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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA 4ª

VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE NATAL –RIO GRANDE DO


NORTE.

A PARTE ORA RECORRIDA , através de seus procuradores que esta


subscrevem, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos autos
do processo em epígrafe, apresentar CONTRARRRAZOES DE RECURSO
ORDINÁRIO, em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
(INSS) , conforme seguem os fundamentos jurídicos a seguir deduzidos,
requerendo seja de plano negado seguimento ao presente eis que totalmente
contrário ao RE 564.354/SE, JULGADO PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL; Observa-se que a matéria objeto do presente recurso (alteração no
teto dos benefícios previdenciários, através das Emendas Constitucionais
20/1998 e 41/2003, e sua extensão aos benefícios anteriores a estas) foi
decidida pelo Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº
564.354/SE (rel. Min. Carmen Lúcia, Pleno, julg. 08.09.2010, DJe nº 30, de
14.02.2011). O acórdão deste E, TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL, ora
recorrido, está em consonância com o entendimento do STF, de modo que se
impõe seja negado seguimento aos recursos interpostos pelo INSS, inclusive
com aplicação de multa por litigância de má-fé;

Nestes termos

Pede deferimento

Natal, 05 de Julho de 2016.

EVANDRO JOSÉ LAGO

OAB/RN 0529-A
COLENDA TURMA

CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

Observa-se que a matéria objeto do presente recurso (alteração no teto


dos benefícios previdenciários, através das Emendas Constitucionais 20/1998
e 41/2003, e sua extensão aos benefícios anteriores a estas) foi decidida pelo
Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 564.354/SE (rel. Min.
Carmen Lúcia, Pleno, julg. 08.09.2010, DJe nº 30, de 14.02.2011). Transcreve-
se, a propósito, a ementa do julgado:

EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE


BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO NO TETO DOS BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL
DE PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES
DA ALTERAÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003.
DIREITO INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICO PERFEITO. NECESSIDADE DE
INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE
OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Há pelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do Supremo
Tribunal Federal como guardião da Constituição da República demanda
interpretação da legislação infraconstitucional: a primeira respeita ao exercício
do controle de constitucionalidade das normas, pois não se declara a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei sem antes entendê-la; a
segunda, que se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da proteção
ao ato jurídico perfeito contra lei superveniente, pois a solução de controvérsia
sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas em conflito
e determinados os seus alcances para se dizer da existência ou ausência da
retroatividade constitucionalmente vedada.
2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda
Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos
benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdência
estabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a
observar o novo teto constitucional.
3. Negado provimento ao recurso extraordinário.

O acórdão deste E, TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL, ora


recorrido, está em consonância com o entendimento do STF, de modo que se
impõe seja negado seguimento aos recursos interpostos pelo INSS, inclusive
com aplicação de multa por litigância de má-fé; .

A presente ação visa a revisão do valor do benefício da PARTE


AUTORA, mediante a recuperação do valor relativo à média dos seus salários
de contribuição que ultrapassaram o limite máximo contributivo vigente na
época da concessão do benefício, ou seja, a aplicação dos novos valores de
tetos previdenciários definidos pelas Emendas Constitucionais nº 20/1998 e
41/2003, tendo em vista a limitação do teto ocorrida quando da revisão do
chamado período do “buraco negro”.
Apesar da decisão favorável do STF, com efeitos de
repercussão geral (RE 564.354/SE) , o INSS insiste em não acatar a mais alta
CORTE DO PAÍS, aduzindo que o benefício em questão não teria ficado
limitado ao teto do regime geral da previdência social.
Ocorre que ESTÁ COMPROVADO NOS AUTOS QUE O
BENEFÍCIO DA PARTE AUTORA FICOU SIM LIMITADO AO TETO, quando
de sua concessão, após a aplicação da revisão do buraco negro; Ou seja,
A RMI com a revisão do buraco negro, ULTRAPASSOU O TETO Á EPOCA
VIGENTE e, portanto, tem sim a parte autora, ao contrário do que insiste o
INSS, direito a aplicação dos novos tetos fixados pelas EC20/98 e 41/2003,
principalmente quando os documentos juntados aos autos comprovam
plenamente o direito da parte autora e possibilitam os cálculos pela contadoria
judicial;
ORA NO CASO CONCRETO, depois de processado a revisão do
art;144 da Lei 8.213/91, obviamente que a RMI do beneficio da PARTE
AUTORA, superou o teto, tendo sido limitado ao teto e, assim sendo, tem
direito a aplicação das EMENDAS 20/98 e 41/2003, CONFORME ALIAS já
demonstrado nos cálculos que acompanharam a inicial, elaborados por expert--
- E QUE EM NENHUM MOMENTO FORAM IMPUGNADOS PELO INSS--- que
aliás limitou-se a produzir peça de contestação padrão- sem sequer apresentar
outra planilha de cálculos--- portanto, aceitando a planilha elaborada pela
PARTE AUTORA, como correta;
O direito a referida revisão esta consolidado pela jurisprudência em
função do julgamento favorável aos aposentados no Recurso Extraordinário
564.354.
Inclusive, cumpre destacar :

“PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. DECADÊNCIA. ART.


103. NÃO OCORRÊNCIA. READEQUAÇÃO DA RMI
PARA APLICAÇÃO DO NOVO TETO INSERTO NAS
ECS Nº 20/98 E 41/03. REPERCURSÃO GERAL NO
STF. PRECEDENTES DESTA CORTE. JUROS DE
MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.
INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO.
CRITÉRIOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
APELAÇÃO PROVIDA.
1. Pretende o particular a readequação do seu benefício
previdenciário, obtido em 15/06/1990, para incidência do
novo teto estipulado pelas Emendas Constitucionais nº
20/98 e 41/2003.
2. Não há que se aplicar o instituto da decadência na
presente hipótese, tendo em vista que não se pleiteia
revisão do ato 6 concessório, mas apenas a readequação
para aplicação dos tetos instituídos pelas EC’s 20/98 e
41/2003. Precedente desta Corte.
3. O STF ao julgar o RE 564.354/RE, com repercursão
geral, entendeu que a aplicação do art. 14 da EC 20/98,
aos benefícios previdenciários antes da vigência de
referida norma não se refere a aumento ou reajuste do
benefício, mas, sim, de readequação de valores.
4. Os benefícios que foram concedidos antes da
edição da EC nº 20/98 e da EC 41/03 e que tiveram o
salário de benefício limitado ao teto devem sofrer a
readequação dos valores fixados por referidas
Emendas.
5. O Supremo Tribunal Federal, recentemente, no
julgamento das ADINS 4357 e 4425, reconheceu, por
arrastamento, a inconstitucionalidade do artigo 5º da Lei
nº 11.960/09, que deu nova redação ao artigo 1º-F da Lei
nº 9.494/97.
6. Assim, nas causas previdenciárias, ao valor da
condenação deverão incidir juros de mora à razão de 1%
(um por cento) ao mês, a contar da citação (súmula
204/STJ) e correção monetária de acordo com os índices
recomendados pelo Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal,
aprovado pela Resolução nº 561, de 02/07/2007, editada
pelo Conselho da Justiça Federal.
7. No pagamento das diferenças deve-se respeitar a
prescrição quinquenal.
8. Honorários advocatícios, em desfavor do INSS, fixados
em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do art.
20, parág. 4º, do CPC, bem como a limitação de sua
incidência sobre as parcelas vencidas, no termos da
Súmula 111 do STJ.
9. Apelação provida”. (AC Nº: 0800440-
41.2013.4.05.8500. Apelante: Maria De Figueiredo Vilar,
Advogado: Catia Regina De Souza Bohnke Apelado:
Instituto Nacional Do Seguro Social – Inss Relator(A):
Des. Federal Rogerio Fialho Moreira - 4ª Turma).”
(destaque nosso)

Ainda:

PREVIDENCÁRIO.RMI. MAJORAÇÃO DO TETODOS S


ALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO. EMENDA
CONSTITUCIONAL 41/2003. EFEITOS RETROATIVOS.
POSSIBILIDADE. 1. Caso em que se pretende a revisão
do benefício de aposentadoria concedida em 07.03.2003,
a fim de se adequar o valor da renda mensal inicial
ao teto limite introduzido na EC 41/2003; 2. O STF já
firmou posicionamento do sentido de que "não ofende o
ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14, da EC
20/98 e 41/93 aos benefícios previdenciários limitados
ao teto do regime geral da previdência estabelecido antes
da vigência dessas normas, de modo que passem a
observar ao novo teto constitucional"; 3. Constatando-se
nos autos que a RMI do autor restou por ser limitada
ao teto vigente à época da concessão do benefício, é
devida aplicação do novo limite previsto na emenda
constitucional apontada, devendo, na
fase de liquidação de sentença, aferir-se se
eventualmente já houve revisão administrativa, para a
majoração dos valores da aposentadoria em comento,
em função do aludido teto; 4. Apelação provida. (AC Nº
00018858820124058201. TRF 5ª REGIÃO; Relator:
Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima)”

O prejuízo da parte autora foi devidamente demonstrado através


dos documentos e cálculos que acompanharam a petição inicial onde se
evidenciou a limitação na evolução do benefício por ocasião da revisão do
buraco negro;
Apesar de demonstrado o prejuízo da parte ora AUTORA,
através da planilha de cálculos elaborada por contador habilitado e
juntado desde a petição inicial,----- ALIÁS NÃO IMPUGNADA ----- o INSS,
insiste em negar o direito a parte Autora
Igualmente, a contadoria de São Paulo já constatou o direito aqui
pleiteado, ou seja, de que os benefícios concedidos no período do buraco
negro têm direito ao aproveitamento do excedente apurado por ocasião das EC
20/98 e 41/03, senão vejamos item “c” do parecer:

c- Se o valor apurado for superior ao limite máximo do


salário de contribuição vigente naquela DIB, houve
limitação, e se o benefício foi concedido antes de
05/04/91: a RMI foi majorada pela variação do INPC sem
limitação alguma, desde a concessão até junho de 1992,
quando foi limitada ao valor máximo do salários de
contribuição vigente. Evoluindo-se a renda mensal em
06/92 (sem essa limitação) e comparando-a ao valor
máximo trazido pelos Ementas Constitucionais nº 20/98 e
41/2003, vemos que o valor da causa excede a 60
salários mínimos.
É o que demonstram os cálculos juntados com a petição inicial, onde
se constata a limitação ao teto então vigente quando da concessão do
benefício, bem como quando da revisão ocorrida em 06/1992, ( revisão do
buraco negro).
Portanto a RMI, com o advento da revisão procedida pelo
buraco negro, a RMI original recalculada, apura-se média contributiva
superior ao teto vigente.
À época da concessão do benefício, o valor da Renda Mensal Inicial
foi reduzido (limitado), pois o salário de benefício obtido importava em valor
maior do que o “teto” aplicável à época, com a finalidade de se adequar ao
“teto” existente naquele período, o que deve ter levado o Juízo ao erro, não
tendo sua Excelencia , observado, que a RMI , após a aplicação da revisão do
ar.144, da Lei 8.213/91, ULTRAPASSOU O TETO da época;

Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 20/98 que elevou


o teto para R$ 1.200,00 e depois a EC/41 de 19/12/2003, que elevou o “teto”
utilizado pelo INSS para R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais), por força
do disposto em seu art. 5º, houve fixação (aumento) do “limite máximo para o
valor dos benefícios do regime geral da previdência social” – leia-se “teto” –,
sem que tenha sido enunciada nenhuma exceção; Ora, assim a PARTE ORA
AUTORA TEM DIREIRO SIM, A REVISÃODE SEU BENEFICIO;

Basta verificar que no caso dos autos o benefício da parte ora autora
está LIMITADO ao “teto” anteriormente existente, pois poderia ser maior, o que
é suficiente para demonstrar o prejuízo sofrido com a manutenção do “teto”
anterior pela ré, pois o valor de seu benefício ultrapassava, o teto da época,
ficando limitado nesse valor, sendo a diferença a maior “cortada”, o que deveria
ter sido sanado posteriormente, com a adoção do novo teto de R$1.200,00 em
1998 e R$ 2.400,00, em 2003, proporcionalmente a diferença entre o salário-
de-benefício e o valor do primeiro reajuste geral. Isso tudo de acordo com a
legislação aplicável ao caso, como se demonstrará abaixo e de acordo
com os cálculos efetuados.

Evidencia-se, portanto, que a falta de adoção do “novo teto”, que


deveria gerar efeitos após a EC20, resultou em prejuízos na RMI do Autor, já
que não adotado no caso em tela.

Apesar de demonstrado o interesse da parte autora, nos cálculos


que acompanham a petição inicial, o Magistrado entendeu pela improcedência
da ação, por entender que “o benefício da parte autora não sofreu qualquer
limitação pela aplicação dos tetos instituídos pelas Emendas constitucionais
20/98 e 41/03, uma vez que naquela época, por óbvio, ainda não vigiam, sendo
desnecessárias maiores digressões a respeito”.
Como já dito o benefício da parte autora sofreu a devida revisão
prevista no art. 144 da Lei n° 8.213/91, sendo apurado salário de benefício
limitado ao teto , válido para todos os fins legais, conforme determinado na Lei.
Ocorre que ao sofrer a RMI os reajustes legalmente determinados, inclusive
aquele determinado pela Ordem de Serviço INSS/DISES n° 121, de 15 de
junho de 1992, em face da revisão do mencionado art. 144, as rendas
subsequentes ficaram todas abaixo do teto vigente em cada competência de
pagamento, não atingindo, assim, os limites fixados antes das Emendas
Constitucionais nos 20/98 e 41/2003, sequer após.
O Demonstrativo de Concessão de Benefício, o BENREV, o
CONBAS, o CNIS e demais documentos e os cálculos apresentados pela
Parte AUTORA apontam com certeza e verossimilhança o direito à
readequação aos tetos estabelecidos pelas Emendas Constitucionais nº
20/98 e 41/2003.
A tela do CONBAS e do BENREV, juntadas aos autos vem
demonstrar o direito da parte autora, posto que ali se percebe que o
benefício foi limitado ao teto após a revisão do Buraco Negro;
No entanto os índices aplicados a RMI não limitada ao teto,
mais a aplicação dos novos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais
20/98 e 41/2003, resultaram nas diferenças apuradas nos cálculos
juntados pela parte autora;
Apesar de o benefício ter sido revisto na forma prevista
anteriormente, ainda persistiram diferenças, posto que a Autarquia
Previdenciária limitou o salário de beneficio ao patamar máximo da época, na
forma do artigo 29, §2º, da Lei nº. 8.213/91, e os reajustes subsequentes à
concessão do benefício devem ocorrer sobre o valor real da média aritmética
dos salários-de-contribuição, sem a limitação ao teto, a qual deve incidir
apenas quando do pagamento do benefício previdenciário;
Inobstante legítima a limitação inicial, não se pode ignorar a
presença daquele excedente nos reajustamentos subsequentes ! Tanto é
assim que o próprio legislador estabeleceu formas de recuperação. Vejamos:

Tratando da proporcionalidade do primeiro reajuste, o artigo 26 da


Lei nº. 8.870/94 estabeleceu:

“Art. 26. Os benefícios concedidos nos termos da Lei nº


8.213, de julho de 1991, com data de início entre 5 de
abril de 1991 e 31 de dezembro de 1993, cuja renda
mensal inicial tenha sido calculada sobre salário-de-
benefício inferior à média dos 36 últimos salários-de-
contribuição em decorrência do disposto no § 2º do art. 29
da referida lei, serão revistos a partir da competência abril
de 1994, mediante a aplicação do percentual
correspondente à diferença entre a média mencionada
neste artigo e o salário-de-benefício considerado para a
concessão.

Parágrafo único. Os benefícios revistos nos termos do


"caput" deste artigo não poderão resultar superiores ao
teto do salários-de-contribuição vigente na competência
de abril de 1994.”

Idêntica sistemática constou na Lei nº. 8.880/94 e vem sendo


aplicada até os dias atuais:
“Art. 21 - Nos benefícios concedidos com base na Lei nº
8.213, de 1991, com data de início a partir de 1º de março
de 1994, o salário-de-benefício será calculado nos termos
do art. 29 da referida Lei, tomando-se os salários-de-
contribuição expressos em URV.

§ 3º - Na hipótese da média apurada nos termos deste


artigo resultar superior ao limite máximo do salário-de-
contribuição vigente no mês de início do benefício, a
diferença percentual entre esta média e o referido limite
será incorporada ao valor do benefício juntamente com o
primeiro reajuste do mesmo após a concessão, observado
que nenhum benefício assim reajustado poderá superar o
limite máximo do salário-de-contribuição vigente na
competência em que ocorrer o reajuste.”

Portanto, conforme reconhecido pelo legislador, aplicado o


“incremento”, se ainda assim a renda mensal reajustada for objeto de limitação,
o excedente deve ser levado em conta na majoração posterior, e assim por
diante.

Garante-se, com isso, a recuperação parcial ou integral da


supressão de seus efetivamente salários de contribuição, mantendo-se ainda o
equilíbrio do sistema atuarial.

A parte autora requer a readequação do seu benefício, na forma


anteriormente preconizada, com a incidência dos tetos então vigor pelas
Emendas Constitucionais nº. 20/98 e 41/2003.

E este entendimento está claramente expresso na parte dispositiva


do voto da Senhora Ministra Carmem Lúcia (RELATORA), no RE 564.354/SE,
in verbis:
(...)17. Prosseguindo no julgamento do feito, este Supremo
Tribunal Federal superou a deficiência do recurso
extraordinário, consistente no não pré-questionamento do art.
5º da Emenda Constitucional 41/2003, para que a decisão
também alcance esse dispositivo, de modo que a parte
dispositiva do voto passa a ser o seguinte: conheço do
presente recurso e nego provimento a ele, por correta a
conclusão a ser possível a aplicação imediata do art. 14 da
Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda
Constitucional n.41/2003 àqueles que percebem seus
benefícios com base em limitador anterior, levando-se em
conta os salários de contribuição que foram utilizados para os
cálculos iniciais. (grifo nosso)
O critério único definido na decisão do STF é que os benefícios
tenham sido limitados ao teto, não havendo qualquer menção sobre a
limitação temporal àqueles que tiveram seus benefícios concedidos em
período anterior ao estipulado pelo Artigo 26 da Lei nº 8.870/94, senão
vejamos:

EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E


PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO
NO TETO DOS BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE
PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS
CONCEDIDOS ANTES DA ALTERAÇÃO. EMENDAS
CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. DIREITO
INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICO PERFEITO.
NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEI
INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE OFENSA AO
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1.

pelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do
Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição da
República demanda interpretação da legislação
infraconstitucional: a primeira respeita ao exercício do controle
de constitucionalidade das normas, pois não se declara a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei sem
antes entendê-la; a segunda, que se dá na espécie, decorre da
garantia constitucional da proteção ao ato jurídico perfeito
contra lei superveniente, pois a solução de controvérsia sob
essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas
em conflito e determinados os seus alcances para se dizer da
existência ou ausência da retroatividade constitucionalmente
vedada. 2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação
imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e
do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos
benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral
de previdência estabelecido antes da vigência dessas
normas, de modo a que passem a observar o novo teto
constitucional. 3. Negado provimento ao recurso
extraordinário. (RE 564354, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA,
Tribunal Pleno, julgado em 08/09/2010) (destaque nosso)

Como visto, a decisão acima deita abaixo a tese de que


somente os benefícios concedidos posteriormente a 05/04/1991 é que
teriam direito à revisão, sob o argumento de que não havia na legislação
anterior mecanismo de recuperação do valor excedente ao teto.

Negar o direito à revisão a PARTE AUTORA seria reforçar a


INJUSTIÇA praticada pelo INSS, configurando verdadeiro ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO.

A questão cinge-se ao sagrado direito de IGUALDADE JURÍDICA ou


ISONOMIA, que é princípio essencial dentre os direitos fundamentais dos
cidadãos; Mostra-se flagrante a injustiça impingida a PARTE AUTORA, face ao
tratamento diferenciado dado pelo Instituto-Apelado aos trabalhadores que se
aposentaram de forma proporcional, mas que contribuíram acima do TETO.

II - DA INEXISTÊNCIA DA DECADÊNCIA

Preliminarmente, não há que se falar em decadência do direito de


revisar o benefício da parte ora autora, qualquer que tenha sido a DIB, já que a
Lei 8.213/91 fixou prazo apenas para a revisão do ato de concessão, o que
não é o presente caso, que trata de reajuste/readequação do teto constitucional
das Emendas 20/98 e 41/2003. Ou seja, não haverá modificação nem alteração
da RMI. Ela apenas será usada para se saber o excedente; Mas não sofrerá
alteração pretérita;

Sobre o tema o próprio TRF5, em 24/07/2014, no Julgamento do


APELREEX18098/SE, interposto pelo INSS, firmou entendimento que a
matéria em destaque não está submetida a regra da decadência, senão
vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCÁRIO. RMI.


MAJORAÇÃO DO TETO DOS SALÁRIOS DE
CONTRIBUIÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS 20/98 E
41/2003. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PRETENSA
NECESSIDADE DE ADAPTAÇÃO DO ACÓRDÃO A
RECURSO ESPECIAL FIRMADO SOB O REGIME DA
REPERCUSSÃO GERAL. NÃO CONFIGURAÇÃO.
1. Depois de apreciada a apelação do INSS, voltam os
autos a esta Segunda Turma, a bem de se lhe permitir
ajustar o julgado originário ao decido no Resp 130529/PR,
proferido em sede de recurso repetitivo (CPC, art. 543-C,
parágrafo 7º, II); 2. Tratando-se de revisão do benefício
de aposentadoria, a fim de se adequar o valor da renda
mensal inicial aos tetos limites introduzidos nas EC
20/98 e EC 41/2003, não se há falar de prazo
decadencial, previsto no art. 103, da Lei nº 8.213/91, pois
não se pretende atacar ato "in concreto" praticado
administrativamente, mas a majoração do valor do
salário de benefício em conformidade com as alterações
trazidas pela nova legislação; 3. Considerando que o
paradigma indicado na decisão da Vice-Presidência desta
Corte é relativo às hipóteses de incidência do prazo
decadencial, previsto no art. 103, da Lei nº 8.213/91, não se
configura caso de adequação do julgado, por este já se
encontrar ajustado aos precedentes do STJ; 4. Manutenção
do desprovimento do apelo.(PROCESSO:
00006742720114058500, APELREEX18098/SE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE
OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO:
10/06/2014, PUBLICAÇÃO: DJE 24/07/2014 - Página 110)
No mesmo sentido as Turmas Recursais do Estado do Rio de
Janeiro editaram o enunciado 66, que determina:

“O pedido de revisão para a adequação do valor do


benefício previdenciário aos tetos estabelecidos pelas EC
20/98 e 41/03 constitui pretensão de reajuste de Renda
Mensal e não de revisão de RMI (Renda Mensal Inicial),
pelo que não se aplica o prazo decadencial de 10 anos do
artigo 103 da Lei 8213, mas apenas o prazo prescricional
das parcelas.”

Com já dito na inicial não há que se falar em decadência do


direito de revisar o benefício da parte autora, qualquer que tenha sido a DIB, já
que a Lei 8.213/91 fixou prazo apenas para a revisão do ato de concessão, o
que não é o presente caso, que trata de reajuste.

Ainda sobre o mesmo tema as Turmas Recursais do Estado de


Santa Catarina tem entendimento majoritário seguindo o mesmo citado acima:

"PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO.


DECADÊNCIA. INCIDÊNCIA DOS NOVOS TETOS LEGAIS
NO REAJUSTAMENTO DO BENEFÍCIO APENAS PARA
CONCEDIDOS ANTES DA ALTERAÇÃO. "BURACO
NEGRO". POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DAS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS Nº 20/98 E Nº 41/2003.
PREQUESTIONAMENTO.

1. Tratando-se de pedido de retificação do valor da renda


mensal do benefício em manutenção (RMB), por decorrência
dos novos tetos estabelecidos pela Emenda Constitucional nº
20/1998 e pela Emenda Constitucional nº 41/2003, o pedido
não se refere à revisão do ato de concessão, mas, tão-
somente, à aplicação imediata de normas supervenientes,
sem qualquer alteração da configuração e do cálculo inicial
do benefício (RMI), razão por que, em casos tais, não há
falar em decadência. Quanto à prescrição, esta deve se
adequar à data da ação civil pública, proposta em 05.05.2011,
versando sobre o mesmo objeto jurídico. Inteligência do art.
103, caput e parágrafo único da Lei nº 8.213/1991 e alterações,
da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do
IUJEF nº 2006.70.95.008834-5 da Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região. Contudo, no caso, como ausente
recurso da parte Autora, quanto a este específico item,
mantém-se a sua tese de prescrição quinquenal."( APELAÇÃO
CÍVEL Nº 5005183-14.2012.404.7204/SC, rel acórdão MARIA
ISABEL PEZZI KLEIN, julgado em 09/06/2013).

(grifo nosso).

III - DA PRESCRIÇÃO

Outra questão importantíssima, que foi apreciada pelo Juízo a


quo, trata da interrupção da prescrição, ante o ajuizamento da ação civil pública
coletiva 0004911-28.2011.4.03.6183), feita pelo MINISTÉRIO PUBLICO
FEDERAL de São Paulo, com eficácia e validade para todo o País, onde
acabou o INSS reconhecendo o direito dos beneficiários da ação e fazendo um
acordo para pagar os valores devidos, retroagindo em 5 anos, contados do
ajuizamento da referida ação civil pública; Portanto, pelo princípio da igualdade
de tratamento, a PARTE ORA AUTORA, também deve ter reconhecido como
direito a contagem da prescrição em 5 anos anteriores ao ajuizamento da
referida ação civil pública, na forma da lei;

O artigo 103, parágrafo único, da Lei 8213/91 dispõe que prescreve em


cinco anos toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou diferenças
devidas pela previdência social.

No entanto, o TRF4 (AC 2003.70.00.056572-9, Rel. DEs. Federal


Celso Kipper, DJU 07/12/2004) e a Turma Recursal da 4ª Região em
entendimento que o ajuizamento de ação civil pública para defesa dos
interesses do segurados da Previdência Social interrompe o prazo da
prescrição para todos os segurados. Vejamos:
.
PREVIDENCIÁRIO REVISÃO DE APOSENTADORIA
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. MATÉRIA JÁ UNIFORMIZADA. 1-
Incidente de uniformização de jurisprudência interposto
buscando o reconhecimento da interrupção da prescrição
em razão do ajuizamento da ação civil Pública.
2- Conforme entendimento já uniformizado no âmbito da
Turma Regional de Uniformização da 4ª Região no IUJEF
2006.70.95.008834-5, “O marco inicial da interrupção da
prescrição retroage à data do ajuizamento da ação civil
pública que precedeu à demanda individual, desde que
haja citação válida do INSS”. 3- Incidente de
uniformização de jurisprudência provido para adequação
do acórdão, pela 2ª Turma Regional de Uniformização da
2ª Turma Recursão de Santa Catarina, à tese
uniformizada pela TRU (IUJEF 2008.72.51.004439-7,
Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora
Ana Beatriz da Luz Palumbo, D. E. 01/09/2009.

Para a matéria objeto desta ação foi interposta ação civil pública em
05/05/2011 (0004911-28.2011.4.03.6183). Assim, é de se declarar prescritas
as parcelas vencidas anteriormente a 05/05/2006, ou seja, 5 anos antes do
ajuizamento da ACP.

V - DO REQUERIMENTO

EX POSITIS, e dos melhores de direito, que Vossas Excelências bem


haverão de atender, é a presente para REQUERER o desprovimento do
recurso ora contra arrazoado e a consequente manutenção da r. sentença
recorrida, condenando-se a recorrente ao pagamento de honorários de
sucumbência e nas penas de litigância de má-fé; .

Termos em que,
Pede deferimento.

Natal, 05 de Julho de 2016.

EVANDRO JOSÉ LAGO

OAB/RN 0529-A

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