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JURISPRUDÊNCIA E ATUALIDADES
Professor Pedro Coelho
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1. IMPORTANTE DECISÃO DO STJ SOBRE REQUISIÇÃO DIRETA DE DADOS PELO MP À RFB!
ATENÇÃO!
“1. É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF (COAF) e da íntegra do
procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do tributo, com os órgãos
de persecução penal para fins criminais, SEM A OBRIGATORIEDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e
sujeitos a posterior controle jurisdicional. 2. O compartilhamento pela UIF (COAF) e pela RFB, referente ao item
anterior, deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo, certificação do
destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios” (STF,
Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 - repercussão geral – Tema 990).
Art. 181 - É ISENTO DE PENA quem comete Art. 182 - Somente se procede mediante
qualquer dos crimes previstos neste título, em representação, se o crime previsto neste título é
prejuízo: cometido em prejuízo:
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e
multa.
(...) 2. É certo que a ameaça há de ser grave, isto é, hábil para intimidar a vítima; todavia, não é possível extrair do tipo nenhuma
limitação quanto aos bens jurídicos a que tal meio coativo pode se dirigir. Doutrina. 3. Conforme se afirma na Exposição de
Motivos do Código Penal, a extorsão é definida numa fórmula unitária, suficientemente ampla para abranger todos os casos
possíveis na prática. 4. Configura o crime de extorsão a exigência de pagamento em troca da entrega de motocicleta
furtada, sob a ameaça de destruição do bem. Precedente. 5. No caso, impõe-se o retorno dos autos ao Tribunal de origem, a
fim de que aprecie a tese defensiva formulada na apelação, que ficou prejudicada em razão do reconhecimento da atipicidade da
conduta, ora afastada. (REsp 1207155/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
07/11/2013, DJe 26/11/2013).
E no caso de mal espiritual? Entenda o caso e o que decidiu o STJ!
(...) 3. A alegação de ineficácia absoluta da grave ameaça de mal espiritual não pode
ser acolhida, haja vista que, a teor do enquadramento fático do acórdão, a vítima,
em razão de sua livre crença religiosa, acreditou que a recorrente poderia
concretizar as intimidações de "acabar com sua vida", com seu carro e de provocar
graves danos aos seus filhos; coagida, realizou o pagamento de indevida vantagem
econômica. Tese de violação do art. 158 do CP afastada. (...) (REsp 1299021/SP,
Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
14/02/2017, DJe 23/02/2017).
4. (IM)Possibilidade de indeferimento de remessa dos autos à instância superior Ministerial em caso de
recusa de ANPP.
O acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do Código de Processo Penal, consiste em
um NEGÓCIO JURÍDICO PRÉ-PROCESSUAL entre o Ministério Público (ou DELEGADO DE POLÍCIA)
e o investigado, juntamente com seu defensor, como alternativa à propositura de ação penal para certos tipos de
crimes, principalmente no momento presente, em que se faz necessária a otimização dos recursos públicos. Diante
de uma investigação e convencido da materialidade e autoria indiciária, o MP deve analisar a presença dos
REQUISITOS legais: (i) confissão formal e circunstancial; (ii) infração penal sem violência ou grave ameaça e com
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos; e (iii) que a medida seja necessária e suficiente para reprovação e prevenção
do crime (HC 612.449/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 22/09/2020, DJe 28/09/2020).
OBS.: “Não é possível a aplicação do acordo de não persecução penal (ANPP), previsto no art. 28-A
do CPP, na hipótese de inexistência de confissão formal e circunstanciada da prática do crime,
conforme a jurisprudência do STJ” (AgRg no REsp 1945881/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 17/09/2021).
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente: (...) § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em
propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a
órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
(...) Embora seja assegurado o pedido de revisão por parte da defesa do investigado da
recusa do MP em oferecer o ANPP, impende frisar que o Juízo de 1º grau analisará as
razões invocadas, considerando a legislação em vigor atualmente (art. 28, caput, do CPP), e
poderá́, fundamentadamente, negar o envio dos autos à instância revisora, em caso de
manifesta inadmissibilidade do ANPP, por não estarem presentes, por exemplo, seus
requisitos objetivos, pois o simples requerimento do acusado não impõe a remessa
automática do processo (STJ, AgRg no REsp 1.948.350, Rel. Min. Jesuíno Rissato
(desembargados convocado), 5ª Turma, decidida em 09.11.2021).
Obs.: Objeto do controle da remessa ao órgão superior do MP! ATENÇÃO!
“O controle do Poder Judiciário quanto à remessa dos autos ao órgão superior do Ministério Público
deve se limitar a questões relacionadas aos requisitos objetivos, NÃO SENDO LEGÍTIMO O
EXAME DO MÉRITO A FIM DE IMPEDIR A REMESSA DOS AUTOS AO ÓRGÃO SUPERIOR
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Nesse sentido, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu
recentemente que não se tratando de hipótese de manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode
requerer o reexame de sua negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do Código de Processo Penal (CPP),
não sendo legítimo, em regra, que o Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a fim
de impedir a remessa ao órgão superior no MP. (HC n. 194.677/SP, julgado em 11 de maio de 2021.
Informativo n. 1017)” (HC 668.520/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 10/08/2021, DJe 16/08/2021).
5. IMPORTANTE DECISÃO DA 2ª TURMA DO STF: ANPP indeferido por demora no exame deve ser
reanalisado (HC 199.180)!
(ii) Câmara de Coordenação e Revisão do MPF autorizou o ANPP, desde que não tivesse havido o trânsito.
“A demora no transcorrer procedimental foi inerente ao próprio desenrolar do mecanismo de revisão decorrente
dos atos estatais” (Gilmar Mendes, Relator). Se o procurador tivesse oferecido o acordo quando solicitado pela
defesa, não haveria ocorrido o trânsito em julgado da condenação. “O trânsito em julgado não pode obstar a
efetividade do direito do réu reconhecida pelo órgão revisional ministerial”. A Turma foi unânime em anular o
trânsito em julgado da condenação, suspender eventual execução da pena e determinar o retorno dos autos ao
Ministério Público para consideração do entendimento firmado pela Câmara de Coordenação e Revisão e a análise
dos demais requisitos exigidos para a celebração do acordo.
6. Para a análise do cabimento de ANPP, há necessidade de apreciação da incidência de
concurso de crimes? E as causas de aumento e diminuição da pena?
“O paciente não preenche o requisito objetivo para aplicação do benefício legal, uma vez que a pena
mínima cominada aos crimes imputados EM CONCURSO MATERIAL NÃO É INFERIOR A
4 ANOS. De fato, a pena mínima na hipótese totaliza 4 anos, motivo pelo qual não há se falar em
preenchimento dos requisitos legais” (AgRg no RHC 152.756/SP, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 20/09/2021).
Conforme exposto no acórdão atacado, o paciente não tem direito ao benefício, haja vista que as penas
mínimas dos crimes que lhe são imputados, somadas (concurso material – art. 69 do CP),
totalizam exatamente 4 anos de reclusão, quantum este superior ao limite previsto no art. 28-A
do CPP, que estabelece a ‘pena mínima inferior a 4 (quatro) anos’” (HC 201610 AgR, Relator(a):
RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 21/06/2021).
E em relação às majorantes e minorantes?
Art. 28-A, § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput
deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto.
(...) Isso porque, para tornar viável o acordo de não persecução penal seria necessário,
primeiramente, que A PENA MÍNIMA COMINADA EM
ABSTRATO, CONSIDERANDO EVENTUAIS CAUSAS DE AUMENTO OU DE
DIMINUIÇÃO DA PENA, NÃO ULTRAPASSASSE 04 (QUATRO) ANOS, do contrário,
o caput do artigo 28-A do Código de Processo Penal torna inaplicável a medida” (AgRg no
RHC 152.756/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 20/09/2021).
7. Dois temas importantes sobre CADEIA DE CUSTÓDIA.
(...) 1. A superveniência de sentença condenatória não tem o condão de prejudicar a análise da tese defensiva de que teria havido
quebra da cadeia de custódia da prova, em razão de a substância entorpecente haver sido entregue para perícia sem o necessário
lacre. Isso porque, ao contrário do que ocorre com a prisão preventiva, por exemplo - que tem natureza rebus sic standibus, isto é,
que se caracteriza pelo dinamismo existente na situação de fato que justifica a medida constritiva, a qual deve submeter-se
sempre a constante avaliação do magistrado -, o caso dos autos traz hipótese em que houve uma desconformidade entre o
procedimento usado na coleta e no acondicionamento de determinadas substâncias supostamente apreendidas com o paciente e
o modelo previsto no Código de Processo Penal, fenômeno processual, esse, produzido ainda na fase inquisitorial, que se tornou
estático e não modificável e, mais do que isso, que subsidiou a própria comprovação da materialidade e da autoria delitivas. (...)
(HC 653.515/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 23/11/2021, DJe
01/02/2022).
8. ISENÇÃO DO SERVIÇO DO JÚRI – Afinal, o que isso significa?
DE ACORDO COM O VOTO DO RELATOR, “Ao meu ver, a intenção do legislador, em que
pese o uso da palavra isento é a de proibir que participem do corpo de jurados as pessoas ali
indicadas”.
- Vejamos a doutrina sobre o tema:
O habeas corpus não é a via própria para o controle abstrato da validade de leis e
atos normativos em geral, como ocorre no caso em exame, em que a impetração se
volta contra decreto do Governador do Estado do RS, o qual contém adoção de
medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação contra a Covid-19
(STJ, RCD no HC 700.487, Rel. Min. Francisco Falcão, 2ª Turma, decidido
em 22.02.2022).
10. Duvidosa constitucionalidade em decisão do Plenário do STF!
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público
tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.