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CURSO DE PENAL E PROCESSO PENAL EM

JURISPRUDÊNCIA E ATUALIDADES
Professor Pedro Coelho

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1. IMPORTANTE DECISÃO DO STJ SOBRE REQUISIÇÃO DIRETA DE DADOS PELO MP À RFB!
ATENÇÃO!

“1. É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF (COAF) e da íntegra do
procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do tributo, com os órgãos
de persecução penal para fins criminais, SEM A OBRIGATORIEDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e
sujeitos a posterior controle jurisdicional. 2. O compartilhamento pela UIF (COAF) e pela RFB, referente ao item
anterior, deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo, certificação do
destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios” (STF,
Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 - repercussão geral – Tema 990).

ATENÇÃO: Importante consideração da 3ª Seção do STJ (2022) sobre a deliberação do STF!


Da leitura desatenta da ementa do julgado, poder-se-ia chegar à conclusão de que o entendimento consolidado
autorizaria a requisição direta de dados pelo Ministério Público à Receita Federal, para fins criminais. No entanto, a
análise acurada do acórdão demonstra que tal conclusão não foi compreendida no julgado, que trata da
Representação Fiscal para fins penais, instituto legal que autoriza o compartilhamento, de ofício, pela Receita
Federal, de dados relacionados a supostos ilícitos tributários ou previdenciários após devido procedimento
administrativo fiscal. Assim, a requisição ou o requerimento, de forma direta, pelo órgão da acusação à Receita Federal, com o
fim de coletar indícios para subsidiar investigação ou instrução criminal, além de não ter sido satisfatoriamente enfrentada no
julgamento do Recurso Extraordinário n. 1.055.941/SP, não se encontra abarcada pela tese firmada no âmbito da repercussão
geral em questão. Ainda, as poucas referências que o acórdão faz ao acesso direto pelo Ministério Público aos dados,
sem intervenção judicial, é no sentido de sua ilegalidade. Em um estado de direito não é possível se admitir que
órgãos de investigação, em procedimentos informais e não urgentes, solicitem informações detalhadas sobre
indivíduos ou empresas, informações essas constitucionalmente protegidas, SALVO AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
(RHC 82.233-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por maioria, julgado em 09/02/2022).
2. Escusas Absolutórias e Alteração de Ação Penal X Lei Maria da Penha.

Art. 181 - É ISENTO DE PENA quem comete Art. 182 - Somente se procede mediante
qualquer dos crimes previstos neste título, em representação, se o crime previsto neste título é
prejuízo: cometido em prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; I - do cônjuge desquitado ou judicialmente

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco separado;

legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.


ATENÇÃO AO ART. 183 DO CPB:
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave
ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é
praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela
Lei nº 10.741, de 2003)

- E nos crimes patrimoniais praticados no contexto de violência doméstica e familiar


contra a mulher sem emprego de violência ou grave ameaça?

(i) 1ª Corrente (Maria Berenice Dias).

(ii) 2ª Corrente (Majoritária).


(...) O advento da Lei 11.340/2006 não é capaz de alterar tal entendimento, pois embora tenha
previsto a violência patrimonial como uma das que pode ser cometida no âmbito doméstico e
familiar contra a mulher, não revogou quer expressa, quer tacitamente, o artigo 181 do Código
Penal. 4. A se admitir que a Lei Maria da Penha derrogou a referida imunidade, se estaria diante de
flagrante hipótese de violação ao princípio da isonomia, já que os crimes patrimoniais praticados pelo
marido contra a mulher no âmbito doméstico e familiar poderiam ser processados e julgados, ao passo
que a mulher que venha cometer o mesmo tipo de delito contra o marido estaria isenta de pena. 5. Não
há falar em ineficácia ou inutilidade da Lei 11.340/2006 ante a persistência da imunidade prevista no
artigo 181, inciso I, do Código Penal quando se tratar de violência praticada contra a mulher no âmbito
doméstico e familiar, uma vez que na própria legislação vigente existe a previsão de medidas cautelares
específicas para a proteção do patrimônio da ofendida. (...) (RHC 42.918/RS, Rel. Ministro JORGE
MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 14/08/2014).
3. Extorsão através de “mal espiritual”???

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e
multa.

Obs.: Ameaça de causar prejuízo econômico é apto para causar extorsão?

(...) 2. É certo que a ameaça há de ser grave, isto é, hábil para intimidar a vítima; todavia, não é possível extrair do tipo nenhuma
limitação quanto aos bens jurídicos a que tal meio coativo pode se dirigir. Doutrina. 3. Conforme se afirma na Exposição de
Motivos do Código Penal, a extorsão é definida numa fórmula unitária, suficientemente ampla para abranger todos os casos
possíveis na prática. 4. Configura o crime de extorsão a exigência de pagamento em troca da entrega de motocicleta
furtada, sob a ameaça de destruição do bem. Precedente. 5. No caso, impõe-se o retorno dos autos ao Tribunal de origem, a
fim de que aprecie a tese defensiva formulada na apelação, que ficou prejudicada em razão do reconhecimento da atipicidade da
conduta, ora afastada. (REsp 1207155/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
07/11/2013, DJe 26/11/2013).
E no caso de mal espiritual? Entenda o caso e o que decidiu o STJ!

(...) 3. A alegação de ineficácia absoluta da grave ameaça de mal espiritual não pode
ser acolhida, haja vista que, a teor do enquadramento fático do acórdão, a vítima,
em razão de sua livre crença religiosa, acreditou que a recorrente poderia
concretizar as intimidações de "acabar com sua vida", com seu carro e de provocar
graves danos aos seus filhos; coagida, realizou o pagamento de indevida vantagem
econômica. Tese de violação do art. 158 do CP afastada. (...) (REsp 1299021/SP,
Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
14/02/2017, DJe 23/02/2017).
4. (IM)Possibilidade de indeferimento de remessa dos autos à instância superior Ministerial em caso de
recusa de ANPP.

Introdução: O QUE É ANPP?

O acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do Código de Processo Penal, consiste em
um NEGÓCIO JURÍDICO PRÉ-PROCESSUAL entre o Ministério Público (ou DELEGADO DE POLÍCIA)
e o investigado, juntamente com seu defensor, como alternativa à propositura de ação penal para certos tipos de
crimes, principalmente no momento presente, em que se faz necessária a otimização dos recursos públicos. Diante
de uma investigação e convencido da materialidade e autoria indiciária, o MP deve analisar a presença dos
REQUISITOS legais: (i) confissão formal e circunstancial; (ii) infração penal sem violência ou grave ameaça e com
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos; e (iii) que a medida seja necessária e suficiente para reprovação e prevenção
do crime (HC 612.449/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 22/09/2020, DJe 28/09/2020).
OBS.: “Não é possível a aplicação do acordo de não persecução penal (ANPP), previsto no art. 28-A
do CPP, na hipótese de inexistência de confissão formal e circunstanciada da prática do crime,
conforme a jurisprudência do STJ” (AgRg no REsp 1945881/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 17/09/2021).

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente: (...) § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em
propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a
órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
(...) Embora seja assegurado o pedido de revisão por parte da defesa do investigado da
recusa do MP em oferecer o ANPP, impende frisar que o Juízo de 1º grau analisará as
razões invocadas, considerando a legislação em vigor atualmente (art. 28, caput, do CPP), e
poderá́, fundamentadamente, negar o envio dos autos à instância revisora, em caso de
manifesta inadmissibilidade do ANPP, por não estarem presentes, por exemplo, seus
requisitos objetivos, pois o simples requerimento do acusado não impõe a remessa
automática do processo (STJ, AgRg no REsp 1.948.350, Rel. Min. Jesuíno Rissato
(desembargados convocado), 5ª Turma, decidida em 09.11.2021).
Obs.: Objeto do controle da remessa ao órgão superior do MP! ATENÇÃO!

“O controle do Poder Judiciário quanto à remessa dos autos ao órgão superior do Ministério Público
deve se limitar a questões relacionadas aos requisitos objetivos, NÃO SENDO LEGÍTIMO O
EXAME DO MÉRITO A FIM DE IMPEDIR A REMESSA DOS AUTOS AO ÓRGÃO SUPERIOR
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Nesse sentido, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu
recentemente que não se tratando de hipótese de manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode
requerer o reexame de sua negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do Código de Processo Penal (CPP),
não sendo legítimo, em regra, que o Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a fim
de impedir a remessa ao órgão superior no MP. (HC n. 194.677/SP, julgado em 11 de maio de 2021.
Informativo n. 1017)” (HC 668.520/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 10/08/2021, DJe 16/08/2021).
5. IMPORTANTE DECISÃO DA 2ª TURMA DO STF: ANPP indeferido por demora no exame deve ser
reanalisado (HC 199.180)!

(i) Pedido de designação de proposta do ANPP ANTES do trânsito em julgado.

(ii) Câmara de Coordenação e Revisão do MPF autorizou o ANPP, desde que não tivesse havido o trânsito.

(iii) O que decidiu o STF?

“A demora no transcorrer procedimental foi inerente ao próprio desenrolar do mecanismo de revisão decorrente
dos atos estatais” (Gilmar Mendes, Relator). Se o procurador tivesse oferecido o acordo quando solicitado pela
defesa, não haveria ocorrido o trânsito em julgado da condenação. “O trânsito em julgado não pode obstar a
efetividade do direito do réu reconhecida pelo órgão revisional ministerial”. A Turma foi unânime em anular o
trânsito em julgado da condenação, suspender eventual execução da pena e determinar o retorno dos autos ao
Ministério Público para consideração do entendimento firmado pela Câmara de Coordenação e Revisão e a análise
dos demais requisitos exigidos para a celebração do acordo.
6. Para a análise do cabimento de ANPP, há necessidade de apreciação da incidência de
concurso de crimes? E as causas de aumento e diminuição da pena?

“O paciente não preenche o requisito objetivo para aplicação do benefício legal, uma vez que a pena
mínima cominada aos crimes imputados EM CONCURSO MATERIAL NÃO É INFERIOR A
4 ANOS. De fato, a pena mínima na hipótese totaliza 4 anos, motivo pelo qual não há se falar em
preenchimento dos requisitos legais” (AgRg no RHC 152.756/SP, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 20/09/2021).

Conforme exposto no acórdão atacado, o paciente não tem direito ao benefício, haja vista que as penas
mínimas dos crimes que lhe são imputados, somadas (concurso material – art. 69 do CP),
totalizam exatamente 4 anos de reclusão, quantum este superior ao limite previsto no art. 28-A
do CPP, que estabelece a ‘pena mínima inferior a 4 (quatro) anos’” (HC 201610 AgR, Relator(a):
RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 21/06/2021).
E em relação às majorantes e minorantes?

Art. 28-A, § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput
deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto.

(...) Isso porque, para tornar viável o acordo de não persecução penal seria necessário,
primeiramente, que A PENA MÍNIMA COMINADA EM
ABSTRATO, CONSIDERANDO EVENTUAIS CAUSAS DE AUMENTO OU DE
DIMINUIÇÃO DA PENA, NÃO ULTRAPASSASSE 04 (QUATRO) ANOS, do contrário,
o caput do artigo 28-A do Código de Processo Penal torna inaplicável a medida” (AgRg no
RHC 152.756/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 20/09/2021).
7. Dois temas importantes sobre CADEIA DE CUSTÓDIA.

7.1. Qual é a consequência decorrente da quebra da cadeia de custódia


(break in the chain of custody)?

As irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo


magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a
prova é confiável (STJ, 6ª Turma, HC 653.515/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel.
Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021.
7.2. Superveniência de sentença condenatória gera perda de objeto de HC em que se discute quebra da cadeia de
custódia?

(...) 1. A superveniência de sentença condenatória não tem o condão de prejudicar a análise da tese defensiva de que teria havido
quebra da cadeia de custódia da prova, em razão de a substância entorpecente haver sido entregue para perícia sem o necessário
lacre. Isso porque, ao contrário do que ocorre com a prisão preventiva, por exemplo - que tem natureza rebus sic standibus, isto é,
que se caracteriza pelo dinamismo existente na situação de fato que justifica a medida constritiva, a qual deve submeter-se
sempre a constante avaliação do magistrado -, o caso dos autos traz hipótese em que houve uma desconformidade entre o
procedimento usado na coleta e no acondicionamento de determinadas substâncias supostamente apreendidas com o paciente e
o modelo previsto no Código de Processo Penal, fenômeno processual, esse, produzido ainda na fase inquisitorial, que se tornou
estático e não modificável e, mais do que isso, que subsidiou a própria comprovação da materialidade e da autoria delitivas. (...)
(HC 653.515/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 23/11/2021, DJe
01/02/2022).
8. ISENÇÃO DO SERVIÇO DO JÚRI – Afinal, o que isso significa?

Art. 437. Estão isentos do serviço do júri: I – o Presidente da República e os Ministros


de Estado; II – os Governadores e seus respectivos Secretários; III – os membros do
Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;
IV – os Prefeitos Municipais; V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da
Defensoria Pública; VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da
Defensoria Pública; VII – AS AUTORIDADES E OS SERVIDORES DA POLÍCIA
E DA SEGURANÇA PÚBLICA; VIII – os militares em serviço ativo; IX – os
cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa; X – aqueles que o
requererem, demonstrando justo impedimento.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. FALTA DE CABIMENTO.
HOMICÍDIO QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. PLEITO DE NULIDADE POR VIOLAÇÃO
AO ALISTAMENTO DE JURADOS E À COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI.
PARTICIPAÇÃO DE DOIS JURADOS ISENTOS. NULIDADE. PREJUÍZO. PRETENSÃO DE
NULIDADE POR VIOLAÇÃO AO QUESTIONÁRIO QUANTO À INCLUSÃO DA
QUALIFICADORA. CERCEAMENTO DE DEFESA. VIOLAÇÃO À AMPLA DEFESA. (...) 2. Presente
nulidade em júri onde o corpo de jurado foi integrado por dois servidores da polícia civil, isentos do serviço do
júri nos termos do art. 437. 3. Prejuízo evidente tendo em vista que o paciente foi considerado culpado
por 4 votos a 3. (...). (HC 236.475/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 23/08/2016, DJe 08/09/2016).

DE ACORDO COM O VOTO DO RELATOR, “Ao meu ver, a intenção do legislador, em que
pese o uso da palavra isento é a de proibir que participem do corpo de jurados as pessoas ali
indicadas”.
- Vejamos a doutrina sobre o tema:

“(...) Parece-nos que a premissa para o reconhecimento da isenção é procurar


valorizar sobremaneira a presença de jurados leigos no Tribunal Popular, mas
principalmente preservar a isenção dos julgadores. É que os servidores do Poder
Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública podem ter contato
(quando não acesso, dependendo do tipo de suas funções) aos autos do processo
criminal que venha a ser por eles julgado (PACELLI, Eugênio. Comentários ao
Código de Processo Penal e sua Jurisprudência, 13th Edition. Atlas,
02/2021).
9. É possível a utilização de habeas corpus contra decreto estadual que
prevê exigência de passaporte vacinal?

O habeas corpus não é a via própria para o controle abstrato da validade de leis e
atos normativos em geral, como ocorre no caso em exame, em que a impetração se
volta contra decreto do Governador do Estado do RS, o qual contém adoção de
medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação contra a Covid-19
(STJ, RCD no HC 700.487, Rel. Min. Francisco Falcão, 2ª Turma, decidido
em 22.02.2022).
10. Duvidosa constitucionalidade em decisão do Plenário do STF!
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público
tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

A retratação manifestada pelo Ministério Público Federal em momento posterior à


apresentação da denúncia não vincula o órgão judicial constitucionalmente
competente para o exame da pretensão punitiva (STF, AgRg no Inq 4.631, Rel.
Min. Edson Fachin, Plenário, decidida em 14.02.2022).

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