Você está na página 1de 5

Razões de recurso de agravo de instrumento (Execução de prestação

alimentícia)

RAZÕES DE RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO


PROCESSO N.: ...............
AGRAVANTE(S): ...............
AGRAVADO(S): ...............

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


COLENDA CÂMARA
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES
DOUTO PROCURADOR DE JUSTIÇA

DOS FATOS e DOS DIREITOS

Trata-se o caso em tela do inconformismo da recorrente com a decisão


explanada nos autos de ação de execução de prestação alimentícia n. ...............,
fls. ..... .

Dessa forma, o juiz monocrático determinou que os alimentos fixados


fossem reajustados anualmente baseados na variação do INPC - Índice Nacional
de Preços ao Consumidor do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
conforme documento em anexo.

Assim, o fato primordial em relação ao presente caso surge quanto à aplicação


de índice de correção diferente do pactuado, pois não é possível ocorrer em sede de
demanda expropriatória.

Observa-se que, o título executivo em tela não possui todos os requisitos


legais exigidos, sendo assim, a ação executiva não deverá ter êxito, e
consequentemente diante de tal ausência de pressuposto de constituição válida e
regular do processo, deverá ser extinto o processo sem resolução do mérito.

É cediço que, surge nesse recurso em questão a ausência de pressupostos


de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, baseado no
artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil (corresponde ao artigo 482,
inciso VI, do novo CPC), devendo assim, ser declarada o fim da execução de
prestação alimentícia n. ............... .

Na nobre decisão do desembargador do TJSC, Luiz Fernando Boller,


agravo de instrumento, n. 2011.015253-0, decide que:

“Em princípio, convém destacar que E. J. M. ajuizou a Execução de


Prestação Alimentícia n. 054.09.012342-9, contra seu genitor, ora
agravante, argumentando que desde o acordo celebrado em agosto de 2006,
V. M. tem efetuado o pagamento da pensão alimentícia conforme o valor
historicamente fixado de R$ 1.000,00 (hum mil reais), sem, no entanto,
observar a respectiva atualização conforme a correção do salário mínimo
vigente, que teve um reajuste acumulado de aproximadamente 32,85% (trinta
e dois vírgula oitenta e cinco por cento), razão porque pugnou que fosse o
alimentante compelido a quitar R$ 4.628,15 (quatro mil, seiscentos e vinte e
oito reais e quinze centavos), a título de correção monetária incidente no
período compreendido entre maio de 2007 e junho de 2009 (fls. 02/04 - Anexo
01).
Em contrapartida, o insurgente afirmou que não há que se falar em
inadimplemento, visto que teria pontualmente cumprido a obrigação alimentar
instituída em benefício do exequente, ressaltando, de outra banda, que no
acordo firmado com a genitora deste, restou consignada apenas a
possibilidade de reajuste do valor da pensão, o que jamais teria sido exigido pelo
alimentando.
Diante disso, o magistrado singular decidiu no sentido de que se o alimentante
não recebe sua remuneração com base no salário mínimo - conforme o caso sub
examen - este não deve ser o indexador da verba alimentícia, termos em que,
objetivando dirimir a controvérsia havida entre as partes, determinou que
sobre o valor da pensão fixada em 2006, deve “haver a recomposição da
moeda, de modo a incidir o reajuste anual, pelos índices do INPC-IBGE” (fls.
20/21), solução jurídica que, a meu sentir, não se revela acertada.
Isto porque a ‘execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em
título de obrigação certa, líquida e exigível’, consoante se afere do disposto no
art. 586 do Código de Processo Civil (corresponde ao artigo 781, do novo
CPC).
Aliás, neste tocante, Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery
avultam que “o título que autoriza a execução é aquele que, prima facie,
evidencia certeza, liquidez e exigibilidade da prestação a que o devedor se
obrigou, que permite que o credor lance mão de pronta e eficaz medida para
seu cumprimento” (Código de Processo Civil comentado e legislação
extravagante. 10. ed. rev. amp. e atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2008, p. 995).
Todavia, no caso sub judice não constato a presença dos requisitos
indispensáveis à caracterização do título exequendo, visto que, nos termos do
pactuado pelos genitores do alimentando, restou consignado que a pensão
mensal de R$ 1.000,00 (hum mil reais) em sendo reajustada, o seria pelo
índice de correção do salário mínimo (fl. 09 da Execução de Prestação
Alimentícia n. 054.09.012342-9 - Anexo 01).
Ao efetivar a interpretação literal do referido ajuste, conclui-se que não está
prevista a incidência de indexador oficial de correção monetária,
circunstância que inviabiliza a pretensão executória tal como delimitada na
origem, já que ausentes os requisitos de exigibilidade em relação ao
respectivo título.
Forçoso reconhecer, de outra banda, que resta incontroversa a quitação da
prestação alimentícia segundo o valor historicamente estabelecido, de modo
que eventual discussão, quando muito, deveria se cingir aos termos do
critério de correção eleito pelos genitores, admitida a propositura de demanda
revisional para eventual definição de índice diverso de recomposição do
poder de compra da moeda.
Destarte, entendo que a execução deve ser extinta na forma do art. 267, inc.
IV, da Lei n. 5.869/1973, visto que ausentes os pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo, conforme entendimento
consolidado por este Sodalício:
Não estando o juiz diante de título executivo com todos os requisitos legais, não
pode permitir que a ação executiva prospere, devendo declarar, a qualquer tempo
e grau de jurisdição, de ofício ou a requerimento, a ausência de pressuposto de
constituição válida e regular do processo, extinguindo-o com fundamento no
artigo 267, IV, do Código de Processo Civil (corresponde ao artigo 482, inciso
IV, do novo CPC) (Apelação cível n. 2000.010186-9, de Blumenau, Relator:
Des. Luiz Carlos Freyesleben, j. 13/11/2003).
Gize-se, por derradeiro, que ao contrário do consignado nas informações de
fls. 46/49, a controvérsia não se restringe à época em que deveria se efetivar o
reajustamento da pensão, mas, sim, à aplicação de índice de correção distinto
do pactuado, o que não se mostra possível em sede de demanda expropriatória.
Ante o exposto, voto no sentido de se conhecer e dar provimento ao
presente agravo de instrumento para, acolhendo a preliminar de ausência
de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo,
com fulcro art. 267, inc. VI, do Código de Processo Civil (corresponde ao
artigo 482, inciso VI, do novo CPC), declarar extinta a Execução de
Prestação Alimentícia n. 054.09.012342-9, condenando o
exequente/agravado ao pagamento das custas processuais e de honorários
advocatícios, estes no equivalente a 20% (vinte por cento) do quantum
exequendo (art. 20, §§ 3º e 4º, do aludido codex instrumentalis), cuja
exigibilidade é suspensa por ser o recorrido beneficiário da justiça gratuita
(art. 12 da Lei n. 1.060/50).”

Vejamos as seguintes jurisprudências do TJSC, favoráveis ao caso em tela:

“Ementa: Agravo de instrumento. Execução de prestação alimentícia.


Obrigatoriedade de correção monetária do respectivo valor não consignada
no título exequendo.
Alegada inobservância, pelo devedor, da atualização do quantum segundo a
variação do salário mínimo vigente.
Decisão que determina que os alimentos devidos sejam reajustados
anualmente de acordo com a variação do INPC - Índice Nacional de Preços
ao Consumidor do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Impossibilidade de definição de critério diverso através da demanda
expropriatória - inadequação do procedimento eleito pelo alimentando.
Pretensão que deverá ser deduzida em ação de conhecimento, através da qual
será possível instituir o dever de o alimentante perfectibilizar a atualização
monetária da respectiva verba.
Ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular
do processo. Extinção da execução. Medida que se impõe. Inteligência do art.
267, inc. IV, do CPC (corresponde ao artigo 482 inciso IV, do novo CPC).
Condenação do exequente/agravado ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, estes fixados em 20% (vinte por cento) do valor
exigido.
Recurso conhecido e provido.”
(TJSC - Agravo de Instrumento n. 2010.042391-7, de Rio do Sul. Relator:
Des. Luiz Fernando Boller. Data: 18/01/2012).
“Ementa: Processo civil. Família. Execução de prestação alimentícia. Título
judicial derivado de liminar em cautelar de separação de corpos e alimentos
provisionais. Verba fixada com omissão do critério de reajuste.
Execução da diferença entre o valor pago e o que a alimentanda entende
devido. Incidência de índice de correção monetária sobre as prestações pagas.
Falta de estipulação de parâmetro correcionais ou de reajuste no título.
Iliquidez, incerteza e inexigibilidade do crédito. Plano de saúde.
Inadimplemento da obrigação. Pagamento devido de maio de 2007 a agosto
de 2009, porque prescritas as mensalidades anteriores (CC/2002, art. 206, §
2º).
Recurso parcialmente provido, apenas para determinar o pagamento à
exequente dos valores das mensalidades do plano de saúde dos meses de maio
de 2007 a agosto de 2009. À falta de previsão para a correção monetária sobre
alimentos na decisão que os estipulou, descabe discuti-la em sede de
execução.”
(TJSC - Apelação Cível n. 2010.038908-6, de Joinville, Relator: Des. Luiz
Carlos Freyesleben. Data: 11/01/2011).

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o provimento do presente recurso, para declarar


extinta a execução de prestação alimentícia n. ..............., pelo motivo da
preliminar de ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento
válido e regular do processo, baseado no artigo 267, inciso VI do Código de
Processo Civil (corresponde ao artigo 482, inciso VI, do novo CPC), e
condenando o exequente/agravado ao pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios no valor de R$ ............... (valor por extenso), nos termos da
legislação em vigor.

Nestes termos,
Pede deferimento.

..............., ..... de ............... de .......... .

.............................................
Advogado(a)
OAB/..... - n. ...............

Você também pode gostar