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EXCELENTÍSSIMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA xª VARA CÍVEL DA COMARCA DO


xxxxxxx- ESTADO DO xxxxxxxxxxxx

Processo nº. xxxxxxxxxx


Recorrido: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Recorrente: Estado do Ceará

O ESTADO DO CEARÁ, já qualificado nos autos do processo em


referência, por seu Procurador e Estagiária que ao final subscreve, vem, com
reciprocidade de respeito, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 1.009 e
seguintes do Código de Processo Civil, interpor APELAÇÃO para o Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado do Ceará, em face da sentença proferida por esse douto Juízo de
primeiro grau, e requerendo, desde logo, o recebimento em seu dúplice efeito e a
juntada das mesmas, com a intimação da parte adversa para apresentar
contrarrazões recursais e, ato contínuo, que Vossa Excelência determine a remessa
dos fólios à Instância Ad quem.

Pede e espera deferimento.


Fortaleza, 17 de agosto de 2018.

xxxxxxxxxxxxx
Procurador do Estado do xxxxxxxx
OAB/CE xxxxxxxxxxxxx
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
COLENDA CÂMARA CÍVEL
EXCELENTÍSSIMOS SRS. DESEMBARGADORES DE JUSTIÇA DA EMÉRITA
CÂMARA CÍVEL
EMINENTE DESEMBARGADOR-RELATOR

RAZÕES DE APELAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ

Recorrido: Carlos Renato de Souza Silva


Recorrente: Estado do Ceará
Origem: 2ª Vara Cível da Comarca do Crato – Estado do Ceará

DA SINOPSE FÁTICA

A presente apelação tem por escopo insurgir-se contra a sentença proferida


nos autos da ação de obrigação de fazer em epígrafe cujo objeto principal consiste
no fornecimento, pelo Estado do Ceará, dos medicamento
TEMODAL(TEMOZOLAMIDA) e AVASTIM (BEVACIZUMABE).
O juízo a quo, ao proferir a sentença, julgou procedente o pedido autoral,
determinando a este Ente Público Estadual o fornecimento do fármaco requestado,
bem como condenando-o ao pagamento de honorários advocatícios os quais
arbitrou em 12% (doze por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art.
85, §§ 2º e 3º do NCPC (Lei Nacional nº 13.105/2015).
Nessa perspectiva, vem o Estado do Ceará apelar da sentença ora
rechaçada porque condenou o Estado do Ceará, no bojo de uma ação cujo objeto
principal consiste na tutela do direito à saúde, ao pagamento de honorários
sucumbenciais fundamentando-se em equivocado dispositivo legal e com base em
critério não previsto na novel legislação processual civil.
DAS RAZÕES RECURSAIS

IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS


SUCUMBENCIAIS COM BASE NO VALOR DA CAUSA – OBJETO DA AÇÃO
CIRCUNSCRITO À PRESTAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA – VALOR
CONSTITUCIONAL ALÇADO À CONDIÇÃO DE DEVER FUNDAMENTAL
SOCIAL DO ESTADO - TUTELA DO DIREITO À SAÚDE QUE NÃO RESULTA
EM PROVEITO ECONÔMICO – IMPERIOSA APLICAÇÃO DO CRITÉRIO DE
APRECIAÇÃO EQUITATIVA DO ART. 85, §8º, CPC/2015 - PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS

Como dito acima, a presente causa possui como objeto uma prestação de saúde
estatal (fornecimento de medicamento para tratamento de câncer dos gânglios linfáticos),
que conforme pacificada jurisprudência, não resulta em qualquer proveito econômico para
a parte beneficiada pela obrigação de fazer firmada na sentença.
Isso porque o direito ora tutelado, o qual possui previsão na Constituição da
República em seu art. 196, se volta para a vida, a saúde e o bem-estar dos cidadãos, não
contendo, pois, na exequibilidade desse direito/dever fundamental social pétreo qualquer
conteúdo econômico que possa se beneficiar a tutelada. O valor constitucional objeto da
tutela Judiciária tem por natureza jurídica verdadeiro dever fundamental social do Estado
de imprimir ações e prestações de saúde visando à garantia da vida e da incolumidade /
bem-estar de todos os cidadãos.
Em sentido diametralmente oposto, mirando em um simples patrimonialismo que
não se coaduna com os deveres fundamentais coletivos, cuidou o Código de Processo
Civil disciplinado pela Lei Nacional 13.105/15, de sujeitar aos litigantes sucumbentes, em
razão da causalidade, uma obrigação de pagar verba honorária tendo por base de cálculo
o “proveito econômico” ou “o valor da causa”. Assim descreve o art. 85, §2º, do diploma
processual civil:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao


advogado do vencedor.
§2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o
máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

Veja-se que o “valor da causa” representa parâmetro subsidiário na fixação dos


honorários advocatícios sucumbenciais, somente sendo aplicado quando a sentença não
contiver condenação líquida ou quando não for possível mensurar o “proveito econômico”.
Assim, torna-se imprescindível ao aplicador do direito, quando da fixação da condenação
honorária, ter em mente o correto entendimento acerca do chamado “proveito
econômico”, uma vez traduzir critério principal/primário de fixação conforme o estatuto
processual civil (Lei Nacional nº 13.105/2015).
Nessa perspetiva, a definição de proveito econômico volta-se a tudo aquilo que
acresce pecuniariamente ao patrimônio jurídico de disponibilidade de um determinado
indivíduo. Nessa esteira, a demanda judicial consistente na obrigação de fornecimento de
medicamento para tratamento de enfermidade grave tem por escopo, única e
exclusivamente, a proteção e recuperação da saúde do enfermo, jamais veiculando
qualquer conteúdo patrimonial que possa ser mensurado como um bem posto no
comércio e sujeito à mercancia.
Decerto que não se pode atribuir um valor econômico a uma vida, a um membro do
nosso corpo humano, a uma condição saudável do nosso sistema neurológico... dentre
tantos outros objetos que compõem as demandas que visam impor ao Estado o
cumprimento do seu dever fundamental conforme as necessidades individualizadas
daquele determinado paciente autor.
Fixadas tais premissas, comporta registrar, novamente no que concerne ao tema
“honorários advocatícios sucumbenciais”, que o disciplinamento acerca da matéria não
sofreu nenhuma reversão em face da mera alteração da lei processual civil incorporada
recentemente ao ordenamento pátrio. Com efeito, é certo que o novel CPC trouxe consigo
regras mais claras e respeitosas no disciplinamento dos honorários advocatícios, com
faixas de percentuais e de valores que, de um lado, resultam em uma verba de
causalidade honrosa para a classe advocatícia engajada, e, por outro lado, ainda que
indiretamente, “evita” a banalização de lides temerárias e de abusos do direito de defesa
pelas partes litigantes.

E justamente por essa razão, embora esse mesmo novo CPC (Lei n. 13.105/2015)
tenha infirmado critérios objetivos para fixação da regra geral dos honorários advocatícios,
a saber, (i) ora o proveito econômico, (ii) ora o valor da causa atualizado de forma
subsidiária, é certo que o próprio § 8o. do seu art. 85, fez consignar um terceiro
critério especial, para todas as “causas em que for inestimável ou irrisório o
proveito econômico”, que é exatamente (iii) a “APRECIAÇÃO EQUITATIVA”.

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao


advogado do vencedor.
§ 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito
econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o
juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa,
observando o disposto nos incisos do § 2o.

Nesse sentido, o próprio legislador previu no NCPC o critério de solução integrativa


para o caso típico dos autos - que não veicula condenação pecuniária específica -
incluindo no art. 85, §8º a apreciação equitativa para a fixação dos honorários “nas
causas em que for inestimável o proveito econômico”.
Verifica-se que o novo regramento acima transcrito manteve em parte a
antiga dicção do art. 20, §4º do CPC/73, precisamente no tocante às causas de
valor inestimável, em que se aplicava pacificamente o critério da equidade
judicial para fixação dos honorários sucumbenciais, observando-se, todavia, os
parâmetros enunciados nas alíneas do §2º do mesmo dispositivo legal, quais
sejam: zelo do profissional, complexidade da causa, etc.
Frise-se que a modificação legislativa introduzida pelo Novo CPC não possui
o condão de modificar regras materiais/substanciais, nem o entendimento
doutrinário e jurisprudencial acerca de teses constitucionais outrora firmadas.
Nessa perspectiva, o que importa para a escorreita aplicação da norma no
presente caso consiste, tão somente, em demonstrar ser o direito à saúde
bem jurídico de valor inestimável, não passível de aferição pecuniária e,
portanto, não veiculador de qualquer proveito econômico ao tutelado.

Corroborando o entendimento aqui firmado referente à manutenção da aplicação


do critério da “APRECIAÇÃO EQUITATIVA” para as demandas por prestações de saúde,
os Tribunais Federais Pátrios já veem fixando os honorários sucumbências, em
ações desta natureza, com base no art. 85, §8º, da Lei Nacional nº 13.105/2015 ,
consoante se nota dos julgados abaixo transcritos:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. MEDICAMENTOS. HONORÁRIOS.


PROVEITO ECONÔMICO. CAUSA DE VALOR INESTIMÁVEL.
FIXAÇÃO POR APRECIAÇÃO EQUITATIVA DO JUÍZO. Nas ações
que versam sobre concessão de medicamentos não se pode
usar o valor estimado da causa como parâmetro para o cálculo
de honorários, eis que se trata somente de obrigação dos réus a
fornecer o medicamento pretendido. O chamado "proveito
econômico" da demanda deve ser visto com cautela, eis que se
trata de fornecimento de medicação que implica em sobrevida
para o autor. Neste sentido, a fixação dos honorários deve se
dar de forma equitativa, eis que a demanda possui valor
econômico inestimável, por se tratar de tutela da saúde, sendo
aplicável na espécie as disposições do art. 85, § 8º do CPC/2015.
(TRF4, AC 5034768-40.2014.404.7108, QUARTA TURMA, Relator
CANDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR, juntado aos autos em
30/09/2016)

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO À


SAÚDE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. LEGITIMIDADE
PASSIVA DOS ENTES DA FEDERAÇÃO. ADEQUAÇÃO E
NECESSIDADE. PRESCRIÇÃO PELO CACON, RESPALDADA POR
PROVA PERICIAL. HONORÁRIOS. 1) União, Estados e Municípios
são responsáveis solidários pelo fornecimento de prestações
relacionadas à saúde. 2) A União tem legitimidade para figurar no
polo passivo de ação em que se postula o fornecimento de
medicamento. 3) Em ação de fornecimento de medicamentos, a
repartição/ressarcimento dos valores da aquisição do medicamento
entre os réus solidários deverá ser procedida administrativamente,
haja vista ser medida de cunho administrativo que não deve ser
resolvido na esfera judicial, mas na executiva. (..) 7) O Superior
Tribunal de Justiça decidiu no RESP 1199715, em regime de solução
de controvérsia repetitiva, em 16/02/2011 (portanto após a alteração
promovida pela LC 132 na LC 80/94), que a incidência de honorários
advocatícios em favor da Defensoria Pública permanece inviável
quando ela atua contra pessoa jurídica de direito público integrante
da mesma Fazenda Pública à qual pertença. 8) NAS AÇÕES QUE
VERSAM SOBRE CONCESSÃO DE MEDICAMENTOS, A
FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS DEVE SE DAR DE FORMA
EQUITATIVA, EIS QUE A DEMANDA POSSUI VALOR
ECONÔMICO INESTIMÁVEL, POR SE TRATAR DE TUTELA DA
SAÚDE, SENDO APLICÁVEL NA ESPÉCIE AS DISPOSIÇÕES DO
ART. 85, § 8º DO CPC/2015. (TRF4, AC 5030044-80.2015.404.7100,
QUARTA TURMA, Relator CANDIDO ALFREDO SILVA LEAL
JUNIOR, juntado aos autos em 07/10/2016)

Note esse douto Desembargador Relator que embora as decisões


acima colacionadas já tenham sido prolatadas sob a égide da nova lei
adjetiva civil, é fato que tanto a doutrina quanto a jurisprudência pátrias, de
há muito, fixaram o entendimento acerca do qual as prestações de saúde
(fornecimento de medicamentos, internação em leitos hospitalares,
realização de exames médicos, etc.) POSSUEM CONTEÚDO
PERSONALÍSSIMO E VALOR INESTIMÁVEL, razão pela qual a aplicação do
critério de equidade judicial na fixação dos honorários advocatícios sucumbenciais
também restava pacificada, conforme se depreende de antigo julgado a respeito da
matéria.

RECURSO DE AGRAVO - SEGURO SAÚDE - PRÓTESE AUDITIVA


- NEGATIVA DE COBERTURA PELA SEGURADORA -
ABUSIVIDADE - DECISÃO TERMINATIVA - CONCESSÃO DA
COBERTURA - CONDENAÇÃO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM
VALOR FIXO - APLICAÇÃO DO § 3º, ART. 20, CPC - INCABÍVEL -
DIREITO À SAÚDE - CAUSA DE VALOR INESTIMÁVEL -
APLICAÇÃO DO § 4º, ART. 20, CPC - MANUTENÇÃO DA
DECISÃO.
1. (..).
2. É APLICÁVEL O § 4º, ART. 20, DO CPC NAS CAUSAS
CONSIDERADAS DE VALOR INESTIMÁVEL.
3. DIREITO À SAÚDE É CONSTITUCIONALMENTE PREVISTO
COMO DIREITO FUNDAMENTAL, SENDO DE VALOR
IMENSURÁVEL.
(TJ-PE - AGV: 1929475 PE 0003479-70.2011.8.17.0000, Relator:
Francisco Eduardo Goncalves Sertorio Canto, Data de Julgamento:
07/07/2011, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: 133/2011)

Assim, impositiva se faz a adoção do critério da APRECIAÇÃO EQUITATIVA,


estabelecido no art. 85, §8º, do NCP, para os fins sucumbenciais nas ações de
prestação de saúde (como a presente), devendo o Órgão Judiciário, todavia,
observar as balizas previstas nos incisos do §2º do mesmo dispositivo legal, quais
sejam: i) o grau de zelo do profissional; ii) o lugar da prestação do serviço; iii) a
natureza e a importância da causa; iv) o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço.
Nessa perspectiva, restando acima demonstrado e esclarecido que as ações
que tenham por objeto obrigar ao Estado a realizar uma prestação de saúde pública
não possuem nenhum proveito econômico ao paciente tutelado, o que impõe a
imediata reforma da sentença apelada no que concerne à condenação em
honorários advocatícios imposta pelo juiz singular com equivocado e ilegal
fundamento dos §§ 2o. e 3o. do art. 85 do CPC/2015, para ver determinada a correta
aplicação do § 8o. do art. 85 do CPC/2015, que, por sua vez, exige o critério da
apreciação equitativa na fixação da obrigação nascida da causalidade.
Em decorrência, para possibilitar a conformação do juízo de equidade por esse
douto Desembargador Relator, e pelos demais Exmos. Desembargadores integrantes da
Colenda Câmara Cível, posto que consequência lógica e legal do deslocamento do
fundamento da condenação honorária, objeto deste apelo e cuja reforma traduz a
pretensão recursal, comporta agora ao Estado adentrar nas peculiaridades fáticas que
gravitam entorno dos autos devolvidos a esse Egrégio Tribunal de Justiça e que
interessam à correta aplicação do § 8o. do art. 85 do CPC/2015.
Isso porque, rememorando a disposição do art. 85, parágrafo 8 o. do CPC/2015,
denota-se sua remição para o §2o. do mesmo artigo. Leia-se novamente:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar


honorários ao advogado do vencedor.

§ 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o


proveito econômico … o juiz fixará o valor dos
honorários por APRECIAÇÃO EQUITATIVA,

OBSERVANDO O DISPOSTO NOS INCISOS DO § 2o.

§ 2o (...):
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;

Entrementes, para amoldar o juízo de equidade exigido, deve ser levado em


consideração por esse Órgão Judiciário que o trabalho do causídico foi exercido com zelo,
porém em lugar de fácil acesso ao órgão judiciário, em comarca da capital onde
implantado o processo virtual que facilita sobremaneira o exercício da sua capacidade
postulatória. Já no que pertine à natureza da causa, embora ciente este ente Público da
importância do tratamento de saúde para o tutelado, é fato notório a sua baixa
complexidade, uma vez que se resume tão somente em postular um tratamento
previamente prescrito pelo profissional de saúde, não veiculando, assim, o
desenvolvimento de teses excepcionais ou maiores dilações probatórias com a produção
de provas de difícil obtenção que imprimam uma natureza singular ao feito.
Relevante apontar ainda, para fins de balizamento da “apreciação equitativa”
necessária à condenação honorária disciplinada pelo art. 85, § 8 o. CPC/2015, a ser
conjugada com os incisos I, II e III do seu § 2 o., os precedentes jurisprudenciais desse
Egrégio Tribunal Cearense no que se refere à fixação de honorários advocatícios em face
da Fazenda Pública quando decidindo causas semelhantes que contemplavam em seus
objetos prestações de saúde pública. Observe esse douto Desembargador Relator que
o julgado abaixo transcrito estabeleceu uma obrigação honorária cujo patamar
máximo não ultrapassou a cifra de R$ 2.000,00 (dois mil reais).Leia:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO


CÍVEL. PLEITO DE REDUÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. CONDENAÇÃO EM DESFAVOR DA FAZENDA
PÚBLICA. APLICABILIDADE DO ART. 20, § 4º DO CPC. JUÍZO DE
EQUIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS EM
VALOR FIXO TERMO INICIAL PARA A CORREÇÃO MONETÁRIA A
PARTIR DA FIXAÇÃO. AGRAVO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. Nas causas em que for vencida a Fazenda Pública, os honorários
advocatícios devem ser fixados de forma equitativa, nos termos
prescritos pelo art. 20, § 4º do CPC/73, observando o grau de zelo do
profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço.
2. Levando-se em consideração os critérios delineados pela
legislação aplicável à matéria, as peculiaridades do caso em
concreto e ainda em consonância com a jurisprudência desta
Corte, deve ser mantida a condenação em honorários
advocatícios no valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).
3. Cabe observar que, quando os honorários advocatícios são
arbitrados em quantia certa, como in casu, a correção monetária
deve incidir a partir da data da fixação da referida verba, sob pena de
o transcurso do tempo corroer sua expressão econômica.
Precedentes judiciais. 4. Agravo regimental conhecido e parcialmente
provido. ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os presentes
autos, acordam os membros da 2ª Câmara Cível, por unanimidade,
em conhecer do Agravo Regimental para dar-lhe parcial provimento,
nos termos do voto do Desembargador Relator. Fortaleza, 05 de
outubro de 2016. (Relator(a): LUIZ EVALDO GONÇALVES LEITE;
Comarca: Fortaleza; Órgão julgador: 2ª Câmara Cível; Data do
julgamento: 05/10/2016; Data de registro: 05/10/2016; Outros
números: 25146912006806000150000)

Nesses termos, impõe-se a reforma de parte da sentença combatida,


pugnando o Estado do Ceará, a esse douto Desembargador Relator, a minoração
da condenação em honorários, para os fins de sintonizá-la com a legislação
processual, a razoabilidade e a escorreita aplicação do critério de apreciação
equitativa positivado na norma do art. 85, §8º do CPC/2015 (Lei Nacional nº
13.105/2015), reminiscente ainda o fato de que o objeto da presente não possui
nenhuma complexidade e que a ordem judicial de fornecimento da medicação
pleiteada já foi devidamente cumprida pelo Ente Público Estadual.
Diante do exposto, imprescindível se faz, além da reforma da sentença para ver a
correta aplicação do §8. do art. 85 do CPC/2015, a fixação por apreciação equitativa da
nova condenação a ser atribuída, o que, no caso, conjugando-se com as balizas dos
incisos I, II e III do seu § 2 o., e ainda conciliando-se com as inúmeras decisões
precedentes proferidas em casos semelhantes (prestação de saúde pública), tem-se que
a mesma não poderá ser arbitrada por esse Egrégio Tribunal de Justiça em valor superior
a R$ 1.000,00 (um mil reais), montante este que se coaduna com os julgados do
Judiciário Alencarino.

DOS REQUERIMENTOS

Destarte, requesta o Estado do Ceará que esse Eminente


Desembargador Relator, e esses Exmos. Desembargadores de Justiça integrantes
dessa Colenda Câmara Cível, conheçam desta apelação para os fins de dar-lhe
integral provimento, REFORMANDO PARCIALMENTE A SENTENÇA PARA QUE
SEJAM OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS FIXADOS POR
APRECIAÇÃO EQUITATIVA DESSES DOUTOS MAGISTRADOS, NOS TERMOS DO
ART. 85, §8º C/C INCISOS I, II E III DO § 2 O DO CPC/2015, CONSIDERANDO QUE O
OBJETO DESTA AÇÃO PERSEGUE UM DEVER FUNDAMENTAL DO ESTADO
CONSISTENTE EM UMA PRESTAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA PERSONALÍSSIMA QUE
NÃO RESULTA EM NENHUM PROVEITO ECONÔMICO PARA O AUTOR TUTELADO.

Roga ainda aos Exmos. Srs. Desembargadores da Colenda Câmara


Cível sejam fundamentadas, para fins de prequestionamento, dada a notória e
inafastável repercussão geral da matéria aqui defendida, ainda não tratada no
Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça - respectivamente, as
matérias constitucional e infraconstitucional enfrentadas para a decisão recursal,
notadamente o art. 196 da CR/88 e o art. 85, §8 o. do CPC/2015, uma vez que
necessárias para ulterior pleito de seleção dos apelos excepcionais como
representativos de controvérsia de que trata o art. 1.030, IV, V, “a” e “b”, c/c art.
1.036, § 6o. do CPC/2015.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Fortaleza, 17 de agosto de 2018.

xxxxxxxxxxx
Procurador do Estado do xxxxxxxxxxx – OAB/CE xxxxxxxx

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