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ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) DELEGADO(A) DE POLÍCIA DO ___º DISTRITO POLICIAL DA

COMARCA DE FORTALEZA/CE

XXXXXXXXXXX, vem muito respeitosamente perante V. Excelência, por intermédio de seu


advogado infra-assinado, propor

ABERTURA DE INQUÉRITO POLICIAL

nos termos do art. 550 do Código de Processo Civil, em face XXXXXXXXXXXX.

I) A autora é filha do XXXX, que faleceu no dia XXXXXXXX, conforme certidão de


óbito em anexo, não deixando testamento, porém existem bens a inventariar.

II) Em função disto solicitou a abertura de inventário, autuado sob o número


XXXXXXXXXXX e o qual fora investida como inventariante, conforme documentos em anexo.

III) O extinto possuía uma quantidade volumosa de imóveis, a sua grande maioria
alugados a terceiros. Após o seu falecimento ficariam encarregados da gestão dos bens
todos os filhos do, de cujus. Ocorre que as requeridas por residirem mais próximo aos
imóveis ocultaram informações sobre a quantidade de contratos de aluguéis firmados, bem
como não repassaram informações acerca dos valores recebidos a título de aluguel.
IV) A promovente tentou por diversas vezes resolver a lide de forma extrajudicial,
solicitando a apresentação dos documentos contratuais de forma mansa e pacífica, todavia,
não obteve o resultado esperado, posto que as demandadas sempre protelaram a entrega
de tais documentos, sem apresentar nenhuma justificativa plausível. Em razão disto, a
autora ajuizou Ação de Exibição de Documentos, autuado sob o nº XXXXXXXX.

V) Da análise dos instrumentos contratuais surgiu situação mais grave ainda do


que se podia esperar, as promovidas firmaram os contratos de locação dos imóveis do
falecido como se proprietárias fossem e não resguardando o direito dos demais herdeiros.
Ademais, ocultam os valores recebidos a título de aluguéis desde o falecimento do de cujus,
o que configura, em tese, crime de apropriação indébita (Art. 168, CP) e de sonegação fiscal
(Art. 1º, Lei nº 4.729/1965).

VI) O nosso estatuto repressivo, em seu art. 168, nos descreve:


Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

VII) Ademais em função dos valores apropriados ilegalmente corresponderem a


quantias onde ocorre a incidência de Imposto de Transmissão por Doação e Causa Mortis
(ITCMD), de competência da Fazenda Pública Estadual, a conduta das denunciadas configura,
em tese, crime de sonegação fiscal, conforme Art. 1º da Lei nº 4.729/1965:

Art. 1º Constitui crime de sonegação fiscal:


I - prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva
ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a
intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e
quaisquer adicionais devidos por lei;
II - inserir elementos inexatos ou omitir, rendimentos ou operações de qualquer
natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção de
exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública;
III - alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o
propósito de fraudar a Fazenda Pública;
IV - fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as,
com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem
prejuízo das sanções administrativas cabíveis.
V - Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga,
qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida do imposto sobre a
renda como incentivo fiscal.
Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vezes o valor do
tributo.
§ 1º Quando se tratar de criminoso primário, a pena será reduzida à multa de 10
(dez) vezes o valor do tributo.
§ 2º Se o agente cometer o crime prevalecendo-se do cargo público que exerce, a
pena será aumentada da sexta parte.
§ 3º O funcionário público com atribuições de verificação, lançamento ou
fiscalização de tributos, que concorrer para a prática do crime de sonegação fiscal,
será punido com a pena deste artigo aumentada da terça parte, com a abertura
obrigatória do competente processo administrativo.

Isto posto, Ilustríssimo Delegado, as requeridas estão, em tese, em incurso nas sanções dos
tipos penais supracitados.
Ocorre ainda que, as denunciadas estão praticando, em tese, os crimes supracitados por
meio de concurso de pessoas, conforme Art. 29, do CP:

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.

Diante da revoltante situação de perigo a que foi e continua sendo exposta a requerente,
insurge-se esta veementemente à autoridade policial, para que sejam apuradas as
responsabilidades sobre o delito ocorrido, requerendo para tanto:
a. a instauração de Inquérito Policial e indiciamento das Requeridas;

b. a oitiva das testemunhas infra arroladas;

c. o interrogatório das requeridas;

Enfim, requer todas as providências necessárias para a apuração da infração e de sua


autoria.
Termos em que pede deferimento.

Fortaleza/CE, data da assinatura digital.

XXXXXXXXXXX
Advogado
OAB/CE XXXXXXXX

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