Você está na página 1de 89

DICA 1

INQUÉRITO POLICIAL
Formas de instauração do inquérito policial

Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:


I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de Polícia.
Delação por terceiro
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

Interferência da espécie da ação penal já no momento do inquérito policial


§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Prisão em flagrante
Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX
deste Livro.
Denúncia Anônima

As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal
ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação,
como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de
informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder
Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1)
Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo
confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se
inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de
prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra
os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser
requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Desarquivamento do inquérito policial:
Art. 18 do CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
provas tiver notícia.

SÚMULA Nº 524
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem
novas provas.
Fonte: Dizer o Direito
Transação Penal Acordo de Não Persecução Penal Suspensão Condicional do
Processo
Requisitos: art. 76 da Lei n. Requisitos: art. 28-A do CPP Requisitos: art. 89 da Lei n.
9.099/95 9099/95
Pré-processual Pré-processual Processual
Aplicável apenas nas infrações de Aplicável nos crimes cuja pena Aplicável nos crimes cuja pena
menor potencial ofensivo MÍNIMA em abstrato seja MÍNIMA em abstrato seja IGUAL
Contravenções penais e crimes INFERIOR a 4 anos OU INFERIOR a 1 ano
cuja pena máxima em abstrato
não seja superior a 2 anos
- Único que exige confissão -
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
(...)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o
caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição
aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo NÃO SE APLICA nas seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração,
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo;
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do
Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor,
e sua legalidade.
(...)
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu
descumprimento.
(...)
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
denúncia.
(...)
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a
extinção de punibilidade.
MP Juiz
Art. 28-A Art. 581. caberá recurso em
§ 14. No caso de recusa, por sentido estrito (RESE)
parte do Ministério Público, em XXV - que recusar homologação
propor o acordo de não persecução à proposta de acordo de não
penal, o investigado poderá persecução penal, previsto no art.
requerer a remessa dos autos a 28-A desta Lei.
órgão superior, na forma do art. 28
deste Código.
Ação penal pública
Titularidade: MP (art. 129, CF)
Peça: denúncia
Espécies:
Ação penal pública incondicionada (regra)
Ação penal pública condicionada:
representação da vítima
requisição do ministro da justiça
Ação penal de iniciativa privada
Queixa-crime
Ofendido ou seu representante legal (capacidade postulatória)
Poder-dever de punir continua do Estado (jurisdição
necessária)
➢ Ação penal privada exclusiva/propriamente dita
➢ Ação penal privada personalíssima
➢ Ação penal privada subsidiária da pública (ação penal
acidentalmente privada ou ção penal supletiva)
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo,
no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal.
➢ Conceito – Art. 105, CP
➢ Natureza jurídica – Art. 107, V, CP
➢ Princípio da disponibilidade – após o início da ação penal até
o trânsito em julgado - Art. 106, §2º, CP
➢ Bilateral – Art. 106, CP E 51 E 58, CPP
➢ Princípio da indivisibilidade – se estende a todos, mas para
produzir efeitos depende de aceitação
➢ Processual ou extraprocessual – Art. 106, CP E 56, CPP
➢ Expresso ou tácito – Art. 106, CP
RENÚNCIA PERDÃO
Decorre do princípio da oportunidade/conveniênciaDecorre do princípio da disponibilidade
É ato unilateral (não depende de aceitação doÉ ato bilateral (depende de aceitação do querelado)
querelado)
Concedida antes do início do processo Concedido após o início do processo até o trânsito em
julgado

Por força do princípio da indivisibilidade, aPor força do princípio da indivisibilidade, o perdão em


renúncia em relação a um querelado se estende aosrelação a um querelado se estende aos demais. Somente
demais. produz efeitos se houver aceitação.
DICA 4
COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA
Lugar da infração
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar
em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter
sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção.
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será
definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela
prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Comentários ao § 4º:
O estelionato, previsto no art. 171, do CP, é um crime por meio do qual o agente, utilizando um meio
fraudulento, engana a vítima, fazendo com que ela entregue espontaneamente uma vantagem, causando prejuízo
à vítima.
Algumas vezes pode acontecer de a vantagem ilícita ocorrer em um local e o prejuízo em outro. Tais situações
poderão gerar algumas dúvidas relacionadas com a competência territorial para processar e julgar esse crime.
A alteração é muito bem-vinda porque anteriormente havia uma imensa insegurança jurídica diante da
existência de regras distintas para situações muito parecidas, além da uma intensa oscilação jurisprudencial.
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP)

João, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), achou um cheque em branco. Ele foi, então, até Juiz de Fora (MG) e
lá comprou inúmeras roupas de marca em uma loja da cidade. As mercadorias foram pagas com o cheque que
ele encontrou, tendo João falsificado a assinatura.

Do juízo da comarca de Juiz de Fora (MG), local da obtenção da vantagem indevida.


Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante falsificação de cheque.

Não se aplica o § 4º do art. 70 do CPP. Se você ler o § 4º verá que ele não trata da hipótese de estelionato
praticado por meio de cheque falso. Logo, esse dispositivo não incide no presente caso.

A regra a ser aplicada, portanto, é a do caput do art. 70:


Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI, do CP)

João, domiciliado em Brasília, foi passar o fim de semana em Goiânia e comprou diversos produtos em uma loja emitindo
um cheque sabendo que em sua conta bancária não havia saldo suficiente para pagamento. Ele achava que não seria
responsabilizado.

A competência para julgamento será do LOCAL DO DOMICÍLIO DA VÍTIMA, ou seja, do juízo de GOIÂNIA!

Isso significa que as Súmulas 244 do STJ e 521 do STF estão SUPERADAS:

Súmula 244/STJ: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem
provisão de FUNDOS.

Súmula 521/STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão
dolosa de cheque sem provisão de FUNDOS, é o do local onde se deu a RECUSA do pagamento pelo sacado.
3) Estelionato mediante depósito ou transferência de valores

Carlos, morador de Goiânia (GO), viu um anúncio na internet que oferecia empréstimo “rápido e fácil”. Ele entrou em
contato com a pessoa, que se identificou como Henrique. Carlos combinou de receber um empréstimo de R$ 70 mil, no
entanto, para isso, ele precisaria depositar uma parcela de R$ 1 mil a título de “custas” para a conta bancária de Henrique,
vinculada a uma agência bancária localizada em São Paulo (SP). Carlos efetuou o depósito e, então, percebeu que se tratava
de uma fraude porque nunca recebeu o dinheiro do suposto empréstimo.

A competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, em nosso exemplo, do juízo de Goiânia
(GO). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:

Art. 70. (...)


§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando praticados mediante depósito (...) ou
mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima (...)
E se houver mais de uma vítima, com domicílios em locais diferentes?

Utilizando novamente o terceiro exemplo acima mencionado. Suponhamos que Henrique aplicou o mesmo “golpe” do
empréstimo não apenas em Carlos, mas também em Luísa (domiciliada em Curitiba/PR), em Ricardo (Rio Branco/AC), em
Vitor (Fortaleza/CE) e em outras inúmeras vítimas.

Art. 70. (...)

§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando
praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com
o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima,
e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso quando entrou em
vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o feito para o juízo
do domicílio da vítima?

NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto no art. 43 do
CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.

Segundo esse princípio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado juízo, nele deve prosseguir até
seu julgamento. Assim, depois que o processo se iniciou perante um juízo, as modificações que ocorrerem serão
consideradas, em regra, irrelevantes para fins de competência.
DICA 5
CITAÇÃO
CITAÇÃO PESSOAL/REAL CITAÇÃO
FICTA/PRESUMIDA
POR MANDADO (art. 351, 352 e 357) HORA CERTA
POR CARTA PRECATÓRIA (art. 353) EDITAL
POR CARTA ROGATÓRIA (art. 368)
NAS LEGAÇOES ESTRANGEIRAS (art. 359)
DO MILITAR (art. 358)
DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO (art. 359)
PRESO (art. 360)
Citação do preso (art. 360 do CPP)
A citação do réu preso deve ser pessoal, esteja onde ele estiver
preso, sendo nula a citação por edital se ele estiver preso na
mesma unidade da federação do juízo processante.

Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.


Citação por hora certa

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o
oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com
hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o
acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
Ocultação:
O oficial de justiça vai tentar citar o réu, mas nunca o localiza no endereço e percebe que
o réu está, na verdade, se ocultando para não ser encontrado, buscando evitar o início
dos atos processuais

Se o oficial de justiça constatar realmente essa situação, a lei autoriza que ele marque
determinado dia e horário para voltar no endereço do réu e, nesta data designada, tentar
novamente citar o indivíduo. Caso ele não esteja mais uma vez presente, a citação
considera-se realizada e presume-se que o réu tomou conhecimento da ação penal que,
nesta modalidade de citação ficta/presumida, irá seguir o seu curso normal.
O CPP não especifica como se dará a citação por hora
certa, fazendo referência ao estabelecido no Código de
Processo Civil (CPC).
Os arts. 227 a 229 do CPC/1973, mencionados acima pelo
art. 362 do CPP, correspondem, atualmente, aos arts. 252 a
254 do CPC/2015.
Citação por hora certa:
O processo segue normalmente. Para tanto, o juiz deverá
encaminhar os autos à Defensoria Pública ou, não havendo órgão
na localidade, nomear defensor dativo (art. 362, parágrafo único,
do CPP) para que faça a defesa do réu, tendo em vista a
imprescindibilidade da defesa técnica no processo penal (art. 261
do CPP).
Citação por edital
O juiz deve esgotar os meios de encontrá-lo, verificando todos os endereços
que constarem dos autos, não somente aquele que foi fornecido no
interrogatório policial, admitindo-se até mesmo consulta a registros de
órgãos públicos. Se, mesmo assim, não for o acusado encontrado, deverá ser
citado por edital com prazo de 15 dias (prazo de dilação), conforme
determina o art. 361 do CPP.
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 365. O edital de citação indicará:


I - o nome do juiz que a determinar;
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e
profissão, se constarem do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela
imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação
provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da
publicação.
Após a citação por edital, se o réu comparecer ou constituir advogado o
processo terá o seu seguimento normalmente.

Art. 363, §4º - Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer


tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste
Código (procedimento comum e especial).

Nesse caso, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do


comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído (art. 396,
parágrafo único).
Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional:

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem


constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
As hipóteses de incidência da suspensão, na forma do art. 366 do CPP,
são três e de maneira cumulativa:
a) deve o acusado ser citado por edital
+
b) não comparecer
+
c) não constituir advogado. Não ocorridas estas hipóteses cumulativas,
não haverá incidência do mencionado dispositivo legal.
Modalidade de citação ficta/presumida e que não
garante que o acusado efetivamente tomou ciência da
acusação. Portanto, o processo não pode continuar,
sob pena de ferir princípios como do contraditório e
da ampla defesa.
Suspensão do processo e da prescrição:
A suspensão perdura pelo prazo máximo em
abstrato da prescrição previsto para a infração
penal (Súmula 415, STJ).
Durante o prazo de suspensão do processo e do curso do prazo
prescricional, poderá o juiz determinar a produção antecipada de
provas:

Súmula 455 do STJ: a decisão que determina a produção antecipada de


provas com base no art. 366 deve ser concretamente fundamentada,
não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.
Juizado especial criminal e declínio da competência

Não é cabível citação por edital nos juizados especiais


criminais. Os autos serão remetidos ao juízo comum que
adotará o procedimento comum sumário (art. 538, CPP).
DICA 6
INTERROGATÓRIO
Interrogatório

Conceito: momento em que o acusado (réu) exercerá a sua


autodefesa.
Natureza jurídica:
- Meio de prova.
- Meio de defesa.
- Trata-se do último ato da instrução (art. 400 do CPP), sejam nos procedimentos
comuns, sejam nos procedimentos especiais.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo
de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem,
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em
seguida, o acusado.

- Ato personalíssimo: não pode o réu querer constituir o advogado para que este
tenha voz por aquele.
- Regido pela judicialidade: é feito na presença do juiz e pelo juiz.

Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das


partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as
perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.
- O réu deve ser ouvido na presença do defensor (art. 185, CPP), ainda que dativo,
sob pena de nulidade. O réu exerce aqui a autodefesa e a defesa técnica – princípio
da ampla defesa no processo penal.

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do


processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor,
constituído ou nomeado.

- Havendo mais de um acusado, serão ouvidos separadamente (art. 191, CPP) – indi-
vidualidade do interrogatório.

Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente.


Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o
acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado
em prejuízo da defesa.

Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre
os fatos.
§ 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou
profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa,
notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do
processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu
e outros dados familiares e sociais.
§ 2º Na segunda parte será perguntado sobre: (...)
- Direito ao silêncio
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será
informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não
responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo
da defesa.

- Negar a acusação:
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e
indicar provas.

- Confessar:
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras
pessoas concorreram para a infração, e quais sejam.
- Surdo, Mudo, Surdo-mudo:
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.

- Não falar língua nacional:


Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete.

- Não souber escrever, não puder ou não quiser assinar o termo:


Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no
termo.
DICA 7
PRISÃO
PRISÃO TEMPORÁRIA PRISÃO PREVENTIVA
Prevista em lei específica – Lei 7960/89 Prevista no CPP
Somente pode ser decretada na fase de Pode ser decretada em toda a persecução penal,
investigação criminal seja na fase de investigação criminal ou na fase
processual
Não é possível a decretação de ofício pelo juiz Não é possível a decretação de ofício pelo juiz
Legitimados: requerimento do Ministério Público Legitimados: requerimento do Ministério Público,
ou representação da autoridade policial do querelante ou do assistente de acusação;
representação da autoridade policial
Possui prazo de duração: Não há previsão de prazo máximo para a prisão
Em regra, cinco dias, podendo ser prorrogado por preventiva. No entanto, a Lei Anticrime trouxe ao
mais cinco dias. CPP a necessidade de que a prisão preventiva seja
Crime hediondo ou equiparado: 30 dias, podendo revisada a cada 90 dias.
ser prorrogado por mais 30 dias.

Cabimento: art. 1º, da Lei 7960/89, devendo ser Requisitos e cabimento: arts. 312 e 313 do CPP
conjugado incisos I e III ou II e III
PRISAO DOMICILIAR PRISÃO DOMICILIAR
ART. 117 LEP ART. 318 CPP
É substitutiva da prisão em regime aberto. É substitutiva da prisão preventiva.
Prisão-pena. Medida cautelar.
Inciso I – requisito de idade – maior de 70 anos Inciso I – requisito de idade – maior de 80 anos
Inciso II – doença grave Inciso II – exige que a pessoa esteja
extremamente debilitada por doença grave
Inciso III – se refere a filho menor ou deficiente Inciso III – imprescindível aos cuidados
físico ou mental especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou
com deficiência;
Inciso IV - gestante Inciso IV - gestante
V - mulher com filho de até 12 anos de idade
incompletos
VI - homem, caso seja o único responsável pelos
cuidados do filho de até 12 anos de idade
incompletos
DICA 8
RECURSOS CRIMINAIS
Efeito extensivo:
Art. 580 do CPP: no caso de concurso de agentes (Código
Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um
dos réus, se fundado em motivos que não sejam de
caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros, o
que é chamado de efeito extensivo do recursos.
Ex.: falta de provas;
Ex.: confissão espontânea; menoridade relativa
Recurso em sentido estrito
Art. 586, "caput", CPP: a regra é que o prazo de interposição do RESE é de 5 dias.
Art. 588, "caput", CPP: o prazo para a apresentação das razões e contrarrazões
recursais é de 2 dias.
Pode ser interposto por petição ou por termo nos autos (art. 578, "caput", CPP).

INTERPOSIÇÃO 5 dias
PRAZOS DO RESE
(regra geral)
RAZÕES /
CONTRARRAZÕES 2 dias
Hipóteses de cabimento do RESE:
Inciso I: não receber a denúncia ou a queixa (rejeição):
• art. 82 da Lei 9.099/95: apelação
• Recebimento da denúncia / queixa-crime: HC ou MS
RITO COMUM
(ORDINÁRIO E SUMÁRIO)
E PROCEDIMENTOS RESE
ESPECIAIS
REJEIÇÃO
RITO SUMARÍSSIMO Apelação
PEÇA ACUSATÓRIA
APRESENTADA RITO COMUM
(ORDINÁRIO E SUMÁRIO) Não cabe
E PROCEDIMENTOS
ESPECIAIS RESE
RECEBIMENTO
RITO SUMARÍSSIMO
Não cabe
apelação
Inciso II: incompetência do juízo
• Também é aplicável à hipótese inserta no art. 419,
"caput", do CPP (desclassificação após a primeira
fase do rito do Júri).
• Caso o juiz reconheça a competência do juízo, não há
falar no cabimento do RESE.
Inciso IV: pronúncia do réu
• Atenção ao teor dos artigos 416, 419 e 581, II e IV,
todos do CPP:

ABSOLVIÇÃO
DECISÕES DO JUIZ SUMÁRIA / Apelação
PRESIDENTE APÓS IMPRONÚNCIA
A PRIMEIRA FASE
PRONÚNCIA /
DO JÚRI
DESCLASSIFICAÇÃO RESE
Inciso VIII e IX: contra a decisão que decretar/indeferir a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
Apelação, ainda que
No bojo de sentença
somente se discuta a
condenatória ou
extinção da
absolutória
punibilidade

No bojo do processo
Agravo em execução
de execução penal
EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE

Pretensão executória Agravo em execução

"Soldado de reserva" RESE


Inciso XV: caberá a interposição de recurso em sentido estrito
contra a decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta.
• A denegação (ou não recebimento) da apelação se dará "pela
ausência dos pressupostos recursais objetivos e subjetivos que
compõem a sua admissibilidade". Lado outro, a apelação "será
julgada deserta por falta de preparo (quando se tratar de apelação
intentada pelo querelante)”.
• Regra: art. 639, CPP: da decisão que denegar o recurso, preenchidas
determinadas condições, caberá carta testemunhável.
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso,
obstar à sua expedição e seguimento para o
juízo ad quem.
Inciso XXV: caberá a interposição de recurso em
sentido estrito contra a decisão que recusar
homologação à proposta de acordo de não persecução
penal, previsto no art. 28-A do mesmo Código.
• interpretado extensivamente para fins de também se
admitir a interposição de recurso em sentido estrito
contra a decisão judicial que recusar homologação à
proposta do acordo de colaboração premiada (Lei n.
12.850/13, art. 4º, §8º).
Agravo em execução (art. 197, da Lei nº 7.210/84 - LEP)
• O agravo é o recurso cabível contra qualquer decisão do juiz da Vara de
Execuções Criminais, por exemplo, saída temporária, progressão e regressão de
regime, livramento condicional, unificação de penas, sursis, incidentes da
medida de segurança, conversões, homologação de faltas graves, trabalho
externo etc.
• Mesmo procedimento do recurso em sentido estrito (arts. 581 ao 592, CPP),
razão pela qual o agravo em execução também é dotado do efeito regressivo
(iterativo ou diferido - art. 589 do CPP).
• Súmula 700 do STF, o prazo para a interposição do agravo em execução é de 5
dias. Nos termos do art. 588 do CPP, o prazo para as razões e contrarrazões
recursais é de 2 dias.
Embargos infringentes e de nulidade:
Art. 609, Parágrafo único. Quando não for unânime a
decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-
se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser
opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de
acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os
embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.
• somente cabem tais recursos contra acórdãos de apelação, recurso em
sentido estrito e agravo em execução, que segue o mesmo rito do
RESE;
• desde que desfavoráveis ao acusado;
• recursos exclusivos da defesa;
• acórdão não unânime;
• não são cabíveis no âmbito das Turmas Recursais dos Juizados
Especiais Criminais, porquanto estas não são Tribunais de 2ª
instância.

Você também pode gostar