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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO(A) 21 VARA FEDERAL

PROCESSO: 0016028-45.2022.4.05.8100
AUTOR/RECORRIDO: FRANCILEIDE PAIVA DE OLIVEIRA
RÉU: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA

O RECORRIDO, devidamente qualificado(a) nos autos em epígrafe, por


intermédio de seu advogado infra-firmado, em resposta ao despacho retro, para
apresentar CONTRARRAZÕES, nos seguintes termos:

DA NECESSIDADE DE CONFIRMAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

Sustenta o RÉU que o pedido de Justiça Gratuita deve ser indeferido, pois
teria o autor(a) condições de pagar as custas.
Segundo art. 98, CPC/2015, " Art. 98. A pessoa natural ou jurídica,
brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas,
as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei."
Ainda, quanto ao Enunciado 38 do FONAJEF, o STJ tem jurisprudência
dominante de que o critério adotado como parâmetro para o deferimento do
benefício vindicado deve ser aquele previsto na Lei 1.060/1950.
Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


JUSTIÇA GRATUITA.
BENEFÍCIO AFASTADO NA ORIGEM. INVERSÃO DO JULGADO.
IMPOSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7/STJ. CRITÉRIO OBJETIVO DE RENDA
INFERIOR A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS. REJEIÇÃO. NECESSIDADE DE
ANÁLISE DO CASO CONCRETO.
1. Rever o acórdão recorrido, que desacolhe fundamentadamente o pedido
de gratuidade de justiça, demanda o reexame do conjunto fático-probatório,
providência inviável em sede especial.
2. Esta Corte Superior já refutou a utilização do critério objetivo de
renda inferior a dez salários mínimos, pois "a desconstituição da
presunção estabelecida pela lei de gratuidade de justiça exige
perquirir, in concreto, a atual situação financeira do requerente" (REsp
n° 1.196.941/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 23/3/2011).
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 626.487/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 07/05/2015)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL.
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
LEI 1.060/1950. ADOÇÃO DE CRITÉRIO NÃO PREVISTO EM LEI. RENDA
LÍQUIDA INFERIOR A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS. NECESSÁRIO RETORNO
DOS AUTOS À ORIGEM. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. O exame da controvérsia não encontra óbice na Súmula 7/STJ,
porquanto não exige o reexame do conjunto fático, haja vista limitar-se à
questão exclusivamente de direito, in casu, à legalidade do critério adotado
pelo Tribunal de origem a fim de deferir o benefício da assistência judiciária
gratuita.
2. O Tribunal de origem decidiu que a recorrida faz jus à assistência
judiciária gratuita porquanto aufere renda inferior a 10 (dez) salários
mínimos, o que possibilitaria presumir o seu estado de miserabilidade.
Contudo, o critério adotado como parâmetro para o deferimento do
benefício vindicado não encontra amparo na Lei 1.060/1950.
Precedentes.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 353.863/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 11/09/2013)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA


GRATUITA.
CONCESSÃO. PRESUNÇÃO RELATIVA. REVISÃO. SÚMULA 7/STJ.
1. A declaração de pobreza, com o intuito de obtenção dos benefícios da
justiça gratuita, goza de presunção relativa, em que se admite prova em
contrário. Pode o magistrado, se tiver fundadas razões, exigir que o
declarante faça prova da hipossuficiência ou, ainda, solicitar que a parte
contrária demonstre a inexistência do estado de miserabilidade.
2. O acórdão recorrido entendeu pela concessão do benefício da assistência
judiciária pretendido, pois não vislumbrou motivo capaz de infirmar a
declaração de miserabilidade do ora agravado.
3. A revisão do aresto no sentido de exigir mais provas do declarante acerca
das suas condições de miserabilidade demanda exame do acervo fático-
probatório dos autos, o que inviabiliza a realização de tal procedimento, pelo
STJ, no recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ.
4. A agravante traz, como único argumento para afastar a presunção
de hipossuficiência questionada, o fato de que o recorrido estaria fora
da faixa de isenção do imposto de renda. Esse aspecto, entretanto, não
é suficiente para afastar, por si só, o benefício da assistência judiciária
gratuita. Precedentes.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 231.788/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 21/02/2013, DJe 27/02/2013)

Diante disso, requer-se a rejeição do pedido de impugnação da justiça


gratuita apresentado pelo RÉU.

DA NECESSIDADE DA PROVIDÊNCIA DO ART. 104 DO CDC, EM VIRTUDE DA


EXISTÊNCIA DE AÇÃO COLETIVA COM MESMO OBJETO
Sem razão.
A parte autora não fará a opção prevista no art. 104 do CDC.

DA PRESCRIÇÃO

Em relação a prescrição, o Superior Tribunal de Justiça já ratificou a regra art.


1° do decreto 20.910/32, bem como editou a Súmula 85, estabelecendo que “nas
relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como
devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a
prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior
à propositura da ação”.
Logo, é incontroverso nos autos que a prescrição aplicável ao caso é
referente as prestação anteriores a cinco anos contados da data da propositura da
presente demanda.

MÉRITO

2.1. Do Abono Permanência:

Discute-se aqui a natureza jurídica da vantagem abono de permanência de que


trata o art. 2º parágrafo 5º da EC nº 41, in verbis:

Art. 2º:
[...]
§ 5º O servidor de que trata este artigo, que tenha completado as exigências
para aposentadoria voluntária estabelecidas no caput, e que opte por
permanecer em atividade, fará jus a um abono de permanência equivalente
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para
aposentadoria compulsória contidas no art. 40, § 1º, II, da Constituição
Federal.

Como se vê, a Emenda Constitucional 41 criou o Abono de Permanência sem,


contudo, conceituá-lo de forma clara, o que terminou ocorrendo em seguida por força de
exegese no âmbito administrativo e judicial, como se verá a seguir.

No âmbito do STJ, o entendimento acerca da natureza jurídica do abono de


permanência foi objeto de análise em sede de recurso repetitivo, tendo sido assentada a
natureza remuneratória da parcela, conforme esclarecido, por ocasião do julgamento dos
Embargos de Declaração, nos termos da ementa a seguir transcrita:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NO RECURSO


ESPECIAL REPETITIVO. ABONO DE PERMANÊNCIA. INCIDÊNCIA DO
IMPOSTO DE RENDA. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. REJEIÇÃO DOS
EMBARGOS. 1. Por inexistir fundamento constitucional suficiente, por si só,
para manter o acórdão do Tribunal de origem quanto à questão impugnada
no recurso especial, não há falar em incidência da Súmula 126/STJ. 2. Esta
Seção manifestou-se sobre a natureza jurídica do abono de permanência,
quando prestigiou, no acórdão embargado, o entendimento da Segunda
Turma, que, ao julgar o REsp 1.105.814/SC, sob a relatoria do Ministro
Humberto Martins, reconhecera a incidência do imposto de renda sobre o
aludido abono com base nas seguintes razões de decidir: "O abono de
permanência trata-se apenas de incentivo à escolha pela continuidade
no trabalho em lugar do ócio remunerado. Com efeito, é facultado ao
servidor continuar na ativa quando já houver completado as
exigências para a aposentadoria voluntária. A permanência em
atividade é opção que não denota supressão de direito ou vantagem
do servidor e, via de consequência, não dá ensejo a qualquer
reparação ou recomposição de seu patrimônio. O abono de
permanência possui, pois, natureza remuneratória por conferir
acréscimo patrimonial ao beneficiário e configura fato gerador do
imposto de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário
Nacional". Com efeito, o abono de permanência é produto do trabalho do
servidor que segue na ativa, caracterizando inegável acréscimo patrimonial,
o que enseja a incidência do imposto de renda. Não cabe a alegação de que
o abono de permanência corresponderia à verba indenizatória, pois não se
trata de ressarcimento por gastos realizados no exercício da função ou de
reparação por supressão de direito.3. Verificar se o acórdão embargado
enseja contrariedade a normas e princípios positivados na Constituição é
matéria afeta à competência do Supremo Tribunal Federal, alheia ao plano
da competência do Superior Tribunal de Justiça, mesmo que para fins de
prequestionamento, conforme entendimento da Corte Especial (EDcl nos
EDcl nos EREsp 579.833/BA, Relator Ministro Luiz Fux, DJ de
22.10.2007).4. Embargos declaratórios rejeitados. (Edcl no REsp
1192556/PE, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, 1ª Seção, julgado
em 27/10/2010, DJe 17/11/2010).

Diante da natureza remuneratória do abono de permanência, o que já é pacificado


para inclusão da base de cálculo da conversão em pecúnia das licenças-prêmio não
gozadas, não há também porque excluí-lo da base de cálculo de outras vantagens como a
gratificação natalina e o adicional de férias, impondo-se, pois, a correção desta
ilegalidade.

2.2. Do cálculo da gratificação natalina e um terço de férias:

Acerca do pagamento do adicional de férias e do décimo-terceiro salário dispõe a


Constituição Federal:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...)
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor
da aposentadoria;
(...)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;
Já o art. 39, da Carta Magna, ao dispor sobre os direitos sociais extensíveis aos
servidores públicos, assim veio consignar:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão


conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado
por servidores designados pelos respectivos Poderes.
(...)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art.
7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a
natureza do cargo o exigir.

Por sua vez, a Lei nº 8.112, de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, traz os
seguintes dispositivos aplicáveis à matéria:

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão
deferidos aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e
adicionais: (...)
II - gratificação natalina;
(...)
VII - adicional de férias;
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de
exercício no respectivo ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será
considerada como mês integral.

Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por


ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da
remuneração do período das férias.

Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois)
dias antes do início do respectivo período, observando-se o disposto no § 1º
deste artigo.

Vê-se, pois, que a expressão remuneração é utilizada tanto para estabelecer o


critério de pagamento da gratificação natalina quanto das férias, sendo também utilizada
para definir a base de cálculo do adicional de férias, razão pela qual deve integrar sua base
de cálculo de ambos.
Nesse sentido, o TRF4 já se manifestou sobre a natureza remuneratória do abono
de permanência, devendo o mesmo ser incluído na base de cálculo dos demais
vencimentos, pois está consagrado na jurisprudência do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. DOCUMENTOS INDISPENSÁVEL AO
AJUIZAMENTO DA DEMANDA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ADICIONAL DE FÉRIAS. BASE DE
CÁLCULO. ABONO DE PERMANÊNCIA. NATUREZA
REMUNERATÓRIA. 1. O manejo de ação civil pública para defesa de
interesses e direitos individuais homogêneos não relacionados a
consumidores é amplamente admitida pelo eg. Superior Tribunal de Justiça.
Precedentes. 2. É infundada a alegação de que a petição inicial deve ser
sido instruída com relação nominal dos filiados da entidade autora e
indicação dos endereços e ata da assembleia que autorizou a propositura
da ação, uma vez que, nos termos do artigo 8º, inciso III, da Constituição
Federal (reproduzido, em relação aos servidores públicos, pelo artigo 240,
alínea "a", da Lei n.º 8.112/1990), é ampla a legitimidade extraordinária dos
sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou
individuais dos integrantes da categoria que representam, inclusive nas
liquidações e execuções de sentença, independentemente de autorização
dos substituídos. 3. A Universidade detém personalidade jurídica própria e
autonomia financeira, sendo responsável pelo pagamento da remuneração
de seus servidores, o que lhe permite responder aos termos da demanda. 4.
O abono de permanência tem natureza remuneratória e integra a base
de cálculo do adicional de férias, nos termos do artigo 41 da Lei n.º
8.112/1990. (TRF4 5012386-72.2017.4.04.7100, QUARTA TURMA,
Relatora VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, juntado aos autos em
04/04/2019)

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SERVIDOR PÚBLICO


FEDERAL. ADICIONAL DE FÉRIAS. BASE DE CÁLCULO. ABONO DE
PERMANÊNCIA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. INTEGRAÇÃO DEVIDA.
1. De acordo com o inciso XVII do artigo 7.º da Constituição Federal e o
artigo 76 da Lei n.º 8.112/19903, o cálculo do adicional de férias é feito com
base na remuneração regularmente recebida pelo servidor público que, nos
termos do caput do artigo 41 da Lei n.º 8.112/1990, é o vencimento do cargo
efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas
em lei. 2. O abono de permanência é rubrica paga ao servidor público que,
tendo implementado os requisitos necessários à aposentadoria, opta por
permanecer em atividade, conforme arts. 40, § 19, da CF; 3º, § 1º, da EC
41/2003; e 7º da Lei 10.887/2004. 3. A natureza jurídica do abono de
permanência foi objeto de longa controvérsia na jurisprudência pátria,
vindo a ser finalmente pacificada, no sentido da natureza
remuneratória. Precedentes do STJ. 4. O fato de sobre o abono de
permanência não incidir contribuição previdenciária não influencia sua
natureza jurídica, que permanece sendo parcela remuneratória, como
vantagem permanente. 5. Face à natureza remuneratória da parcela relativa
ao abono de permanência, esta deve integrar, para todos os efeitos, a base
para o cálculo do terço constitucional de férias. (TRF4 5062655-
86.2015.4.04.7100, TERCEIRA TURMA, Relatora VÂNIA HACK DE
ALMEIDA, juntado aos autos em 18/07/2018)

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL


SERVIDORES PÚBLICOS. PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA. ADICIONAL
DE FÉRIAS. BASE DE CÁLCULO. ABONO DE PERMANÊNCIA.
NATUREZA REMUNERATÓRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Possuindo o Sindicato legitimidade
constitucional para a demanda, com suporte no artigo 8º, inciso III, da
Constituição de 1988, não há necessidade de autorização em assembléia
tampouco necessidade de apresentação da relação nominal dos
substituídos, conforme entendimento jurisprudencial consolidado.
Inaplicáveis, desta forma, as limitações dispostas no artigo 2º-A da Lei nº
9.494/1997 e dita legitimidade se estende a toda a categoria e não apenas a
seus filiados. 2. Pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça no
sentido de que o artigo 21 da Lei n. 7.347/85, com redação dada pela Lei n.
8.078/90, ampliou o alcance da ação civil pública também para a defesa de
interesses e direitos individuais homogêneos não relacionados a
consumidores. 3. É cabível o ajuizamento de ação civil pública em defesa
de direitos individuais homogêneos não relacionados a consumidores,
devendo ser reconhecida a legitimidade do Sindicato para propor a presente
ação em defesa de interesses individuais homogêneos da categoria que
representa. 4. A aplicabilidade do artigo 2º-A, da Lei nº 9.494/97 aos
sindicatos já restou afastada pela jurisprudência pátria, de modo que a
sentença prolatada em ação coletiva não está limitada ao território de
competência do juízo prolator. No caso dos autos, a sentença alcança todos
os substituídos representados pelo Sindicato-autor. 5. O abono de
permanência é rubrica paga ao servidor público que implementou os
requisitos necessários à aposentadoria, mas que opta por permanecer
em atividade, conforme arts. 40, § 19, da CF, 3º, § 1º, da EC 41/2003 e 7º
da Lei 10.887/2004. 6. Não se trata de uma vantagem temporária, mas
de acréscimo permanente, previsto em lei, o qual é devido desde o
momento em que o servidor implementa os requisitos para a
aposentadoria voluntária e permanece em atividade, até que se
perfectibilize a aposentadoria compulsória. 7. Conforme entendimento
majoritária firmado na 2ª Seção deste Tribunal, é cabível o arbitramento de
honorários advocatícios de sucumbência, em ação civil pública, em caso de
procedência da ação, desde que não haja qualquer vedação legal ou
constitucional, como no caso de quando o Ministério Público tiver ajuizado a
ação. 8. Na data de 24/09/2018, o Ministro Luiz Fux proferiu decisão nos
autos dos Embargos Declaratórios. no Recurso Extraordinário 870.947,
concedeu efeito suspensivo aos embargos de declaração opostos por
diversos entes federativos estaduais para suspender a aplicação do Tema
810 do STF até a apreciação pela Corte Suprema do pleito de modulação
dos efeitos da orientação estabelecida. Resta, desta forma, diferida para a
fase de execução a definição da matéria pertinente à correção monetária.
(TRF4 5061697-66.2016.4.04.7100, TERCEIRA TURMA, Relatora MARGA
INGE BARTH TESSLER, juntado aos autos em 22/05/2019)

Como se vê, não restam dúvidas acerca da natureza permanente e do caráter


remuneratório de que se reveste o abono de permanência, razão pela qual mostra-se
inequívoco que o seu valor deve ser considerado na base de cálculo da gratificação
natalina e do terço constitucional de férias.
Tendo em vista que a requerida, na prática, não inclui o abono de permanência no
conceito de remuneração, gerando um pagamento anual a menor à parte autora – enquanto
em atividade - quando do percebimento da gratificação natalina e terço constitucional de
férias, merece prosperar a presente pretensão.

DA FORMA DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA


NAS CONDENAÇÕES DA FAZENDA PÚBLICA. NOVA REDAÇÃO DO ART. 1º F
DA LEI N.º 9.494/97

De maneira sucinta e objetiva, será tratada esta questão, face sua


singeleza.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.
870.947, Tema 810): repercussão geral reconhecida e mérito julgado, fixou as
seguintes teses sobre teses sobre índices de correção e juros em condenações
contra Fazenda Pública:

“O artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei


11.960/2009, na parte em que disciplina os juros moratórios
aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação
jurídicotributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos
juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu
crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da
isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações
oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros
moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de
poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta
extensão, o disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 com a
redação dada pela Lei 11.960/2009.”

“O artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei


11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização
monetária das condenações impostas à Fazenda Pública
segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança,
revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao
direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não
se qualifica como medida adequada a capturar a variação de
preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que
se destina.”

No resultado do julgamento decidiu-se que o IPCA aplicado pelo TRF


estava correto, senão vejamos:

"Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do


Relator, Ministro Luiz Fux, apreciando o tema 810 da
repercussão geral, deu parcial provimento ao recurso para,
confirmando, em parte, o acórdão lavrado pela Quarta Turma
do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, (i) assentar a
natureza assistencial da relação jurídica em exame (caráter
não-tributário) e (ii) manter a concessão de benefício de
prestação continuada (Lei nº 8.742/93, art. 20) ao ora recorrido
(iii) atualizado monetariamente segundo o IPCA-E desde a
data fixada na sentença e (iv) fixados os juros moratórios
segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma
do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº
11.960/09. Vencidos, integralmente o Ministro Marco Aurélio, e
parcialmente os Ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli, Cármen
Lúcia e Gilmar Mendes. Ao final, por maioria, vencido o
Ministro Marco Aurélio, fixou as seguintes teses, nos termos do
voto do Relator: 1) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a
redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina
os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda
Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de
relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os
mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública
remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio
constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às
condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a
fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração
da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo
hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº
9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09; e 2) O art.
1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº
11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária
das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
como medida adequada a capturar a variação de preços da
economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina.
Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário,
20.9.2017."

DOS HONORÁRIOS

Deve se aplicar a lei processual vigente e não a lei processual revogada.


Assim dispõe o art. 1.046, do CPC/2015, "Ao entrar em vigor este Código,
suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando
revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
O art. 85, CPC/2015 assim estabelece: "a sentença condenará o vencido a
pagar honorários ao advogado do vencedor."
O § 3º, do mesmo art. 85, estabelece que "nas causas em que a Fazenda
Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios
estabelecidos nos incisos I a IV do § 2o e os seguintes percentuais: I - mínimo
de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II - mínimo de
oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois
mil) salários-mínimos; III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o
valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois
mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV - mínimo de
três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000
(cem mil) salários-mínimos; V - mínimo de um e máximo de três por cento
sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de
100.000 (cem mil) salários-mínimos."
Diante do exposto, manifesta pela improcedencia do recurso.
Ainda, pela aplicação do art. 85, § 11, do CPC, no sentindo de que "o tribunal,
ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o
trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento

Nestes termos,
Pede deferimento.

Nesta cidade, 7 de dezembro de 2023.

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/CE 23.560-A

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