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PODER JUDICIÁRIO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DA BAHIA

DÉCIMA PRIMEIRA VARA FEDERAL

PROCESSO N°. 1256-11.2017.4.01.3300

SENTENÇA TIPO A (RESOLUÇÃO 535/CJF, de 18/1W2006)

I. Relatório

MARIA DE LOURDES PINTO DA SILVA propôs ação em face


do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS, requerendo
gratuidade de justiça, e condenar o réu a aplicar como limitador máximo da
renda mensal reajustada os novos tetos fixados pela ECs 20/98 e 41/2003,
observando-se as prescrições do art. 144 da Lei 8.213/91.
Sustenta que é titular de benefício junto ao INSS e que os novos
tetos fixados pelas Emendas Constitucionais n° 20/1998 e 41/2003 devem
ser aplicados ao seu benefício, com o objetivo de recompor o valor
recebido.
Atribuiu à causa o valor de R$ 232.517,15 (duzentos e trinta e
dois mil quinhentos e dezessete reais e quinze centavos).
Juntou procuração e documentos.
Deferida a assistência judiciária gratuit
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Citado, o INSS agitou a prejudicial de mérito no que diz respeito


à decadência decenal e aplicabilidade do art. 103 da Lei n° 8.213/91 e de
prescrição quinquenal. No mérito, alega que o benefício previdenciário da
parte autora não faz jus à revisão ora pleiteada. Juntou documentos.
Determinada a remessa dos autos à SECAJ. Cálculos
apresentados.
Instada, a SECAJ, em obediência aos parâmetros emanados do
juízo, encontrou o valor devido de R$ 58.164,47 (cinquenta e oito mil,
cento e sessenta e quatro reais e quarenta sete centavos) à parte autora.
Impugnação dos cálculos pela parte autora e do INSS
Os autos retornaram à SECAJ, que por sua vez, retificou as
planilhas, apresentando uma conta. o Total apurado, atualizado até
11/2017, alcançou a quantia de R$ 124.091,28.
Intimadas as partes, apenas o INSS se manifestou sobre os
cálculos.
No despacho de fls. 92/93, determinou a remessa dos autos à
Contadoria do Juízo.
A parte autora impugnou o despacho que deferiu o
requerimento do INSS de oficiar a Petros.
Manifestação da SECA
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Ofício expedido à Petros.


Manifestação das partes.
Autos conclusos.
É o relatório.

II. Fundamentação

No que se refere à preliminar de falta de interesse de agir,


apenas na fase executiva do julgado poderá ser apurado se há crédito em
favor do Autor, não sendo conveniente abortar precocemente o processo
na fase de conhecimento diante da existência de benefício de previdência
complementar.
Nesse sentido, a Câmara Regional Previdenciária da Bahia:

"PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO BENEFÍCIO. APLICAÇÃO


DOS TETOS ESTABELECIDOS PELAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS
20/98 E 41/2003. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA
DO PLENÁRIO DO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL.
BURACO NEGRO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. LEI
11.960/2009. HONORÁRIOS. APLICAÇÃO DO CPC/ 2015. 1. Não há que
se falar em remessa oficial, pois a sentença, proferida sob a égide do atu
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CPC, na parte adversa aos interesses da autarquia, fundamentou-se em


decisão STF, exarada sob a sistemática dos recursos repetitivos.
Aplicabilidade do art. 496, § 40, II, do CPC-2015. 2. Quanto à adequação
da renda do benefício aos novos tetos, não há que se pensar em
decadência, pois a natureza da causa é declaratória/condenatória, e não
desconstitutiva. Portanto, incabível a pronúncia da decadência, pois nas
relações em que se busca tutela de conteúdo condenatório, incide
somente a prescrição. 3. No julgamento do RE n. 564.354/SE, o pleno do
Supremo Tribunal Federal decidiu no sentido de se aplicar as alterações
introduzidas pelas Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003, no
tocante à fixação dos novos valores para os tetos dos benefícios
previdenciários. E, por sinal, quando do julgamento do RE 937595, a
Suprema Corte esclareceu que, no julgamento anteriormente proferido no
RE 564354, não foi imposto nenhum limite temporal. Assim, em tese, não
é possível excluir a possibilidade de que os titulares de benefícios
inicialmente concedidos no período do buraco negro tenham direito à
adequação aos novos tetos instituídos pelas ECs 20/1998 e 41/2003. Para
tanto, é necessário que o beneficiário prove que, uma vez limitado a teto
anterior, faz jus a diferenças decorrentes do aumento do teto. Saliente-se
que, no caso, a renda do benefício da parte autora foi limitada ao teto,
consoante documento de fl.188. 4. Reconhecimento do direito
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repercussão das EC n° 20/1998 e 41/2003, nos moldes do quanto decidido


pelo STF no julgamento do RE 564354, sobretudo diante dos referidos
documentos. Necessidade de se apurar as diferenças devidas na fase de
cumprimento da sentença. 5. No que tange ao recurso adesivo do Autor,
não merece reparos a sentença recorrida, uma vez que a parte autora só
terá direito às diferenças decorrentes da revisão ora reconhecida se,
após a sua implantação com a elaboração dos cálculos correspondentes,
ficar comprovado que o seu benefício previdenciário revisado resultará
em valor superior ao que vem sendo pago com a inclusão da
complementação de aposentadoria devida pela Petros. Ademais,
recebendo o autor complementação de aposentadoria pela PETROS, a
revisão de seu benefício previdenciário, diversamente do alegado,
implica redução na parcela paga pela PETROS, destinada a manter a
paridade da remuneração do segurado com os valores percebidos na
ativa. Assim, cabível a compensação determinada na sentença (AC
0033276-94.2013.4.01.3300 / BA, Rel. JUIZ FEDERAL SAULO JOSÉ
CASALI BAHIA, V CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA
BAHIA, e-DJF1 de 09/12/2016). 6. Juros de mora, a partir da citação, e
correção monetária nos termos do art. 1°-F da lei n° 9.494/97, com
redação dada pela lei n° 11.960/09, sem prejuízo do que será decidido
pelo STF do RE 870.947/SE, com repercussão geral reconhecida. No
período antecedente à vigência da Lei n. 11.960-09, a correção monetár.
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se fará nos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 7. Os


honorários, arbitrados em 10% das parcelas vencidas até a data da
sentença, que foi proferida sob a égide do CPC-73, harmonizam-se aos
precedentes deste Colegiado e à Súmula n. 11 do STJ. 8. Apelação do
INSS parcialmente provida para dar uma nova disciplina aos juros e à
atualização monetária. Recurso adesivo desprovido. (APELAÇÃO
00381753820134013300, JUIZ FEDERAL CRISTIANO MIRANDA DE
SANTANA, TRF1 - r CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA
BAHIA, e-DJF1 DATA:30/10/2017 PAGINA:.)
Quanto à decadência, os pedidos de revisão do benefício
mediante aplicação dos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais n°
20/98 e 41/2003 e de criação de coeficiente-teto para resgate da diferença
teto-média do salário do benefício fictício limitado ao teto não se
confundem com o pedido de revisão do ato de concessão, razão pela qual
não se aplica o prazo decadencial de 10 anos do artigo 103 da Lei
8.213/91. A natureza da causa é meramente declaratória e condenatório,
não (des) constitutiva, e nas ações condenatórias incide somente o prazo
prescricional das parcelas vencidas anteriormente ao quinquênio que
antecede à propositura da presente ação, na forma da Súmula 85/ STJ.
Nesse sentido o STJ no Edcl no AgRg no REsp 144492/RS, Rel.
Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, 28.04.201
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Rejeito a preliminar de decadência.


Destarte, acolho a preliminar de prescrição quinquenal anterior
à propositura da presente ação individual, devendo observar a data de
quando fora ajuizada a presente demanda, caso tenha sido no JEF.
No mérito propriamente dito, pretende a parte autora a revisão
de seu beneficio previdenciário para que sejam observados os novos tetos
estabelecidos pelas Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003.
Nos termos dos arts. 14 e 5° das Emendas Constitucionais n°
20/1998 e 41/2003, foram estabelecidos os novos tetos no patamar de R$
1.200,00 (mil e duzentos reais) e R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos
reais), como se vê, respectivamente, abaixo:

"Art. 14. O limite máximo para o valor dos benefícios do regime


geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição
Federal é fixado em R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), devendo, a
partir da data da publicação desta Emenda, ser reajustado de forma a
preservar, em caráter permanente, seu valor real, atualizado pelos
mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência
social.

"Art. 5'. O limite máximo para o valor dos benefícios do regime


geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituiç i

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Federal é fixado em R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais),


devendo, a partir da data da publicação desta Emenda, ser reajustado
de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real, atualizado
pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de
previdência social.".

Sucessivamente, foram editadas as Portarias n's. 4.883/98 e


12/ 2004, do Ministério da Previdência Social, restringindo a aplicação dos

referidos tetos aos benefícios concedidos posteriormente à vigência das

referidas emendas constitucionais, vale dizer, a partir de dezembro de

1998 e janeiro de 2004, contra o que se insurge a parte autora, ao

argumento de que a aplicação das referidas normas constitucionais é

imediata, alcançando, por isso, os benefícios em curso, que tiveram os

seus salários-de-benefícios decotados em razão do teto vigente à época da


concessão.

Com efeito, com base no atual posicionamento do egrégio

Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, cristalizado no julgamento do


Recurso Extraordinário n° 564.354-9/SE, em relação ao qual foi

reconhecida repercussão geral, observo que assiste razão à parte autora.


Nesse sentido, veja-se a ementa do S

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"EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E


PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO
NO TETO DOS BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE
PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS
ANTES DA ALTERAÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS N.
20/1998 E 41/2003. DIREITO INTERTEMPORAL: ATO
JURÍDICO PERFEITO. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO
DA LEI INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE OFENSA
AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Há pelo menos duas situações jurídicas em que a
atuação do Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição
da República demanda interpretação da legislação infraconstitucional:
a primeira respeita ao exercício do controle de constitucionalidade das
normas, pois não se declara a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de uma lei sem antes entendê-la; a segunda, que
se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da proteção ao ato
jurídico perfeito contra lei superveniente, pois a solução de
controvérsia sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis
postas em conflito e determinados os seus alcances para se dizer da
existência ou ausência da retroatividade constitucionalmente vedada.
2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 d

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Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 50 da Emenda


Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a
teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência
dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto
constitucional. 3. Negado provimento ao recurso extraordinário."

Firmou-se neste julgamento o entendimento de que, no cálculo


do benefício previdenciário, o salário de benefício, embora limitado ao
teto, mantém-se inalterado. Assim, uma vez majorado o valor limite dos
benefícios da Previdência Social, o novo valor deverá ser aplicado sobre o
mesmo salário de beneficio calculado quando a sua concessão, com os
devidos reajustes legais, a fim de se determinar a nova Renda Mensal que
passará a perceber o segurado. Portanto, assentou-se que o art. 14 da
Emenda Constitucional 20/1998 e o art. 50 da Emenda Constitucional
41/2003 aplicam-se imediatamente aos benefícios decotados por tetos
anteriores.
Não há que se falar, portanto, em violação de ato jurídico
perfeito ou de direito adquirido, uma vez que a aplicação dos novos tetos
de que tratam as Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003 não está
atrelada ao ato de concessão, não importando em alteração de elemento
que compôs o cálculo do benefício (especialmente o salário de benefício
originário), consistindo apenas em aplicação do novo limitador ao salári
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de benefício decotado pelo teto, após a respectiva evolução, ou seja, em

aproveitamento daqueles valores excluídos do cálculo do beneficio em

razão da limitação anteriormente sofrida.

No caso dos autos, o benefício foi concedido em 01/06/1989

(DIB anterior em 01/08/1990), anteriormente à entrada em vigor das


Emendas Constitucionais n. 20 e 41 e durante o período popularmente
conhecido como buraco negro (05/10/1988 e 05/04/1991).

Nesse sentido, o STJ:

"PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DA


RENDA MENSAL INICIAL (RMI). RETROAÇÃO DA DATA DE
INÍCIO DO BENEFÍCIO. DIREITO AO MELHOR BENEFÍCIO.
PRECEDENTES DO STF E DO STI. CÁLCULO DA RNII.
OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO EM VIGOR NA DATA EM
QUE PREENCHIDOS OS REQUISITOS. POSTERIOR PERÍODO
DENOMINADO "BURACO NEGRO". APLICAÇÃO DO ART.
144 DA LEI N. 8.213/91. REGIME HÍBRIDO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART.
1°-F DA LEI N. 9.494/97. DECLARAÇÃO PARCIAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ÍNDICE DE

CORREÇÃO MONETÁRIA PARA REAJUSTE DE BENEFÍCIOS


PREVIDENCIÁRIOS E PARCELAS PAGAS EM ATRAS

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a.aljemaial
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REPRISTINAÇÃO DO ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91.


APLICAÇÃO DO INPC. 1. O Supremo Tribunal Federal, no
julgamento com repercussão geral do RE 630.501/RS (DJe 23/8/2013),
firmou entendimento de que, atendidos os requisitos, o segurado tem
direito adquirido ao melhor beneficio. 2. Da mesma forma, é remansosa
a jurisprudência do STI no sentido de que, preenchidos que se
achassem à época os requisitos legais, o beneficiário faz jus à revisão de
sua aposentadoria para que passe a perceber o beneficio financeiro mais
vantajoso. 3. Assim, atendidos os requisitos para aposentação antes da
vigência Lei n. 7.787/89, o segurado faz jus à revisão de seu beneficio
para que seja utilizado no cálculo o teto do salário-de-contribuição de
20 salários mínimos, de acordo com o regramento em vigor à época,
qual seja a Lei n. 6.950/81, ainda que tenha continuado em atividade e
venha a obter a aposentadoria somente na vigência da Lei 8.213/91. 4.
A aplicação do teto de 20 (vinte) salários mínimos não obsta a posterior
aplicação do art. 144 da Lei n. 8.213/91, que determina a revisão dos
benefícios concedidos no período de 5/10/88 a 5/4/9 1, lapso conhecido
como "buraco negro". 5. Portanto, por força de previsão legal, o
beneficio previdenciário, com data inicial compreendida entre 5/10/88 a
5/4/91, deverá passar por uma nova revisão, com substituição da
anterior renda mensal inicial por uma OUTRA, nos moldes descritos
pelo art. 144 da Lei n. 8.213/91. 6. Recurso especial do IN
• arialpie• a II e •
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improvido e apelo nobre do segurado parcialmente provido, para


determinar a aplicação do INPC, como fator de correção monetária dos
valores pagos em atraso. (RESP 201101186498, SÉRGIO KUKINA,
ST] - PRIMEIRA TURMA, Dg DATA:19/05/2015 ..DTPB:.)

O Professor Frederico Amado afirma, ainda, que "certamente, nos


casos em que existe um teto a ser readequado são dos benefícios concedidos no
período do 'buraco negro', entre 05 de outubro de 1988 a 05 de abril de 1991, pois
nesse interstício não havia a revisão administrativa pelo índice-teto, se
promovendo apenas a revisão administrativa determinada pelo art. 144 da Lei
8.213/91." (Curso de Direito e Processo Previdenciário, fl. 1239, 8 edição.
Salvador: Jus Podivum, 2016)
Outrossim, o próprio supremo Tribunal Federal, no julgamento
do RE 937.595, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese: "os
benefícios concedidos entre 05.10.1988 e 05.04.1991 (período do buraco negro)
não está, em tese, excluídos da possibilidade de readequação segundo os tetos
instituídos pelas Ecs 20/1198 e 41/2003, a ser aferida caso a caso, conforme
parâmetros definidos no julgamento do RE 564.354, em regime de repercussão
geral." (tema 930)
Assim, tendo sido o beneficio submetido ao limite, a parte
autora faz jus à adequação do beneficio aos tetos estabelecidos nas
Emendas Constitucional

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III. Dispositivo

Pelo exposto, afastando as restrições constantes das Portarias


MPS n. 4.883/98 e 12/04, ACOLHO O PEDIDO para:
Condenar o INSS à revisão da renda mensal da Pensão por
Morte titularizada pela autora (NB: 1698499830), através da
primordial revisão da renda mensal da Aposentadoria por
Tempo de Contribuição (NB: 0837877857), percebida pelo
instituidor de tal pensão, mediante aplicação dos tetos
estabelecidos pelas Emendas Constitucionais N's 20/98 e
41/03, em substituição aos valores então considerados, bem
como ao pagamento das diferenças não atingidas pela
prescrição quinquenal.
Condenar o INSS ao pagamento das diferenças, acaso
apuradas, em face das parcelas pretéritas, observada a
prscrição, a partir do ajuizamento da presente ação
individual.
O processo é, portanto, extinto com resolução do mérito, com
fulcro no art. 487, I, do CPC.
Sobre as diferenças apuradas em favor da acionante deverão

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incidir correção monetária e juros moratórios, estes a partir da citação

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planto às parcelas anteriores ao ajuizamento, e, quanto às posteriores, a


contar de cada vencimento, tudo a ser calculado de acordo com as regras
constantes do Manual de Cálculo da Justiça Federal.
A parte autora só terá direito às diferenças decorrentes da
revisão ora reconhecida se, após a sua implantação com a elaboração
dos cálculos correspondentes, ficar comprovado que o seu beneficio
previdenciário revisado resultará em valor superior ao que vem sendo
pago com a inclusão da complementação de aposentadoria devida pelo
respectivo Fundo de Pensão.
Sem custas, tendo em vista a isenção prevista no RCJF.
Os honorários advocaticios restam arbitrados em 10% (dez por
cento) do proveito econômico obtido com o presente julgado (valor das
parcelas vencidas até a prolação desta sentença - consoante súmula 111
do STJ), monetariamente atualizado à data do efetivo pagamento, tudo na
forma do art. 85, §§ 2° e 3°, do CPC/ 2015.
Sentença dispensada da remessa necessária (art. 496, § 4°, II, do
CPC/ 2015).
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Salvador/BA, 30 de abril de 020.

MILENA SOUZA D IDA PIRES


Juíza Federal Substituta da na Vara/Ba
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