio, férias-prêmio e reenquadramento.

Contudo, aduz o ente municipal que a pretensão da requerente foi


fulminada pela prescrição do fundo de direito, visto que o termo inicial para
requer os benefícios foi a partir da publicação da Portaria nº 6.238/2000,
nomeando a autora como servidora efetiva.

Pois bem.

Ab initio, cumpre distinguir a prescrição regulada pelo art. 1º do Decreto


n° 20.910/32 - que determina a prescrição em cinco anos de todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda Pública a partir da data do ato ou fato do
qual se originaram -, daquela regulada em seu art. 3º, que estabelece a
prescrição das prestações vencidas antes de cinco anos anteriores à
propositura da ação, quando o pagamento se dividir por dias, meses ou
anos.

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No primeiro caso, tem-se a prescrição do fundo de direito (art. 1º, Dec. nº


20.910/32) e, no segundo, a prescrição das prestações sucessivas(art. 3º,
Dec. nº 20.910/32).

A propósito, elucida José dos Santos Carvalho Filho:

O tema reclama que se considere a natureza do ato que deu origem à lesão.
Nesse caso, é importante distinguir as condutas comissivas e as condutas
omissivas do Estado. Quando é comissiva, isto é, quando o Estado se
manifestou expressamente, a contagem do prazo prescricional se dá a partir
dessa expressão da vontade estatal. Aqui a prescrição alcança o próprio
direito, ou, como preferem alguns, o próprio fundo do direito. Quando, ao
contrário, o Estado se mantém inerte, embora devesse ter reconhecido o
direito do interessado, a conduta é omissiva, isto é, o Estado não se
manifestou quando deveria fazê-lo. Nesse caso, a contagem se dá a partir de
cada uma das prestações decorrentes do ato que o Estado deveria praticar
para reconhecer o direito, e não o fez. A prescrição, aqui, alcança apenas as
prestações, mas não afeta o direito em si(in: Manual de Direito
Administrativo, 10. Ed. Lumen Juris: Rio de Janeiro, p. 817).

No caso sub judice, e sem perder de vista o princípio da actio nata, a


pretensão da autora de corrigir o posicionamento nasceu com o suposto
reenquadramento equivocado, isto é, quando tomou posse na
carreira(17/07/2000), fluindo, daí, o lapso prescricional quinquenal.

Todavia, a presente ação somente foi ajuizada em 17/12/2018; portanto,


notadamente quanto à pretensão de reenquadramento, enseja o
reconhecimento da prescrição do próprio fundo de direito, e não apenas das
parcelas vencidas no quinquênio que antecede a propositura da ação, a
exemplo dos demais pedidos(quinquênio, férias-prêmio e adicional
vintenário).

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Conforme jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, nos


casos de enquadramento e reenquadramento de servidor, transcorrido o
prazo quinquenal entre o pretendido reenquadramento funcional e a
propositura da ação, a prescrição atinge igualmente o fundo de direito e as
prestações decorrentes do enquadramento pretendido (AgInt no AREsp
1258483/PR - relator ministro Reynaldo Soares da Fonseca - j. em
6.12.2018).

A propósito, outros julgados:

AGRAVO INTERNO. PROCESSUAL CIVIL. ALÍNEA "C". AUSÊNCIA DE


INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO TIDO POR DIVERGENTE. SÚMULA
284/STF. SERVIDOR PÚBLICO. SUDENE. REENQUADRAMENTO.
PRESCRIÇÃO. FUNDO DO DIREITO. 1. A jurisprudência desta Corte é
assente no sentido de que a ausência de indicação dos dispositivos em torno
dos quais teria havido interpretação divergente por outros tribunais não
autoriza o conhecimento do recurso especial, quando interposto com base na
alínea "c" do permissivo constitucional. Incidência da Súmula 284/STF. 2.
Ademais, o recurso não prosperaria, pois, segundo precedentes da Primeira
Seção, "é cediço que o enquadramento ou reenquadramento de servidor
público é ato único de efeitos concretos, o qual não reflete uma relação de
trato sucessivo. Nesses casos, a pretensão envolve o reconhecimento de
uma nova situação jurídica fundamental, e não os simples consectários de
uma posição jurídica já definida. A prescrição, portanto, atinge o próprio
fundo de direito, sendo inaplicável o disposto na Súmula 85/STJ. Precedente
da Primeira Seção em caso análogo: EREsp 1.449.497/PE, Rel. Min. Og
Fernandes, DJe 3/9/2015" (EREsp 1.428.364/PE, Rel. Ministra DIVA
MALERBI, DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/04/2016, DJe 19/04/2016.). Agravo
interno improvido(AgInt nos EDcl nos EDcl no AREsp 852.836/PE - Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS - SEGUNDA TURMA - j. 02/08/2016);

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ADMINISTRATIVO. PROFESSOR DA REDE PÚBLICA ESTADUAL.


REENQUADRAMENTO FUNCIONAL. DECRETO N. 20.910/32.
PRESCRIÇÃO DO PRÓPRIO FUNDO DE DIREITO. INCIDÊNCIA.
PRECEDENTES. 1. O enquadramento funcional constitui ato único de efeito
concreto que, a despeito de gerar efeitos contínuos futuros, não caracteriza
relação de trato sucessivo. Precedentes. 2. No caso em exame, os autores
objetivavam o recebimento de diferenças salariais decorrentes de errôneo
enquadramento funcional. Tratando-se de ato único com efeitos concretos,
incide a prescrição quinquenal do Decreto n. 20.910/32, atingindo o próprio
fundo de direito, nos termos da pacífica jurisprudência desta Corte. 3. Agravo
regimental improvido(AgRg no REsp 1110353/RN - Rel. Ministro JORGE
MUSSI - QUINTA TURMA - j. 07/05/2013).

E, ainda, a iterativa jurisprudência do Tribunal de Justiça:

Reexame necessário - Apelação cível - Mandado de segurança - Servidor


municipal - Tempo contratado para fins de progressão horizontal - Revisão
do ato de enquadramento inicial - Prescrição do fundo de direito - Ocorrência
- Decreto 20.910 de 1932 - Precedentes do STJ - Sentença reformada -
Recurso prejudicado. 1. Conforme jurisprudência consolidada do Superior
Tribunal de Justiça, nos casos de enquadramento e reenquadramento de
servidor, transcorrido o prazo quinquenal entre o pretendido
reenquadramento funcional e a propositura da ação, a prescrição atinge
igualmente o fundo de direito e as prestações decorrentes do enquadramento
pretendido. 2. A prescrição quinquenal no caso de revisão do ato de
enquadramento inicial do servidor público municipal atinge o próprio fundo de
direito quando transcorridos mais de cinco anos entre a data do referido ato e
o requerimento administrativo de progressão horizontal considerando tempo
de contrato temporário. (TJMG - Ap Cível/Rem Necessária
1.0000.19.087150-9/001, Relator(a): Des.(a) Marcelo

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Rodrigues, 2ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 17/12/2019, publicação da


súmula em 18/12/2019);

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PRETENSÃO DE REVISÃO DE


POSICIONAMENTO NA CARREIRA DECORRENTE DE LEI ESTADUAL Nº
15.293/2004, REGULAMENTADA PELO DECRETO ESTADUAL Nº
44.141/2005. REPOSICIONAMENTO OCORRIDO EM 2005. ATO DE
CONTEÚDO CONCRETO. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO
CARACTERIZADA. APELO NÃO PROVIDO. - Deve ser reconhecida a
prescrição do fundo do direito da autora de rever o seu posicionamento em
decorrência da reestruturação das carreiras dos servidores da educação pela
Lei Estadual n. 15.293/2004, regulamentada pelo Decreto Estadual n.
44.141/2005, quando passados mais de 5 anos entre esse ato e a
propositura desta demanda.- Hipótese na qual a autora pretende impugnar
ato administrativo que a posicionou em qual diverso do pretendido em
novembro de 2005, mas só intentou a ação em abril de 2014(TJMG -
Apelação Cível 1.0024.14.054026-1/001 - Relator Des. Alberto Vilas Boas -
1ª CÂMARA CÍVEL - j. 09/08/2016).

Por conseguinte, no presente caso, tendo o reenquadramento da autora


ocorrido em 17/07/2000, resta inegavelmente prescrita a pretensão, visto que
ajuizada a presente ação somente em 17/12/2018.

MÉRITO

Cinge-se a controvérsia a aferir se a autora faz jus em computar o tempo


laborado como contratada(01/10/1993 a 31/12/1996, 01/03/1997 a
31/12/1998 e 04/01/1999 a 07/06/2000) para fins de concessão do adicional
vintenário, quinquênio e férias-prémio.

Em primeiro plano, quanto ao adicional vintenário, tal benefício era


regulamentado pela Lei Municipal nº 2.786/92, que assim dispunha sobre o
tema:

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Art. 50 - É assegurado ao servidor o recebimento da quarta parte dos


vencimentos integrais concedidos após 20 (vinte) anos de efetivo exercício
prestado à municipalidade que incorporar-se-á ao vencimento para todos os
efeitos.

A referida norma ainda definiu o termo "servidor" para fins da aplicação


da lei:

Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, servidores são agentes legalmente


investidos em cargos públicos, de provimento efetivo ou em comissão, ou em
função pública.

A interpretação a ser conferida ao texto legal em questão é, sem dúvida,


a empreendida pela autora, pois o que a lei municipal exige é tempo de
efetivo exercício no serviço público e não o tempo de exercício de cargo
efetivo. O termo efetivo refere-se à prestação do serviço e não ao título ou
qualidade do cargo ou função.

Posteriormente, foi editada a Lei Municipal nº 4.070/2006 (Plano de


Cargos e Salários da Prefeitura Municipal de São João Del Rei), que tratou
da matéria.

Senão vejamos:

Art. 19 - (omissis)

§ 1º - Fica assegurado o recebimento de adicional de 25% (vinte e cinco por


cento) sobre o vencimento base, a ser concedido completados 20 (vinte)
anos de efetivo exercício prestado ao Município de São João Del Rei,
contados a partir da posse, após aprovação em concurso público, para os
servidores efetivos e a partir

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do ingresso no serviço público municipal para os servidores estáveis.

Verifica-se que desde a edição da supracitada lei somente seria cabível


computar o tempo de serviço prestado a partir da posse, após aprovação em
concurso público, no caso dos servidores efetivos, ou após o ingresso no
serviço público, para os servidores estáveis, isto é, aqueles abrangidos pelas
disposições do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das
fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição,
há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na
forma regulada no art. 37 da Constituição, são considerados estáveis no
serviço público.

§ 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado


como título quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na
forma da lei.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções


e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre
exoneração, cujo tempo de serviço não será computado para os fins do
"caput" deste artigo, exceto se se tratar de servidor.

Em 2014, foi promulgada a Lei Municipal nº 5.038/2014 (Estatuto dos


Servidores Públicos), regulando o adicional vintenário:

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Art. 103. O servidor ocupante de cargo efetivo do Município de São João Del-
Rei fará jus a adicional de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o vencimento
base, a ser concedido no mês subsequente em que completar 20 (vinte)
anos de exercício prestado em cargo efetivo do Município de São João del-
Rei, contados a partir da posse, após aprovação em concurso público.

§ 1º O servidor estável nos termos do art. 19 do ADCT da Constituição da


República perceberá o adicional no mês subsequente em que completar 20
(vinte) anos de efetivo exercício prestado ao Município de São João Del-Rei,
contados a partir do ingresso no serviço público municipal.

§ 2º É vedado o cômputo de tempo anterior em função pública ou


contratação a qualquer título, respeitado o direito adquirido pelos servidores
que, na data de publicação desta lei, perceberam o adicional computando-se
o tempo de serviço anterior a posse no cargo efetivo que ocupa.

Denota-se que a norma reproduziu a limitação de computar o tempo de


serviço àquele prestado depois da posse no cargo efetivo, para os servidores
concursados, ou após o ingresso, para os estáveis.

In casu, a autora faria jus em computar o tempo de serviço prestado


antes da posse no cargo efetivo(17/07/2000) se houvesse implementado o
tempo de 20 anos de serviço antes da promulgação da Lei nº 4.070/2006,
que passou a exigir tempo de serviço no cargo efetivo, para os servidores
concursados.

Contudo, não é a situação dos autos, visto que laborou como contratada
no período de 01/10/1993 a 31/12/1996, 01/03/1997 a 31/12/1998 e
04/01/1999 a 07/06/2000.

Tampouco a requerente foi contemplada pela excepcionalidade do art. 19


do ADCT.

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Registre-se que o direito é regido pela lei em vigor na data em que se


completam os requisitos para sua aquisição.

Assim, não faz jus em computar o tempo laborado como contratada para
fins de adicional vintenário, devendo a sentença ser reformada, nesse
capítulo.

A propósito, cito julgado do TJMG:

REEXAME NECESSÁRIO - APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE


SEGURANÇA - DECADÊNCIA - PEDIDO ADMINISTRATIVO INDEFERIDO -
AÇÃO PROPOSTA DENTRO DO PRAZO DE 120 (CENTO E VINTE) DIAS -
ART. 23 DA LEI FEDERAL Nº 12.016/2009 - PRESCRIÇÃO - RELAÇÃO DE
TRATO SUCESSIVO - INCIDÊNCIA APENAS SOBRE AS PARCELAS
VENCIDAS - PRESCRIÇÃO DE FUNDO DE DIREITO - NÃO
CONFIGURAÇÃO - DIREITO ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO -
MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL REI - ADICIONAL VINTENÁRIO - LEIS
MUNICIPAIS Nº 2.786/1992 E 4.070/2006 - CÔMPUTO DO TEMPO DE
SERVIÇO PRECÁRIO - IMPOSSIBILIDADE - QUINQUÊNIOS - SERVIDOR
CONTRATADO - CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO - POSSIBILIDADE -
DIREITO ADQUIRIDO ANTES DA EDIÇÃO DA LEI Nº 5.040/2014. -
Tratando-se de ação mandamental em que se discute o direito de servidor a
determinada parcela não concedida pelo ente público, ou seja, de omissão
da Administração, o prazo decadencial previsto no art. 23 da Lei Federal nº
12.016/2009 renova-se mês a mês, nas hipóteses em que não há negativa
do direito na seara administrativa. - Havendo expresso indeferimento de
pedido administrativo, inicia-se o curso do prazo decadencial. -Tendo sido
proposta a ação mandamental antes do escoamento do prazo de 120 (cento
e vinte) dias, contados da data do indeferimento do pedido administrativo,
não há que se falar em decadência. - Tratando-se de relação de trato
sucessivo e não havendo expressa negativa ao direito pleiteado, a prescrição
incide apenas sobre as parcelas vencidas antes do quinquênio que precedeu
a propositura da ação, e não sobre o fundo

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de direito, aplicando-se o disposto no art. 3º do Decreto nº 20.910/1932. - A


partir do indeferimento do pedido administrativo surge a pretensão e tem
início o prazo prescricional de 05 (cinco) anos previsto no art. 1º do Decreto
nº 20.910/1932.- A Lei nº 2.786/92 do Município de São João Del Rei não
diferencia o tipo de vínculo formado entre Administração e servidor para fins
de concessão de adicionais por tempo de serviço, não competindo ao
Administrador fazê-lo. - Tendo sido prestado o labor antes da promulgação
da Lei Municipal nº 5.040/2014, que passou a exigir tempo de serviço
prestado em cargo efetivo para obtenção de quinquênios, o período
trabalhado em caráter precário/temporário deve ser computado para esse
fim.- A Lei nº 2.786/1992 do Município de São João Del Rei não diferenciava
o tipo de vínculo formado entre Administração e servidor para fins de
concessão de adicional vintenário, o que possibilitaria a contagem do tempo
de serviço prestado antes da posse no cargo efetivo, sob vínculo precário.-
Após a entrada em vigor da Lei Municipal nº 4.070/2006, o adicional
vintenário somente poderia ser obtido mediante cômputo do tempo de
serviço prestado após a posse no cargo de provimento efetivo, em
decorrência da aprovação em concurso, excetuando-se da regra apenas os
servidores estabilizados nos termos do art. 19 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, cujo labor seria levado em consideração desde
o ingresso no serviço público. - Ao servidor efetivo que não completou 20
(vinte) anos de exercício antes da Lei Municipal nº 4.070/2006, é vedada a
utilização do tempo de serviço precário para obtenção do adicional
vintenário. (TJMG - Ap Cível/Rem Necessária 1.0000.20.469241-2/001,
Relator(a): Des.(a) Ana Paula Caixeta , 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
10/09/2020, publicação da súmula em 11/09/2020 - grifei).

No tocante ao quinquênio, a Lei Municipal nº 2.786/1992 preceituava que:

Art. 71. - Por quinquênio de efetivo exercício no serviço público municipal,


será concedido ao servidor um adicional correspondente a 5% (cinco por
cento) de sua remuneração, até o limite de 7 (sete)

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quinquênios.

(omissis)

§ 2º. O adicional é devido a partir do dia imediato àquele em que o servidor


completar o tempo de serviço exigido.

Da leitura do dispositivo em comento, é possível verificar que a lei exige,


tão-somente, cinco anos de efetivo exercício para o servidor fazer jus ao
adicional por tempo de serviço, não fazendo qualquer menção à natureza do
vínculo do servidor com a Administração Pública no lustro a que faz alusão.

Segundo a obra de Hely Lopes Meirelles, a Constituição Federal


elasteceu a definição de servidores públicos a todos aqueles que prestam
serviços à Administração Pública em geral, ao ressaltar que a expressão
"servidores públicos", em sentido amplo, passou a ser estendida a:

(omissis) todos os agentes públicos que se vinculam à Administração


Pública, direta e indireta, do Estado, sob regime jurídico (a) estatutário
regular, geral ou peculiar, ou (b) administrativo especial, ou (c) celetista
(regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT), de natureza
profissional e empregatícia(in: Direito Administrativo Brasileiro - Malheiros
Editores - São Paulo - 27ª ed. - 2002 - p. 388).

No mesmo norte a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro(in: Direito


Administrativo - 22ª Edição - p. 512/513):

São servidores públicos, em sentido amplo, as pessoas físicas que prestam


serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo
empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos.

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Compreendem:

1. os servidores estatutários, sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de


cargos públicos;

2. os empregados públicos, contratados sob o regime da legislação


trabalhista e ocupantes de emprego público;

3. os servidores temporários, contratados por tempo determinado para


atender à necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37,
IX, da Constituição); eles exercem função, sem estarem vinculados a cargo
ou emprego público.

Ademais, embora o apelante afirme que a legislação municipal exige,


para fins de quinquênio, que o tempo de serviço seja ininterrupto, verifica-se
que tal ressalva não consta da legislação municipal.

Sob tal prisma, e consoante os postulados da hermenêutica jurídica,


onde o legislador não restringiu, não cabe ao intérprete fazê-lo.

Em razão disso, ao se ter em mente que, no período compreendido entre


01/10/1993 a 31/12/1996, 01/03/1997 a 31/12/1998 e 04/01/1999 a
07/06/2000, a recorrida era servidora pública em efetivo exercício de função
pública, ainda que mediante contrato administrativo, faz jus à averbação de
tal lapso temporal para fins de quinquênio.

A propósito, peço venia para trazer à baila os seguintes julgados do


TJMG:

ADMINISTRATIVO - AÇÃO DECLARATÓRIA - SERVIDOR PÚBLICO DO


MUNICIPIO DE SÃO JOAO DEL REI - QUINQUENIOS - COMPUTO DO
TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO ANTERIORMENTE À APROVAÇÃO EM
CONCURSO PUBLICO - POSSIBILIDADE - IRREGULARIDADE DA

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

CONTRATAÇÃO - AUSENCIA - PREVISÃO EXPRESSA NA LEI


MUNICIPAL - ENRIQUECIMENTO ILICITO DA MUNICIPALIDADE -
CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA - ADEQUAÇÃO -
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS - SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. - Faz jus ao recebimento de quinquênio
todo aquele servidor do Município de São João Del-Rei que, investido em
cargo ou função pública, preste efetivo serviço publico à municipalidade por
um período de 05 (cinco) anos. - Sobre o valor da condenação imposta ao
Ente Público, deve incidir correção monetária pelo IPCA, desde quando
devida cada parcela, e juros de mora pelos índices da poupança, conforme
determina o artigo 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº
11.960/2009, a partir da citação. - Tratando-se de sentença ilíquida proferida
contra Ente Público, na vigência do NCPC, o percentual dos honorários
advocatícios sucumbenciais deverá ser definido quando da liquidação do
julgado, nos termos do artigo 85, §4º, II, do CPC.(TJMG - Apelação Cível
1.0625.14.011084-6/001 - Relator Des. Elias Camilo - 3ª CÂMARA CÍVEL - j.
08/03/2018 - grifei);

REEXAME NECESSÁRIO. ART. 496, § 3º, III, DO NCPC. VALOR


ECONÔMICO INFERIOR A 100 SALÁRIOS MÍNIMOS. REMESSA
DISPENSADA. NÃO CONHECIMENTO. APELAÇÃO CÍVEL. MUNICÍPIO DE
SÃO JOÃO DEL-REI. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO -
QUINQUÊNIO. LEI MUNICIPAL Nº 2.786/92. CONTRATAÇÃO
TEMPÓRÁRIA. CÔMPUTO DO SERVIÇO PRESTADO ANTES DA
APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO E NOMEAÇÃO. POSSIBILIDADE.
- Se a sentença define, como ocorreu neste caso, a medida da extensão da
obrigação, além dos parâmetros e a metodologia completa de atualização
monetária do débito, atende, de forma satisfatória, à exigência de que, 'como
regra, a condenação deve ser líquida'. Aplicação combinada dos arts. 491 e
509, § 2º, do CPC. - Conforme a Lei municipal n° 2.788/92 era irrelevante o
regime jurídico, exigindo-se apenas o efetivo exercício de 5 (cinco) anos de
serviço público ao Município para a concessão do benefício ao servidor --
que será automática após o preenchimento desse requisito. - Conquanto
tenha exercido inicialmente a função de Professor - como contratado e, após,
tenha sido nomeado na função de auxiliar administrativo -

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

como concursado, não há óbice à concessão do adicional por tempo de


serviço pretendido, eis que a Lei Municipal 2.786/92 exigia apenas tempo de
exercício de serviço público, sem fazer qualquer distinção.(TJMG - Ap
Cível/Rem Necessária 1.0625.15.006092-3/001 - Relator Des. Wander
Marotta - 5ª CÂMARA CÍVEL - j. 08/03/2018 - grifei).

No que diz respeito às férias-prêmio, a sentença merece reforma.

Novamente, cito a Lei Municipal nº 2.786/1992:

Art. 105. Após cada quinquênio ininterrupto de exercício, o servidor efetivo


fará jus a 3 (três) meses de licença-prêmio com a remuneração do cargo
efetivo, admitida a contagem em dobro do benefício não gozado, para efeito
de aposentadoria.

Verifica-se que a lei de regência expressamente destaca que o direito à


licença-prêmio é conferido apenas ao "servidor efetivo", com "a remuneração
do cargo efetivo".

Logo, a dicção do supracitado dispositivo não alcançou a autora,


servidora pública, à época, contratada.

Nesse sentido, cito a jurisprudência do TJMG:

APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - RECURSO


INTERPOSTO PELA AUTORIDADE COATORA - PRERROGATIVAS DA
FAZENDA PÚBLICA - INEXISTÊNCIA - INTEMPESTIVIDADE - REMESSA
NECESSÁRIA - MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL REI - SERVIDOR DA
EDUCAÇÃO - CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO - CONTRATAÇÃO

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

TEMPORÁRIA - QUINQUÊNIO - POSSIBILIDADE - FÉRIAS-PRÊMIO -


INVIABILIDADE. - No mandado de segurança, embora seja cabível a
interposição de recurso pela autoridade coatora, em nome próprio, ela não
goza dos privilégios processuais conferidos à Fazenda Pública, não
possuindo, assim, prazo em dobro. - A apelação interposta em data posterior
ao término do prazo recursal é intempestiva e não merece ser conhecida. - É
garantido ao servidor efetivo do Município de São João Del Rei, àquele
ocupante de cargo em comissão, ou que exerce função pública, como é o
caso do servidor contratado, o direito à percepção do adicional por tempo de
serviço (quinquênio), nos termos dos artigos 2º, 64 e 71, da Lei n. 2.786/92. -
Também a Lei nº 4.137/2007 (Estatuto dos Profissionais da Educação do
Município de São João Del Rei), vigente à época da prestação dos serviços
pelo impetrante como contratado, não restringia o pagamento de quinquênio
apenas aos professores de provimento efetivo. - Quanto às férias-prêmio há
previsão expressa na Lei Municipal n. 2.786/92 de concessão apenas para
os servidores efetivos, exigindo-se ainda "quinquênio ininterrupto de
exercício" para a concessão do benefício, requisito este não preenchido pelo
requerente.(TJMG - Ap Cível/Rem Necessária 1.0000.19.047101-1/001,
Relator(a): Des.(a) Maurício Soares, 3ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
29/08/2019, publicação da súmula em 29/08/2019 - grifei).

Com essas considerações, REJEITO A PRELIMINAR DE NULIDADE DA


SENTENÇA E ACOLHO EM PARTE A PREJUDICIAL DE MÉRITO, para
pronunciar a prescrição do fundo de direito em relação ao pedido de
reenquadramento.

Além disso, DOU PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO e julgo


improcedentes os pedidos de concessão do adicional vintenário e licença-
prêmio.

Em razão da reforma, as custas de primeira e segunda instâncias, bem


ainda os honorários advocatícios, que deverão ser arbitrados quando da
liquidação do julgado(art. 85, §§ 2º, 3º, e 4º, II do

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

CPC/2015), serão suportados na proporção de 75% pela autora e 25% pelo


réu, observada a isenção legal do requerido.

É como voto.

DESA. MARIA INÊS SOUZA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. CAETANO LEVI LOPES - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "REJEITARAM A PRELIMINAR, ACOLHERAM EM PARTE A


PREJUDICIAL DE MÉRITO E DERAM PARCIAL PROVIMENTO À
APELAÇÃO"

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