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CONTRARRAZÕES
DO RECURSO
Alega o INSS que parte Autora, ora Recorrida, não possui interesse de
agir, porquanto o INSS já efetuou administrativamente revisão do benefício
NB ..., e os valores atrasados serão pagos conforme cronograma aprovado no
acordo homologado nos autos da ação civil pública nº 0002320-
59.2012.4.03.6183/SP, de forma que os interesses da Recorrida já estão
assegurados pela ação civil pública referida.
Nessa esteira, fica evidente que existe interesse de agir, posto que a
Recorrida quer receber imediatamente os valores que lhe são devidos em razão
da revisão de seu benefício, enquanto o INSS quer postergar o pagamento
dos valores atrasados para ..., conforme cronograma elaborado através de
acordo judicial em ação civil pública da qual a Recorrido não participou.
Quando a parte autora fez valer seu direito através da presente ação, o
INSS arguiu a preliminar de falta de interesse de agir por já ter sido
revisado todos os benefícios por força da Ação Civil Pública. Ora, não
pode pretender a Autarquia que os segurados não busquem o Ju
diciário após informação do não pagamento integral das diferenças,
assim como ante a possibilidade de que a revisão processada poderá ser
revertida, já que ainda não transitada em julgado.
De outra parte, como na Ação Civil Pública o autor da ação é o Ministério
Público, a ausência de identidade das partes retira um dos três requisitos
caracterizadores da litispendência (art. 301, §§ 1º e 2º, do CPC).
Ademais, o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, consagra o
direito de ação contra lesão ou ameaça a direito do titular,
sobrepondo-se às demandas veiculadas em ações coletivas, quando
se tratar de direitos individuais homogêneos, de modo a afastar a
tese da litispendência. Em outras palavras, não há litispendência entre
ação individual e ação civil pública, pela diversidade de partes e pela
natureza da sentença perseguida.
Em razão disso, a existência de Ação Civil Pública com o mesmo
objeto não retira do apelado o interesse de agir, direito
constitucionalmente a ele assegurado, estando, assim, presente o
interesse de invocar a tutela jurisdicional.(grifos acrescidos)
Além disso, a ação civil pública só pode produzir coisa julgada “erga
omnes” quando procedente, nos termos do art. 16 da Lei 7.347/85:
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-
se de nova prova. (sem grifo no original)
Não bastasse, é imperioso ressaltar que o art. 472 do CPC prevê que “A
sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando,
nem prejudicando terceiros”. Portanto, a cláusula prejudicial do acordo judicial
não possui eficácia de coisa julgada frente à Recorrida, eis que esta não
participou da ação civil pública n° 0002320.59.2012.4.03.6183/SP.
No que concerne à aplicação do referido dispositivo à ação civil pública,
destaca-se a elucidativa lição de Teori Albino Zavaski1: