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Centro Universitário UNA

UC Direito Processual Penal

PEÇA PROCESSUAL
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Ana Luisa Rodrigues Silva – RA: 319222634


Hugo Henrique de Souza – RA: 31922857
Maria Luiza Silva Souza – RA: 319211274
Pâmela Roberta dos Santos – RA: 319214243
Pammela Suelen Castilho Cruz – RA: 319210677
Polyana Pereira dos Reis - RA: 319225198

Belo Horizonte
2023
Ana Luisa Rodrigues Silva
Hugo Henrique de Souza
Maria Luiza Silva Souza
Pâmela Roberta dos Santos
Pammela Suelen Castilho Cruz
Polyana Pereira dos Reis

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

O intuito do trabalho semestral é


a elaboração de uma peça
processual do processo de n°
0164594-53.2022.8.13.0024
que está tramitando na 4ª Vara
Criminal da Comarca de Belo
Horizonte.

Professores: Eudson Justiniano


Cardoso da Silva e Galvão
Rabelo.

Belo Horizonte
2023
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
12ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE BELO HORIZONTE
_____________________________________________________________________

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Criminal de Belo


Horizonte/MG.

Proc. n° 0164594.53.2022.8.13.0024

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERIAS, através do(a) Promotor(a)


de Justiça infra-assinado(a), nos autos da Ação penal pública que move contra
EVERTON CRISTIANO DOS SANTOS, processo acima identificado, condenado pela
prática do crime de furto, tipificado no CP, art. 155, caput, vem à presença de Vossa
Excelência apresentar, em anexo, CONTRARRAZÕES ao RECURSO DE
APELAÇÃO, requerendo a remessa dos autos à Instância Superior, para os fins.

Termos em que,
Pede deferimento.
Belo horizonte, 25/05/2023.
Promotor(a) de Justiça XXX.

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
12ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE BELO HORIZONTE
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AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERIAS


Processo n° 0164594.53.2022.8.13.0024
APELANTE: EVERTON CRISTIANO DOS SANTOS
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Colenda Câmara,
Senhores Desembargadores,

I- DOS FATOS

O Apelante foi condenado pela prática do crime de furto, onde a conduta foi
consumada na noite de 12/02/2022, na Avenida Presidente Antônio Carlos, n° 48,
Bairro Lagoinha, Belo Horizonte, tendo como vítima a prefeitura de Belo Horizonte.
O fato foi noticiado a polícia que o acusado estava depredando a cabine do BRT move.
Foram apresentadas as características do acusado por uma denúncia anônima. Nesta
ocasião a guarda municipal de Belo Horizonte realizou a abordagem e a identificação
do acusado, onde foi encontrada em sua mochila 1 (unidade) facão e 16 (unidades)
pedaços de alumínio. O acusado confessou o crime, desta forma, foi levado preso em
auto de prisão em flagrante delito e foram apreendidos os materiais que encontravam
com o acusado.
Diante da prova produzida, o Apelante foi condenado à pena privativa de liberdade,
fixada em 01 (um) ano, 6 (seis) meses de reclusão e 15 (quinze) dias-multa, em regime
semiaberto.

II – DAS RAZÕES PARA CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO CONDENATÓRIA

II-I) Da inalterabilidade da sentença referente a pena cominada

A apelação do acusado explana que o magistrado em sentença ao fixar a pena de 1


(um) ano e 6 meses de reclusão e 15 (quinze) dias-multa teve sua valoração apenas
nos antecedentes criminais negativos e um agravante, exposto no art. 61, inciso I do
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Código Penal, e que não valorou uma atenuante, que seria a confissão do acusado
da autoria do crime, presente no Auto de Prisão em Flagrante Delito.
Preliminarmente, é fundamental explanar que a autoria e materialidade do crime são
inquestionáveis, tendo em vista que o acusado subtraiu, para si, 16 (dezesseis)
pedaços de alumínio pertencentes ao BRT Move São Francisco Metropolitano
baseando-se no inquérito policial, onde no Auto de Prisão em Flagrante Delito o
acusado ao ser abordado havia dentro da mochila um facão de cabo preto,
equipamento usufruído para a retirada do material em questão, e diversos alumínios;
baseando-se nas testemunhas dos guardas municipais ouvidas em juízo, o Sr. André
Marcos Silva de Oliveira afirma que “Ao chegar no local, se deparou com o acusado
já do lado de fora da cabine com as barras de ferro em mãos e colocando algumas
em sua mochila”, e o Sr. Ricardo Cardoso da Silva afirma que “O réu foi abordado
com a res furtiva e uma faca que utilizou para cortar e subtrair as barras de ferro”; e
baseando-se em uma imagem de segurança do COP.
Ademais, o delito deu-se em sua forma consumada, pois consuma-se o furto quando
o autor do fato retira a coisa da esfera de disponibilidade da vítima, logo a sentença
onde condena o acusado pelo crime do art. 155 do Código Penal deve ser mantida.
A sentença que fixou a pena valorou os antecedentes criminais negativos e deve ser
mantida, tendo em vista que o art. 59 do Código Penal cita que o magistrado deve
fixar a pena levando em consideração os antecedentes do agente. Dito isto, o Sr.
Everton possui antecedentes criminais e está comprovado nos autos pelo documento
Certidão de Antecedentes Criminais juntados nas páginas 302 á 314, onde consta, de
forma resumida, que em sentenças transitadas em julgado decidiram pela
condenação do réu nos processos 2982032-06.2014.8.13.0024, 0124127-
08.2017.8.13.0024, 0746208-62.2018.8.13.0024, 0416655-77.2017.8.13.0024,
0936508-83.2015.8.13.0024 e 1187277-72.2019.8.13.0024. Logo, verifica-se que o
réu possui uma certidão de antecedentes criminais extensa e que não pode ser
desconsiderada, devendo manter a sentença proferida inalterável.

A sentença fixou que existe o agravante de reincidência gerando o aumento de pena


e deve ser mantida, pois baseou-se no art. 61, inciso I do Código Penal. Dito isto, o
Sr. Everton é reincidente conforme a juntada nos autos da Certidão de Antecedentes
Criminais, página 305 a 317, de ID 9545663631.Logo, verifica-se que o réu é
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reincidente e consequentemente a sentença proferida deve ser inalterável conforme


o ordenamento jurídico.
A sentença considerou a inexistência de causa de diminuição de pena, porém a
Apelação realizada nos autos argumenta que o magistrado não considerou a
atenuante confissão que ocorreu no Auto de Prisão em Flagrante Delito, onde o réu
confessa que arrancou parte interior da cabine. Dito isto, o art. 65, III, D do Código
Penal cita que confessar espontaneamente a autoria do crime é uma circunstância
que atenua a pena, porém verifica-se nos autos que tal circunstância não ocorre, pois
a Denúncia oferecida pelo Ministério Público deixa explicito que caso o Sr. Everton
confessasse a pratica delitiva haveria uma proposta de acordo de não persecução
penal, em Audiência de Instrução e Julgamento o acusado utilizou seu direito
constitucional de permanecer calado e no decorrer do presente processo a Defensoria
Pública sequer mencionou tal argumento de defesa. Ademais, referente o argumento
do pedido de confissão presente na Apelação é contrário com os argumentos postos
nas Alegações finais, página 387 a 397, onde consta que “os guardas municipais não
presenciaram a ocorrência dos fatos. O reconhecimento do acusado se fez por
descrição e por uma foto f.148, a qual não é suficiente para demonstrar que o
acusado é de fato o autor do crime.” Portanto, verifica-se que não houve a
confissão, embora seja nítido pelas provas juntadas aos autos que o Sr. Everton é
autor do delito, devendo ser inalterável a sentença proferida.
Ademais, o Ministério Público não se opõe a fixação da multa de 15 (quinze) dias-
multa (dia-multa em 1/30 (um trinta avos) do salário-mínimo vigente ao tempo do fato
observada a atualização, quanto da execução, pelos índices de correção monetária,
a teor do art. 49, §§ 1° e 2°, do Código Penal).

Ademais, o Supremo Tribunal de Justiça aduz:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO. PRINCÍPIO


DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO.
1. As instâncias ordinárias negaram a aplicação da insignificância pelo fato
de o acusado não preencher um dos requisitos exigidos pela
jurisprudência, que são cumulativos: o reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento do agente.
2. No caso, o recorrente ostenta condenações definitivas pela prática de
crimes patrimoniais (furto e roubo) e estava em gozo de liberdade
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provisória (com monitoração eletrônica) quando foi preso por este feito,
conforme ressaltado pelas instâncias antecedentes, o que configura a sua
habitualidade delitiva e obsta a incidência do princípio da bagatela.
3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp n. 1.986.729/MG, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz,


Sexta Turma, julgado em 28/6/2022, DJe de 30/6/2022.)

Ainda, o doutrinador Celso Delmanto corrobora tal entendimento, tendo-o formalizado


nos seguintes termos:

"(...) O fato do reincidente ser punido mais gravemente do que o


primário é, a nosso ver, justificável, não havendo violação à
Constituição da República e à garantia do ne bis in idem, isto é, de que
ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato.” (DELMANTO,
Celso et al. Código Penal Comentado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
p. 295).

II-II) DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

É sustentado pela defensoria do acusado, o que foi reiterado nas Razões de Apelação,
a aplicabilidade do princípio da Insignificância, haja vista o possível impacto a ser
relacionado a pena cabível já decretada em sede de sentença.
A defesa é pertinaz na alegação de que os comportamentos reincidentes do acusado
“[…] produzem lesões insignificantes aos objetos jurídicos tutelados pela norma penal
devem ser considerados penalmente irrelevante.” (Página 6 R.A.)
Contudo, corrobora-se com a sentença previamente estabelecida, o Dano Qualificado,
normatizado pelo Inciso III do Art. 163 do Código Penal, onde caberá a pena de 01 a
06 meses caso haja a destruição ou deterioração de coisa alheia, contra o patrimônio
da União, de Estado, do Distrito Federal e de Município.
Insta salientar, que a depredação de patrimônio público não causa apenas dano ao
Estado, mas a toda sociedade, uma vez que os bens disponibilizados para utilização
pública são de extrema necessidade de todos, dentro de sua devida função e
funcionamento.
Passo contínuo, é importante destacar que o princípio da insignificância preza, como
já dito em sentença, “[…] pressupõe que a ofensividade da conduta do agente deve
ser mínima, inexpressividade da lesão jurídica provocada, ausência de periculosidade

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social da conduta e reduzidíssimo grau de reprovabilidade da conduta […]” (Página 5


S.). Não obstante, o a prática do crime foi realizada em posse de arma branca, o que
já descaracteriza a ofensividade mínima, além da periculosidade social da conduta,
que mais uma vez, é recorrente.
Logo, não há que se fazer, a não ser afastar a aplicabilidade do princípio da
insignificância ao caso concreto, uma vez demonstrada a sua inoperância, mantendo
dessa forma, o apelante em regime semiaberto, em conformidade a Súmula 269
estabelecida pelo STJ.

Diversas decisões aduzem sobre a condenação de agentes que cometeram o mesmo


tipo de infração penal, com agravo da recorrência dos crimes e dos danos ao
patrimônio público. Nesse sentido, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

STF - HC 131205 / MG - MINAS GERAIS


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME
DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO DE CIGARROS. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA: INVIABILIDADE. POSSÍVEL REITERAÇÃO
DELITIVA DO PACIENTE. NECESSÁRIA CONTINUIDADE DA AÇÃO
PENAL NA ORIGEM. ORDEM DENEGADA. 1. A tipicidade penal não
pode ser percebida como exame formal de subsunção de fato concreto à
norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da
tipicidade é necessária análise materialmente valorativa das
circunstâncias do caso, para verificação da ocorrência de lesão grave e
penalmente relevante do bem jurídico tutelado. 2. Impossibilidade de
incidência, no contrabando ou descaminho de cigarros, do princípio da
insignificância. 3. Possibilidade da contumácia delitiva do Paciente. A
orientação deste Supremo Tribunal, confirmada pelas duas Turmas, é
firme no sentido de não se cogitar da aplicação do princípio da
insignificância em casos nos quais o réu incide na reiteração delitiva. 4.
Ordem denegada.
Decisão
A Turma, por votação unânime, denegou a ordem, nos termos do voto da
Relatora. Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes. 2ª Turma,
6.9.2016.
Indexação
- ENTENDIMENTO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF),
INSUFICIÊNCIA, UTILIZAÇÃO, CRITÉRIO, VALOR, FINALIDADE,
VERIFICAÇÃO, APLICABILIDADE, PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA,
CRIME, CONTRABANDO, DESCAMINHO, CIGARRO.

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(HC 131205, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em


06/09/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-202 DIVULG 21-09-2016
PUBLIC 22-09-2016)

Luiz Flávio Gomes esclarece também sobre a conceituação de infração bagatela:

“Conceito de infração bagatelar: infração bagatelar ou delito de bagatela


ou crime insignificante expressa o fato de ninharia, de pouca relevância
(ou seja: insignificante). Em outras palavras, é uma conduta ou um ataque
ao bem jurídico tão irrelevante que não requer a (ou não necessita da)
intervenção penal. Resulta desproporcional a intervenção penal nesse
caso. O fato insignificante, destarte, deve ficar reservado para outras
áreas do Direito (civil, administrativo, trabalhista etc.). Não se justifica a
incidência do Direito Penal (com todas as suas pesadas armas
sancionatórias) sobre o fato verdadeiramente insignificante.”
GOMES, Luiz Flávio. Princípio da Insignificância e outras excludentes de
tipicidade. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. v.1, p.15

III – DO PEDIDO

ISTO POSTO, o Órgão Ministerial espera e requer o improvimento do


Recurso de Apelação, confirmando-se a r. sentença condenatória.

Termos em que,
Pede deferimento.
Belo horizonte, 25/05/2023.
Promotor(a) de Justiça XXX.

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