Você está na página 1de 12

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

Processo n.º 0803297-16.2020.8.15.0251


Autor: WANESSA TOMAZ BENEVENUTO PINTO
Réu: MUNICÍPIO DE SÃO MAMEDE

WANESSA TOMAZ BENEVENUTO PINTO, vem, a presença de Vossa


Excelência, com fulcro no artigo 105, III, “a” e “c” da Constituição Federal, interpor
RECURSO ESPECIAL
Requer desde já seja o presente recurso recebido e processado para, após ouvido
o recorrido e analisados os requisitos de admissibilidade abaixo indicados, seja remetido ao
Egrégio Superior Tribunal de Justiça e ao final, ser provido em sua totalidade.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Patos – PB, data do protocolo eletrônico.

CARLOS HENRIQUE LOPES ROSENO


OAB/PB nº 15.609

MÁRIO BENTO DE MORAIS SEGUNDO


OAB/PB nº 20.436

EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MINISTROS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA – STJ

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
RAZÕES DO RECURSO

Processo nº 0803297-16.2020.8.15.0251
Recorrente: WANESSA TOMAZ BENEVENUTO PINTO
Recorrido: MUNICÍPIO DE SÃO MAMEDE

I. RAZÕES DO RECURSO

I.1 DO CABIMENTO

Da análise dos autos restaram as seguintes conclusões:

1. O acórdão recorrido foi julgamento em última instância pelo Tribunal Regional; e


2. O acórdão caminhou, data vênia, em sentido contrário à lei federal: afrontando-lhe,
contradizendo-lhe e negando-lhe vigência, bem como deu interpretação divergente do que
haja atribuído outro tribunal;

Isto posto, à luz do artigo 105, III, alínea “a” e “c”, da Carta Política e, também,


artigo 1029, II, do novo CPC, é cabível o presente Recurso Especial para alcançar o fim desejado,
qual seja: a reforma do acórdão.

I.2 DA TEMPESTIVIDADE

Nos termos do artigo 1003, § 5º do novo CPC, o prazo para interpor o presente


recurso é de 15 dias. Desta forma, considerando que a decisão fora publicada no dia 29/03/2022. E
o recorrente foi intimado da referida decisão no dia 08/04/2022, seu prazo se expiraria no dia
05/05/2022, reconhecidamente o recurso é tempestivo e merece acolhimento,

I.3 DO PREPARO
Já devidamente cumprido tal requisito.

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
2. SÍNTESE DA LIDE

A parte autora, ora recorrente, ajuizou a presente demanda visando seja condenado
o Município de São Mamede a proceder à implantação da sua remuneração, em específico da
parcela denominada adicional de insalubridade.
Contestada a demanda, o Juízo “a quo” entendeu por bem julgar improcedentes os
pedidos, sob o argumento de que a parte autora não detém direito a insalubridade, porquanto
ausente de lei nesse sentido.
Elevaram-se os autos à instância ad quem por força do reexame necessário e da
interposição de recurso apelatório, nos quais TJ-PB decidiu nos seguintes termos:

ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL Nº 0803297-16.2020.8.15.0251


Relator : Des. José Ricardo Porto Apelante : Wanessa Tomaz
Benevenuto Pinto Advogado : Mário Bento de Morais Segundo
OAB/PB nº 20.436 e outros Apelado : Município de São Mamede
Advogado : Sárvia Danielly Salvino de Araújo - OAB/PB 17.475    
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM
COBRANÇA DE VALORES NÃO PAGOS. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA. NECESSIDADE DE LEI ESPECÍFICA,
INSTITUÍDA PELO ENTE PÚBLICO AO QUAL PERTENÇA O
SERVIDOR, A REGULAMENTAR O PAGAMENTO DO
ADICIONAL REQUERIDO. INEXISTÊNCIA.
DESPROVIMENTO DO APELO.   - O pagamento de Adicional de
Insalubridade à categoria dos servidores públicos está
condicionado à existência de norma regulamentadora do ente ao
qual está vinculado o requerente, em observância ao Princípio da
Legalidade.   - “O pagamento do adicional de insalubridade aos
agentes comunitários de saúde submetidos ao vínculo jurídico-
administrativo, depende de lei regulamentadora do ente ao qual
pertencer.” (Súmula nº. 42 do TJPB) - A respeito dos direitos dos
servidores contratados pela Administração Pública sem
observância ao art. 37, II, da Constituição Federal, o Supremo
Tribunal Federal, após reconhecer a repercussão geral da matéria,
decidiu que tais servidores fazem jus apenas ao percebimento dos
salários referentes aos dias trabalhados e ao depósito do FGTS, de
forma que não procede a pretensão autoral quanto ao percebimento
das férias, acrescidas do respectivo terço, do décimo terceiro
salário, do aviso-prévio, da multa do art. 477, da Consolidação das
Leis do Trabalho, bem como da multa de 40%. (TJPB; APL
0000199-85.2014.815.0471; Quarta Câmara Especializada Cível;
Rel. Des. Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho; DJPB
24/10/2016; Pág. 19)               VISTOS, relatados e discutidos os
autos acima referenciados.             ACORDA a Primeira Câmara
Especializada Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à
unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
(0803297-16.2020.8.15.0251, Rel. Des. José Ricardo Porto,
APELAÇÃO CÍVEL, 1ª Câmara Cível, juntado em 22/10/2021)

Foram opostos embargos, no entanto, os mesmos foram rejeitados.

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
Esgotadas as instâncias ordinárias, o recorrente não vê outra alternativa que
não a de recorrer a este Egrégio Superior Tribunal de Justiça, de modo a que sejam
corrigidos os equívocos perpetrados pelo acórdão impugnado quanto à correta aplicação do
disposto no art. 4º e 5º do decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, Arts. 11, 489, §
1ª VI e § 2ª, e 927, V do CPC/2015.
Objetiva, ainda, o especial, seja reconhecida a existência de dissídio jurisprudencial
entre o acórdão recorrido e o acórdão proferido pelos tribunais de Goiás acerca da prescrição do
fundo do direito, decorrente de lei de efeitos concretos que extingue gratificação em percentuais
por tempo de serviço.

3 - DO PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA

Como é sabido, o art. 105, III, da CF/88, ao determinar o cabimento do recurso


especial somente em causas decididas “em única ou última instância”, está a exigir que a matéria
objeto das razões de inconformismo tenha sido apreciada pelo Tribunal a quo.
Não se requer, contudo, para fins de observância ao requisito constitucional do
prequestionamento, que dispositivo de lei tenha sido expressamente citado no julgamento
impugnado.
É suficiente que a Corte de origem tenha analisado a tese objeto de recurso
especial, admitindo-se, em qualquer hipótese, o prequestionamento implícito quando demonstrada
a apreciação da tese – e não do artigo propriamente dito.
No caso em apreço, o prequestionamento da matéria aventada no recurso
especial encontra-se plenamente observado, notadamente pela apresentação tempestiva de
Embargos de Declaração por parte da recorrente. Cumpridas, portanto, as diretrizes das súmulas
aplicáveis à matéria:

Súmula 356/STF 
“O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso
extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.” 

Súmula 211/STJ 
“Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da
oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo
Tribunal a quo.”

Nesse sentido é a jurisprudência:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC.
PLANO DE SAÚDE. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO.
(...) 3. O requisito do prequestionamento estará atendido se a

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
Corte de origem, conquanto não faça menção expressa aos
dispositivos legais tidos por contrariados, tiver se manifestado
acerca da questão jurídica apresentada no recurso especial. (...)
(AgInt no REsp 1695676/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 18/06/2018)
#3001325
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM
DANOS MATERIAIS. PLANO DE SAÚDE. RECUSA DE
TRATAMENTO A DOENÇA COBERTA. ÍNDOLE ABUSIVA.
ASTREINTES. (...).1. Conforme entendimento consolidado
nesta Corte, é possível o reconhecimento de prequestionamento
implícito, para fins de conhecimento do recurso especial,
quando as questões debatidas no recurso especial tenham sido
decididas no acórdão recorrido, ainda que sem a explícita
indicação dos dispositivos de lei que o fundamentaram. (...).
(STJ, AgInt no AREsp 969.764/CE, Rel. Ministro LÁZARO
GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª
REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 15/03/2018, DJe
23/03/2018)

Dessa forma, muito embora a decisão recorrida não tenha feito menção expressa
ao artigo de lei tido por violado, o acórdão aprecia a matéria, devendo ser considerada
prequestionada a questão, afastando-se a incidência da Súmula nº 282/STF. A doutrina, nesse
mesmo sentido, reforça este entendimento:

"Não é necessário que o acórdão recorrido tenha feito referência


expressa aos dispositivos da Constituição ou da legislação
federal. Basta que a decisão recorrida tenha enfrentado a tese
jurídica que envolve a compreensão da Constituição ou do direito
federal - é irrelevante a "ausência de menção dos dispositivos
constitucionais atinentes aos temas versados" (STF, Pleno, RE
141.788/CE, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.
06.05.1993,DJ18.06.1993, p. 12.114; STJ, 2.ª Turma, AgRg no
REsp 502.632/MG, rel. Min. Eliana Calmon, j.
21.10.2003,DJ24.11.2003, p. 264; STJ, 3.ª Turma, AgIn no AREsp
810.863/ MT, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j.
01.09.2016,DJe09.09.2016)." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY,
Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora
RT, 2017. Versão ebook, Art. 1.196)

Requer, assim, seja recebido o presente recurso por cumprido o requisito do


prequestionamento.

4. DO DIREITO QUE AMPARA O PRESENTE RECURSO

a) DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. NULIDADE DA DECISÃO.


ART. 11 e 489, §1º VI e §2º DO CPC/2015.

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
Conforme destacado em sua exordial, o acórdão combatido possui nulidade
absoluta, uma vez que, observando as razões de decidir, não existe nenhum fundamento jurídico eu
sem conteúdo, não tendo sido apontada nenhuma legislação, jurisprudência ou doutrina, se
tornando quase impossível a interposição do recurso especial.
Vejamos o que estabelece o art. 11 do CPC:

Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário


serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade.
Parágrafo único.  Nos casos de segredo de justiça, pode ser
autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de
defensores públicos ou do Ministério Público.
(...)
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
(...)
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o
objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando
as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as
premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

Este Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a nulidade de acórdãos que


não possuem fundamentação, a saber:

PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE DO ACÓRDÃO.


AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.ARTS. 130 E 535 DO
CPC. VIOLAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. É nulo o acórdão que,
sem esclarecer os fundamentos jurídicos da solução adotada, se
limita a confirmar a sentença recorrida.Violação dos arts. 130 e
535 do Código de Processo Civil. 2. Na sessão do último dia
20.09.2007, no julgamento do AgRg no AgRgno Ag 749.394/RJ,
Rel. Min. Herman Benjamin, a Segunda Turmaconsignou que as
decisões que simplesmente façam remissão aosfundamentos de
outra ou de parecer do Ministério Público sem, aomenos,
transcrevê-los, devem ser declaradas nulas, determinando-se
oretorno dos autos para que novo julgamento seja proferido. 3.
Necessário determinar-se o retorno dos autos ao Tribunal deorigem
para que seja proferida nova decisão. Prejudicado o exame
domérito. 4. Recurso especial provido.
(STJ - REsp: 841823 MS 2006/0071176-1, Relator: Ministro
CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 23/10/2007, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 09/11/2007 p. 240)

Ante tais considerações, impõe-se a nulidade do acórdão por ofensa ao art. 11


do CPC.

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
b) DA OFENSA DO ACÓRDÃO RECORRIDO A DISPOSITIVOS DA LEGISLAÇÃO
FEDERAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 4º E 5º DO DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE
SETEMBRO DE 1942.

Primeiramente, cabe deixar clara a situação fática acerca das espécies


normativas que envolvem a presente demanda, uma vez que o histórico veiculado na petição
inicial restou incompleto quanto a sensíveis pontos do litígio.
Dentro desse quadro, consoante o comando inserto nos arts. 42, 44, 50, 51 e
52, da lei n. 336/1992, prevê a concessão do adicional de insalubridade, definindo todos seus
critérios como ATIVIDADES CONSIDERADAS INSALUUBRES, GRAUS, PERCENTUAIS
E BASE DE CÁLCULO definidos na forma descrita. No entanto, a Eg. Corte de Justiça do
Estado da Paraíba, entendeu que não estaria previsto o direito a sua percepção por servidora
exposta a tais riscos nocivos.
De mais a mais, não se pode olvidar que, no Direito pátrio, conforme disposição
do art. 4º e 5º, da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro, prevê a integração da norma, em
razão da lacuna legislativa provocada pela letargia do Município de São Mamede, que o magistrado
na apreciação do caso em concreto possa aplicar de conceitos como analogia para integrar a
norma.

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo


com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
ela se dirige e às exigências do bem comum.

A leitura atenta dos dispositivos da Lei de Introdução ao Direito


Brasileiro supramencionados nos fornece a exata compreensão da controvérsia, ou seja, de
que é possível aplicar os referidos dispositivos para sanar lacuna, para complementar a
norma, que desde 1992, em razão da inercia do Poder Executivo, não aponta quais locais
são considerados insalubres, e no caso sub judice, em que uma dentista busca seu direito
porquanto trabalha em unidade de saúde, em contato constante com produtos químicos e
nocivos a sua saúde.
Nesse sentido é o entendimento dos tribunais vejamos:

“REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO


CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. REAJUSTE
SALARIAL. LEI Nº 16.036/07. NÃO
REGULAMENTADA POR DECRETO. OMISSÃO
VERIFICADA. SUPRESSÃO PELO PODER
JUDICIÁRIO. POSSIBILIDADE. VALORES QUE

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
SERÃO APURADOS EM LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA. CONDENAÇÃO DA FAZENDA
PÚBLICA. CORREÇÃO MONETÁRIA. IPCA.
SENTENÇA CONFIRMADA. I. A Lei estadual n.º
16.036/2007 assegurou aos servidores o direito à
percepção de diferenças geradas pelo parcelamento do
reajuste concedido, consoante estatui o art. 4º. Ocorre
que, inobstante a existência da referida previsão legal, o
respectivo prazo e a forma ficaram condicionados à
edição de decreto pelo Chefe do Poder Executivo, o que
não se materializou. II. É inconteste que a omissão do
chefe do Poder Executivo em baixar o regulamento
indispensável para a concessão da dita promoção
não tem o condão de negar aos servidores estaduais
o direito ao recebimento das diferenças
remuneratórias, uma vez que não pode a
Administração Pública se esquivar de regulamentar
uma lei expedida pelo Poder Legislativo,
indefinidamente. III. Desse modo, imperativa a
confirmação da sentença que reconheceu o direito dos
servidores obterem a diferença remuneratória prevista
no art. 4º da Lei n.º 16.036/2007.IV. Tratando de
condenação da fazenda, consoante decidido pelo
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº
870.947/SE, com repercussão geral, não se aplica o art.
1º-F da Lei n.º 9.494/97, com redação dada pela Lei n.º
11.960/09, por ser inconstitucional, mas sim o IPCA, a
partir do inadimplemento da obrigação. REEXAME
NECESSÁRIO E APELAÇÃO CONHECIDOS E
DESPROVIDOS.”(TJGO, Apelação / Reexame
Necessário 0169827-73.2013.8.09.0051, Rel. LUIZ
EDUARDO DE SOUSA, 1ª Câmara Cível, julgado
em 26/10/2018, DJe de 26/10/2018).

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA.


SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL. PRESCRIÇÃO CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA. INAPLICABILIDADE. PAGAMENTO
CONDICIONADO À EDITAÇÃO DE DECRETO
REGULAMENTADOR. OMISSÃO DO CHEFE DO
PODER EXECUTIVO. ILEGALIDADE. VERBAS
DEVIDAS. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.
APLICABILIDADE DO ARTIGO 1º F da Lei 9.494/97.
Honorários. Majoração. 1. No caso não há falar em
prescrição do direito pleiteado, porque a previsão de reajuste
da Lei nº. 16.036/2007 não disciplinou nenhuma data ou
prazo específico para a concessão, visto que a lei ainda não
se torna exequível enquanto não editado o respectivo decreto
ou regulamento, salientando que o ato regulamentar, nessa
hipótese, configura verdadeira condição suspensiva de

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
exequibilidade da norma. 2. A jurisprudência desta Corte
assentou-se no sentido de que consubstancia ato ilegal a
omissão do Governador do Estado de Goiás em
regulamentar o art. 4º, inciso I, da Lei Estadual nº
16.036/2007. 3. Assim, a ausência de regulamentação da lei,
devido à inércia injustificada do Chefe do Poder Executivo,
não pode impedir o destinatário da norma de receber o
direito a si concedido, o qual, após o
decurso do prazo legalmente definido para a edição do
decreto regulamentador, passou a integrar seu patrimônio
jurídico. 4. A correção monetária e juros de mora aplicados
aos débitos fazendários deverão permanecer sob as balizas
do art. 1º-F da Lei 9.494/97, na redação dada pela Lei nº
11.960/09. 5. Sucumbente o Apelante, impõe-se a majoração
dos honorários sucumbenciais devidos pelo mesmo.
APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA.
SENTENÇA MANTIDA.” (TJGO, Apelação (CPC)
5392860-36.2018.8.09.0087, Rel. EUDÉLCIO
MACHADO FAGUNDES, 4ª Câmara Cível, julgado em
13/09/2019, DJe de 13/09/2019).

Desta feita, pugna-se pelo conhecimento e provimento do presente Recurso


Especial, notadamente pela aplicação dos art. 4º e 5º do decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro
de 1942, Arts. 11, 489, § 1ª VI e § 2ª, e 927, V do CPC/2015 à presente actio, reformando o
acórdão objurgado para acolher a pretensão autoral.

c) DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL

Conforme passará a demonstrar, trata-se de dissídio jurisprudencial que merece


ser apreciado por esse tribunal, afinal, a decisão a quo deixou de considerar a legislação local e o
entendimento dos tribunais a cerca da possibilidade de supressão de lacuna pelo judiciário.
Ocorre que este não reflete o entendimento majoritário de outros Tribunais,
vejamos:
TEOR DA DECISÃO RECORRIDA: ACÓRDÃO APELAÇÃO
CÍVEL Nº 0803297-16.2020.8.15.0251 Relator : Des. José Ricardo
Porto Apelante : Wanessa Tomaz Benevenuto Pinto Advogado :
Mário Bento de Morais Segundo OAB/PB nº 20.436 e outros
Apelado : Município de São Mamede Advogado : Sárvia Danielly
Salvino de Araújo - OAB/PB 17.475     APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM COBRANÇA DE
VALORES NÃO PAGOS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
NECESSIDADE DE LEI ESPECÍFICA, INSTITUÍDA PELO
ENTE PÚBLICO AO QUAL PERTENÇA O SERVIDOR, A
REGULAMENTAR O PAGAMENTO DO ADICIONAL
REQUERIDO. INEXISTÊNCIA. DESPROVIMENTO DO
APELO.   - O pagamento de Adicional de Insalubridade à categoria
dos servidores públicos está condicionado à existência de norma
regulamentadora do ente ao qual está vinculado o requerente, em
observância ao Princípio da Legalidade.   - “O pagamento do

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
adicional de insalubridade aos agentes comunitários de saúde
submetidos ao vínculo jurídico-administrativo, depende de lei
regulamentadora do ente ao qual pertencer.” (Súmula nº. 42 do
TJPB) - A respeito dos direitos dos servidores contratados pela
Administração Pública sem observância ao art. 37, II, da
Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal, após reconhecer
a repercussão geral da matéria, decidiu que tais servidores fazem
jus apenas ao percebimento dos salários referentes aos dias
trabalhados e ao depósito do FGTS, de forma que não procede a
pretensão autoral quanto ao percebimento das férias, acrescidas do
respectivo terço, do décimo terceiro salário, do aviso-prévio, da
multa do art. 477, da Consolidação das Leis do Trabalho, bem
como da multa de 40%. (TJPB; APL 0000199-85.2014.815.0471;
Quarta Câmara Especializada Cível; Rel. Des. Frederico Martinho
da Nóbrega Coutinho; DJPB 24/10/2016; Pág. 19)               
VISTOS, relatados e discutidos os autos acima referenciados.
ACORDA a Primeira Câmara Especializada Cível do Egrégio
Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade de votos, NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO. (0803297-16.2020.8.15.0251,
Rel. Des. José Ricardo Porto, APELAÇÃO CÍVEL, 1ª Câmara
Cível, juntado em 22/10/2021)

OBJETO PRINCIPAL DA AÇÃO: CONCESSÃO DE PAGAMENTO DE GRATIFICAÇÃO


A divergência é tão latente que se repete nos demais tribunais, conduzindo à
inequívoca constatação de inviabilidade na manutenção da decisão recorrida.
DIVERGÊNCIA:

Tribunal de Justiça de Justiça do Estado de Goiás.

“REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO


CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. REAJUSTE
SALARIAL. LEI Nº 16.036/07. NÃO
REGULAMENTADA POR DECRETO. OMISSÃO
VERIFICADA. SUPRESSÃO PELO PODER
JUDICIÁRIO. POSSIBILIDADE. VALORES QUE
SERÃO APURADOS EM LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA. CONDENAÇÃO DA FAZENDA
PÚBLICA. CORREÇÃO MONETÁRIA. IPCA.
SENTENÇA CONFIRMADA. I. A Lei estadual n.º
16.036/2007 assegurou aos servidores o direito à
percepção de diferenças geradas pelo parcelamento do
reajuste concedido, consoante estatui o art. 4º. Ocorre
que, inobstante a existência da referida previsão legal, o
respectivo prazo e a forma ficaram condicionados à
edição de decreto pelo Chefe do Poder Executivo, o que
não se materializou. II. É inconteste que a omissão do
chefe do Poder Executivo em baixar o regulamento
indispensável para a concessão da dita promoção
não tem o condão de negar aos servidores estaduais

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
o direito ao recebimento das diferenças
remuneratórias, uma vez que não pode a
Administração Pública se esquivar de regulamentar
uma lei expedida pelo Poder Legislativo,
indefinidamente. III. Desse modo, imperativa a
confirmação da sentença que reconheceu o direito dos
servidores obterem a diferença remuneratória prevista
no art. 4º da Lei n.º 16.036/2007.IV. Tratando de
condenação da fazenda, consoante decidido pelo
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº
870.947/SE, com repercussão geral, não se aplica o art.
1º-F da Lei n.º 9.494/97, com redação dada pela Lei n.º
11.960/09, por ser inconstitucional, mas sim o IPCA, a
partir do inadimplemento da obrigação. REEXAME
NECESSÁRIO E APELAÇÃO CONHECIDOS E
DESPROVIDOS.”(TJGO, Apelação / Reexame
Necessário 0169827-73.2013.8.09.0051, Rel. LUIZ
EDUARDO DE SOUSA, 1ª Câmara Cível, julgado
em 26/10/2018, DJe de 26/10/2018).

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA.


SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL. PRESCRIÇÃO CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA. INAPLICABILIDADE. PAGAMENTO
CONDICIONADO À EDITAÇÃO DE DECRETO
REGULAMENTADOR. OMISSÃO DO CHEFE DO
PODER EXECUTIVO. ILEGALIDADE. VERBAS
DEVIDAS. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.
APLICABILIDADE DO ARTIGO 1º F da Lei 9.494/97.
Honorários. Majoração. 1. No caso não há falar em
prescrição do direito pleiteado, porque a previsão de reajuste
da Lei nº. 16.036/2007 não disciplinou nenhuma data ou
prazo específico para a concessão, visto que a lei ainda não
se torna exequível enquanto não editado o respectivo decreto
ou regulamento, salientando que o ato regulamentar, nessa
hipótese, configura verdadeira condição suspensiva de
exequibilidade da norma. 2. A jurisprudência desta Corte
assentou-se no sentido de que consubstancia ato ilegal a
omissão do Governador do Estado de Goiás em
regulamentar o art. 4º, inciso I, da Lei Estadual nº
16.036/2007. 3. Assim, a ausência de regulamentação da lei,
devido à inércia injustificada do Chefe do Poder Executivo,
não pode impedir o destinatário da norma de receber o
direito a si concedido, o qual, após o
decurso do prazo legalmente definido para a edição do
decreto regulamentador, passou a integrar seu patrimônio
jurídico. 4. A correção monetária e juros de mora aplicados
aos débitos fazendários deverão permanecer sob as balizas
do art. 1º-F da Lei 9.494/97, na redação dada pela Lei nº
11.960/09. 5. Sucumbente o Apelante, impõe-se a majoração
dos honorários sucumbenciais devidos pelo mesmo.

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505
APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA.
SENTENÇA MANTIDA.” (TJGO, Apelação (CPC)
5392860-36.2018.8.09.0087, Rel. EUDÉLCIO
MACHADO FAGUNDES, 4ª Câmara Cível, julgado em
13/09/2019, DJe de 13/09/2019).

Resta, portanto, clarividente a existência de dissídio pretoriano, de ordem que


a decisão recorrida diverge frontalmente do Acórdão paradigma.
Enxerga-se, destarte, a similitude dos casos e a comprovação da divergência,
demonstrada mediante o cotejo realizado, atendidas as exigências do art. 105, III, “c”, da
Constituição Federal.

4. REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) seja recebido, no efeito devolutivo e suspensivo, conforme previsão contida


no art. 1.029, § 5º, ora formulada, e conhecido o presente Recurso Especial,
em face do atendimento aos requisitos legais e constitucionais para seu
manejo, remetendo-o ao STJ para o seu imediato processamento;
b) seja provido este Recurso Especial para que, reformando-se o acórdão
proferido pelo TJPB (por ofensa aos art. 4º e 5º do decreto-lei nº 4.657, de
4 de setembro de 1942, Arts. 11, 489, § 1ª VI e § 2ª, e 927, V do
CPC/2015), seja julgado procedente o pedido inaugural, invertendo-se,
dessarte, o ônus da sucumbência.
c) Ou caso não sendo o entendimento de Vossa Excelência, que seja dado total
provimento ao presente recurso para que seja anulada a decisão que carece
de fundamentação adequada para que seja proferida nova decisão; ;

Nestes termos, pede deferimento.


Patos – PB, data do protocolo eletrônico.

CARLOS HENRIQUE LOPES ROSENO


OAB/PB nº 15.609

MÁRIO BENTO DE MORAIS SEGUNDO


OAB/PB nº 20.436

João Pessoa
Office Center, R. das Trincheiras, nº 183 - Centro,
João Pessoa - PB, 58011-000.
(83) 98617.8505

Você também pode gostar