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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA
IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000
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Relator: DIONE NUNES FURTADO DA SILVA

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 07/08/2015


Valor da causa: R$ 29.000,00

Partes:
SUSCITANTE: Desembargadora Vice-Presidente Virgínia Malta Canavarro
SUSCITADO: COMERCIAL OLIVEIRA CARNEIRO LTDA - EPP - CNPJ: 11.153.938/0001-68
ADVOGADO: GILSON BATISTA DOS SANTOS - OAB: PE0012015-D
SUSCITADO: ADEILDO PAULO DA SILVA - CPF: 027.405.374-84
ADVOGADO: SIMONE CORDEIRO DE SA - OAB: PE0023707-D
CUSTUS LEGIS: ** Ministério Público do Trabalho da 6ª Região **
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO
Tribunal Pleno

PROC. N.º TRT - 0000323-90.2015.5.06.0000 (IUJ)


Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Relatora: Desembargadora Dione Nunes Furtado da Silva
Suscitante: Desembargadora Vice-Presidente Virgínia Malta Canavarro
Suscitados: Comercial Oliveira Carneiro Ltda. - EPP; e Adeildo Paulo da Silva
Advogados: Gilson Batista dos Santos; e Simone Cordeiro de Sá
Procedência: Tribunal Regional do Trabalho da 6.ª Região

EMENTA: INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT.
HIPÓTESE DE REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM VIA
JUDICIAL. INCIDÊNCIA DA PENALIDADE PELA MORA
PATRONAL NO PAGAMENTO DE VERBAS RESCISÓRIAS.
Considerando que a rescisão contratual por justa causa impede que o
trabalhador receba a indenização do aviso prévio, a proporcionalidade das
férias e do décimo terceiro salário, e o FGTS com acréscimo de 40% - não
se tratando, portanto, de meros reflexos nas verbas rescisórias, decorrentes
do acolhimento de outras parcelas -, cabível, quando da reversão judicial
da justa causa, a aplicação da penalidade em questão, porque tipificado o
seu fato gerador.

Vistos etc.

Trata-se de Incidente de Uniformização de Jurisprudência, suscitado nos


autos do processo n.º 0000282-97.2014.5.06.0311, no qual litigam ADEILDO PAULO DA SILVA
(demandante) e COMERCIAL OLIVEIRA CARNEIRO LTDA. - EPP (demandada),com fundamento
no que dispõem os §§ 4.º e 5.º do artigo 896 da CLT, alterados pela Lei n.º 13.015, de 21 de julho de
2014.

Ao proceder à análise de admissibilidade do recurso de revista oposto pela


COMERCIAL OLIVEIRA CARNEIRO LTDA. - EPP, nos autos do mencionado processo,
Excelentíssima Vice-Presidente deste Regional, Desembargadora Virgínia Malta Canavarro, constatou
divergência, entre decisões proferidas pela Segunda e Quarta Turma desta Corte, quanto à aplicabilidade
da multa do art. 477 da CLT na hipótese de reversão da justa causa, determinando, portanto, o
sobrestamento do feito principal, a fim de uniformizar a jurisprudência interna.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: DIONE NUNES FURTADO DA SILVA


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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
E, cabendo-me a Relatoria do Incidente, determinei a remessa dos autos ao
Ministério Público do Trabalho da 6.ª Região que, por intermédio do Excelentíssimo Procurador Chefe
José Laízio Pinto Júnior, opinou pela uniformização da jurisprudência deste E.Tribunal, no sentido de que
"a reversão da justa causa em Juízo não afasta a incidência da multa do art. 477, § 8º, da CLT, ante a
gravidade da prática empresarial que acarreta imensos prejuízos imediatos ao trabalhador, razão pela
qual a empresa, ao demitir de forma motivada o empregado, assume o ônus e o risco de ser obrigada a
indenizar no caso da justa causa ser revertida em Juízo, o que inclui, sobretudo pelo caráter
sancionatório que lhe é inerente, a referida multa do art. 477, § 8º da CLT." (Id f0b9de9).

É o relatório.

VOTO:

Da caracterização do dissenso jurisprudencial

Conforme relatado, a matéria versada no presente Incidente de


Uniformização diz respeito à aplicação da multa do artigo 477 da CLT na hipótese de reversão da justa
causa em via judicial, e, para adequada compreensão da controvérsia, transcrevo os precedentes da
Segunda e da Quarta Turma deste E. Tribunal que o motivaram:

Segunda Turma (Proc. n.º 0000282-97.2014.5.06.0311):

"Quanto à multa do art. 477 da CLT, embora haja prova do depósito bancário das
verbas incontroversas no prazo legal (Id nº 8adc395, págs. 01/03), ao proceder à
dispensa do reclamante por justa causa, a reclamada assumiu os riscos oriundos da não
confirmação judicial da falta grave, o que alcança a obrigação prevista no referido
dispositivo legal. Nessa linha, já concluiu a 2ª Turma do TST, no julgamento do
AIRR-1380-34.2011.5.09.0863, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT
17/5/2013, in verbis:

'No que se refere ao tema multa do artigo 477 da CLT, cumpre acrescentar que não há
que se falar em violação literal do referido artigo consolidado. É que, a par dos
contornos nitidamente fático probatórios que envolvem a questão do momento da
quitação das verbas rescisórias, e que inviabilizam o seguimento do recurso de revista,
nos termos da Súmula/TST 126, o Tribunal Regional consignou que 'as verbas
rescisórias não foram quitadas integralmente dentro do prazo legal'. Assim, ao manter a
condenação da reclamada no pagamento da multa em questão, o Tribunal Regional deu
a exata subsunção da descrição dos fatos ao conceito contido no referido artigo, visto
que a multa do artigo 477, § 8º, da CLT decorre unicamente do não pagamento das
verbas rescisórias no prazo legal, estipulado por seu parágrafo sexto, hipótese dos
autos.'

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Cabe esclarecer que só não é devida a multa do artigo 477 da Consolidação das Leis do
Trabalho quando ficar comprovado que o trabalhador deu causa à mora no seu
pagamento, o que não restou consignado no acórdão recorrido. Nego provimento ao
apelo, também nesse ponto."

Quarta Turma (Proc. n.º 0001203-93.2012.5.06.0192)

É certo que a reversão da justa causa, em Juízo, não constitui fundamento para deixar de
aplicar a penalidade em apreço, haja vista que comprovado o descumprimento do prazo
a que alude o referido dispositivo legal.

Todavia, no caso vertente, o pagamento dos valores rescisórios constante do TRCT (fls.
11/12, dos autos apartados) foi efetuado dentro do prazo legal, considerando que o
contrato de trabalho findou em 16.08.2012 e a transferência bancária efetuada pela
empresa, em proveito do autor, foi realizada no dia 23.08.2012, conforme revela o
comprovante de fl. 13, daquele mesmo volume em apenso, não sendo menos certo
assentar que eventuais diferenças rescisórias reconhecidas não ensejam a aplicação da
multa de que ora se cuida.

Nesse sentido, a jurisprudência:

(...) REVERSÃO EM JUÍZO DA JUSTA CAUSA. DISPENSA IMOTIVADA. MULTA


DO ART. 477, §8o, DA CLT. 1. Após o cancelamento da OJ no 359 da SDI-1 do TST,
prevalece nesta Corte Superior o entendimento de que a desconstituição, em juízo, da
justa causa não obsta a incidência da penalidade prevista no art. 477, §8o, da CLT, cujo
fato gerador está vinculado à falta de pagamento das verbas rescisórias devidas ao
trabalhador, no prazo fixado no parágrafo sexto do referido preceito legal. 2. Nesse
contexto, a condenação ao pagamento da indigitada multa tornar-se-ia indevida apenas
se demonstrado que o empregado deu causa à mora, circunstância não evidenciada no
acórdão ora impugnado. 3. A decisão regional encontra-se, pois, em sintonia com a
notória e iterativa jurisprudência desta Corte Superior Trabalhista, o que obsta a
cognição do apelo revisional, nos termos do art. 896, §7o, da CLT e da Súmula no 333
do TST. Recurso de revista não conhecido. (...) RR - 17370050.2011.5.16.0005, Relator
Desembargador Convocado: André Genn de Assunção Barros, Data de Julgamento:
15/04/2015, 7a Turma, Data de Publicação: DEJT 04/05/2015. Fiz os destaques. Nada
a reformar, portanto."

Teses divergentes

Como visto, a Segunda Turma, em acórdão de minha relatoria, acolheu a


tese de aplicação da multa do art. 477 da CLT, por entender configurado o fato gerador na hipótese de
reversão judicial da justa causa, até porque o empregador assume o risco de sua incidência ao proceder à
rescisão contratual com base em suposta falta grave não comprovada em juízo.

Em sentido diverso, a Quarta Turma concluiu pela inaplicabilidade da


referida penalidade, em face do pagamento de verbas rescisórias incontroversas no prazo legal.

O Procurador-Chefe do Trabalho acolhe a tese de aplicabilidade da multa


em questão, consoante o seguinte parecer:

"Compulsando os autos, verifica-se que a jurisprudência que se pretende uniformizar diz


respeito à incidência da multa prevista no art. 477, §8º da CLT nos casos em que a justa
causa aplicada pelo empregador for revertida em juízo.

Do substrato fático que deu origem ao presente incidente, nos autos do processo nº
0000282-97.2014.5.06.0311, depreende-se que o Magistrado de 1º grau, em sede de
sentença de mérito, afastou a justa causa aplicada pela a empresa COMERCIAL
OLIVEIRA CARNEIRO LTDA ao trabalhador reclamante ADEILDO PAULO DA

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SILVA e assim aplicou a multa do art. 477, §8º, o que foi confirmado pela 2ª Turma do
Egrégio Regional.

Ab initio, de relevante destacar que este Egrégio Tribunal se debruçou sobre questão
semelhante à presente, nos autos do IUJ 0000124-68.2015.5.06.0000, que versava sobre
a aplicabilidade da "multa do art. 477 da CLT por diferenças de verbas rescisórias
reconhecidas em juízo", no bojo do qual o Pleno deste TRT 6ª Região, em corroboração
do parecer deste MPT, decidiu no sentido de reconhecer inaplicável a referida multa do
§8º do art. 477 da CLT quando reconhecidas diferenças de verbas rescisórias somente
em Juízo. Vejamos a ementa do referido acordão, publicado no DEJT em ....

"INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIFERENÇAS DE


VERBAS RESCISÓRIAS RECONHECIDAS EM JUÍZO. MULTA PREVISTA NO § 8º,
DO ART. 477, DA CLT. INDEVIDA. A multa moratória, que prevista no § 8º, do art. 477
da CLT, somente é devida na hipótese de pagamento dos títulos resilitórios além do
prazo estabelecido no § 6º, do citado artigo. Não se aplica a penalidade por diferenças
de verbas rescisórias reconhecidas judicialmente." (TRT 6ª Região - IUJ nº
0000124-68.2015.5.06.0000 - Rel. Des. MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO
- DEJT 24/08/2015)

O objeto do presente incidente remonta ao mesmo quadro normativo daquele IUJ, porém
com substrato fático diferente: discute-se agora sobre a aplicabilidade da multa do art.
477, §8º da CLT não apenas por diferenças de verbas rescisórias reconhecidas em Juízo,
mas quando essas diferenças decorrem diretamente da reversão da justa causa aplicada
indevidamente pela empresa ao trabalhador em sede de sentença.

Pois bem.

Sobreleva enfatizar que a ratio decidendi do Pleno deste e. Tribunal, ao entender


naquele IUJ nº 0000124-68.2015.5.06.0000 pela inaplicabilidade da multa do art. 477,
§8º da CLT por diferenças de verbas rescisórias em Juízo, foi no sentido de que referida
multa, em razão do seu caráter inerentemente sancionatório, somente tem razão de ser
para penalizar o empregador desidioso que não cumpre tempestivamente com a
obrigação de pagar integralmente as verbas rescisórias do empregado dentro dos prazos
consignados no §6º do mesmo art. 477.

Assim, eventuais diferenças de verbas rescisórias pleiteadas judicialmente pelo


trabalhador e reconhecidas em Juízo não têm o condão de atrair a referida multa, posto
que não haveria como penalizar atitude não-desidiosa da empresa que pagou
tempestivamente as verbas rescisórias (ao menos as incontroversas) ao empregado, não
lhe sendo exigível o pagamento de imediato das verbas que entende controversas.

Não haveria, neste último caso, desídia da empresa a ser punida pela multa do §8º do
art. 477 da CLT, já que o trabalhador somente adquiriu o direito à diferença das demais
verbas após reconhecimento em sede de sentença judicial.

Diferente, contudo, é o caso da reversão da justa causa aplicada indevidamente ao


trabalhador.

A aplicação da justa causa pelo empregador ao empregado é modalidade de resolução


do contrato de trabalho que implica em consequências gravíssimas para o trabalhador ,
visto retirar-lhe uma série de direitos e créditos que lhe seriam devidos no caso de
dispensa imotivada, tal como a liberação das guias de FGTS e seguro-desemprego,
multa de 40% do FGTS, 13º proporcional, entre outros.

Por isso é que, diante do critério da taxatividade adotado pelo legislador laboral,
somente se autoriza o exercício do poder diretivo do empregador em rescindir o
contrato de trabalho porjusta causa quando ocorrente alguma das hipóteses
expressamente previstas na legislação trabalhista, notadamente aquelas arroladas no
art. 482 da CLT.

E não basta meramente o enquadramento do caso concreto à norma; é necessário o


preenchimento de diversos outros requisitos, tais como a gravidade do ato, o nexo de
causalidade, a proporcionalidade, a imediaticidade e o non bis in idem, entre outros,
sob pena de nulidade da justa causa aplicada em desacordo com estas condições.

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Por isso é que, para o exercício de tamanha prerrogativa que implica em tantas
penalidades ao trabalhador, o legislador exigiu do empregador o atendimento de uma
série de requisitos a fim de considerar hígida a extinção do contrato de trabalho por
justa causa, sob pena de arcar com o ônus futuro de reversão judicial em razão da
penalidade aplicada indevidamente.

Assim, o empregador que demite empregado por justa causa de forma temerária,
mesmo efetuando o pagamento (a menor) das verbas rescisórias dentro do prazo de 10
(dez) dias consignado no § 6º do referido artigo, assume o ônus de futuramente arcar
com a eventual reversão de tal penalidade, atraindo, portanto, o pagamento de todas as
verbas consideradas devidas em Juízo, inclusive a multa do art. 477, §8º da CLT .

Por este motivo, no caso especifico da justa causa revertida, assiste razão ao acórdão
paradigma que deu origem ao presente incidente, quando afirma que 'ao proceder à
dispensa do reclamante por justa causa, a reclamada assumiu os riscos oriundos da
não confirmação judicial da falta grave, o que alcança a obrigação prevista no referido
dispositivo legal'.

Assim, a aplicação da multa do art. 477, §8º da CLT ao caso de reversão da justa causa
concretiza o caráter sancionatório que lhe é inerente, tendente justamente a coimar o
mau empregador que aplica justa causa em desacordo com a legislação laboral.

Neste sentido leciona MAURICIO GODINHO DELGADO:

'Houve linha jurisprudencial que alargou a exceção excludente da multa rescisória para
situações em que houver fundada controvérsia quanto à existência da obrigação cujo
inadimplemento gerou a multa (antiga OJ 351,SDI-I/TST}. Tamanho alargamento da
exceção (inteiramente fora dos limites da lei, note-se) não se justificava, porém: afinal,
a sentença judicial que reconhece o vínculo de emprego é meramente declaratória de
prévia situação socioeconômica e jurídica, e não constitutiva dessa situação - o
Judiciário não criou a relação empregatícia examinada; ao contrário, esta relação teve
de ser reconhecida judicialmente, após solene processo público, exatamente em face da
recusa do devedor de cumprir espontaneamente a ordem jurídica. De toda maneira, caso
se tratasse de juízo de equidade,este jamais poderia se transmutar em regra geral, uma
vez que deve ser manejado sempre, necessariamente, na estrita dependência das
singulares peculiaridades do caso concreto. Ademais, o subjetivismo inerente á ressalva
examinada já colocaria em questão sua pertinência. Não bastasse, a diretriz estimulava
a maior chaga da ordem social e econômica do pais - a informalidade -, favorecendo o
aberto não cumprimento do Direito do Trabalho. Mais do que isso, lançava dúvida
contraditória aos milhares de bons empregadores da sociedade brasileira, que buscam
cumprir com exação suas obrigações. Finalmente, estimulava a recorribilidade sem
peias, acentuando manifesto defeito do sistema judicial do Brasil. Era, em suma,
interpretação que comprometia um dos mais relevantes objetivos de todo o Direito e do
próprio Poder Judiciário, a busca da mais pronta efetividade de seus ramos jurídicos
materiais e processuais. Felizmente o Tribunal Superior do Trabalho, em sessão plenária
de 16.11.2009, cancelou a Orientação Jurisprudencial 351.' (GODINHO, Mauricio
Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2015, p. 1235-1236). (grifos
acrescidos)

No mesmo sentido a jurisprudência pacífica do Egrégio TST:

RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO. VERBAS


RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que é devida
a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, independentemente de a controvérsia haver
sido dirimida em juízo, sendo inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora
no pagamento das verbas rescisórias. 2. Recurso de revista do Reclamante de que se
conhece e a que se dá provimento. (TST - RR: 15890520115030108 , Relator: João
Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 14/10/2015, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
23/10/2015) (grifos acrescidos)

RECURSO DE REVISTA. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º, DA CLT.


REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. APLICABILIDADE DA MULTA. I. A
decisão regional está de acordo com o entendimento sedimentado nesta Corte Superior,
no sentido de que a existência de controvérsia quanto à modalidade de extinção do
contrato de trabalho não inviabiliza a aplicação da multa de que trata o art. 477, § 8º, da

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CLT. II. Recurso de revista de que não se conhece, com ressalva de entendimento da
Relatora. (TST - RR: 10679620125060192, Data de Julgamento: 28/10/2015, Data de
Publicação: DEJT 06/11/2015) (grifos acrescidos)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO.
VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória
e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que
é devida a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT independentemente de a controvérsia
haver sido dirimida em juízo, sendo inaplicável apenas quando o empregado der causa à
mora no pagamento das verbas rescisórias. 2. Agravo de instrumento da Reclamada de
que se conhece e a que se nega provimento. (TST-AIRR-20245-97.2013.5.04.0403; Data
de Julgamento: 18/11/2015; Relator Ministro: João Oreste Dalazen; 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 27/11/2015).

Pelo exposto, entende o MPT que a reversão da justa causa em Juízo não obsta o
deferimento da multa do art. 477, §8º em prol do trabalhador, vez que a aplicação
indevida da justa causa pelo empregador, ante a gravidade da conduta que acarreta
imensos prejuízos imediatos ao trabalhador, razão pela qual assume o ônus e o risco a
empresa que demite por justa causa de forma indevida.

(...)

N'outro falar, o opinativo do MPT se coaduna com a tese subscrita pela 2ª Turma
Regional, Proc nº 0000282-97.2014.5.06.0311, relatado pela Desª Dione Nunes Furtado
da Silva e publicado no DEJT de 18/03/2015.

Mérito:

A propósito do tema, reporto-me à redação do artigo 477, caput e §§ 6.º e


8.º, da Consolidação das Leis do Trabalho:

"Art. 477. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a
terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das
relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização, paga na base
da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa.

[...]

§ 6º O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de


quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos:

[...]

§ 8º A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160


BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em
valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN,
salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora."

E, justamente com base na redação desse dispositivo, mantenho o


entendimento exposto quando do julgamento do recurso ordinário que acarretou o presente incidente.

Isso porque, além de não configurada a mora do empregado, e, portanto, a


condição excludente a incidência da penalidade prevista no art. 477, § 8.º, da CLT, a rescisão contratual
por justa causa sempre acarretará ao trabalhador a ausência de pagamento de verbas rescisórias, não se

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tratando, pois, data venia, da hipótese de diferenças decorrentes do eventual acolhimento de parcelas
outras.

Como é sabido, na hipótese de dispensa por justa causa, o empregado só


receberá o saldo de salário e os períodos de férias vencidas, com acréscimo de um terço. Não terá direito a
indenização do aviso prévio, a proporcionalidade de férias e 13.º salário, e a multa rescisória do FGTS.
Logo, não há como afastar a ocorrência do fato gerador da multa em apreciação, porque a maior parte das
parcelas rescisórias será quitada após o prazo previsto no parágrafo 6.º do mencionado dispositivo legal.

Nesse sentido, cito a Súmula n.º 36 do TRT da 3.ª Região: "A reversão da
justa causa em juízo enseja, por si só, a condenação ao pagamento da multa prevista no § 8.º do art. 477
da CLT".

Ora, o empregado que se submeteu à injusta rescisão contratual, por erro


patronal na avaliação de sua conduta profissional, deixando, portanto, de receber prestações rescisórias,
não pode ser ainda mais castigado com a exclusão do direito ao recebimento da penalidade em questão,
até porque prevista em lei justamente quando da ausência de pagamento daquelas verbas no prazo legal.

E a controvérsia sobre o motivo de término da relação de emprego não


autoriza conclusão diversa, porque, ao proceder à dispensa por justa causa, a empresa assume os riscos
oriundos da não confirmação judicial da falta grave, o que alcança a mencionada multa.

Atente-se que, por intermédio da Resolução n.º 163/2009, de 16/11/2009,


publicada no DJe em 20, 23 e 24/11/2009, o C. Tribunal Superior do Trabalho cancelou a Orientação
Jurisprudencial n.º 351 da SBDI-I, que afastava a penalidade quando da existência de fundada
controvérsia em relação à obrigação cujo inadimplemento gerou a multa. E a atual e iterativa
jurisprudência daquela Corte converge no sentido de que a penalidade é devida, independentemente de a
controvérsia ter sido dirimida em juízo, sendo inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora
no pagamento das verbas rescisórias. Nessa linha, cito os seguintes precedentes:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO. (...) 2.


MULTA DO ART. 477, § 8°, DA CLT. JUSTA CAUSA AFASTADA EM JUÍZO. Com o
cancelamento da Orientação Jurisprudencial nº 351 da SBDI-1, a jurisprudência desta
Corte está firmada no sentido de que a multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT apenas
é indevida quando o trabalhador der causa à mora. Nesse contexto, o reconhecimento da
dispensa imotivada em juízo não afasta a incidência da penalidade. Precedentes. [...]
Agravo de instrumento conhecido e desprovido." (AIRR-95600-68.2006.5.01.0007, Data
de Julgamento: 8/5/2013, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 17/5/2013).

"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA AUTO VIAÇÃO REDENTOR LTDA. RECURSO


DE REVISTA. DISPENSA POR JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO (SÚMULAS 126
E 296, I, DO TST). DECISÃO DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. Não há como
assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo de instrumento
interposto não desconstitui os termos da decisão denegatória, que subsiste por seus
próprios fundamentos. Agravo de instrumento desprovido. B) RECURSO DE REVISTA

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Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
DO RECLAMANTE. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. MULTA DO ART. 477
DA CLT DEVIDA. Nos casos de justa causa revertida em Juízo, cabe o pagamento da
multa do art. 477, § 8º, da CLT, uma vez que todas as significativas verbas da dispensa
injusta, incontroversamente, não foram pagas no prazo de 10 dias. O pagamento relativo
à rescisão por justa causa não elide a incidência da multa neste caso. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido." (ARR-297-74.2012.5.09.0013, Relator
Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 12/12/2014).

"[...] MULTA DO ART. 477 DA CLT. Após o cancelamento da Orientação


Jurisprudencial nº 351 da SBDI-1 do TST pelo Tribunal Pleno, prevalece nesta Corte a
compreensão de que o cabimento da multa do art. 477 da CLT deve ser decidido caso a
caso, levando-se em conta as circunstâncias específicas da lide. Em princípio, não salva
o empregador a controvérsia judicial, pois isso poderia premiá-lo pelo descumprimento
da obrigação trabalhista. Exonera-o a mora protagonizada pelo empregado. Prevalece a
determinação de pagamento da multa quando a descaracterização da justa causa
decorre de controvérsia judicialmente acertada, até porque tal circunstância não
desfigura o caráter ilícito da mora e, ainda, o próprio texto legal prevê como única
hipótese excludente de pagamento da multa a comprovação de que o trabalhador deu
causa à mora (parte final do § 8º do art. 477 da CLT). No caso, o Regional consignou
expressamente o atraso no pagamento das verbas rescisórias, nada registrando acerca
da dúvida quanto à modalidade de rescisão, ao contrário do que alega o recorrente.
Nesse contexto, não há como entender que a controvérsia em relação à forma de rescisão
exclua a aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, sob pena de se privilegiar
o ilícito. Recurso de revista não conhecido." (RR-96800-95.2010.5.21.0013, Relator
Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 10/12/2014, 6ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 12/12/2014).

"1. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. FALTA GRAVE NÃO


COMPROVADA. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. DESPROVIMENTO. Mantém-se o r.
despacho agravado, quando não demonstrado que o recurso de revista encontra-se
revestido dos requisitos do art. 896 da CLT. Agravo de instrumento desprovido. 2.
MULTA DO ART. 477. JUSTA CAUSA. REVERSÃO.DESPROVIMENTO. Esta Corte
passou a decidir que incide a multa do art. 477, § 8.º, da CLT mesmo que exista
controvérsia a respeito da relação de emprego, bem como a reversão da justa causa em
juízo, sob o fundamento de que o referido § 8.º apenas exclui a multa em questão quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. Agravo de instrumento desprovido."
(AIRR-2081-15.2011.5.02.0014, Relator Ministro: Cláudio Armando Couce de Menezes,
Data de Julgamento: 19/11/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/11/2014).

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CONTROVÉRSIA SOBRE


A MODALIDADE DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. MULTA DO ART.
477, § 8º da CLT. PAGAMENTO DEVIDO. Uma vez demonstrada a viabilidade de
processamento do recurso de revista por provável violação do disposto no art. 477, § 8º
da CLT, o provimento do agravo de instrumento é medida que se afigura imperativa.
Agravo de instrumento provido. II- RECURSO DE REVISTA. CONTROVÉRSIA SOBRE
A MODALIDADE DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. MULTA DO ART.
477, § 8º da CLT. PAGAMENTO DEVIDO. PROVIMENTO. Não obstante a controvérsia
sobre a forma de extinção do vínculo de emprego tenha sido solucionada em juízo, o
entendimento desta Corte Superior é no sentido de que o fato gerador da multa prevista
no art. 477, § 8º da CLT é a não observância do prazo para o pagamento das verbas
rescisórias estabelecido no § 6º do mesmo artigo, salvo se o empregado der causa à
mora, o que não se verifica no caso vertente. Sendo assim, a situação fática descrita no
acórdão não afasta a incidência da multa em questão. Precedentes. Recurso de revista
conhecido e provido. [...]" (RR-1212-20.2011.5.02.0057, Relator Ministro: Tarcísio
Régis Valente, Data de Julgamento: 19/11/2014, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
28/11/2014).

"[...] 4. MULTA DO ART. 477 DA CLT. O entendimento pacífico desta Corte é o de que
a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT é devida independentemente de a controvérsia
ter sido dirimida em Juízo, sendo afastada somente quando o empregado der causa à
mora, hipótese não verificada no caso em apreço. Precedentes. Incidência da Súmula
333 do TST e do art. 896, § 4º, da CLT. Agravo de instrumento conhecido e não
provido." (AIRR-265-57.2011.5.18.0012, Data de Julgamento: 10/4/2013, Relatora
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/4/2013).

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
CONCLUSÃO:

Ante o exposto, voto pela prevalência da tese jurídica que assegura a


aplicação da multa do artigo 477 da CLT na hipótese de reversão judicial da justa causa.

ACORDAM os Desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª


Região, em sua composição plenária, por maioria, pela prevalência da tese jurídica que assegura a
aplicação da multa do artigo 477 da CLT na hipótese de reversão judicial da justa causa, vencidos,
parcialmente, os Exmos. Desembargadores Maria Clara Saboya Albuquerque Bernardino, Nise Pedroso
Lins de Sousa, Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura e Maria do Socorro Silva Emerenciano que
votaram pela prevalência da tese jurídica de declarar que não é aplicável a multa prevista no art. 477 da
CLT, na hipótese de reversão da justa causa em Juízo, desde que já tenha havido o pagamento, no prazo
legal, de parcelas reconhecidamente devidas.

Recife (PE), 23 de fevereiro de 2016.

DIONE NUNES FURTADO DA SILVA


Desembargadora Relatora

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Certifico que, em sessão ordinária, realizada em 23 de fevereiro de 2016,


na sala de sessões, sob a presidência da Exma. Desembargadora Presidente GISANE BARBOSA DE
ARAÚJO, com a presença de Suas Excelências os Desembargadores Dione Nunes Furtado da Silva
(Relatora), Eneida Melo Correia de Araújo, André Genn de Assunção Barros, Ivanildo da Cunha
Andrade, Virgínia Malta Canavarro, Valéria Gondim Sampaio, Valdir José Silva de Carvalho, Maria
Clara Saboya Albuquerque Bernardino, Nise Pedroso Lins de Sousa, Ruy Salathiel de Albuquerque e
Mello Ventura, Maria do Socorro Silva Emerenciano, Sergio Torres Teixeira e Paulo Alcântara, e do
Excelentíssimo Procurador-Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da Sexta Região, Dr. José Laízio
Pinto Júnior, resolveu o Tribunal Pleno, por maioria, pela prevalência da tese jurídica que assegura

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
a aplicação da multa do artigo 477 da CLT na hipótese de reversão judicial da justa causa, vencidos,
parcialmente, os Exmos. Desembargadores Maria Clara Saboya Albuquerque Bernardino, Nise Pedroso
Lins de Sousa, Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello Ventura e Maria do Socorro Silva Emerenciano que
votaram pela prevalência da tese jurídica de declarar que não é aplicável a multa prevista no art. 477 da
CLT, na hipótese de reversão da justa causa em Juízo, desde que já tenha havido o pagamento, no prazo
legal, de parcelas reconhecidamente devidas.

Os Excelentíssimos Desembargadores Sergio Torres Teixeira e Paulo Alcântara, mesmo em gozo de férias,
compareceram à presente sessão de julgamento, por força de convocação, mediante Ofício TRT-STP nº 037/2016.

Ausentes, justificadamente, os Excelentíssimos Desembargadores Corregedor Ivan de Souza Valença Alves, que se
encontra em Correição Ordinária na 1a. Vara do Trabalho de Barreiros/PE, e Fábio André de Farias, em gozo de
compensação de férias.

NYÉDJA MENEZES SOARES DE AZEVÊDO


Secretária do Tribunal Pleno

VOTOS

Voto do(a) Des(a). MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO

A questão tratada no presente Incidente de Uniformização de


Jurisprudência diz respeito à aplicação, ou não, da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, para a
hipótese de reversão em juízo de justa causa aplicada pelo empregador.

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Primeiramente, cabe transcrever o que dispõe o art. 477 da CLT:

"Art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado


para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações
de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que
tenha percebido na mesma empresa. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970)

(...)

§ 6º - O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou


recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos: (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou

b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando


da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.

(...)

§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à


multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor
equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)"

O dispositivo legal em comento é claro no sentido de que a multa somente


é devida quando ocorre o pagamento das verbas rescisórias além do prazo estabelecido no art. 477, § 6º,
da CLT, qual seja: a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou b) até o décimo dia,
contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo
ou dispensa de seu cumprimento.

O fato gerador da penalidade está relacionado à impontualidade no


pagamento dessas parcelas, diante do evidente caráter alimentar de que se revestem as mesmas, razão pela
qual pretendeu o legislador reprimir o atraso no pagamento das verbas rescisórias.

Na presente hipótese, tenho aplicado o entendimento prevalecente da 1ª


Turma no sentido de cabimento da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, para o caso de reversão em
juízo de justa causa aplicada pelo empregador.

Entretanto, há de se indagar acerca de alguns questionamentos:

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Entendendo o empregador que seu empregado praticou falta grave
tipificada no art. 482 da CLT ensejadora da rescisão contratual por justa causa, não lhe cabe pagar,
naquele momento, os seguintes títulos rescisórios: aviso prévio, férias proporcionais + 1/3 (art. 146,
parágrafo único, da CLT e da Súmula nº 171 do C. TST), décimo terceiro salário proporcional (art. 3.º da
Lei nº 4.090/62), saque do FGTS com acréscimo de 40%, todas essas parcelas apenas devidas na hipótese
de rescisão sem justa causa.

Frise-se que mesmo na hipótese de justa causa, o empregador continua


obrigado ao cumprimento de obrigações trabalhistas, como o pagamento de saldo de salários, férias
vencidas + 1/3 (com mais de um ano de contrato) e depósitos de FGTS do mês anterior e o da rescisão.
Obviamente que não quitados tais títulos rescisórios no prazo a que alude o art. 477§ 6º, da CLT, a mora
já estará caracterizada, atraindo a penalidade, independentemente da reversão, ou não, da justa causa em
juízo.

Havendo a reversão da justa causa pelo Judiciário, mesmo sendo legítima,


apenas por entender que não restou configurado, por exemplo, a imediatidade ou a proporcionalidade,
como pode se reputar que o empregador incorreu em mora, quando, na época da despedida, não caberia o
pagamento do aviso prévio, férias proporcionais + 1/3, décimo terceiro salário proporcional e multa de
40% sobre o FGTS?

Portanto, havendo fundada controvérsia quanto à forma de terminação do


liame, a reversão da justa causa em juízo, torna incabível aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º, da
CLT

Nesse sentido, cito a seguinte jurisprudência:

"(...) MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. JUSTA CAUSA


AFASTADA EM JUÍZO. Em se tratando de verbas rescisórias que apenas foram deferidas em virtude
do afastamento da justa causa em juízo, não há espaço para aplicação da multa do art. 477, § 8º, da
CLT, devendo ser excluída a condenação a esse título. Recurso conhecido e parcialmente provido."
(TRT-10 - RO: 01737201301910002 DF 01737-2013-019-10-00-2, Relator: Cilene Ferreira Amaro
Santos, Data de Julgamento: 30/10/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: 14/11/2014 no DEJT)

Por outro lado, também tem sido recorrente nesta Justiça Especializada
que alguns empregadores simulam uma justa causa apenas para não pagarem a integralidade das parcelas
rescisórias.

É que, como orienta a doutrina e a jurisprudência, a justa causa, como


forma de terminação do liame, por macular a vida do empregado para sempre, com prejuízos ao obreiro

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
de ordem financeira, moral e social, somente será cabível quando houver violação séria das principais
obrigações do contrato de trabalho, e desde que os fatos que a fundamentam restem robustamente
comprovados, e que impliquem na quebrada a fidúcia/confiança que deve presidir o pacto laboral,
tornando inviável a continuidade do pacto de trabalho.

Mas, alguns empregadores aplicam a justa causa sem qualquer lastro,


mesmo pairando dúvidas sobre os fatos imputados ao empregado ou apenas indícios da prática de falta
grave, tudo para evitar o integral pagamento dos haveres rescisórios (como aviso prévio, férias
proporcionais + 1/3, décimo terceiro salário proporcional e multa de 40% sobre o FGTS).

Neste caso, entendo que ele assume os riscos decorrentes de uma eventual
reversão judicial da justa causa, o que implicará na configuração de mora no pagamento das verbas
rescisórias, atraindo a multa prevista no art. 477 § 8º, da CLT.

Nesse contexto, entendo que a mera reversão judicial da despedida por


justa causa, por si só, não gera direito da parte de receber a multa prevista no art. 477 § 8º, da CLT, pois a
multa em questão só é devida quando há atraso no pagamento das parcelas rescisórias incontroversas.
Mas havendo debate consistente sobre a reversão da dispensa por justa causa e cabimento das verbas
rescisórias devidas pela dispensa imotivada, entendo que não se aplica a penalidade.

É o meu voto.

MARIA DO SOCORRO SILVA EMERENCIANO

DESEMBARGADORA

Voto do(a) Des(a). VALERIA GONDIM SAMPAIO

Vistos etc.

O tema extraído do caso concreto, que suscita o dissenso e motiva a


uniformização da jurisprudência desta Corte, diz respeito ao cabimento da multa prevista no artigo 477, §
8º, da CLT, quando não constatada a justa causa aplicada pelo empregador.

A multa prevista no artigo 477, §8º, da CLT é devida ante a ausência de


quitação tempestiva dos títulos rescisórios, evoluindo a jurisprudência, após o cancelamento da
Orientação Jurisprudencial 351 da SDI-I, no sentindo de que apenas se exime o empregador da penalidade

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
quando evidenciada a mora provocada pelo próprio empregado, não havendo, portanto, considerar a
ocorrência de controvérsia, ainda que fundada, acerca do motivo da rescisão contratual, uma vez não
constatada a justa causa aplicada.

Com efeito, "a sentença que desacolhe uma alegação de justa causa não
cria e nem rompe relação jurídica, apenas reconstitui fatos pretéritos lhe dando roupagem jurídica
(imotivada dispensa) imputando os consectários." (RR 693.074, 5ª T, dec. unân., julg. 15.10.2003, DJU
31.10.2003, rel. Juiz Convocado João Carlos Ribeiro de Souza).

Em idêntico sentido, a jurisprudência do Egrégio TST:

I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA 1 (...). 2 - MULTA DO


ART. 477, § 8.º, DA CLT. DESCONSTITUIÇÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. A desconstituição,
em juízo, da justa causa imputada ao reclamante não tem o condão de afastar a incidência da multa
prevista no art.477, § 8.º, da CLT, uma vez que as verbas rescisórias efetivamente devidas não foram
pagas no prazo estabelecido no parágrafo 6.º do citado dispositivo. Precedentes. Recurso de revista não
conhecido. 3 - (...). (TST. 2ª Turma. ARR 939005620095040011. Relatora: Delaíde Miranda Arantes.
Data de julgamento: 25/11/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM


FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. MULTAS DOS
ARTIGOS 477, § 8º, E 467 DA CLT. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. Agravo de instrumento a que se
dá provimento para determinar o processamento do recurso de revista, em face de haver sido demonstrada
possível afronta ao artigo 477, § 8º, da CLT. (...) MULTAS DOS ARTIGOS 477, § 8º, E 467 DA CLT.
REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. Após o cancelamento da Orientação Jurisprudencial 351 da SBDI-1
do TST, o entendimento nesta Corte é o de que o cabimento da multa do § 8º do art. 477 da CLT deve ser
decidido levando-se em conta as circunstâncias específicas da lide. No caso concreto, a desconstituição
em juízo da justa causa imputada à reclamante, por ausência de prova dos motivos ensejadores dessa
modalidade de dispensa, não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, § 8º, da
CLT, uma vez que as verbas rescisórias efetivamente devidas não foram pagas no prazo estabelecido no §
6º do citado dispositivo. Precedentes da SBDI-1. Por outro lado, a controvérsia acerca das parcelas
devidas exclui a incidência da multa do artigo 467 da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que
se dá parcial provimento. (TST. 7ª Turma. RR 22232920095100802. Relator: Cláudio Mascarenhas
Brandão. Data de julgamento: 14/10/2015).

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT.


REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. O entendimento adotado pelo Regional, de que o
reconhecimento em juízo da reversão da justa causa em dispensa imotivada afasta o direito ao pagamento

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da multa prevista no artigo 477,§ 8.º, da CLT, encontra-se em desacordo com o posicionamento adotado
por esta Corte Superior. (TST. 4ª Turma. RR 2972820135150060. Relatora: Maria de Assis Calsing. Data
de julgamento: 11/03/2015)

Ante o exposto, voto pela prevalência da tese jurídica de que a penalidade


disciplinada no §8º do art. 477 da CLT é devida nas hipóteses de reversão da justa causa aplicada pelo
empregador.

Valéria Gondim Sampaio

Desembargadora Federal do Trabalho

Voto do(a) Des(a). ENEIDA MELO CORREIA DE ARAUJO

PROC. Nº IUJ - 0000323-90.2015.5.06.0000

(INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA)

Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO

VOTO DA DESEMBARGADORA ENEIDA MELO

A matéria discutida no presente Incidente de Uniformização de


Jurisprudência versa sobre o cabimento da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, na hipótese de
reversão da justa causa.

Primeiramente, impõe-se registrar que além das divergências


jurisprudenciais citadas pela Exma. Desembargadora Vice Presidente, em uma consulta no site desta
Corte Regional, é possível verificar, claramente, o dissenso pretoriano acerca do tema - dissenso,
inclusive, que não se dá somente entre os Órgãos Turmários, mas também entre os membros componentes
das Turmas.

Desse modo, resta caracterizada a existência de decisões conflitantes que


justificam a uniformização da jurisprudência desta Corte, recomendada pela Exma. Desembargadora
Vice-Presidente deste Regional, nos moldes preconizados pelos citados §§ 3º, 4º e 5º do artigo 896 da
CLT.

Filio-me a corrente jurisprudencial que entende como devida a multa


prevista no art. 477, §8º da CLT, em caso de ser revertida a justa causa aplicada ao Trabalhador.

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Número do processo: IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 ID. 0a47877 - Pág. 15
Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Na hipótese, as disposições agasalhadas no art. 477, § 6º da CLT, ao
estabelecer prazos para pagamento das verbas rescisórias, sob pena de pagamento de multa estatuída no §
8º dessa norma jurídica, revelam o objetivo da ordem jurídica brasileira de impedir que ao Empregado
seja recusado indefinidamente o recebimento de seus direitos trabalhistas.

O texto legal determina o pagamento de multa, em um salário do


Trabalhador, no caso das verbas rescisórias não terem sido pagas no prazo estipulado nessa norma
jurídica. Não pagando a Empregadora as verbas rescisórias a que fazia jus o Empregado, incide a multa
prevista no texto consolidado.

A razão da existência desta multa é compelir ao pagamento das verbas


rescisórias quando da demissão do Trabalhador.

Ocorre que, ao ser aplicada, de forma indevida, a justa causa ao


Trabalhador, o Empregador assume os riscos oriundos da não confirmação judicial da falta grave,
alcançando, portanto, a obrigação prevista no referido dispositivo legal.

Observe-se que a justa causa é a mais grave penalidade que pode ser
aplicada contra o Empregado, pois além de lhe retirar o direito a valores economicamente considerados,
seus reflexos podem macular a honra e a imagem do trabalhador que, a partir de então, passa a carregar
um estigma com força de lhe desenhar um novo cenário no campo profissional, razão pela qual se exige
prova robusta, clara e inconteste da autoria do ato gravoso imputado.

Por isso, o legislador foi taxativo, ao autorizar apenas o exercício do poder


diretivo do Empregador, em rescindir o contrato de trabalho por justa causa, se configuradas algumas das
hipóteses expressamente previstas na legislação trabalhista, especialmente aquelas referidas no art. 482 da
CLT.

Destaque-se, além disso, que não se mostra suficiente o enquadramento do


caso concreto à previsão legal, pois se faz necessária a satisfação de vários outros requisitos, tais como: a
gravidade do ato, o nexo de causalidade, a proporcionalidade, a imediaticidade e o non bis in idem, entre
outros, sob pena de nulidade da justa causa aplicada, em não sendo respeitadas tais condições.

Tenho, assim, que se o Empregador demite Empregado, por justa causa, de


forma temerária, mesmo havendo efetuado o pagamento (a menor) das verbas rescisórias dentro do prazo
de 10 (dez) dias estabelecido no § 6º do referido artigo, assume o ônus de futuramente arcar com a
eventual reversão de tal penalidade, atraindo, portanto, o pagamento de todas as verbas consideradas
devidas em Juízo, inclusive a multa do art. 477, §8º da CLT.

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A propósito, transcrevo a seguinte jurisprudência:

"I - RECURSO DE REVISTA DA AUTORA. MULTA DO ART. 477, § 8º,


DA CLT. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. O Tribunal Regional indeferiu o pagamento da
multa do artigo 477, § 8º, da CLT, sob o fundamento de que não há tal previsão legal pelo pagamento de
diferenças de verbas rescisórias reconhecidas judicialmente, diante da reversão da justa causa. Esta
colenda Corte tem firmado jurisprudência no sentido de que a mencionada multa só pode ser excluída
quando cabalmente demonstrado que o trabalhador deu causa à mora no pagamento das verbas
rescisórias. No caso, não consta prova de que a autora tenha dado causa à mora no pagamento das
verbas rescisórias. Portanto, a autora tem direito à multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. Recurso de
revista conhecido por divergência jurisprudencial e provido. (...)" ( RR - 575300-32.2009.5.09.0029 ,
Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 04/11/2015, 3ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 13/11/2015).

RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO.


VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que é devida a multa
prevista no art. 477, § 8º, da CLT, independentemente de a controvérsia haver sido dirimida em juízo,
sendo inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias. 2.
Recurso de revista do Reclamante de que se conhece e a que se dá provimento.". (TST - RR:
15890520115030108 , Relator: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 14/10/2015, 4ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 23/10/2015) (grifos acrescidos)

"(...). 2 - MULTA DO ART. 477, § 8.º, DA CLT. DESCONSTITUIÇÃO DA


JUSTA CAUSA EM JUÍZO. A desconstituição, em juízo, da justa causa imputada ao reclamante não tem
o condão de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, § 8.º, da CLT, uma vez que as verbas
rescisórias efetivamente devidas não foram pagas no prazo estabelecido no parágrafo 6.º do citado
dispositivo. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (...)" (ARR - 93900-56.2009.5.04.0011 ,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 25/11/2015, 2ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 04/12/2015).

Ante o exposto, acompanhando a Desembargadora Relatora, e voto pela


prevalência da tese jurídica que assegura a aplicação da multa do artigo 477 da CLT na hipótese de
reversão judicial da justa causa.

ENEIDA MELO CORREIA DE ARAÚJO

Desembargadora

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Voto do(a) Des(a). IVANILDO DA CUNHA ANDRADE

Não versa a hipótese sobre pagamento a menor dos haveres rescisórios em


decorrência da repercussão de títulos judicialmente controvertidos, e sim por força de uma justa causa
indevidamente aplicada, o que não afasta a incidência da penalidade em tela, considerando-se, inclusive, o
cancelamento da OJ 351, da SDI-1, do TST. Nessa linha tem decidido aquela Corte:

"MULTA DO ART. 477, § 8.º, DA CLT. A desconstituição em juízo da


justa causa imputada à reclamante, por não restarem provados os motivos ensejadores dessa modalidade
de dispensa, não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, § 8.º, da CLT, uma
vez que as verbas rescisórias efetivamente devidas não foram pagas no prazo estabelecido no § 6.º do
citado dispositivo. Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (RR - 2735700-54.2007.5.09.0029,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, 7ª Turma, Data de Publicação: 07/10/2011) (destaquei)

"MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, DA CONSOLIDAÇÃO


DAS LEIS DO TRABALHO. JUSTA CAUSA CONTROVERTIDA. 1. Tem-se consolidado, neste
colendo Tribunal Superior, o entendimento de que o escopo da penalidade prevista no artigo 477, § 8º, da
Consolidação das Leis do Trabalho é reprimir a atitude do empregador que cause injustificado atraso no
pagamento das verbas rescisórias. 2. Esta Corte uniformizadora havia sedimentado, por meio da
Orientação Jurisprudencial n.º 351 da SBDI-I, entendimento no sentido de que era indevida a multa
prevista no artigo 477, § 8º, da Consolidação das Leis do Trabalho quando houvesse fundada controvérsia
quanto à existência da obrigação cujo inadimplemento gerou a multa. Entretanto, recentemente o Tribunal
Pleno desta Corte superior cancelou a referida orientação, por intermédio da Resolução n.º 163, de
16/11/2009, publicada no DJe em 20, 23 e 24/11/2009. 3. Assim, tem-se que somente quando o
trabalhador der causa à mora não será devida a multa prevista no artigo 477, § 8.º, da Consolidação das
Leis do Trabalho. A controvérsia a respeito da justa causa não confirmada em juízo não tem o condão de
afastar a incidência da multa, uma vez que o provimento judicial não teve como efeito constituir
obrigação contra o empregador, mas apenas declarar o equívoco quanto à motivação da dispensa do autor
e, por conseguinte, restabelecer a ordem jurídica, imputando a responsabilidade integral à empresa pelo
ato nocivo praticado contra o empregado. 4. Recurso de revista conhecido e não provido." (RR -
41500-95.2001.5.17.0007 , Relator Ministro: Lélio Bentes Corrêa, Data de Julgamento: 02/06/2010, 1ª
Turma, Data de Publicação: 11/06/2010) (destaquei)

Filio-me à tese que considera devido o pagamento da multa cominada no


artigo 477, § 8.º, da Consolidação das Leis do Trabalho, na hipótese em que é desconstituída a tese de
dispensa por justa causa.

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Voto do(a) Des(a). VALDIR JOSE SILVA DE CARVALHO

DESEMBARGADOR VALDIR CARVALHO - Senhora Presidente, o


presente Incidente de Uniformização de Jurisprudência tem por objeto a incidência ou não da multa do
artigo 477, § 8º, da CLT, no caso de demissão por justa causa afastada em juízo.

A mera e infundada arguição de justa causa para a dispensa do empregado


não isenta o empregador do ônus em questão, eis que a admissão de tal raciocínio implicaria forte
precedente para beneficiar empregadores inadimplentes com as parcelas rescisórias, em especial quando a
controvérsia - como acontece com grande frequência - é apenas aparente.

Assim, revertida a demissão por justa causa em juízo, entendo devida a


multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT, lastreando esse posicionamento em forte corrente
jurisprudencial, refletida nos arestos a seguir transcritos:

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT.


REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. O entendimento adotado pelo Regional, de que o
reconhecimento em juízo da reversão da justa causa em dispensa imotivada afasta o direito ao pagamento
da multa prevista no artigo 477, § 8.º, da CLT, encontra-se em desacordo com o posicionamento adotado
por esta Corte Superior. Precedentes. Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido. (TST - RR:
2972820135150060, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 11/03/2015, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/03/2015)

RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO.


VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que é devida a multa prevista
no art. 477, § 8º, da CLT, independentemente de a controvérsia haver sido dirimida em juízo, sendo
inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias. 2. Recurso
de revista do Reclamante de que se conhece e a que se dá provimento.TST - RR: 15890520115030108,
Relator: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 14/10/2015, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
23/10/2015)

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT.


REVERSÃO DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA EM JUÍZO. Após o cancelamento da Orientação
Jurisprudencial nº 351 da SBDI-1 do TST pelo Tribunal Pleno, prevalece nesta Corte a compreensão de
que o cabimento da multa do art. 477 da CLT deve ser decidido caso a caso, levando-se em conta as
circunstâncias específicas da lide. Em princípio, não salva o empregador a controvérsia judicial, pois isso

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
poderia premiá-lo pelo descumprimento da obrigação trabalhista. Exonera-o a mora protagonizada pelo
empregado. Prevalece a determinação de pagamento da multa quando a descaracterização da justa causa
decorre de controvérsia judicialmente acertada, até porque tal circunstância não desfigura o caráter ilícito
da mora e, ainda, o próprio texto legal prevê como única hipótese excludente de pagamento da multa a
comprovação de que o trabalhador deu causa à mora (parte final do § 8º do art. 477 da CLT). No caso, o
Regional consignou não ter ficado comprovado que o reclamante abandonou o emprego para justificar sua
dispensa por justa causa. Isso porque o autor ingressou com a presente ação em 3/8/2011 e a Reclamada
enviou o telegrama para a residência daquele no dia seguinte. O Regional também asseverou o telegrama,
por si só, não provar a intenção do Reclamante em abandonar o emprego, se a ação já havia sido ajuizada
e nesta alega sido dispensado sem a formalização pela Reclamada. Registrou, ainda, que o Reclamante
não responderia ao chamado da Reclamada em razão do pedido formulado na ação e, mesmo que
comparecesse à empresa, esta também não lhe permitiria prestar serviço, se verdadeira a alegação na
inicial sobre a dispensa sem justa causa. Nesse contexto, não há como entender que a controvérsia em
relação à justa causa exclua a aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, sob pena de se
privilegiar o ilícito. Recurso de revista conhecido e não provido.(TST - RR: 9628220115010002, Relator:
Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 25/03/2015, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
31/03/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO.REVERSÃO DA JUSTA CAUSA.


APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 477,§ 8º DA CLT. Restando claro das razões do Agravo de
Instrumento a existência de possível contrariedade aos ditames do art. 477, § 8º da CLT, deve ser dado
provimento ao apelo a fim de possibilitar o regular processamento do Recurso de Revista. Agravo de
Instrumento provido. RECURSO DE REVISTA. DISPENSA POR JUSTA CAUSA. FALTA GRAVE
NÃO COMPROVADA EM JUÍZO. REVERSÃO EM DISPENSA IMOTIVADA.MULTA DO ART.
477,8§º DA CLT.CONFIGURAÇÃO DA ALÍNEA -C-, DO ART. 896/CLT. O § 8º do artigo 477 da
CLT é expresso ao impor ao empregador a obrigação de pagar multa pelo não adimplemento da obrigação
de quitar as parcelas constantes do instrumento de rescisão no prazo legal, excepcionada apenas à
hipótese de o trabalhador, comprovadamente, ter dado ensejo à mora. Em face do cancelamento da OJ nº
351 da SBDI-1 (Resolução nº 163, de 16/11/2009), esta Corte passou a decidir que incide a referida multa
mesmo que exista controvérsia a respeito da relação de emprego, bem como a reversão da justa em juízo,
sob o fundamento de que o referido § 8º apenas exclui a multa em questão quando, inequivocamente, o
trabalhador der causa à mora e, não sendo este o caso dos autos, devido é o pagamento da pena cominada
no dispositivo. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 219,329/TST E §
4º,DO ART.. 896/CLT. Estando a decisão recorrida em consonância com o entendimento sumulado desta
C. Corte acerca da matéria, merece ser mantida nesse tópico. Recurso de Revista conhecido e
parcialmente provido. (TST - RR: 4552320115020252, Relator: Américo Bedê Freire, Data de
Julgamento: 24/09/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/09/2014)

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
JUSTA CAUSA REVERTIDA EM JUÍZO. 1. Na espécie, o e. TRT, considerando a reversão da
demissão por justa causa em juízo, entendeu devida a condenação da reclamada ao pagamento da multa
do art. 477, § 8º, da CLT sob o argumento de que "não mais se justifica o entendimento de
inaplicabilidade da multa no caso de controvérsia, já que não há previsão legal de exceção à regra sobre o
atraso no pagamento das verbas rescisórias. Ademais, retirar do obreiro o direito à multa pelo atraso no
pagamento privilegiaria o empregador que não cumpriu a sua obrigação no prazo legal, que se vale da
instauração, de controvérsia no Judiciário para se eximir do pagamento da multa" . 2. O atual
entendimento desta Corte Superior se consolidou no sentido de que apenas quando o trabalhador,
comprovadamente, der causa à mora , não será devida a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, hipótese
não reconhecida nos autos haja vista o não pagamento das verbas devidas ao empregado em razão da
alegação de demissão por justa causa - posteriormente revertida em juízo. 3. Decisão regional em
harmonia com a iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte Superior. Precedentes. Recurso de
revista não conhecido, no tema. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. O e. TRT julgou devida a
condenação do reclamado em honorários advocatícios sob o argumento de que a referida verba tem "por
base o princípio da restitutio in integrum, contemplado pelo Novo Código Civil" e visa ressarcir o
reclamante dos prejuízos oriundos da "conduta ilícita da Ré, por ser obrigado a recorrer ao Judiciário para
fazer jus aos direitos trabalhistas pleiteados". 2. Na Justiça do Trabalho, o deferimento de honorários
advocatícios se sujeita à constatação da ocorrência concomitante de dois requisitos: benefício da justiça
gratuita e assistência por sindicato, consoante previsão da Súmula 219/TST ("a condenação ao pagamento
de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente
da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a
percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não
lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família" ) . 3. Dessa forma,
decisão regional que consagra o cabimento de honorários advocatícios apenas com suporte no princípio
da restitutio in integrum contraria o entendimento cristalizado no verbete sumular transcrito. Recurso de
revista conhecido e provido, no tema. (TST - RR: 22681920125020004, Relator: Hugo Carlos
Scheuermann, Data de Julgamento: 27/05/2015, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/06/2015)

Lembro, ainda, sobre o tema, a Súmula 30, TRT/RJ, verbis: "SANÇÃO


DO ART. 477, § 8º, DA CLT. Reconhecido o vínculo de emprego ou desconstituída a justa causa,
impõe-se a cominação" (sem os destaques).

Concluo, assim, pela incidência da multa prevista no artigo 477, § 8º, da


CLT, no caso de demissão por justa causa revertida em juízo.

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Isto posto, voto no sentido da prevalência da tese jurídica de que devida a
multa fixada no artigo 477, § 8º, da CLT, no caso de demissão por justa causa revertida em juízo.

Voto do(a) Des(a). RUY SALATHIEL DE ALBUQUERQUE E MELLO VENTURA

Data vênia, divirjo da Relatora quanto à aplicação da multa do artigo 477,


da CLT, no caso de reversão da justa causa em Juízo.

O deferimento da multa não se assenta no pagamento a menor ou na


controvérsia acerca da modalidade da extinção contratual, mas tão somente na ausência e/ou atraso de
pagamento das verbas devidas.

Assim, se a empresa demitiu o empregado por justa causa e não efetuou a


quitação das verbas ínsitas a essa modalidade de rescisão, devida a condenação no pagamento da multa.
Todavia, em sendo efetuada a quitação dentro do prazo (§6º, do artigo 477, da CLT), não há que se falar
na aplicação da multa do §8º, do artigo 477, da CLT, por falta de amparo legal e por uma questão de
lógica e razoabilidade, sem esquecer, evidentemente, que norma de caráter penal exige interpretação
restritiva - como escrito - , sob pena de alargar seu alcance, incluindo hipóteses não contempladas.

Nesse sentido orienta a própria Constituição Federal, em seu artigo 5º,


incisos II e XXXIX, parte final: "II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei; "XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal".

Com essas considerações, voto no sentido de declarar que não se aplica a


multa do artigo 477, da CLT, na hipótese de reversão da justa causa em Juízo, tendo a empresa efetuado,
no prazo legal, o pagamento das verbas devidas.

Voto do(a) Des(a). MARIA CLARA SABOYA ALBUQUERQUE BERNARDINO

IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 - aplicabilidade da multa prevista no


art. 477 da CLT, na hipótese de reversão da justa causa em Juízo

A matéria discutida neste Incidente de Uniformização de Jurisprudência


diz respeito à aplicabilidade da multa prevista no art. 477 da CLT, na hipótese de reversão da justa causa
em Juízo.

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O empregador é obrigado, por força de dispositivo expresso, a efetuar o
pagamento dos créditos trabalhistas ao empregado, até o primeiro dia útil, imediato ao término do
contrato, ou no decêndio legal, "quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa
de seu cumprimento" (CLT, art. 477, § 6º, "b").

Tratando-se de sanção/penalidade, a multa deve ser interpretada


restritivamente, segundo princípio de hermenêutica. Sabendo-se que a multa (§ 8º) é devida, apenas, em
face da "inobservância do disposto no § 6º", que, por sua vez, estabelece prazo para o "pagamento das
parcelas" rescisórias, claro que somente a "impontualidade" constitui motivo para a aplicação dessa
penalidade. O simples fato de, por decisão judicial, haver a reversão da justa causa (matéria controversa,
diga-se), com o acréscimo de "parcelas", ou inclusão de outros títulos, não assegura, em absoluto, o
pagamento da multa, que tem motivo e finalidade diversos.

Neste sentido, os arestos abaixo transcritos:

"MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT - DIFERENÇAS DE VERBAS


RESCISÓRIAS APURADAS EM JUÍZO - Nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho, a sanção
em referência decorre do atraso no pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou
recibo de quitação, o que não se equipara ao reconhecimento de direitos pela via judicial. O reclamado
não pode sofrer esse encargo à medida que, ao tempo da rescisão contratual, os cálculos das verbas
rescisórias decorreram exatamente do que era efetivamente pago. Recurso de revista conhecido e
provido." (TST - RR 647253/2000 - 1ª T. - Rel. Min. Vieira de Mello Filho - DJU 08.02.2008)

"MULTA DO ART. 477, §8º, da CLT - NÃO CABIMENTO - A multa do


art. 477, §8º, da CLT, não incide no caso de simples condenação em juízo em verbas ou diferenças não
contempladas pela rescisão, sendo a cominação devida somente em caso de homologação sindical
extemporânea do TRCT." (TRT 22ª R. - RO 00196-2007-103-22-00-4 - Rel. Juiz Giorgi Alan Machado
Araújo - DJU 06.12.2007 - p. 30)

Assim, voto pela prevalência da tese jurídica de declarar que não é


aplicável a multa prevista no art. 477 da CLT, na hipótese de reversão da justa causa em Juízo, desde que
já tenha havido o pagamento, no prazo legal, de parcelas reconhecidamente devidas.

Voto do(a) Des(a). NISE PEDROSO LINS DE SOUSA

MULTA DO ART. 477 DA CLT - HOMOLOGAÇÃO TARDIA

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Número do processo: IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 ID. 0a47877 - Pág. 23
Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
O presente Incidente de Uniformização de Jurisprudência tem por objeto
definir a aplicabilidade ou não da multa do artigo 477 da CLT, no caso de homologação tardia da rescisão
contratual e consequente atraso na disponibilização das guias do FGTS e do seguro-desemprego.

Data venia do alentado voto da senhora Relatora, divirjo do seu


entendimento.

Penso que é inaplicável a multa em comento, pois o atraso na


homologação sindical não configura a mora de que trata o referido dispositivo legal, o qual, por se tratar
de penalidade, deve ser interpretado restritivamente.

Vejamos o que reza o artigo 477 da CLT:

"Artigo 477. Omissis

(...)

§ 6º - O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou


recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos:

a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou

b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando


da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.

(...)

§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à


multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor
equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora."

Citando o mencionado dispositivo, o Ministro Renato de Lacerda Paiva


nos autos do RR-92500-93.2006.5.01.0011, em julgamento ocorrido na Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, à unanimidade, após lembrar que a
jurisprudência prevalecente do Tribunal Superior do Trabalho é no sentido de que a multa prevista no
artigo 477, § 8º, da CLT refere-se à mora no pagamento das parcelas rescisórias, de modo que a
homologação posterior ao decurso do prazo estabelecido no § 6º não pode ser considerada como fato
gerador de aplicação da aludida penalidade,fundamentou seu voto nos seguintes termos:

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Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
"Depreende-se da leitura do texto legal, que o parágrafo 6º do artigo 477
da CLT estabelece prazos, exclusivamente, para o "pagamento das parcelas constantes do instrumento de
rescisão ou recibo de quitação". Não há referências a prazos para a homologação da rescisão contratual.
Como o parágrafo oitavo do artigo 477 Consolidado faz referência expressa ao parágrafo sexto, por
evidente que a penalidade nele prevista só pode ser aplicada àqueles casos em que as verbas rescisórias
são pagas com atraso.

Dessa forma, mesmo que o atraso do "acerto rescisório" porventura


redunde em algum prejuízo para o empregado, conclui-se que a multa do referido artigo 477, §8º, da CLT
decorre unicamente do não pagamento das verbas rescisórias no prazo legal, estipulado por seu parágrafo
sexto.

Portanto, a questão é simples: NÃO HÁ DISPOSITIVO LEGAL A


RESPALDAR MULTA POR HOMOLOGAÇÃO TARDIA. O critério de injustiça (se é justo ou não o
empregador homologar tardiamente a rescisão, se houve prejuízo ou não ao empregado,etc ) são questões
a serem tratadas sob outra perspectiva, considerando, inclusive, que a marcação de data para homologação
não é ato que se possa atribuir unicamente ao empregador pois depende da disponibilidade do órgão
homologador. Poder-se-ia pensar, de lege ferenda, em outro tipo de multa específica para isso ou algum
tipo de indenização, mas a multa do art. 477 da CLT tem como fato gerador o atraso NO PAGAMENTO
das verbas rescisórias. Só.

Nessa mesma linha, transcrevo recente e sedimentada jurisprudência da


mais alta Corte Trabalhista:

"RECURSO DE REVISTA. 1. HOMOLOGAÇÃO DO TERMO


RESCISÓRIO FORA DO PRAZO DO ARTIGO 477, § 6º, DA CLT. INAPLICABILIDADE DA
MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. PROVIMENTO. O entendimento desta Corte Superior é no
sentido de que a aplicação da penalidade do artigo 477, § 8º, da CLT dá-se, exclusivamente, na hipótese
de quitação a destempo das verbas rescisórias, não havendo qualquer previsão legal de sua incidência no
caso de homologação do termo rescisório fora do prazo do artigo 477, § 6º, da CLT. Precedentes. Recurso
de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (...)" (RR - 3886-09.2013.5.01.0451, Relator
Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 09/12/2015, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 18/12/2015)

"(...). PAGAMENTO TEMPESTIVO DAS VERBAS RESCISÓRIAS.


HOMOLOGAÇÃO TARDIA. MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT. INDEVIDA. 1. O Tribunal de
origem manteve a sentença quanto ao pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, registrando
que "a penalidade foi imposta pela metade tendo em vista o pequeno lapso temporal na entrega das guias

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
para saque do FGTS, em face da tardia homologação da rescisão, o que revela razoável e não merece
reparo, de vez que, efetivamente, o atraso imputado ao empregador causou prejuízo à obreira". 2.
Segundo a jurisprudência prevalente do Tribunal Superior do Trabalho, a multa estipulada no art. 477, §
8º, da CLT não incide em caso de atraso na homologação da rescisão contratual, quando efetuado o
pagamento das verbas rescisórias no prazo legal. 3. Assim, havendo o pagamento das verbas rescisórias
no prazo legal, não há falar na aplicação da aludida multa por falta de homologação ou sua
implementação a destempo. Recurso de revista conhecido e provido, no tema. (...)" (RR -
474-49.2011.5.12.0026, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 09/12/2015, 1ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 18/12/2015)

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. VERBAS


RESCISÓRIAS. ATRASO DA HOMOLOGAÇÃO DA RESCISÃO CONTRATUAL. MULTA
PREVISTA NO ART. 477, § 8º, DA CLT. 1. O fato gerador da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT
vincula-se direta e unicamente ao não cumprimento dos prazos estabelecidos no § 6º do mesmo diploma
legal para pagamento das verbas rescisórias, e não ao ato em si da homologação da rescisão contratual. 2.
Revela-se em conformidade com a iterativa, notória e atual jurisprudência do TST acórdão regional que
mantém a improcedência do pedido de pagamento da multa em referência, ao fundamento de que o § 6º
do art. 477 da CLT fixa somente o prazo para o pagamento das verbas rescisórias, mas não estabelece o
prazo para a homologação da rescisão contratual. Precedentes da SbDI-1 do TST. 3. Agravo de
instrumento do Reclamante de que se conhece e a que se nega provimento." (AIRR -
979-67.2012.5.05.0004, Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 02/12/2015, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 18/12/2015)

"(...). RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA


ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. PAGAMENTO
DAS VERBAS RESCISÓRIAS EFETUADO NO PRAZO LEGAL. HOMOLOGAÇÃO TARDIA.
Ressalvado o meu entendimento pessoal, a jurisprudência prevalecente do Tribunal Superior do Trabalho
é no sentido de que a multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT refere-se à mora no pagamento das
parcelas rescisórias, de modo que a homologação posterior ao decurso do prazo estabelecido no § 6º não
pode ser considerada como fato gerador de aplicação da aludida penalidade. Precedentes. Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá provimento. (...)" (RR - 173700-80.2009.5.01.0282, Relator
Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 16/12/2015, 7ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 18/12/2015)

"(...). 2. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º, DA CLT.


PAGAMENTO TEMPESTIVO DAS VERBAS RESCISÓRIAS. HOMOLOGAÇÃO TARDIA. A
decisão do Regional se alinha à jurisprudência desta Corte, segundo a qual, uma vez pagas as verbas

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
rescisórias no prazo do art. 477, § 6º, da CLT, o atraso na homologação do TRCT não dá ensejo à multa
prevista no § 8º do referido preceito de lei. Precedentes da SDI-1 deste Tribunal. Óbice da Súmula nº
333/TST e do art. 896, § 7º, da CLT. Agravo de instrumento conhecido e não provido."(AIRR -
1097-62.2012.5.02.0251, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 09/12/2015, 8ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 11/12/2015)

Sendo assim, voto no sentido de assentar a seguinte tese jurídica: É


inaplicável a multa prevista no art. 477 da CLT quando, havendo o pagamento tempestivo das verbas
rescisórias, ocorrer homologação tardia da rescisão contratual.

Voto do(a) Des(a). SERGIO TORRES TEIXEIRA

É devida a multa do art. 477, §6° e 8°, da CLT quando a justa causa é
revertida em juízo, uma vez que as verbas rescisórias decorrentes da modalidade de rescisão contratual
somente serão pagas em consequência da decisão judicial. Entender de modo contrário implicaria em
favorecer o empregador que dispensa o empregado por justa causa e somente paga as verbas rescisórias
da dispensa injusta após o afastamento da penalidade máxima pelo Poder Judiciário.

Nesse sentido, transcrevo os seguintes arestos jurisprudenciais:

(...) MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. REVERSÃO DA JUSTA


CAUSA EM JUÍZO. Ante o cancelamento da Orientação Jurisprudencial nº 351 da SBDI-1, aplica-se a
citada penalidade, ainda que exista controvérsia acerca da modalidade da ruptura contratual, como no
caso, em que a justa causa foi revertida em juízo, ou da própria relação empregatícia, conforme o teor do
§ 8º do artigo 477 da CLT. Nos precisos termos desse preceito de lei, apenas quando o trabalhador der
causa à mora no pagamento das verbas rescisórias não será devida a multa. Recurso de revista não
conhecido. ( RR - 65000-35.2009.5.03.0094 , Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de
Julgamento: 07/05/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/05/2014)

RECURSO DE REVISTA. JULGAMENTO EXTRA PETITA.


Verifica-se que a descaracterização da justa causa foi devidamente impugnada pela reclamada. Logo, não
há de falar em julgamento extra petita, na medida em que o julgador decidiu a lide nos limites nos quais
foram propostas a ação e a contestação, não conhecendo de questões não suscitadas, tampouco houve
proferimento de decisão de natureza diversa da pedida ou condenação da ré em quantidade superior ou em
objeto diverso do que foi demandado. Incólumes os arts. 128 e 460 do CPC. Recurso de revista não
conhecido. MULTA DO ART. 477 DA CLT. REVERSÃO DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA EM
JUÍZO. Após o cancelamento da Orientação Jurisprudencial nº 351 da SBDI-1 do TST pelo Tribunal

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Pleno, tem prevalecido nesta Corte o entendimento de que o cabimento da multa do art. 477 da CLT deve
ser decidido caso a caso, levando-se em conta as circunstâncias específicas da lide. Em princípio, não
salva o empregador a controvérsia judicial, pois isso poderia premiá-lo pelo descumprimento da
obrigação trabalhista. Exonera-o a mora protagonizada pelo empregado. Prevalece a determinação de
pagamento da multa quando a descaracterização da justa causa decorre de controvérsia judicialmente
acertada, até porque o próprio texto legal prevê como única hipótese excludente de pagamento da multa a
comprovação de que o trabalhador deu causa à mora (parte final do § 8º do art. 477 da CLT). No caso, o
Regional consignou que não ficou comprovada a quebra da boa-fé por parte do reclamante para justificar
sua dispensa por justa causa, porquanto, apesar do longo tempo de serviço prestado (quatorze anos), não
há evidência de qualquer punição ao obreiro. O Regional também asseverou que evidente a permissão de
permanência do veículo, na casa do autor, e seu uso consequente, não sendo possível a invocação de
prática de ato grave faltoso pelo empregado, visto ter o preposto da reclamada deposto que, ao longo do
pacto laboral, o reclamante teve comportamento exemplar. Nesse contexto, não há como entender que a
controvérsia em relação à justa causa exclua a aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, sob
pena de se privilegiar o ilícito. Recurso de revista conhecido e não provido. ( RR - 146-16.2012.5.06.0006
, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 14/05/2014, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 16/05/2014)

Assim, revertida em juízo a forma de rescisão contratual em juízo, é


devida a penalidade prevista no art. 477, §8º, da CLT, sob pena de o empregador ser favorecido que
descumpre obrigação no prazo legal.

Voto do(a) Des(a). VIRGINIA MALTA CANAVARRO

Trata-se de julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência


relativo ao tema "incidência da multa do art. 477 da CLT em face da reversão da justa causa aplicada".

Posiciono-me no sentido de que é cabível a aplicação da multa do art.


477, §8º, da CLT quando há reversão da justa causa na via judicial.

É que a referida penalidade tem pertinência sempre que o empregador, ao


rescindir o contrato de trabalho, deixar de quitar as parcelas rescisórias no momento oportuno, salvo
quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.

Logo, não se inclui na exceção legal a controvérsia da relação jurídica,


tampouco discussão acerca da modalidade de cessação do contrato de trabalho.

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Quando da dispensa por justa causa, o trabalhador deixa de receber os
valores referentes ao aviso prévio, férias e décimo terceiro salário proporcionais e multa de 40% do
FGTS, arcando com o prejuízo decorrente da falta grave.

Assim, revertida à forma de rescisão contratual em juízo, devido o


pagamento das verbas não quitadas, além da penalidade prevista no art. 477, §8º, da CLT, sob pena do
empregador ser premiado pelo descumprimento da obrigação no prazo legal.

Isso porque, neste caso, é certo que restou configurado o fato gerador da
multa, qual seja a inadimplência na quitação das verbas rescisórias, devendo, portanto, a empresa assumir
os riscos da descaracterização da justa causa pelo órgão julgador.

Neste sentido, a atual, iterativa e notória jurisprudência do colendo TST,


conforme se depreende dos seguintes arestos:

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT.


REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. O entendimento adotado pelo Regional, de que o
reconhecimento em juízo da reversão da justa causa em dispensa imotivada afasta o direito ao
pagamento da multa prevista no artigo 477, § 8.º, da CLT, encontra-se em desacordo com o
posicionamento adotado por esta Corte Superior. Precedentes. Recurso de Revista parcialmente
conhecido e provido (TST - RR: 2972820135150060, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de
Julgamento: 11/03/2015, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/03/2015) - destacou-se.

RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO.


VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que é devida a multa
prevista no art. 477, § 8º, da CLT, independentemente de a controvérsia haver sido dirimida em
juízo, sendo inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora no pagamento das verbas
rescisórias. 2. Recurso de revista do Reclamante de que se conhece e a que se dá provimento (TST - RR:
15890520115030108, Relator: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 14/10/2015, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 23/10/2015) - destacou-se.

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT.


REVERSÃO DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA EM JUÍZO. Após o cancelamento da Orientação
Jurisprudencial nº 351 da SBDI-1 do TST pelo Tribunal Pleno, prevalece nesta Corte a compreensão de
que o cabimento da multa do art. 477 da CLT deve ser decidido caso a caso, levando-se em conta as
circunstâncias específicas da lide. Em princípio, não salva o empregador a controvérsia judicial, pois isso
poderia premiá-lo pelo descumprimento da obrigação trabalhista. Exonera-o a mora protagonizada pelo

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
empregado. Prevalece a determinação de pagamento da multa quando a descaracterização da justa
causa decorre de controvérsia judicialmente acertada, até porque tal circunstância não desfigura o
caráter ilícito da mora e, ainda, o próprio texto legal prevê como única hipótese excludente de
pagamento da multa a comprovação de que o trabalhador deu causa à mora (parte final do § 8º do
art. 477 da CLT). No caso, o Regional consignou não ter ficado comprovado que o reclamante
abandonou o emprego para justificar sua dispensa por justa causa. Isso porque o autor ingressou com a
presente ação em 3/8/2011 e a Reclamada enviou o telegrama para a residência daquele no dia seguinte. O
Regional também asseverou o telegrama, por si só, não provar a intenção do Reclamante em abandonar o
emprego, se a ação já havia sido ajuizada e nesta alega sido dispensado sem a formalização pela
Reclamada. Registrou, ainda, que o Reclamante não responderia ao chamado da Reclamada em razão do
pedido formulado na ação e, mesmo que comparecesse à empresa, esta também não lhe permitiria prestar
serviço, se verdadeira a alegação na inicial sobre a dispensa sem justa causa. Nesse contexto, não há como
entender que a controvérsia em relação à justa causa exclua a aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º,
da CLT, sob pena de se privilegiar o ilícito. Recurso de revista conhecido e não provido (TST - RR:
9628220115010002, Relator: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 25/03/2015, 6ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 31/03/2015) - destacou-se.

VIRGÍNIA MALTA CANAVARRO

Desembargadora Vice-Presidente do TRT da 6ª Região

Voto do(a) Des(a). ANDRÉ GENN DE ASSUNÇÃO BARROS

Trata-se de incidente de uniformização de jurisprudência cujo objeto é


firmar tese quanto ao cabimento da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, na hipótese de ser revertida,
pela via judicial, a dispensa do empregado, sob a alegação de justa causa.

Sigo o entendimento expressado pela eminente Desembargadora Relatora,


no sentido da aplicação da penalidade, em caso de dispensa sob a alegação de justa causa, não acolhida
pela Justiça.

Assim prevê o referido dispositivo legal, in verbis:

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Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
"§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator
à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor
equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora."

Segundo se extrai da aludida norma, a única exceção à incidência da


penalidade diz respeito à mora causada por culpa do empregado, o que não se verifica nos casos em que a
empresa, indevidamente, rescinde o contrato de trabalho invocando justa causa.

Ao atribuir ao obreiro a prática de falta grave, negando-lhe o pagamento


das verbas rescisórias que lhe seriam devidas no caso da rescisão do contrato de trabalho sem justa causa,
o empregador assume o risco de, eventualmente, vir a ser penalizado por isso, no caso de ser reconhecido
em juízo o equívoco do seu entendimento.

O que não se pode é atribuir ao empregado, que não recebeu,


integralmente e no prazo legal, as suas verbas rescisórias, o ônus decorrente do incorreto enquadramento
da situação pelo empregador.

Nesse sentido, colaciono precedentes do C. TST, in verbis:

EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.496/2007. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. MULTA
PREVISTA NO ART. 477, § 8º, DA CLT. Depreende-se do art. 477, § 8º, da CLT que não há outra
exceção que não a relativa à mora causada por culpa do empregado, de forma que se aplica a multa ali
cominada ainda quando houver controvérsia quanto à obrigação inadimplida. Com efeito, a incidência da
referida multa prende-se, afinal, ao mero fato objetivo concernente ao atraso no pagamento das verbas
rescisórias, nos termos do parágrafo sexto do artigo 477 da CLT. Fortalece essa conclusão o cancelamento
da OJ 351 da SbDI-1 desta Corte em 16/11/2009. Precedentes. Embargos de que se conhece e a que se
nega provimento. (E-RR - 2211-33.2011.5.02.0037 , Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data
de Julgamento: 03/12/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
DEJT 11/12/2015).

RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI


13.015/2014. (...) 4. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. MULTA DO ART. 477 DA CLT
DEVIDA. Nos casos de justa causa revertida em Juízo, cabe o pagamento da multa do art. 477, § 8º, da
CLT, uma vez que todas as significativas verbas da dispensa injusta, incontroversamente, não foram
pagas no prazo de 10 dias. O pagamento relativo à rescisão por justa causa não elide a incidência da multa
neste caso. Recurso de revista não conhecido no tópico. (RR - 10131-02.2014.5.12.0061 , Relator

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Número do processo: IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 ID. 0a47877 - Pág. 31
Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 02/12/2015, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 11/12/2015).

(...) 2 - MULTA DO ART. 477, § 8.º, DA CLT. DESCONSTITUIÇÃO


DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. A desconstituição, em juízo, da justa causa imputada ao reclamante não
tem o condão de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, § 8.º, da CLT, uma vez que as verbas
rescisórias efetivamente devidas não foram pagas no prazo estabelecido no parágrafo 6.º do citado
dispositivo. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (...) ( ARR - 93900-56.2009.5.04.0011 ,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 25/11/2015, 2ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 04/12/2015).

(...) MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT - REVERSÃO DA JUSTA


CAUSA EM JUÍZO A multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT é devida na hipótese de reversão da
justa causa em Juízo. Precedentes. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT A existência de controvérsia
quanto ao vínculo de emprego ou quanto à modalidade da rescisão contratual torna inexigível o
recolhimento da multa prevista no art. 467 da CLT. Precedentes. (...) (RR - 168200-51.2009.5.02.0073 ,
Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 18/11/2015, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 27/11/2015).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO.
VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que é devida a multa prevista
no art. 477, § 8º, da CLT independentemente de a controvérsia haver sido dirimida em juízo, sendo
inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias. 2. Agravo
de instrumento da Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento. (AIRR -
20245-97.2013.5.04.0403 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 18/11/2015, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 27/11/2015).

Em face do exposto, acompanhando a Desembargadora. Relatora, voto


pela prevalência da tese de que é devida a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, nas hipóteses de
reversão, em juízo, da dispensa por alegada justa causa.

ANDRÉ GENN DE ASSUNÇÃO BARROS

Desembargador do TRT da 6ª Região

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Número do processo: IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 ID. 0a47877 - Pág. 32
Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Voto do(a) Des(a). GISANE BARBOSA DE ARAUJO

O presente incidente foi suscitado com o objetivo de uniformizar a


jurisprudência a respeito da aplicabilidade da multa do art. 477 da CLT, na hipótese da reversão da justa
causa pela via judicial.

Perfilho entendimento favorável à aplicação da referida sanção.

Dispõe o art. 477 da CLT:

"Art. 477. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado


para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações
de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que
tenha percebido na mesma empresa" (original sem grifos).

Conforme se depreende da leitura do dispositivo acima transcrito, a multa


ali tratada só é indevida quando o empregado tiver dado motivo para cessação das relações de trabalho.

Assim, o trabalhador que não incorreu em falta grave a legitimar a justa


causa rescisiva não pode ser penalizado pelo incorreto enquadramento da situação, pelo empregador,
como demissão por justa causa, que é posteriormente revertida em juízo, independentemente de o
empregador ter agido, ou não, de boa fé.

Nesse passo, ao alegar a justa causa rescisiva, a parte reclamada assume o


risco de ser condenada ao pagamento das verbas decorrentes da dispensa injusta, em caso de insucesso da
tese, inclusive a multa do art. 477 da CLT.

Nessa linha, já se posicionou o TST:

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.496/2007. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. MULTA
PREVISTA NO ART. 477, § 8º, DA CLT. Depreende-se do art. 477, § 8º, da CLT que não há outra
exceção que não a relativa à mora causada por culpa do empregado, de forma que se aplica a multa ali
cominada ainda quando houver controvérsia quanto à obrigação inadimplida. Com efeito, a incidência da
referida multa prende-se, afinal, ao mero fato objetivo concernente ao atraso no pagamento das verbas
rescisórias, nos termos do parágrafo sexto do artigo 477 da CLT. Fortalece essa conclusão o cancelamento
da OJ 351 da SbDI-1 desta Corte em 16/11/2009. Precedentes. Embargos de que se conhece e a que se

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Número do processo: IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 ID. 0a47877 - Pág. 33
Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
nega provimento" (E-RR - 2211-33.2011.5.02.0037 , Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data
de Julgamento: 03/12/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
DEJT 11/12/2015).

"(...). 2 - MULTA DO ART. 477, § 8.º, DA CLT. DESCONSTITUIÇÃO


DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. A desconstituição, em juízo, da justa causa imputada ao reclamante não
tem o condão de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, § 8.º, da CLT, uma vez que as verbas
rescisórias efetivamente devidas não foram pagas no prazo estabelecido no parágrafo 6.º do citado
dispositivo. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (...)" (ARR - 93900-56.2009.5.04.0011 ,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 25/11/2015, 2ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 04/12/2015).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO.
VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que é devida a multa prevista
no art. 477, § 8º, da CLT independentemente de a controvérsia haver sido dirimida em juízo, sendo
inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias. 2. Agravo
de instrumento da Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento" ( AIRR -
20245-97.2013.5.04.0403 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 18/11/2015, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 27/11/2015).

"I - RECURSO DE REVISTA DA AUTORA. MULTA DO ART. 477, §


8º, DA CLT. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. O Tribunal Regional indeferiu o pagamento
da multa do artigo 477, § 8º, da CLT, sob o fundamento de que não há tal previsão legal pelo pagamento
de diferenças de verbas rescisórias reconhecidas judicialmente, diante da reversão da justa causa. Esta
colenda Corte tem firmado jurisprudência no sentido de que a mencionada multa só pode ser excluída
quando cabalmente demonstrado que o trabalhador deu causa à mora no pagamento das verbas
rescisórias. No caso, não consta prova de que a autora tenha dado causa à mora no pagamento das verbas
rescisórias. Portanto, a autora tem direito à multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. Recurso de revista
conhecido por divergência jurisprudencial e provido. (...)" ( RR - 575300-32.2009.5.09.0029 , Relator
Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 04/11/2015, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/11/2015).

Diante do exposto, voto pela prevalência da tese jurídica de que é devida a


multa do art. 477 da CLT, na hipótese de reversão judicial da justa causa, acompanhando o voto da
relatora.

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Número do processo: IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 ID. 0a47877 - Pág. 34
Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
Voto do(a) Des(a). PAULO ALCANTARA

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA

Nº PROCESSO-TRT 0000323-90.2015.5.06.0000 (IUJ)

ORGÃO JULGADOR: TRIBUNAL PLENO

MATÉRIA: APLICABILIDADE DA MULTA DO ARTIGO 477, § 8º


DA CLT EM VIRTUDE DA REVERSÃO DA JUSTA CAUSA PELA VIA JUDICIAL

Vistos etc.,

Discute-se no presente Incidente de Uniformização de Jurisprudência a


aplicabilidade da multa do art. 477, §8º, da CLT, em virtude da reversão da justa causa pela via judicial.

A controvérsia quanto à forma de despedimento não afasta a incidência da


multa do art. 477 da CLT. Não observado o prazo legal para pagamento das verbas rescisórias, é devida a
multa imposta no mesmo dispositivo.

O objetivo precípuo da norma é compelir ao pagamento das verbas


rescisórias quando da demitido o empregado, impedindo-se assim que o trabalhador indefinidamente não
recebe seus haveres trabalhistas.

A liberdade assegurada ao empregador de rescindir o contrato de trabalho,


sem qualquer justificativa, leva a contrario sensu, exigir prova robusta da falta grave quando imputada,
para reconhecimento da justa causa.

Os motivos determinantes da rescisão sem ônus para o empregador,


previstos no art. 482 e alíneas da CLT, têm natureza infamante e por isso quando invocados devem restar
comprovados con¬vincentemente. E, na ocorrência de demissão por justa causa de maneira imprudente
pelo empregador, este deve assumir o risco da possibilidade de reversão de tal imputação ao empregado,
destarte tenha havido o pagamento das verbas rescisórias, que julgava devidas, dentro do prazo
estabelecido no § 6º do referido artigo, cabendo assim a aplicação da multa do art. 477, §8º da CLT pelo
pagamento a destempo de todas as verbas consideradas devidas em Juízo.

Nesse sentido trago à colação a jurisprudência do C. TST:

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Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. FALTA
GRAVE NÃO COMPROVADA. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. DESPROVIMENTO. Mantém-se o
r. despacho agravado, quando não demonstrado que o recurso de revista encontra-se revestido dos
requisitos do art. 896 da CLT. Agravo de instrumento desprovido. 2. MULTA DO ART. 477. JUSTA
CAUSA. REVERSÃO.DESPROVIMENTO. Esta Corte passou a decidir que incide a multa do art. 477, §
8.º, da CLT mesmo que exista controvérsia a respeito da relação de emprego, bem como a reversão da
justa causa em juízo, sob o fundamento de que o referido § 8.º apenas exclui a multa em questão quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. Agravo de instrumento desprovido."
(AIRR-2081-15.2011.5.02.0014, Relator Ministro: Cláudio Armando Couce de Menezes, Data de
Julgamento: 19/11/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/11/2014).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. JUSTA CAUSA. REVERSÃO EM JUÍZO.
VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT 1. A iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho posiciona-se no sentido de que é devida a multa prevista
no art. 477, § 8º, da CLT independentemente de a controvérsia haver sido dirimida em juízo, sendo
inaplicável apenas quando o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias. 2. Agravo
de instrumento da Reclamada de que se conhece e a que se nega provimento" ( AIRR -
20245-97.2013.5.04.0403 , Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 18/11/2015, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 27/11/2015).

Ante o exposto, voto pela prevalência da tese jurídica que assegura a


aplicação da multa do artigo 477 da CLT na hipótese de reversão judicial da justa causa, acompanhando o
voto da relatora.

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Número do processo: IUJ 0000323-90.2015.5.06.0000 ID. 0a47877 - Pág. 36
Número do documento: 16011811460596200000002171338
Data de Juntada: 10/03/2016 09:28
SUMÁRIO

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0a47877 10/03/2016 Acórdão Acórdão
09:28

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