Você está na página 1de 162

Ranking de peças

2ª FASE OAB | PENAL | 37º EXAME

Ranking de peças

SUMÁRIO

PEÇAS JÁ COBRADAS

Apelação ................................................................................................................... 4
Memoriais ................................................................................................................ 13
Recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia ........................................ 22
Resposta à acusação .............................................................................................. 29
Agravo em execução ............................................................................................... 36
Contrarrazões de Recurso de Apelação ................................................................. 43
Queixa-crime ........................................................................................................... 50
Revisão criminal ...................................................................................................... 56
Relaxamento de prisão ........................................................................................... 61
Apelação do assistente de acusação no procedimento do júri ................................ 66

PEÇAS AINDA NÃO COBRADAS

Recurso Ordinário Constitucional ............................................................................ 75


Apelação no Tribunal do Júri ................................................................................... 79
Defesa Preliminar – Funcionário Público ................................................................ 83
Defesa Preliminar – Lei de Drogas.......................................................................... 86
Embargos Infringentes ............................................................................................ 90
Liberdade provisória ................................................................................................ 94
Revogação de prisão preventiva ............................................................................. 98
Razões de Apelação ............................................................................................. 102
Contrarrazões de Agravo em Execução ................................................................ 117
Contrarrazões de Recurso em Sentido Estrito ...................................................... 126
Carta testemunhável ............................................................................................. 136
Contrarrazões de Apelação do Júri ....................................................................... 148
Mandado de Segurança Criminal .......................................................................... 153

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase do 37º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas.
Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em fevereiro de 2023.
PEÇAS JÁ COBRADAS

Apelação

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – 35º EXAME


Recurso de apelação

Enunciado

No dia 04 de março de 2019, Júlio, insatisfeito com a falta de ajuda de sua mãe no tratamento
que vinha fazendo contra dependência química, decide colocar fogo no imóvel da família em
fazenda localizada longe do centro da cidade. Para tanto, coloca gasolina na casa, que estava
desabitada, e acende um fósforo, sendo certo que o fogo gerado destruiu de maneira significativa
o imóvel, que era completamente afastado de outros imóveis, e, como ninguém costumava
passar pelo local, o crime demorou algumas horas para ser identificado. Júlio foi localizado,
confessou a prática delitiva e, realizado exame de alcoolemia, foi constatado que se encontrava
completamente embriagado, sem capacidade de determinação do caráter ilícito do fato, em
razão de situação não esperada, já que ele solicitou uma água com gás e limão em determinado
bar, mas o proprietário, sem que Júlio soubesse, misturou cachaça na bebida, que ingerida junto
com o remédio que vinha tomando para combater a dependência química, causou sua
embriaguez. Foi, ainda, realizado exame de local, constando da conclusão que o imóvel foi
destruído, havendo prejuízo considerável aos proprietários, mas que não havia ninguém no local
no momento do crime e nem outras pessoas ou bens de terceiros a serem atingidos. Com base
em todos os elementos informativos produzidos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face
de Júlio, perante a 2ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC, juízo competente,
imputando-lhe a prática do crime do Art. 250 do Código Penal. Foi concedida liberdade provisória.
Após citação e apresentação de defesa, entendeu o magistrado por realizar produção antecipada
de provas, ouvindo as vítimas antes da audiência de instrução e julgamento, motivando sua
decisão no risco de esquecimento, já que a pauta de audiência de processos de réu solto estava
para data longínqua, tendo a defesa questionado a decisão. Após oitiva das vítimas, foi agendada
audiência de instrução e julgamento, que foi realizada em 05 de março de 2021, ocasião em que
os fatos acima narrados foram confirmados. Em seu interrogatório, o réu confirmou a autoria
delitiva, destacando que pouco, porém, se recordava sobre o ocorrido. Após apresentação da
manifestação cabível pelas partes, o juiz proferiu sentença condenando o réu nos termos da
denúncia. No momento de aplicar a pena base, reconheceu a existência de maus antecedentes,
aumentando a pena em 03 meses, tendo em vista que, na Folha de Antecedentes Criminais,
acostada ao procedimento, constava uma condenação de Júlio pela prática do crime de tráfico,
por fato ocorrido em 20 de abril de 2019, cujo trânsito em julgado ocorreu em 10 de março de
2020. Na segunda fase, reconheceu a presença da agravante do Art. 61, inciso II, alínea b, do
Código Penal, aumentando a pena em 05 meses, já que o meio empregado por Júlio poderia
resultar perigo comum. Não foram reconhecidas atenuantes da pena. Na terceira fase, não foram
aplicadas causas de aumento ou de diminuição de pena, sendo mantida a pena de 03 anos e 8
meses de reclusão e multa de 15 dias, a ser cumprida em regime semiaberto, não sendo
substituída a privativa de liberdade por restritiva de direitos com base no Art. 44, III, do CP.
Intimado da sentença, o Ministério Público se manteve inerte, sendo a defesa técnica de Júlio
intimada em 11 de julho de 2022, segunda-feira. Considerando apenas as informações
narradas, na condição de advogado(a) de Júlio, redija a peça jurídica cabível, diferente de
habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses jurídicas
pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição,
considerando que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país. (Valor:
5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC

Processo nº

JÚLIO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com


procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência interpor
RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal.
O presente recurso é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo de 5
dias, na forma do artigo 593, caput, do Código de Processo Penal. Assim, requer seja
recebido e processado o recurso, já com as razões inclusas, remetendo-se os autos ao
Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local...,18 de julho de 2022.


Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Apelante: Júlio
Apelado: Ministério Público
Processo nº
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina
Colenda Câmara Criminal
I) DOS FATOS
O réu foi denunciado pela prática do crime previsto no artigo 250 do Código
Penal.
Após apresentação da manifestação cabível pelas partes, o Juiz proferiu
sentença, condenando Júlio nos termos da denúncia.
O Ministério Público não interpôs recurso.
A defesa foi intimada da sentença no dia 11 de julho de 2022, segunda-feira.
II) DO DIREITO
A) DA NULIDADE DA OITIVA DAS VÍTIMAS
Após citação e apresentação de defesa, entendeu o Magistrado por realizar
produção antecipada de provas, ouvindo as vítimas antes da audiência de instrução e
julgamento, motivando sua decisão no risco de esquecimento, já que a pauta de audiência
de processos de réu solto estava para data longínqua.
Todavia, o mero decurso natural do tempo não é fundamento idôneo para
justificar tal medida. No caso, o magistrado determinou a produção antecipada da prova
simplesmente porque a data da audiência de instrução e julgamento estava longe, sem
qualquer fato concreto a indicar o risco de perecimento da prova.
Diante disso, considerando ainda o inconformismo manifestado pela
defesa, requer a nulidade da oitiva das vítimas, com base no artigo 225 do Código de
Processo Penal ou Art. 564, inciso IV, do Código de Processo Penal OU Súmula 455 do
Superior Tribunal de Justiça.
B) DA ATIPICIDADE DA CONDUTA OU DESCLASSIFICAÇÃO
O réu foi acusado pela prática do crime de incêndio, previsto no artigo 250
do Código Penal. Todavia, Júlio colocou fogo em um imóvel isolado, sendo constatado na
perícia que não havia pessoas ou bens de terceiros nas proximidades para serem atingidos.
Logo, a conduta não se enquadra no crime de incêndio, que exige perigo
comum, sendo necessário que o agente exponha a perigo a vida, integridade física ou
patrimônio de outrem, causando risco para número indeterminado de pessoas, sendo,
portanto, o fato atípico, ou, no máximo, crime de dano qualificado, previsto no artigo 163,
parágrafo único, inciso II, do Código Penal.
Dessa forma, deve Júlio ser absolvido, diante da atipicidade da conduta,
conforme artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal OU deve ser o fato
desclassificado para o crime de dano qualificado.

C) DA EMBRIAGUEZ COMPLETA ACIDENTAL


O recorrente foi denunciado pelo crime previsto no artigo 250 do Código
Penal.
Todavia, conforme exame de alcoolemia, foi constatado que Júlio estava
completamente embriagado ao tempo do fato, em razão de situação não esperada, já que
o proprietário do bar, sem que Júlio soubesse, misturou cachaça na bebida. Assim, ao
ingerir a bebida junto com medicamento que vinha tomando para combater dependência
química, Júlio ficou completamente embriagado.
Dessa forma, deve ser excluída a culpabilidade do agente, em razão da
inimputabilidade, diante da embriaguez completa e proveniente de caso fortuito, na forma do
Art. 28, §1º, do Código Penal. Sendo assim, deve Júlio ser absolvido, conforme artigo 386,
inciso VI, do Código de Processo Penal.
D) DOS MAUS ANTECEDENTES
No momento de aplicar a pena base, o juiz reconheceu a existência de
maus antecedentes, aumentando a pena em 03 meses, tendo em vista que, na Folha de
Antecedentes Criminais acostada ao procedimento, constava uma condenação de Júlio
pela prática do crime de tráfico, por fato ocorrido em 20 de abril de 2019.
Todavia, equivocou-se o magistrado, uma vez que o fato que justificou a
condenação definitiva de Júlio por tráfico ocorreu depois da suposta prática do crime de
incêndio.
Dessa forma, devem ser afastados os maus antecedentes, devendo a
pena-base ser aplicada no mínimo legal.

E) DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE
O Juiz elevou a pena em 05 meses, pois reconheceu a presença da
agravante do artigo 61, inciso II, alínea “b”, do Código Penal.
Todavia, a situação de perigo comum já é elementar do tipo imputado, de
modo que a agravante do artigo 61, inciso II, alínea “d”, do Código Penal deve ser
afastada, por configurar bis in idem OU a agravante do artigo 61, inciso II, alínea “b”, do
Código Penal deve ser afastada, por não haver a intenção de ocultação, vantagem ou
impunidade de outro crime.

F) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA
O recorrente, em seu interrogatório, confirmou a autoria delitiva.
Desta forma, deve ser reconhecida a atenuante da confissão espontânea,
nos termos do artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal.

G) DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA


O Juiz fixou a pena em 03 anos e 8 meses de reclusão e multa de 15 dias,
a ser cumprida em regime semiaberto. Todavia, em sendo a pena aplicada no mínimo
legal.
não sendo superior a quatro anos, deve ser fixado o regime inicial aberto para cumprimento
da pena, conforme artigo 33, §2º, alínea “c”, do Código Penal.

H) DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS


O Juiz fixou a pena em 03 anos e 8 meses de reclusão e multa de 15 dias, não sendo
substituída por pena restritiva de direitos com base no artigo 44, III, do Código Penal.
Todavia, o réu possui direito à substituição da pena privativa de liberdade
por pena restritiva de direitos, tendo em vista que estão presentes todos os requisitos do
artigo 44 do Código Penal.
III) DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o recurso, com a
REFORMA da decisão, a fim de que:
a) Seja reconhecida a nulidade na oitiva das vítimas;
b) Seja declarada a absolvição do crime de incêndio em razão da atipicidade da
conduta, com base no art. 386, III, do Código de Processo Penal;
c) Seja declarada a absolvição do crime de incêndio em razão da ausência de
culpabilidade, com base no art. 386, VI, do Código de Processo Penal;
d) Seja aplicada a pena base no mínimo legal, tendo em vista que não há
fundamento para reconhecimento de maus antecedentes;
e) Seja afastada a agravante reconhecida na sentença;
f) Seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea;
g) Seja fixado o regime inicial de cumprimento de pena no regime aberto, para
cumprimento da pena;
h) Seja substituída a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos;
Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 18 de julho de 2022.


Advogado...
OAB...
ITEM PONTUAÇÃO
Petição de interposição
1. Endereçamento: Juízo de Direito da 2ª Vara Criminal da
0,00/0,10
Comarca de Florianópolis/SC (0,10).
2. Fundamento legal: Art. 593, inciso I, do CPP (0,10) 0,00/0,10
3. Tempestividade: Prazo de 5 dias na forma do Art. 593,
0,00/0,10
caput, do CPP (0,10).
Razões de Apelação
4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de Santa
0,00/0,10
Catarina (0,10)

5. Preliminarmente, nulidade na oitiva das vítimas (0,35),


tendo em vista que o mero decurso de tempo não é
0,00/0,15/0,25/0,35/
fundamento idôneo para produção antecipada de provas
0,45/0,50/0,60
(0,15), nos termos do Art. 225 do CPP, ou Art. 564, inciso
IV, do CPP, ou Súmula 455 do STJ (0,10).
6. No mérito, absolvição de Júlio (0,20), na forma do Art.
0,00/0,20/0,30
386, incisos III ou VI, do CPP (0,10).
7. Atipicidade da conduta ou desclassificação para crime
de dano qualificado (0,25), tendo em vista que a conduta
de Júlio de colocar fogo no imóvel não gerou perigo a 0,00/0,15/0,25/0,35/0,40
número indeterminado de pessoas (0,15) e o crime de /0,50/0,60/0,75
incêndio é crime de perigo comum, exigindo prova de
perigo concreto (0,35)
8.1 Excludente de culpabilidade (0,30), em razão da
0,00/0,20/0,30/0,50
inimputabilidade (0,20).
8.2 Pois a embriaguez era completa e proveniente de caso
fortuito ou de força maior (0,25), na forma do Art. 28, §1º, 0,00/0,25/0,35
do CP (0,10).
9. Subsidiariamente: aplicação da pena base no mínimo
legal (0,15), tendo em vista que o fato posterior ao crime
0,00/0,15/0,20/0,35
julgado não pode ser considerado maus antecedentes
(0,20).
10. Afastamento da agravante do Art. 61, inciso II, alínea d
(ou b), do CP (0,15), pois a situação de perigo comum é
elementar do tipo imputado ou por configurar bis in idem 0,00/0,15/0,25/0,40
ou por não haver a intenção de ocultação, vantagem ou
impunidade de outro crime (0,25).
11. Reconhecimento da atenuante da confissão
espontânea (0,15), na forma do Art. 65, inciso III, alínea d, 0,00/0,15/0,25
do CP (0,10).
12. Aplicação do regime inicial aberto para cumprimento
da pena (0,15), na forma do Art. 33, § 2º, alínea c, do CP 0,00/0,15/0,25
(0,10).
13. Substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos (0,15), nos termos do Art. 44 do CP 0,00/0,15/0,25
(0,10).
14. Pedido: Conhecimento (0,10) e provimento do recurso
0,00/0,10/0,30/0,40
(0,30).

15. Prazo: 18 de julho de 2022 (0,10). 0,00/0,10

16. Fechamento: local, data, advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10


Memoriais

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVI EXAME OAB


Memoriais

Enunciado

Em 03 de outubro de 2016, na cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, Lauro, 33 anos,


que é obcecado por Maria, estagiária de uma outra empresa que está situada no mesmo prédio
em que fica o seu local de trabalho, não mais aceitando a rejeição dela, decidiu que a obrigaria
a manter relações sexuais com ele, independentemente da sua concordância. Confiante em sua
decisão, resolveu adquirir arma de fogo de uso permitido, considerando que tinha autorização
para tanto, e a registrou, tornando-a regular. Precisando que alguém o substituísse no local do
trabalho no dia do crime, narrou sua intenção criminosa para José, melhor amigo com quem
trabalha, assegurando-lhe que comprou a arma exclusivamente para ameaçar Maria a manter
com ele conjunção carnal, mas que não a lesionaria de forma alguma. Ainda esclareceu a José,
que alugara um quarto em um hotel e comprara uma mordaça para evitar que Maria gritasse e
os fatos fossem descobertos. Quando Lauro saía de casa, em seu carro, para encontrar Maria,
foi surpreendido por viatura da Polícia Militar, que havia sido alertada por José sobre o crime
prestes a acontecer, sendo efetuada a prisão de Lauro em flagrante. Em sede policial, Maria foi
ouvida, afirmando, apesar de não apresentar documentos, que tinha 17 anos e que Lauro sempre
manteve comportamento estranho com ela, razão pela qual tinha interesse em ver o autor dos
fatos responsabilizado criminalmente. Após receber os autos e considerando que o detido
possuía autorização para portar arma de fogo, o Ministério Público denunciou Lauro apenas pela
prática do crime de estupro qualificado, previsto no Art. 213, §1º c/c Art. 14, inciso II, c/c Art. 61,
inciso II, alínea f, todos do Código Penal. O processo teve regular prosseguimento, mas, em
razão da demora para realização da instrução, Lauro foi colocado em liberdade. Na audiência de
instrução e julgamento, a vítima Maria foi ouvida, confirmou suas declarações em sede policial,
disse que tinha 17 anos, apesar de ter esquecido seu documento de identificação para confirmar,
apenas apresentando cópia de sua matrícula escolar, sem indicar data de nascimento, para
demonstrar que, de fato, era Maria. José foi ouvido e também confirmou os fatos narrados na
denúncia, assim como os policiais. O réu não estava presente na audiência por não ter sido
intimado e, apesar de seu advogado ter-se mostrado inconformado com tal fato, o ato foi
realizado, porque o interrogatório seria feito em outra data. Na segunda audiência, Lauro foi
ouvido, confirmando integralmente os fatos narrados na denúncia, mas demonstrou não ter
conhecimento sobre as declarações das testemunhas e da vítima na primeira audiência. Na
mesma ocasião, foi, ainda, juntado o laudo de exame do material apreendido, o laudo da arma
de fogo demonstrando o potencial lesivo e a Folha de Antecedentes Criminais, sem outras
anotações. Encaminhados os autos para o Ministério Público, foi apresentada manifestação
requerendo condenação nos termos da denúncia. Em seguida, a defesa técnica de Lauro foi
intimada, em 04 de setembro de 2018, terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para
apresentação da medida cabível. Considerando apenas as informações narradas, na condição
de advogado(a) de Lauro, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus,
apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do
prazo para interposição. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE CAMPOS/RJ
Processo nº ...

LAURO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado,


com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar
MEMORIAIS, com base no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I) DA TEMPESTIVIDADE
Os presentes memoriais são tempestivos, já que apresentados dentro do
prazo de 5 dias, previsto no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal.

II) DOS FATOS


O réu foi denunciado pela prática de estupro qualificado, previsto no artigo
213, § 1º, combinado com os artigos 14, II, e 61, II, “f”, todos do Código Penal.
Durante a primeira audiência de instrução, a vítima foi ouvida. O réu não
compareceu na audiência, pois não foi intimado, mas mesmo com o inconformismo da defesa, o
ato foi realizado, sendo interrogado apenas na segunda audiência.
O Ministério Público requereu a condenação da ré, nos termos da denúncia.
A defesa foi intimada em 04 de setembro de 2018.

III) DO DIREITO

A) DA NULIDADE DA INSTRUÇÃO
O réu Lauro não compareceu na primeira audiência, porque não foi intimado.
Todavia, os atos processuais realizados durante a instrução devem ser anulados,
uma vez que não foi intimado, e mesmo com a defesa manifestando o inconformismo com o ato,
a audiência foi realizada.
Assim, os atos processuais realizados a partir da primeira audiência de
instrução devem ser anulados, uma vez que a falta de intimação para comparecimento do réu
em audiência, representa cerceamento de defesa OU afronta o princípio da ampla defesa,
previsto no artigo 5º, LV, da Constituição Federal/88 OU artigo 564, IV, do Código de Processo
Penal.
Diante disso, verifica-se a nulidade dos atos da instrução, nos termos do
artigo 564, IV, do Código de Processo Penal.

B) DOS ATOS PREPARATÓRIOS

O réu foi acusado de ter tentado estuprar Maria. Todavia o fato de Lauro
ter comprado uma arma e guardado em seu quarto configura apenas atos preparatórios.
Logo, não foi iniciada a execução do crime de estupro, haja vista que os atos preparatórios,
de regra, não são puníveis.
Diante disso, não há de se falar em tentativa de estupro, já que não havia
sido iniciada a execução do delito, devendo o agente ser absolvido, isso porque, sua
conduta não configura crime. No mais, o porte de arma de fogo por si só não configura
infração, tendo em vista que Lauro possuía autorização.
Assim, o réu deve ser absolvido, com base no artigo 386, III, do Código de
Processo Penal.

C) DA QUALIFICADORA

Na audiência de instrução, a vítima não apresentou documentação hábil


que comprovasse sua idade, apenas apontando que possuía 17 anos. Todavia, a mera
alegação em audiência não é suficiente para comprovação de idade, não
sendo possível ter certeza, em razão de sua aparência física, se era maior de 18 anos.
Nesse sentido, não há prova nos autos da idade da vítima, bem como não
foi apresentado nenhum exame pericial, devendo ser afastada a qualificadora prevista no
artigo 213, §1º, do Código Penal.
D) DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL FAVORÁVEL

Na eventualidade de sentença condenatória, o que não se espera, deve a


pena-base ser fixada no mínimo legal.
Isso porque foi juntada a folha de antecedentes criminais do réu sem
qualquer anotação. Logo, o réu ostenta bons antecedentes, devendo a pena-base ser
fixada no mínimo legal, já que todas as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal
são favoráveis.

E) DA AGRAVANTE
Apesar da vítima ser mulher, não existia situação de relação familiar ou de
coabitação, não sendo o crime praticado no âmbito de violência doméstica contra mulher,
como prevê a Lei nº 11.340/06. Isso porque, não basta a vítima do crime ser mulher para
reconhecimento da agravante.
Assim, requer seja afastada a agravante do artigo 61, II, “f”, do Código
Penal.

F) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA

Ao ser interrogado, o réu confirmou integralmente os fatos descritos na


denúncia. Logo, incide a atenuante da confissão espontânea, prevista no artigo 65, inciso
III, “d”, do Código Penal.
Assim, requer seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea.

G) DA TENTATIVA
Considerando que o crime ficou longe da consumação OU tendo em vista
que o entendimento pacífico é de que o critério do quantum de redução guarda relação com
o iter criminis percorrido, a diminuição pela tentativa deve ser no máximo.
Assim, requer seja aplicada a redução máxima de 2/3 em razão da
tentativa.
H) DO REGIME INICIAL ABERTO

Considerando a pena no mínimo legal e a redução pela tentativa, com a


diminuição no patamar máximo, a pena ficará abaixo de quatro anos, devendo, portanto, o
Magistrado fixar o regime inicial de cumprimento de pena no aberto OU semiaberto.
Logo, na hipótese de eventual condenação, o Magistrado deverá fixar
o regime aberto OU semiaberto, nos termos do artigo 33, § 2º, “b” OU “c”, do Código Penal,
já que o réu é primário e as circunstâncias judiciais são favoráveis.

I) DA SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA PENA


Considerando a pena no mínimo legal e a redução pela tentativa, com a
diminuição no patamar máximo, a pena ficará em dois anos, com o que o réu preenche os
requisitos do artigo 77 do Código Penal.
Assim, requer a aplicação da suspensão condicional da pena.

IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) seja declarada a nulidade dos atos da instrução em razão da falta de
intimação do réu para a solenidade;
b) a absolvição, com base no artigo 386, inciso III, do Código de Processo
Penal;
c) seja afastada a qualificadora do artigo 213, § 1º, do Código Penal;
d) seja aplicada a pena base no mínimo legal OU seja reconhecida a
atenuante da confissão espontânea, com base no artigo 65, III, “d”, do Código Penal;
e) seja afastada a agravante do artigo 61, II, “f”, do Código Penal;
f) seja aplicada a redução máxima pela tentativa;
g) seja fixado o regime inicial de cumprimento de pena como sendo o
aberto, artigo 33, § 2º, “c”, do Código Penal;
h) seja aplicada a suspensão da pena, com base no artigo 77 do Código
Penal.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., 10 de setembro de 2018.

Advogado...
OAB...
DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS
ITEM PONTUAÇÃO
Endereçamento:
1) Vara Criminal da Comarca de Campos/RJ (0,10). 0,00/0,10
Cabimento:
2) Fundamento legal para apresentação de Alegações Finais por
0,00/0,10
Memoriais: Art. 403, § 3º do CPP (0,10).
Fundamentação:
3) Preliminarmente, reconhecimento da nulidade dos atos da
0,00/0,20
instrução (0,20).
4) A nulidade decorre da ausência de intimação do réu para
realização da audiência de instrução e julgamento (0,40), o que
0,00/0,15/0,25/0,40/
representa cerceamento de defesa OU configurando violação ao
0,50/0,55/0,65
princípio da ampla defesa (0,15), nos termos do Art. 5º, LV, CRFB/88
OU Art. 564, IV, do CPP (0,10).
5) No mérito, absolvição de Lauro (0,30). 0,00/0,30
6) Não foram iniciados atos executórios do crime de estupro (0,60),
sendo certo que os atos preparatórios são impuníveis (0,20). 0,00/0,20/0,60/0,80
7) Subsidiariamente, afastar a qualificadora pois não há prova nos
autos da idade da vítima (0,50), nos termos do Art. 213, §1º do CP 0,00/0,50/0,60
(0,10)
8) Aplicação da pena base no mínimo legal, já que as circunstâncias
do Art. 59 do CP são favoráveis (0,20). 0,00/0,20
9) Afastamento da agravante do Art. 61, inciso II, alínea ´f´, do CP
(0,20), pois o crime não foi praticado em situação de violência 0,00/0,10/0,20/0,30
doméstica, familiar ou de coabitação contra mulher (0,10).
10) Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea (0,30),
0,00/0,30/0,40
nos termos do Art. 65, III, ´d´, CP (0,10).
11) Aplicação do quantum máximo de redução de pena em razão da
tentativa (0,15), tendo em vista que o crime ficou longe da
0,00/0,10/0,15/0,25
consumação OU tendo em vista que o critério a ser observado é do
iter criminis percorrido (0,10).
12) Aplicação do regime aberto ou semiaberto, considerando a pena
mínima a ser aplicada (0,20), nos termos do Art. 33, §2º, alíneas b
0,00/0,20/0,30
ou c, do CP (0,10) OU Aplicação da suspensão condicional da pena
(0,20), nos termos do Art. 77 do CP (0,10)
Pedidos
13) Nulidade dos atos da instrução (0,05). 0,00/0,05
14) Absolvição de Lauro (0,20), nos termos do Art. 386, inciso III, do
0,00/0,20/0,30
CPP (0,10).
14.1) Afastamento da qualificadora do Art. 213, § 1º, do CP (0,05). 0,00/0,05
14.2) Aplicação da pena base no mínimo legal ou reconhecimento
0,00/0,05
da atenuante da confissão (0,05).
14.3) Afastamento da agravante do Art. 61, II, ´f´, do CP (0,05). 0,00/0,05
14.4) Redução do máximo em razão da tentativa (0,05). 0,00/0,05
14.5) Aplicação de regime inicial aberto ou semiaberto (0,05). 0,00/0,05
Tempestividade:
15) Prazo: 10 de setembro de 2018 (0,10). 0,00/0,10
Fechamento:
Data, local, assinatura, OAB (0,10). 0,00/0,10
Recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXXIV EXAME OAB


Recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia

Enunciado

Rodrigo foi denunciado pelo crime de homicídio simples consumado, com a causa de aumento
prevista na primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP, perante o Tribunal do Júri da Comarca de
São Paulo. De acordo com o que consta na denúncia, no dia 26 de dezembro de 2019, em uma
boate localizada na cidade de São Paulo, Rodrigo teria desferido um soco na barriga de João,
além de ter lhe dado um empurrão, que fez com que a vítima caísse em cima da garrafa de vidro
que segurava. O corte gerado foi a causa eficiente da morte de João, conforme consta do laudo
acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido encaminhado por seus amigos ao hospital após os
fatos, pois se mostrava descontrolado, não tendo prestado socorro à vítima, por isso, sendo
imputada a causa de aumento da primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP.
Diante da inicial acusatória, Rodrigo procurou seu (sua) advogado(a), narrando que, no dia dos
fatos, câmeras de segurança registraram o momento em que uma pessoa desconhecida, de
maneira furtiva, teria colocado substâncias entorpecentes em sua bebida, o que teria causado
uma embriaguez completa. Rodrigo teria ficado descontrolado e, em razão disso, sem motivação,
teria desferido um soco na barriga de João, empurrando-o em seguida apenas para que, dele,
se afastasse, nem mesmo percebendo que a vítima estaria com uma garrafa de cerveja nas
mãos. Destacou sequer saber por que quis lesionar João, mas assegurou que o resultado morte
não foi pretendido e nem aceito pelo mesmo, que precisou, inclusive, ser submetido a tratamento
psicológico em razão dos fatos. Apresentou laudo do hospital, elaborado logo após o ocorrido,
constatando que estaria completamente embriagado em razão da ingestão daquela substância
entorpecente que teria sido colocada em sua bebida, bem como que, naquele momento, era
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito dos fatos.

Após recebimento da denúncia, citação e apresentação de defesa, foi designada audiência de


instrução e julgamento, na primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, para oitiva das
testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório do réu. Os policiais responsáveis
pelas investigações e pela oitiva dos envolvidos, arrolados como testemunhas pelo Ministério
Público, informaram ao magistrado que se atrasariam para o ato judicial, pois estavam em
importante diligência. Não querendo fracionar a colheita da prova, o magistrado determinou a
oitiva das testemunhas de defesa antes das de acusação, apesar do registro do inconformismo
da defesa. Ao final, o réu foi interrogado. As provas colhidas indicaram que a versão apresentada
por Rodrigo ao seu advogado era totalmente verdadeira. Considerando que foi constatado o
desferimento do soco e do empurrão por parte de Rodrigo em João, após manifestação das
partes, o juiz pronunciou o acusado nos termos da denúncia. Intimado, o Ministério Público se
manteve inerte. Rodrigo e sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de abril de 2021,
segunda-feira. Considerando apenas as informações expostas, apresente, na condição de
advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de
declaração, expondo todas as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis. A peça
deverá ser datada do último dia do prazo para interposição, devendo ser considerado que
segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP

Processo nº

RODRIGO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581,
inciso IV, do Código de Processo Penal.
O presente recurso é tempestivo, já que interposto dentro do prazo de
5 dias, previsto no artigo 586 do Código de Processo Penal. Nesse sentido, requer seja
recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de
Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o presente recurso, já com
as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, para o devido
processamento.

Nestes termos,
Pede deferimento

Local..., 12 de abril de 2021.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Recorrente: RODRIGO
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO

Processo nº
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo


Colenda Câmara Criminal

I) DOS FATOS
O Ministério Público denunciou o recorrente pelo crime de homicídio
simples consumado, com a causa de aumento prevista na primeira parte do artigo 121, §4º,
do Código Penal.
Designada a audiência de instrução e julgamento para a oitiva das
testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório do réu. Encerrada a instrução, o
Magistrado proferiu decisão pronunciando o réu nos termos da denúncia.
A defesa foi intimada da decisão no dia 05 de abril de 2021, segunda-
feira.

II) DO DIREITO
A) DA NULIDADE DO PROCEDIMENTO
Na audiência de instrução e julgamento o magistrado determinou a
oitiva das testemunhas de defesa antes das de acusação, em virtude do atraso dos policiais
arrolados pelo Ministério Público. Todavia, conforme dispõe artigo 411 do Código de
Processo Penal, na audiência de instrução e julgamento deverão ser ouvidas as
testemunhas de acusação e defesa, nesta ordem.

.
A inversão da ordem de oitiva das testemunhas prejudicou o exercício da ampla
defesa e contraditório, previsto no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.
Logo, deve ser reconhecida a nulidade de todos os atos processuais praticados a
partir da audiência, tendo em vista a inversão da ordem de inquirição de testemunhas.

B) DA EMBRIAGUEZ COMPLETA E ACIDENTAL


O recorrente foi denunciado pelo crime de homicídio simples consumado,
com a causa de aumento prevista na primeira parte do artigo 121, §4º, do Código Penal,
pois teria desferido um soco na barriga de João, além de ter lhe dado um empurrão, que
fez com que a vítima caísse em cima da garrafa de vidro que segurava.
Todavia, conforme laudo hospitalar elaborado logo após o ocorrido,
Rodrigo estava completamente embriagado, em razão de substância entorpecente que
havia sido inserida em sua bebida sem que ele percebesse, de modo que não entendia o
caráter ilícito dos fatos.
Dessa forma, o recorrente deve ser isento de pena, em virtude da embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito, nos termos do artigo 28, §1º, do Código Penal, causa
excludente de culpabilidade. Sendo assim, deve Rodrigo ser absolvido sumariamente,
conforme artigo 415, inciso IV, do Código de Processo Penal.
C) DA DESCLASSIFICAÇÃO
O réu foi denunciado pelo crime de homicídio doloso, com causa de
aumento de pena. Todavia, em que pese tenha ocorrido o resultado morte de João, o
recorrente não pretendia esse resultado e nem o aceitava.
No caso, Rodrigo teve a intenção de praticar o crime de lesão corporal.
Em relação a morte, vislumbra-se a ocorrência de culpa, de modo que o delito em tese
praticado seria o de lesão corporal seguida de morte, previsto no artigo 129, § 3º, do Código
Penal, o qual não é um crime doloso contra a vida. Dessa forma, caso não seja
reconhecida a absolvição sumária, requer a desclassificação do crime imputado para o delito
de lesão seguido de morte, na forma do artigo 419 do Código de Processo Penal,
encaminhando-se os autos ao juízo singular.

D) DO AFASTAMENTO DA CAUSA DE AUMENTO


O réu foi pronunciado pelo crime de homicídio simples consumado, com
a causa de aumento prevista na primeira parte do artigo 121, §4º, do Código Penal.
Todavia, tal causa de aumento somente é aplicável ao crime de homicídio
culposo, conforme se extrai da primeira parte do artigo 121, § 4º, do Código Penal. No caso,
o delito imputado ao recorrente foi de homicídio doloso, sendo inaplicável a causa de
aumento de pena.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente
recurso, com a reforma da decisão de 1º grau, para o fim de que:
a) Seja reconhecida a nulidade dos atos praticados desde a audiência de instrução e
julgamento;
b) Seja o réu absolvido sumariamente, com fundamento no artigo 415, inciso IV, do
Código de Processo Penal;
c) Seja desclassificado o delito de homicídio simples consumado para o crime de lesão
corporal seguida de morte, com a consequente remessa para o juízo comum, na forma do
artigo 419 do Código de Processo Penal;
d) Seja afastada a causa de aumento de pena, previsto no artigo 121, §4º, do Código
Penal.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., 12 de abril de 2021
Advogado...
OAB...
ITEM PONTUAÇÃO
Petição de interposição
1. Endereçamento: Juízo do Tribunal do Júri da Comarca de São
0,00/0,10
Paulo/SP (0,10)
2. Fundamento legal: Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10) 0,00/0,10
3. Requerimento do juízo de retratação ou exercício do efeito
0,00/0,30/0,40
regressivo (0,30), nos termos do Art. 589 do CPP (0,10)
Razões de Recurso
4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
0,00/0,10
(0,10)
5. Preliminarmente, nulidade da pronúncia ou nulidade da
instrução (0,30), por violação ao princípio da ampla defesa e
0,00/0,15/0,25/0,30/
contraditório ou devido processo legal (0,15), nos termos do Art.
0,40/0,45/0,55
5º, inciso LIV ou LV, da CRFB/88 ou do Art. 564, inciso IV, do
CPP (0,10)
5.1. Houve inadequada inversão da ordem de oitiva das
testemunhas ou as testemunhas de defesa foram ouvidas antes
0,00/0,30/0,40
das testemunhas de acusação (0,30), em desrespeito à previsão
do Art. 411 do CPP (0,10)
6. No mérito, pedido de absolvição sumária (0,30), diante da
manifesta causa de isenção de pena ou excludente de 0,00/0,15/0,25/0,30/
culpabilidade (0,15), nos termos do Art. 415, inciso IV, do CPP 0,40/0,45/0,55
(0,10)
6.1. A imputabilidade penal restou afastada em razão da
embriaguez (0,30), que foi completa, decorrente de caso fortuito
0,00/0,15/0,25/0,30/
ou força maior, e que tornou o réu inteiramente incapaz de
0,40/0,45/0,55
entender o caráter ilícito do fato (0,15), conforme o Art. 28, §1º,
do CP (0,10)
7. Subsidiariamente, desclassificação para crime não doloso
contra a vida (0,30), nos termos do Art. 419 do CPP (0,10), pois
Rodrigo pretendia desferir um soco na barriga da vítima e um 0,00/0,25/0,30/
empurrão, tendo apenas intenção de causar lesão, mas não o 0,35/0,40/0,55/0,65
resultado morte ou houve dolo na lesão e culpa em relação ao
resultado morte (0,25)
7.1. Deveria Rodrigo responder, caso reconhecida a
imputabilidade, pelo crime de lesão corporal seguida da morte 0,00/0,30/0,40
(0,30), previsto no Art. 129, §3º, do CP (0,10)
8. Ainda de maneira subsidiária, afastamento da causa de
aumento imputada na denúncia (0,30), tendo em vista que
0,00/0,30/0,40/0,70
somente aplicável ao homicídio culposo ou tendo em vista que
foi imputada a prática do crime de homicídio doloso (0,40)
Pedidos
9. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,20) 0,00/0,10/0,20/0,30
10. Prazo: 12 de abril de 2021 (0,10) 0,00/0,10
Fechamento
11. Local, data, advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10
Resposta à acusação

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – 36º EXAME


Resposta à acusação

Enunciado

No dia 31 de dezembro de 2019, Matheus, nascido em 10 de fevereiro de 2000, compareceu a


uma festa de Ano Novo, em Vitória, Espírito Santo, juntamente com seus amigos. Animados com
o evento, os amigos de Matheus ingeriram grande quantidade de bebida alcoólica, enquanto
Matheus permaneceu bebendo somente água tônica, pois sabia que tinha intolerância ao álcool
e que qualquer pequena quantidade de bebida alcoólica já o colocaria em situação de
embriaguez. Ocorre que, em determinado momento, solicitou água tônica ao funcionário do bar,
que, contudo, em erro, entregou a Matheus o drink “gin tônica”, que é feito com uma dose de gin
misturada com água tônica. Matheus, com sede, deu um grande gole na bebida, vindo a ficar
completamente embriagado, em razão da intolerância ao álcool. Sentindo-se mal, quando
deixava o local dos fatos, Matheus é surpreendido com a presença de Caio, 25 anos, com quem
já discutira em diversas oportunidades em jogos de futebol. Caio, ao verificar a situação de
completa embriaguez de seu rival, começa a rir, momento em que Matheus usa a garrafa de
refrigerante, de vidro, que estava em suas mãos, para desferir um golpe na cabeça de Caio. Caio
é imediatamente encaminhado para o hospital e, após atendimento médico, comparece à
Delegacia, narra o ocorrido e informa que teve de levar 15 pontos na cabeça, razão pela qual
ficaria incapacitado de trabalhar por 45 dias. Em razão da dor que sentia na cabeça, deixou de
comparecer, naquele momento, para a realização de exame de corpo de delito, informando,
ainda, que não teve acesso ao Boletim de Atendimento Médico (BAM) no hospital, não sabendo
se ele foi, efetivamente, realizado. Concluído o procedimento, o inquérito foi encaminhado ao
Ministério Público, que, com base apenas nas declarações de Caio, ofereceu denúncia em face
de Matheus, perante a 2ª Vara Criminal de Vitória/ES, imputando-lhe a prática do crime do Art.
129, § 1º, inciso I, do Código Penal. Informou o Parquet que deixou de oferecer proposta de
suspensão condicional do processo, em razão da significativa pena máxima prevista para o delito
(05 anos de reclusão), bem como diante da Folha de Antecedentes Criminais, que registrava
apenas uma condenação anterior de Matheus, com trânsito em julgado no ano de 2018, pela
prática da infração prevista no Art. 42 do Decreto-lei no 3.688/41. Como documentação, o
Ministério Público apresentou apenas imagens da câmera de segurança do local da festa e a
Folha de Antecedentes Criminais. Após recebimento da denúncia, Matheus foi pessoalmente
citado e intimado para adoção das medidas cabíveis, em 16 de novembro de 2022, quarta-feira,
data em que os mandados foram juntados aos autos, vindo a procurar seu advogado para
assistência técnica. Informou ao patrono que, na data dos fatos, realizou exame de alcoolemia e
atendimento médico, que constatou que ele se encontrava completamente embriagado em razão
da ingestão de bebida alcóolica (gin) e sua intolerância, bem como, que era inteiramente incapaz
de determinar-se sobre o caráter ilícito do fato. Forneceu, ainda, o nome do funcionário do bar
que teria lhe atendido (Carlos) e dos seus amigos José e Antônio, que teriam presenciado os
fatos. Confirmou, todavia, que desferiu o golpe de garrafa na cabeça de Caio, que deixou o local
com sangramento. Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de advogado
de Matheus, a peça jurídica cabível diferente de habeas corpus e embargos de declaração,
expondo todas as teses jurídicas de direito material e direito processual pertinentes. A
peça deverá ser datada no último dia do prazo, considerando que de segunda a sexta-feira
são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00)

Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE VITÓRIA/ES

Processo nº

Matheus, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado,


com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência
apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base no artigo 396 e 396-A, ambos do Código
de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I) DA TEMPESTIVIDADE
A presente Resposta à Acusação é tempestiva, uma vez que
apresentada dentro do prazo de 10 dias, na forma do artigo 396 do Código de Processo
Penal.

II) DOS FATOS


O réu foi denunciado pelo crime de lesão corporal qualificada, previsto
no artigo 129, §1º, inciso I, do Código Penal.
A vítima deixou de realizar o exame de corpo de delito, em razão de
dores que sentia na cabeça.
O Ministério Público deixou de oferecer proposta de suspensão
condicional do processo, em razão da pena máxima prevista para o delito (05 anos de
reclusão), bem como diante da Folha de Antecedentes Criminais.
Após o recebimento da denúncia, Matheus foi pessoalmente citado e
intimado para adoção das medidas cabíveis, em 16 de novembro de 2022, quarta-feira.
III) DO DIREITO
A) DA AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO
O Ministério Público ofereceu denúncia contra o réu pela prática do
crime previsto no artigo 129, §1º, inciso I, do Código Penal.
Todavia, a vítima deixou de realizar o exame de corpo de delito, em
razão de dores na cabeça, não havendo informações sobre a realização ou juntada do
Boletim de Atendimento Médico. Ao oferecer a denúncia, o Ministério Público, apresentou
apenas imagens da câmera de segurança do local da festa e a Folha de Antecedentes
Criminais.
Considerando que o crime de lesão corporal qualificada deixa vestígios,
é indispensável o exame de corpo de delito, conforme artigo 158 do Código de Processo
Penal, não bastando as declarações do ofendido.
Logo, a denúncia deve ser rejeitada, considerando a ausência do laudo
para fundamentar a inicial acusatória, conforme prevê o artigo 395, inciso III, do Código de
Processo Penal OU deve ser reconhecida a nulidade do recebimento da denúncia, conforme
o artigo 564, III, “b”, do Código de Processo Penal.

B) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO


O Ministério Público ofereceu denúncia contra o réu pela prática do
crime previsto no artigo 129, §1º, inciso I, do Código Penal, sem oferecer proposta de
suspensão condicional do processo.
Todavia, nos termos do artigo 89 da Lei 9.099/95, caberá ao Ministério
Público oferecer proposta de suspensão condicional do processo quando a pena mínima
cominada ao delito imputado for de até 01 ano, preenchidos os demais requisitos legais,
dentre os quais se destacam a primariedade e a presença dos requisitos do artigo 77 do
Código Penal.
No caso, havia informação de que Matheus registrava contra si apenas
uma condenação anterior, com trânsito em julgado em 2018, pela prática da infração prevista
no artigo 42 do Decreto-lei nº 3.688/41, ou seja, contravenção penal, que não impede a
concessão do benefício.
Logo, deve ser declarada a nulidade dos atos processuais, uma vez
que não foi oferecida a proposta de suspensão condicional do processo, pois preenchidos
os requisitos do artigo 89 da Lei 9.099/95.

C) DA EMGRIAGUEZ COMPLETA ACIDENTAL


O réu foi denunciado pelo crime de lesão corporal qualificada, previsto
no artigo 129, §1º, inciso I, do Código Penal.
Todavia, conforme exame de alcoolemia, foi constatado que Matheus
estava completamente embriagado ao tempo do fato, em razão de situação não esperada,
uma vez que Matheus solicitou água tônica ao funcionário do bar, mas este, por erro,
entregou a Matheus o drink “gin tônica”.
Assim, ao ingerir a bebida, Matheus ficou completamente embriagado,
em razão da intolerância ao álcool.
Dessa forma, deve ser excluída a culpabilidade do agente, em razão
da inimputabilidade, diante da embriaguez completa e proveniente de caso fortuito, na forma
do Art. 28, §1º, do Código Penal.
Sendo assim, deve Matheus ser absolvido, conforme artigo 397, inciso
II, do Código de Processo Penal.

IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o denunciado:
a) Nulidade do ato de recebimento da denúncia, com base no artigo
564, III, “b”, do Código de Processo Penal OU rejeição da denúncia, com base no artigo 395,
III, do Código de Processo Penal;
b) Nulidade do processo OU encaminhamento dos autos ao Ministério
Público, pelo não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo;
c) Absolvição sumária, com base no artigo 397, inciso II, do Código de
Processo Penal;
d) Produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente a
testemunhal OU indicação do rol de testemunhas.
ROL DE TESTEMUNHAS
a) Carlos...
b) José...
c) Antônio...

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 28 de novembro de 2022.

Advogado...
OAB...
ITEM PONTUAÇÃO
1. A resposta à acusação deve ser encaminhada à 2ª Vara
0,00/0,10
Criminal da Comarca de Vitória/ES (0,10).
2. Fundamento legal: Art. 396 ou 396-A, ambos do CPP (0,10). 0,00/0,10
Tempestividade
3. Prazo de 10 (dez) dias, na forma do Art. 396 do CPP (0,10). 0,00/0,10
Fundamentação
4.1. Pedido de nulidade do recebimento da denúncia ou rejeição da
denúncia por ausência de justa causa (0,30), nos termos do Art. 0,00/0,30/0,40
395, inciso III, do CPP ou Art. 564, inciso III, alínea b, do CPP (0,10)
4.2. A infração penal imputada deixa vestígios (0,35) e não consta
do procedimento qualquer prova pericial ou boletim de atendimento 0,00/0,20/0,35/0,55
médico (0,20).
4.3. Nulidade em razão da ausência de exame de corpo de delito,
direto ou indireto (0,40), nos termos do Art. 158 do CPP (0,10). 0,00/0,40/0,50

5.1. Cabimento de proposta de suspensão condicional do processo


(0,50), nos termos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95 (0,10). 0,00/0,50/0,60

5.2. O sursis processual é admitido mesmo a infração não sendo


de menor potencial ofensivo ou relevante é que a pena mínima seja 0,00/0,20
fixada em até 01 ano e não a pena máxima (0,20)
5.3. A condenação anterior por contravenção penal não impede a
concessão do benefício ou a lei somente proíbe a proposta quando 0,00/0,20
houver condenação por crime (0,20).
6.1. A conduta do agente não configura crime (0,20), em razão da
ausência de culpabilidade (0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60

6.2. A embriaguez de Matheus era completa e decorrente de caso


fortuito ou força maior (0,45), nos termos do Art. 28, §1º, do CP 0,00/0,45/0,55
(0,10).
Pedidos:
7. Pedido de acolhimento das alegações para reconhecer a
nulidade no ato de recebimento da denúncia ou rejeição da 0,00/0,20
denúncia pela ausência de justa causa (0,20).
8.1. Oferecimento de proposta de suspensão condicional do
0,00/0,10
processo (0,10).
8.2. Absolvição sumária (0,30), nos termos do Art. 397, inciso II, do
0,00/0,30/0,40
CPP (0,10).
9. Apresentação de rol de testemunhas (0,20). 0,00/0,20
10. Prazo: 28 de novembro de 2022 (0,10). 0,00/0,10
Fechamento:
11. Local, data, advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10
Agravo em execução

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XVI EXAME OAB


Agravo em execução

Enunciado

Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de roubo
simples, pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave ameaça, um
aparelho celular. Apesar de o crime restar consumado, o telefone celular foi recuperado pela
vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal conduta, foi Gilberto
denunciado e CONDENADO como incurso nas sanções penais do Art. 157, “caput”, do Código
Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão em regime inicial
fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para ambas as partes em 11
de setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em liberdade, mas, desde o dia 15
de setembro de 2013, vem cumprindo a sanção penal que lhe foi aplicada regularmente, inclusive
obtendo progressão de regime. Nunca foi punido pela prática de falta grave e preenchia os
requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios da execução penal.
No dia 25 de fevereiro de 2015, você, advogado(a) de Gilberto, formulou pedido de obtenção de
livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da comarca do Rio de
Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido, contudo, foi indeferido, apesar de, em
tese, os requisitos subjetivos estarem preenchidos, sob os seguintes argumentos: a) o crime de
roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do requerimento, 2/3 da pena
privativa de liberdade; b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos
objetivos para o benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes,
deveria cumprir metade da pena imposta para obtenção do livramento condicional; c)
indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em vista que os crimes de roubo,
de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade.
Você, advogado(a) de Gilberto, foi intimado dessa decisão em 23 de março de 2015, uma
segunda-feira.
Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de “habeas corpus”, no último dia do
prazo para sua interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO
PENAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ

Processo nº...

GILBERTO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado,


com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
interpor o presente AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no artigo 197 da Lei de Execução
Penal.
O presente recurso é tempestivo, pois interposto dentro do prazo de 5 dias,
nos termos da Súmula 700 do Supremo Tribunal Federal e artigo 586 do Código de
Processo Penal.
Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de
retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão,
requer seja encaminhado o recurso ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 30 de março de 2015.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Recorrente: GILBERTO
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO
Processo nº...

RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro


Colenda Câmara Criminal

I) DOS FATOS
O agravante foi denunciado e condenado como incurso nas sanções penais
do artigo 157, caput, do Código Penal, sendo-lhe aplicada pena privativa de liberdade de
04 anos e 06 meses de reclusão em regime inicial fechado e 12 dias multa, tendo a sentença
transitada em julgado para ambas as partes em 11 de setembro de 2013.
O agravante formulou pedido de obtenção de livramento condicional junto
ao Juízo da Vara de Execução Penal da comarca do Rio de Janeiro/RJ, que foi indeferido.

II) DO DIREITO
A) DO ROUBO NÃO SER CRIME HEDIONDO
O Magistrado indeferiu o pedido de livramento condicional, sob o
fundamento de que o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos, até o
momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade.
Todavia, o crime de roubo simples não é hediondo, tendo em vista que não
está previsto no rol trazido pelo Art. 1º da Lei nº 8.072/90.
Assim, não há que se falar em cumprimento de 2/3 da pena para concessão
do benefício, mas 1/3 da pena, já que o agravante não é reincidente, conforme prevê o
artigo 83, inciso I, do Código Penal.
B) DO PREENCHIMENTO DO REQUISITO OBJETIVO
O Magistrado indeferiu o pedido de livramento condicional, argumentando,
ainda, que não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em
vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir metade da pena
imposta para obtenção do livramento condicional.
Todavia, a decisão do Magistrado fere o princípio da legalidade, uma vez
que o artigo 83, inciso II, do Código Penal prevê que apenas o condenado reincidente na
prática do crime doloso tem que cumprir mais de metade da pena aplicada para fazer jus
ao livramento condicional.
Logo, embora conste no artigo 83, inciso I, do Código Penal, que o
condenado não reincidente e portador de bons antecedentes deve cumprir 1/3 da pena,
essa fração deve ser aplicada também caso o acusado seja portador de maus
antecedentes, além de não reincidente.
Diante do exposto, deverá observar o requisito objetivo para o livramento
condicional após cumprimento de 1/3 da pena.

C) DA DESNECESSIDADE DO EXAME CRIMINOLÓGICO


O Magistrado indeferiu o pedido de livramento condicional, porque
considera indispensável a realização de exame criminológico, tendo em vista que os crimes
de roubo, de maneira abstrata, são graves e causam severos prejuízos para a sociedade.
Todavia, o exame criminológico não é obrigatório para fins de obtenção da
progressão de regime ou do livramento condicional, bastando atestado de bom
comportamento expedido pelo diretor do estabelecimento carcerário, nos termos do artigo
112, § 1º, da Lei nº 7.210/84.
O simples fato de considerar o crime de roubo grave não justifica a
realização do exame criminológico, devendo a decisão ser devidamente fundamentada
considerando o caso concreto, nos termos da Súmula 439 do Superior Tribunal de Justiça.
Além disso, o agravante nunca foi punido pela prática de falta grave dentro
do estabelecimento prisional, de modo que desnecessária a realização do exame.
III – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente recurso,


com a reforma da decisão, a fim de que seja concedido o livramento condicional, com a
consequente expedição do alvará de soltura, já que o recorrente preenche os requisitos.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 30 de março de 2015.

Advogado...
OAB...
ITEM PONTUAÇÃO
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
Item 1 - Endereçamento correto: Juízo da Vara de Execuções Penais do
Rio de Janeiro/RJ (0,10). 0,00/0,10

Item 2 – Fundamento legal: Art. 197 da Lei nº 7.210/84 (0,10) 0,00/0,10


Item 3 - Pedido de retratação (0,30). 0,00/0,30
RAZÕES DO RECURSO
Item 4 – Endereçamento correto: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
0,00/0,10
(0,10).
Item 5 – Desenvolvimento jurídico acerca da concessão do livramento
condicional, pois a fundamentação trazida pelo magistrado é
equivocada (0,40). 0,00/0,40

Item 6 - Afastamento da hediondez do crime de roubo simples (0,50),


pois este não está no rol dos crimes hediondos ou por violação ao 0,00/0,20/
princípio da taxatividade (0,20). 0,50/0,70

Item 7.1 - O requisito objetivo para a concessão do livramento


condicional de condenado não reincidente portador de maus 0,00/0,50
antecedentes é de 1/3 e não de metade (0,50);
Item 7.2 - Aplicação do Art. 83, I, do CP (OU não aplicabilidade do Art.
83, II, do CP) (0,20), diante do princípio da legalidade, que veda a 0,00/0,20/
aplicação de analogia in malam partem (OU aplicação da interpretação 0,50/0,70
mais favorável ao apenado) (0,50).

Item 8 – A realização do exame criminológico não é indispensável (0,50),


porque a decisão que determina o exame criminológico deve ser
devidamente fundamentada em fatores concretos (OU a mera gravidade 0,00/0,40/0,50/
em abstrato do delito não é suficiente para a exigência do exame 0,60/0,90/1,00
criminológico) (0,40), conforme Súmula 439 do STJ (0,10).
Item 9 – Dos Pedidos: Conhecimento e provimento do recurso OU
concessão do livramento condicional (0,50); com a consequente 0,00/0,20/
expedição do alvará de soltura (0,20). 0,50/0,70

Item 10 - Prazo: 30.03.2015 (0,30). 0,00/0,30


Item 11 - Estrutura – duas petições (interposição e razões); aposição de
0,00/0,10
local, data, assinatura e OAB (0,10).
Contrarrazões de Recurso de Apelação

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XIX EXAME OAB (Adaptada)


Contrarrazões de apelação

Enunciado

No dia 24 de dezembro de 2014, na cidade do Rio de Janeiro, Rodrigo e um amigo não


identificado foram para um bloco de rua que ocorria em razão do Natal, onde passaram a ingerir
bebida alcoólica em comemoração ao evento festivo. Na volta para casa, ainda em companhia
do amigo, já um pouco tonto em razão da quantidade de cerveja que havia bebido, subtraiu,
mediante emprego de uma faca, os pertences de uma moça desconhecida que caminhava
tranquilamente pela rua. A vítima era Maria, jovem de 24 anos que acabara de sair do médico e
saber que estava grávida de um mês. Em razão dos fatos, Rodrigo foi denunciado pela prática
de crime de roubo duplamente majorado, na forma do Art. 157, § 2º, incisos II e VII, do Código
Penal. Durante a instrução, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Rodrigo, onde
constavam anotações em relação a dois inquéritos policiais em que ele figurava como indiciado
e três ações penais que respondia na condição de réu, apesar de em nenhuma delas haver
sentença com trânsito em julgado. Foram, ainda, durante a Audiência de Instrução e Julgamento
ouvidos a vítima e os policiais que encontraram Rodrigo, horas após o crime, na posse dos bens
subtraídos. Durante seu interrogatório, Rodrigo permaneceu em silêncio. Ao final da instrução,
após alegações finais, a pretensão punitiva do Estado foi julgada procedente, com Rodrigo sendo
condenado a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime semiaberto,
e 13 dias-multa. O juiz aplicou a pena-base no mínimo legal, além de não reconhecer qualquer
agravante ou atenuante. Na terceira fase da aplicação da pena, reconheceu a majorante
mencionada na denúncia e realizou um aumento de 1/3 da pena imposta. O Ministério Público
foi intimado da sentença em 14 de setembro de 2015, uma segunda-feira, sendo terça-feira dia
útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de apelação perante o juízo de
primeira instância, acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de
2015, requerendo:
i) O aumento da pena-base, tendo em vista a existência de diversas anotações na Folha de
Antecedentes Criminais do acusado;
ii) O reconhecimento das agravantes previstas no Art. 61, inciso II, alíneas ‘h’ e ‘l’, do Código
Penal;
iii) A majoração do quantum de aumento em razão das causas de aumentos previstas no Art.
157, §2º, incisos II e VII, do Código Penal, exclusivamente pelo fato de serem duas as
majorantes;
iv) Fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena, pois o crime de roubo tem
assombrado a população do Rio de Janeiro, causando uma situação de insegurança em toda a
sociedade.
A defesa não apresentou recurso. O magistrado, então, recebeu o recurso de apelação do
Ministério Público e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia
útil em todo o país, você, advogado(a) de Rodrigo, para apresentar a medida cabível. Com base
nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de “habeas corpus”, no último dia do
prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ

Processo nº...

RODRIGO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com


procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer
as CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 600 do Código
de Processo Penal.
As presentes contrarrazões são tempestivas, já que oferecidas dentro do
prazo de 8 dias, previsto no artigo 600 do Código de Processo Penal. Nesse sentido, requer
sejam recebidas, com posterior remessa ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 27 de outubro de 2015.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Apelante: MINISTÉRIO PÚBLICO
Apelado: RODRIGO

CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro


Colenda Câmara Criminal

I) DOS FATOS
O réu foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado, na forma do
artigo 157, §2º, incisos II e VII, do Código Penal.
Ao final da instrução, o Magistrado proferiu sentença condenatória,
aplicando a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime
semiaberto, e 13 dias-multa.
Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de apelação,
acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015.
O Magistrado recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e
intimou a defesa para apresentar a medida cabível.

II) DO DIREITO
A) DA INTEMPESTIVIDADE DA APELAÇÃO
O Ministério Público foi intimado da sentença no dia 14 de setembro de
2015 e interpôs o recurso de apelação no dia 30 de setembro de 2015. Todavia, nos termos
do artigo 593 do Código de Processo Penal, o prazo para interpor recurso de apelação é
de 05 dias.
Logo, considerando que entre a data da intimação da sentença e da
interposição do recurso de apelação passaram mais de 05 dias, conclui-se que o recurso
de apelação interposto pelo Ministério Público é intempestivo.
Diante disso, o recurso de apelação não deve ser conhecido.

B) DO AUMENTO DA PENA-BASE

O Ministério Público postula o aumento da pena-base, tendo em vista a


existência de diversas anotações na folha de antecedentes criminais do acusado. Todavia,
nos termos da Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça, inquéritos policiais, ações
penais em curso e condenações ainda não transitadas em julgado não autorizam o
reconhecimento de circunstância judicial desfavorável como maus antecedentes, sob
pena de violação do princípio da presunção de inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII,
da Constituição Federal/88.
Logo, não há maus antecedentes, devendo a pena-base ser mantida no
mínimo legal.

C) DA AGRAVANTE DA GRAVIDEZ

O Ministério Público busca o reconhecimento da agravante pela prática


de crime contra mulher grávida, prevista no artigo 61, inciso II, alínea “h”, do Código Penal.
Todavia, o réu não tinha conhecimento de que a vítima estava grávida. A própria vítima
recém tinha saído do médico e tomado conhecimento de que estava grávida de um mês,
não sendo, portanto, possível verificar sinais visíveis de gravidez da vítima.
Logo, não deve ser aplicada a agravante da gravidez, sob pena de
responsabilidade objetiva, já que o réu, em relação a essa circunstância, não agiu com
dolo ou culpa.

D) DA AGRAVANTE DA EMBRIAGUEZ PREORDENADA


O Ministério Público requer seja reconhecida a agravante da embriaguez
preordenada, prevista no artigo 61, inciso II, alínea “l”, do Código Penal. Todavia, o réu não
ingeriu bebida alcóolica com o objetivo de praticar crime ou para tomar coragem para
cometer delito, uma vez que bebeu em comemoração durante evento festivo.
Logo, não se trata de embriaguez preordenada, mas voluntária ou, até
mesmo, culposa. Assim, não deve ser aplicada a agravante da embriaguez preordenada.

E) DO AUMENTO DA PENA
O Ministério Público postulou a majoração do quantum de aumento em razão
das causas de aumentos previstas no Art. 157, §2º, incisos II e VII, do Código Penal,
exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes.
Todavia, não é possível elevar ainda mais a pena, uma vez que a elevação
da fração da pena exige motivação idônea, não sendo suficiente fundamentar o aumento
apenas com base no número de majorantes, conforme a Súmula 443 do Superior Tribunal
de Justiça.
Logo, deve ser mantida a majoração da pena.

F) DO REGIME CARCERÁRIO
O Ministério Público requer a fixação do regime inicial fechado de
cumprimento de pena, pois o roubo tem assombrado a população do Rio de Janeiro,
causando uma situação de insegurança em toda a sociedade.
Todavia, nos termos das Súmulas 718 e 719 do Supremo Tribunal
Federal, eventual gravidade em abstrato do delito não constitui motivação idônea para a
fixação do regime mais severo do que a pena aplicada permitir.
Além disso, o Magistrado fixou a pena-base no mínimo legal, sendo,
portanto, vedada a fixação do regime mais severo do que a pena imposta permite, com
base na gravidade em abstrato do delito, nos termos da Súmula 440 do Superior Tribunal
de Justiça.
Logo, considerando que o fato de roubo estar assombrando a população do
Rio de Janeiro não constitui motivação idônea para fixação de regime carcerário mais
severo, porque amparada na gravidade em abstrato de delito, deverá ser mantido o regime
carcerário semiaberto fixado na sentença.
III) DO PEDIDO

Ante o exposto, requer não seja conhecido, e, no mérito, IMPROVIDO o


recurso de apelação interposto, mantendo-se, por conseguinte, a decisão recorrida nos
seus exatos termos.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 27 de outubro de 2015.

Advogado...
OAB...
Queixa-crime

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XV EXAME OAB (Adaptada)


Queixa-crime

Enunciado

Enrico, engenheiro de uma renomada empresa da construção civil, possui um perfil em uma das
redes sociais existentes na Internet e o utiliza diariamente para entrar em contato com seus
amigos, parentes e colegas de trabalho. Enrico utiliza constantemente as ferramentas da Internet
para contatos profissionais e lazer, como o fazem milhares de pessoas no mundo
contemporâneo.
No dia 07/05/2021, Enrico comemora aniversário e planeja, para a ocasião, uma reunião à noite
com parentes e amigos para festejar a data em uma famosa churrascaria da cidade de Niterói,
no estado do Rio de Janeiro. Na manhã de seu aniversário, resolveu, então, enviar o convite por
meio da rede social, publicando postagem alusiva à comemoração em seu perfil pessoal, para
todos os seus contatos.
Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que também possui perfil na referida rede social e está
adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do motivo da comemoração. Então,
de seu computador pessoal, instalado em sua residência, um prédio na praia de Icaraí, em
Niterói, publicou na rede social uma mensagem no perfil pessoal de Enrico.
Naquele momento, Helena, com o intuito de ofender o ex-namorado, publicou o seguinte
comentário: “não sei o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado,
irresponsável e sem vergonha!”, e, com o propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas
de trabalho e denegrir sua reputação acrescentou, ainda, “ele trabalha todo dia embriagado! No
dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado
no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para
socorrê-lo!”.
Imediatamente, Enrico, que estava em seu apartamento e conectado à rede social por meio de
seu tablet, recebeu a mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofensivos de
Helena em seu perfil pessoal.
Enrico, mortificado, não sabia o que dizer aos amigos, em especial a Carlos, Miguel e Ramirez,
que estavam ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, Enrico tentou disfarçar o
constrangimento sofrido, mas perdeu todo o seu entusiasmo, e a festa comemorativa deixou de
ser realizada. No dia seguinte, Enrico procurou a Delegacia de Polícia Especializada em
Repressão aos Crimes de Informática e narrou os fatos à autoridade policial, entregando o
conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a página da rede social na Internet onde ela poderia
ser visualizada. Passados cinco meses da data dos fatos, Enrico procurou seu escritório de
advocacia e narrou os fatos acima. Você, na qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-lo.
Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, possui Varas Criminais e
Juizados Especiais Criminais.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de “habeas
corpus”, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes, datando-a no último dia do prazo.
(Valor: 5,00 pontos)
A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE NITERÓI/RJ

ENRICO, nacionalidade..., estado civil..., engenheiro, RG..., CPF..., com


endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua...., por meio do seu procurador infra-
assinado, com procuração com poderes especiais, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, oferecer a presente QUEIXA-CRIME, com base nos artigos 30, 41, 44,
todos do Código de Processo Penal, e artigo 100, § 2º, do Código Penal, contra HELENA,
nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF..., endereço eletrônico..., residente
na Rua ..., pelos fatos a seguir expostos.
A presente queixa-crime foi oferecida dentro do prazo de 6 meses, previsto
nos artigos 38 do Código de Processo Penal e art. 103 do Código Penal.

I – DOS FATOS

No dia 07 de maio de 2021, no prédio na praia de Icaraí, em Niterói/RJ, a


querelada Helena difamou e injuriou o querelante, imputando-lhe fato ofensivo à sua
reputação e ofendeu, ainda, sua dignidade e o decoro.
Na ocasião, Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que também possui
perfil na referida rede social e está adicionada nos contatos do querelante, por meio do seu
computador pessoal, instalado em sua residência, publicou no perfil pessoal de Enrico o
seguinte comentário: “não sei o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um
idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha”.
Na sequência, com o propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas
de trabalho e atingir a sua reputação, acrescentou que “ele trabalha todo dia embriagado!
No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão
bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma
ambulância para socorrê-lo!”.
Helena, ao utilizar o seu computador pessoal para inserir as expressões
injuriosas e difamantes, no perfil do querelante em sua rede social, usou meio que facilitou
a divulgação da difamação e injúria, incorrendo na causa de aumento de pena, prevista no
artigo 141, § 2º, do Código Penal.

II – DO DIREITO

Ao afirmar que o querelante trabalha todo dia embriagado e que no dia 10


de março, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no
horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância
para socorrê-lo, a querelada praticou o crime de difamação, previsto no artigo 139 do
Código Penal.
Ao afirmar que o querelante não passa de um idiota, bêbado, irresponsável
e sem vergonha, a querelada praticou o crime de injúria, previsto no artigo 140 do Código
Penal.
Helena, ao utilizar o seu computador pessoal para inserir as expressões
injuriosas e difamantes, no perfil do querelante em sua rede social, usou meio que facilitou
a divulgação da difamação e injúria, por meio de rede mundial de computador, incidindo,
por isso, a causa de aumento de pena prevista no artigo 141, § 2º, do Código Penal.
Helena praticou a injúria e a difamação no mesmo contexto, mediante única
publicação, com desígnios autônomos, em concurso formal imperfeito de crimes, nos
termos do artigo 70, 2ª parte, do Código Penal.
III – DO PEDIDO

Ante o exposto, o querelante requer:


a) A designação de audiência reconciliação, prevista no artigo 520 do Código de Processo
Penal;
b) O recebimento da queixa-crime;
c) A citação da querelada;
d) A procedência do pedido, com a consequente condenação da querelada pela prática dos
crimes do artigo 139 e 140 c/c o artigo 141, § 2º, e artigo 70, todos do Código Penal;
e) A fixação do valor mínimo de indenizatório, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código
de Processo Penal;
f) A produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas.

ROL DE TESTEMUNHAS:
1) CARLOS...;
2) MIGUEL...;
3) RAMIREZ...

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 6 de novembro de 2021.

ADVOGADO...
OAB...
ITEM PONTUAÇÃO
Item 1 – Endereçamento correto:
Juizado Especial Criminal de Niterói (0,10)
0,00 / 0,10
(OBS: Trata-se de uma adaptação da peça do XV Exame,
considerando a alteração do artigo 141, § 2º, do Código Penal, razão
pela qual o endereçamento seria para a Vara Criminal).
Item 2 – Indicação correta do dispositivo legal que embasa a queixa-
crime: art. 41 do CPP OU Art. 100, §2º, do CP OU o Art. 30, do CPP OU 0,00 / 0,10
Art. 145 do CP (0,10)
Item 3.1 – Qualificação do querelante e da querelada: Indicação da
0,00 / 0,10 / 0,20
qualificação do querelante (0,10) e da querelada (0,10)
Item 3.2 – Existência de Procuração com poderes especiais de acordo
com o artigo 44 do CPP em anexo ou menção acerca de sua existência 0,00 / 0,30
no corpo da qualificação. (0,30)
Item 4.1- a exposição dos fatos criminosos: Descrição do delito de 0,00 / 0,10 / 0,50/
injúria (0,50) e sua classificação típica (Art. 140 do CP) (0,10) 0,60
Item 4.2- Descrição do delito de difamação (0,50) e sua classificação 0,00 / 0,10 / 0,50
típica (Art. 139 do CP) (0,10) / 0,60
Item 4.3 – Incidência da causa de aumento de pena por estar na
presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da 0,00 /0,10 / 0,20 /
calúnia, da difamação ou da injúria- (0,20), nos termos do Art. 141, III do 0,30
CP. (0,10)
Item 4.4 – Incidência do concurso formal de delitos (0,30), previsto no 0,00 / 0,10 / 0,30
Art. 70, do CP (0,10) /0,40
Item 5. Dos pedidos: a) designação de audiência preliminar ou de
conciliação (0,20)
0,00 / 0,20
(OBS: Considerando que se trata de uma peça adaptada, o pedido é de
audiência de reconciliação, conforme o art. 520 do CPP).
b) a citação da querelada (0,20); 0,00 / 0,20
c) recebimento da queixa (0,20) 0,00 / 0,20
d) a oitiva das testemunhas arroladas (0,20) 0,00 / 0,20
e) a condenação da querelada (0,50) pelo crime de injúria (Art. 140 do
CP) (0,10) e pelo crime de difamação (Art. 139 do CP) (0,10) com a 0,00 / 0,50 /0,60 /
causa de aumento de pena (Art. 141, III do CP) (0,10) em concurso 0,70 / 0,80/ 0,90
formal de delitos (Art. 70 do CP) (0,10)
f) a fixação de valor mínimo de indenização (0,30), nos termos do Art.
387, IV, do CPP (0,10). OBS:. A mera indicação de dispositivo legal não 0,00 / 0,30 / 0,40
pontua
Item 6– Rol de testemunhas: Arrolar as testemunhas Carlos, Miguel e
Ramirez (0,20). OBS:.É necessária indicação do nome das 0,00 / 0,20
testemunhas.
Item 7 - Estrutura correta (divisão das partes / indicação de local, data,
0,00 / 0,10
assinatura). (0,10)
Revisão criminal

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – X Exame da OAB


Revisão criminal

Enunciado
Jane, no dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Cuiabá – MT, subtraiu veículo automotor de
propriedade de Gabriela. Tal subtração ocorreu no momento em que a vítima saltou do carro
para buscar um pertence que havia esquecido em casa, deixando-o aberto e com a chave na
ignição. Jane, ao ver tal situação, aproveitou-se e subtraiu o bem, com o intuito de revendê-lo no
Paraguai. Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta empreendeu perseguição ininterrupta,
tendo prendido Jane em flagrante somente no dia seguinte, exatamente quando esta tentava
cruzar a fronteira para negociar a venda do bem, que estava guardado em local não revelado.
Em 30 de outubro de 2010, a denúncia foi recebida. No curso do processo, as testemunhas
arroladas afirmaram que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem no país vizinho e
que havia um comprador, terceiro de boa-fé arrolado como testemunha, o qual, em suas
declarações, ratificou os fatos. Também ficou apurado que Jane possuía maus antecedentes e
reincidente específica nesse tipo de crime, bem como que Gabriela havia morrido no dia seguinte
à subtração, vítima de enfarte sofrido logo após os fatos, já que o veículo era essencial à sua
subsistência. A ré confessou o crime em seu interrogatório.

Ao cabo da instrução criminal, a ré foi condenada a cinco anos de reclusão no regime inicial
fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade, tendo sido levada em consideração a
confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências do crime, quais
sejam, a morte da vítima e os danos decorrentes da subtração de bem essencial à sua
subsistência. A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o cumprimento
da pena em 10 de novembro de 2012. No dia 5 de março de 2013, você, já na condição de
advogado(a) de Jane, recebe em seu escritório a mãe de Jane, acompanhada de Gabriel, único
parente vivo da vítima, que se identificou como sendo filho desta. Ele informou que, no dia 27 de
outubro de 2010, Jane, acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou, indicando o local onde
o veículo estava escondido. O filho da vítima, nunca mencionado no processo, informou que no
mesmo dia do telefonema, foi ao local e pegou o veículo de volta, sem nenhum embaraço, bem
como que tal veículo estava em seu poder desde então.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de “habeas
corpus”, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO

JANE, nacionalidade..., profissão..., estado civil..., RG..., CPF..., com


endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., por seu procurador infra-assinado,
com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência ajuizar
a presente REVISÃO CRIMINAL, com base no artigo 621, inciso I e III, do Código de
Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I) DOS FATOS

A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado,


ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de
Gabriela.
Após o encerramento da instrução e oferecimento das alegações finais, o
Magistrado proferiu decisão condenando a requerente a 05 anos de reclusão no regime
fechado.
Após o trânsito em julgado, o filho da vítima informou que, no dia 27 de
outubro de 2010, Jane, acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou, indicando o local
onde o veículo estava escondido.

II) DO DIREITO

A) DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR
A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado,
ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de
Gabriela.
Todavia, não foi considerada na sentença condenatória a causa de
diminuição da pena consistente no arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do
Código Penal.
O filho da vítima, que nunca fora mencionado no processo que deu origem
à condenação do requerente, informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane, acolhendo
os conselhos maternos, lhe telefonou indicando o local onde o veículo estava escondido,
acrescentando que no mesmo dia do telefonema foi ao local e pegou o veículo de volta,
sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então.
Logo, surgiu prova nova no sentido de que a requerente teria restituído o
veículo antes do recebimento da denúncia, razão pela qual deve ser considerada a causa
de diminuição da pena em face do arrependimento posterior, no se grau máximo, qual seja,
em 2/3, já que o bem subtraído foi devolvido na sua integralidade.

B) DA QUALIFICADORA
A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado,
ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de
Gabriela, sendo qualificado porque teria subtraído para transportar para o Paraguai.
Todavia, o fato novo, consistente nas declarações do filho da vítima,
comprova que o veículo não chegou a ser transportado para o exterior, já que teria sido
restituído à vítima.
Logo, não incidiu a qualificadora prevista no §5º do artigo 155 do Código
Penal. Por isso, cabível a desclassificação do furto qualificado para o furto simples (artigo
155, “caput”, do Código Penal).
C) DO REGIME FECHADO
A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado,
ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de
Gabriela, sendo condenada a cinco anos de reclusão, em regime fechado.
Todavia, considerando o afastamento da qualificadora e do
arrependimento posterior e a consequente diminuição em 2/3, a pena não será superior a
quatro anos. Além disso, a reparação do dano promovida pela requerente prepondera sobre
os maus antecedentes, sendo, portanto, as circunstâncias judiciais favoráveis.
Logo, nos termos da Súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça, é
possível a fixação do regime semiaberto ao condenado à pena não superior a quaro anos,
com circunstâncias judiciais favoráveis.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja julgada procedente a ação de revisão criminal,
a fim de que seja, nos termos do artigo 626 do Código de Processo Penal:
a) Desclassificada a conduta de furto qualificado para o furto simples;
b) A diminuição da pena privativa de liberdade, em face do arrependimento posterior;
c) A fixação do regime semiaberto (ou a mudança para referido regime) para o
cumprimento da pena privativa de liberdade.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...
Relaxamento de prisão

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – VI EXAME OAB (adaptada)


Relaxamento de prisão

Enunciado
No dia 10 de março de 2020, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, José Alves
pegou seu automóvel e passou a conduzi-lo ao longo da estrada que tangencia sua propriedade
rural. Após percorrer cerca de dois quilômetros na estrada absolutamente deserta, José Alves
foi surpreendido por uma equipe da Polícia Militar que lá estava a fim de procurar um indivíduo
foragido do presídio da localidade. Abordado pelos policiais, José Alves saiu de seu veículo
trôpego e exalando forte odor de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policiais
lhe compeliram a realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste,
foi constatado que José Alves tinha concentração de álcool de um miligrama por litro de ar
expelido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o conduziram à Unidade de Polícia
Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela prática do crime previsto no artigo
306 da Lei 9.503/1997, sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de
entrevistar-se com seus advogados ou com seus familiares.

Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José Alves ter
permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do preso, sob
protestos de que não conseguiam vê-lo e de que o delegado não comunicara o fato ao juízo
competente, tampouco à Defensoria Pública.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, na qualidade de advogado de José Alves, redija a peça cabível, exclusiva de
advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, questionando, em juízo, eventuais
ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para tanto toda a matéria de direito
pertinente ao caso. (Valor 5,00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA...

Autos nº...

JOSÉ ALVES, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF...,


endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., vem, por seu procurador infra-
assinado, com procuração em anexo, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
requerer o RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no artigo 310, inciso
I, do Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal/88, pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos:

I) DOS FATOS

O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado o


delito previsto no artigo 306 da Lei nº 9.503/97.
O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em
aparelho alveolar, sendo-lhe negado no auto de prisão em flagrante o direito de se
entrevistar com advogado e com seus familiares.
O requerente permaneceu preso dois dias após a lavratura da
prisão em flagrante, sendo que a autoridade policial não comunicou o fato ao juízo
competente nem à Defensoria Pública.

II) DO DIREITO

A) DA PROVA ILÍCITA
O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em aparelho de
ar alveolar. Todavia, trata-se de prova ilícita, porque violou o direito do requerente de não
produzir prova contra si mesmo, previsto no artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição
Federal/88 e artigo 8º, § 2, alínea “g”, do Decreto 678/92.
Além disso, o requerente foi forçado a realizar o teste de alcoolemia. Logo,
trata-se de prova ilícita, nos termos do artigo 157 do Código de Processo Penal, e artigo 5º,
inciso LVI, da Constituição Federal/88.

B) DO DIREITO À ADVOGADO E COMUNICAÇÃO À FAMÍLIA


A autoridade policial negou ao requerente o direito de se entrevistar com
advogado, bem como não permitiu comunicação com a família.
Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e
artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal/88, o preso tem direito à assistência de
advogado. Logo, deveria a autoridade policial viabilizar a presença de advogado ou
encaminhar a cópia dos autos à defensoria Pública.
Além disso, a família do preso não foi imediatamente comunicada sobre a
prisão, havendo, portanto, violação ao artigo 306, “caput”, do Código de Processo Penal, e
artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal/88.

C) DA AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO AO JUIZ COMPETENTE E À DEFENSORIA


PÚBLICA
A autoridade policial não comunicou a prisão ao juiz competente, nem
tampouco à Defensoria Pública.
Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e
artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal, a prisão deveria ser comunicada
imediatamente ao juiz competente, bem como à Defensoria Pública, no prazo de 24 horas.
Logo, trata-se de prisão ilegal.

D) DA NOTA DE CULPA
Após o decurso de dois dias da lavratura da prisão em flagrante, o Delegado
não havia comunicado e, portanto, encaminhado os autos ao juiz competente, não
entregando, pois, a nota de culpa.
Todavia, conforme o artigo 306, §2º, do Código de Processo Penal, no prazo
de 24 horas após a realização da prisão, deveria ser entregue a nota de culpa ao flagrado.
Logo, trata-se de prisão ilegal.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) O relaxamento da prisão em flagrante;
b) Expedição do alvará de soltura;
c) Vista ao Ministério Público.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local... e data...
Advogado...
OAB...
Distribuição dos Pontos

Item Pontuação
1 - Estrutura correta (divisão das partes / indicação de local, data,
0,00/0,25
assinatura).
2 - Indicação correta dos dispositivos legais que dão ensejo ao pedido
de relaxamento de prisão – art. 5º, LXV, da CRFB OU art. 310, I, do 0,00/0,50
CPP.
3 - Endereçamento correto – Juiz de Direito da XX Vara Criminal da
0,00/0,25
Comarca...
4.1 - Desenvolvimento jurídico acerca da nulidade do auto de prisão em
flagrante por violação ao direito a não produzir prova contra si (0,5) [art.
5º, LXIII, da CRFB OU art. 8º, 2, “g” do Decreto 678/92 (Pacto de San 0,00/0,50/0,75
José da Costa Rica)] (0,25)
Obs.: A mera indicação do artigo não é pontuada.
4.2 - em razão da colheita forçada do exame de teor alcoólico e
consequente ilicitude da prova (0,5) [art. 5º, LVI, OU art. 157 do CPP]
0,00/0,50/0,75
(0,25)
Obs.: A mera indicação do artigo não é pontuada.
5 - Desenvolvimento jurídico acerca da nulidade do auto de prisão em
flagrante por violação ao direito à comunicação entre o preso e o
advogado, bem como familiares (0,8), nos termos do art. 5º, LXIII, da 0,00/0,80/1,0
CRFB OU art 7º, III, do EOAB (0,2).
Obs.: A mera indicação do artigo não é pontuada.

6 - Desenvolvimento jurídico acerca da nulidade do auto de prisão em


flagrante por violação à exigência de comunicação da medida à
autoridade judiciária e à defensoria pública dentro de 24 horas (0,8), 0,00/0,80/1,0
nos termos do art. 306, §1º, do CPP OU art. 5º, LXII, da CRFB (0,2).
Obs.: A mera indicação do artigo não é pontuada.

7 - Pedido de relaxamento de prisão em razão da nulidade do auto de


0,00/0,25/0,50
prisão em flagrante (0,25) e expedição de alvará de soltura (0,25).
Apelação do assistente de acusação no procedimento do júri

• Considerações iniciais
A titularidade para o exercício da ação penal pública pertence ao Ministério Público, nos
termos do artigo 129, inciso I, da Constituição Federal/88. Todavia, é facultado à vítima ou seu
representante legal, ou, na sua falta, qualquer das pessoas mencionadas no artigo 31 do Código
de Processo Penal (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão), intervir na ação penal,
conforme o disposto no artigo 268 do Código de Processo Penal.
Para intervir na ação penal pública o ofendido deverá, por intermédio de seu advogado,
requerer a sua habilitação. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão,
conforme artigo 272 do Código de Processo Penal, mas só será indeferido o pedido em caso de
ilegitimidade ou falta de procuração. Dessa decisão, não caberá recurso, conforme determina o
artigo 273 do Código de Processo Penal, mas admite-se a impetração de Mandado de
Segurança, conforme o caso.
O assistente de acusação será admitido até o trânsito em julgado, sendo possível que o
assistente venha ao processo só para recorrer, sendo tratado como assistente não habilitado.
Em se tratando de processo por crime de competência do tribunal do júri, na 2ª fase do Júri,
deve-se atentar para a regra do artigo 430 do Código de Processo Penal, que informa que
somente será admitido o assistente que tenha requerido a sua habilitação até 5 (cinco) dias antes
da data da sessão na qual pretenda atuar.
Destaca-se que não cabe assistência de acusação na fase do inquérito policial, eis que
não se tem ação penal, porém nada impede que a vítima ou seu representante constitua um
advogado para acompanhar o procedimento, podendo, inclusive, nos termos do artigo 14 do
Código de Processo Penal requerer diligências.
A participação do assistente encontra amparo no artigo 271 do Código de Processo Penal,
podendo propor meios de provas, requerer perguntas às testemunhas, participar do debate oral
e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos
artigos 584, §1º, e 598, ambos do Código de Processo Penal.
No tocante à legitimidade recursal a atuação do assistente de acusação é restrita e
subsidiária (supletiva). De acordo com a lei, a legitimação recursal é restrita à impugnação das
seguintes decisões: a) impronúncia; b) sentença; c) da decisão que declara extinta a punibilidade
(artigos 584, §1º, e 598, ambos do Código de Processo Penal). O STF ampliou a possibilidade
nos termos da súmula 210, sendo possível a interposição de recurso extraordinário e especial.
Frise-se: o recurso do assistente de acusação será sempre subsidiário ao do Ministério Público,
isso significa que o assistente somente poderá recorrer se a promotoria não fizer.
Por fim, a possibilidade de assistência à acusação é muito criticada por parte da doutrina, por
exemplo, para Aury Lopes o sentimento de vingança gera uma contaminação que em nada
contribui para o processo, além do interesse na vingança, há nítido interesse na condenação a
fim de reforçar o dever de indenizar.

• Procedimento
O assistente de acusação poderá em regra arrazoar os recursos interpostos pelo
Ministério Público (Art. 271 do CPP).
Caso não seja interposto o recurso pelo Ministério Público, poderá nas hipóteses dos
artigos 584, §1º, e 598, ambos do Código de Processo Penal, o assistente recorrer.
No que se refere ao Tribunal do Júri, é possível que, diante da inércia de recurso por parte
do Ministério Público, o assistente de acusação recorra nos casos de:
a) Impronúncia
b) Absolvição Sumária1
c) Sentenças da 2ª Fase

Das decisões listadas, o recurso cabível é o de Apelação, nos termos dos artigos 416 e
593, inciso III, ambos do Código de Processo Penal.

Prazo para o Assistente de Acusação interpor Apelação das decisões no Tribunal do Júri:
art. 598, CPP
• Prazo de 5 dias para apelar, se já habilitado nos autos.
• Prazo de 15 dias, se não habilitado, contados a partir do escoamento do prazo do MP
(artigo 598 do Código de Processo Penal e Súmula 448 do STF).

¹Embora não tenha previsão expressa, há entendimento jurisprudencial e doutrinário neste sentido (Norberto
Avena).
• Caso o assistente de acusação já tenha se habilitado, deverá ser observada a Súmula
448 do STF - O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente
após o transcurso do prazo do Ministério Público.

OBSERVAÇÃO
Embora não se trate de recurso, é importante registrar que o assistente de acusação
é legitimado a requerer o Desaforamento no procedimento do Tribunal do Júri,
conforme o artigo 427 do Código de Processo Penal.
Peça de interposição de recurso com pedido de habilitação

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA


CRIMINAL/TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA ...

Processo nº...

Pai da vítima, nacionalidade, estado civil, profissão, RG..., na qualidade de


pai da vítima, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, requerer a sua HABILITAÇÃO COMO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO,
com base no artigo 268 do Código de Processo Penal, após oitiva do Ministério Público.
Ainda, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o
presente RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do Código de
Processo Penal, artigo 416 do Código de Processo Penal, e artigo 598 do Código de
Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

Juiz da Execução adotar essa opção, artigo 146, alínea “c”, parágrafo único, da Lei de Execução
Penal.
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – VII Exame (Adaptada)
Apelação do Assistente de Acusação no Procedimento do Júri

Enunciado
Grávida de nove meses, Ana entra em trabalho de parto, vindo dar à luz um menino saudável, o
qual é imediatamente colocado em seu colo. Ao ter o recém-nascido em suas mãos, Ana é
tomada por extremo furor, bradando aos gritos que seu filho era um “monstro horrível que não
saiu de mim” e bate por seguidas vezes a cabeça da criança na parede do quarto do hospital,
vitimando-a fatalmente. Após ser dominada pelos funcionários do hospital, Ana é presa em
flagrante delito.
Durante a fase de inquérito policial, foi realizado exame médico-legal, o qual atestou que Ana
agira sob influência de estado puerperal. Posteriormente, foi denunciada, com base nas provas
colhidas na fase inquisitorial, sobretudo o laudo do expert, perante a 1ª Vara Criminal/Tribunal
do Júri pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado, haja vista ter sustentado o
Parquet que Ana fora movida por motivo fútil, empregara meio cruel para a consecução do ato
criminoso, além de se utilizar de recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Em sede de
Alegações Finais Orais, o Promotor de Justiça reiterou os argumentos da denúncia, sustentando
que Ana teria agido impelida por motivo fútil ao decidir matar seu filho em razão de tê-lo achado
feio e teria empregado meio cruel ao bater a cabeça do bebê repetidas vezes contra a parede,
além de impossibilitar a defesa da vítima, incapaz, em razão da idade, de defender-se.
A Defensoria Pública, por sua vez, alegou que a ré não teria praticado o fato e, alternativamente,
se o tivesse feito, não possuiria plena capacidade de autodeterminação, sendo inimputável. Ao
proferir a sentença, o magistrado competente entendeu por bem absolver sumariamente a ré em
razão de inimputabilidade, pois, ao tempo da ação, não seria ela inteiramente capaz de se
autodeterminar em consequência da influência do estado puerperal. Tendo sido intimado o
Ministério Público da decisão, em 11 de janeiro de 2011, o prazo recursal transcorreu in albis
sem manifestação do Parquet.
Em relação ao caso acima, você, na condição de advogado(a), é procurado pelo pai da vítima,
Wilson, em 20 de janeiro de 2011, para habilitar-se como assistente da acusação e impugnar a
decisão. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo
caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas
pertinentes, datando do último dia do prazo. (valor: 5,00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA
CRIMINAL/TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA...

Processo n.

Wilson, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF..., na


qualidade de pai da vítima, por seu procurador infra-assinado, com
procuração em anexo, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a
sua HABILITAÇÃO COMO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO, com base no artigo 268 do
Código de Processo Penal, após oitiva do Ministério Público.
Ainda, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o
presente RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do Código de
Processo Penal, e artigo 416 do Código de Processo Penal, e artigo 598 do Código de
Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 31 de janeiro de 2011.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...

Apelante: Wilson
Apelada: Ana

Processo nº

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...


Colenda Câmara Criminal

I – DOS FATOS
Ana foi denunciada pela prática do delito de homicídio triplamente
qualificado pelo motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que tornou impossível a
defesa da vítima.
Ao proferir sentença, o Magistrado absolveu sumariamente a ré, sob o
fundamento de que seria inimputável por conta do seu estado puerperal.
Intimado da decisão no dia 11 de janeiro de 2011, o Ministério Público
deixou transcorrer o prazo recursal.
Em 20 de janeiro de 2011, o pai da vítima procurou o advogado para se
habilitar como assistente da acusação e impugnar a decisão.

II – DO DIREITO
DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
O Magistrado proferiu sentença de absolvição sumária, considerando a ré inimputável.
Todavia, nos termos do artigo 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal,
somente seria
possível a absolvição sumária pela inimputabilidade se fosse a única tese defensiva. No
caso, além da inimputabilidade, a defesa apresentou a tese de negativa de autoria, ao
alegar que a ré não praticou o fato imputado a ela.
Logo, não poderia o Magistrado absolver sumariamente a ré, mas deveria
proferir sentença de pronúncia, encaminhando-a para julgamento pelo Tribunal do Júri pela
prática do crime de homicídio triplamente qualificado ou, alternativamente, pelo delito de
infanticídio.

DA INIMPUTABILIDADE
O Magistrado proferiu sentença de absolvição sumária, considerando a ré
inimputável, pois, ao tempo da ação, não seria ela inteiramente capaz de se autodeterminar
em consequência da influência do estado puerperal. Todavia, o estado puerperal não
constitui causa de inimputabilidade, ou seja, causa excludente de culpabilidade, sendo,
portanto, elementar do crime de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal.
Logo, não cabia ao Magistrado absolver sumariamente a ré pela
inimputabilidade, mas proferir decisão de pronúncia pela prática do delito de homicídio
triplamente qualificado, pelo motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que impossibilitou
a defesa da vítima, ou alternativamente, pelo delito de infanticídio, previsto no artigo 123 do
Código Penal.

III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja CONHECIDO O RECURSO E REFORMADA
A DECISÃO RECORRIDA, com o PROVIMENTO, a fim de que:
Seja a ré pronunciada, encaminhando-a a julgamento pelo Tribunal do Júri
pela prática do crime de homicídio triplamente
qualificado, pelo motivo fútil, emprego do meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa
da vítima, nos termos do artigo 121, §2º, incisos II, III e IV, do Código Penal, ou,
alternativamente, pelo delito de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 31 de janeiro de 2011.

Advogado...
OAB...
PEÇAS AINDA NÃO COBRADAS

Recurso Ordinário Constitucional

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Recurso Ordinário Constitucional

Enunciado

Durante investigação para apurar a prática de roubos a agências bancárias ocorridos em Volta
Redonda/RJ, agentes da polícia civil, embora desconfiados que Pedro Rocha estivesse
envolvido nos crimes, não conseguiram reunir provas suficientes para apontá-lo como um dos
assaltantes de banco. Diante disso, o Delegado de Polícia orientou um dos policiais a passar a
frequentar os mesmos lugares do investigado Pedro Rocha para com ele estabelecer relação de
confiança. Ao manter reiterados contatos com Pedro Rocha, o agente policial disfarçado
convence o investigado a com ele praticar um roubo em determinada agência bancária. Diante
disso, no dia 15 de outubro de 2021, previamente engendrados, o policial disfarçado e o
investigado dirigem-se ao banco e, no instante em que ingressaram na agência bancária e
anunciaram o assalto, diversos policiais, que monitoravam toda a ação, prenderam Pedro Rocha
em flagrante, sob a acusação da prática do crime de roubo majorado tentado. Ao final, o
Delegado de Polícia lavrou o auto de prisão em flagrante, observando todas as formalidades
legais, e encaminhou à autoridade judiciária. Durante a audiência de custódia, após ouvir o
flagrado, o Magistrado, acolhendo requerimento do Ministério Público, converteu a prisão em
flagrante em prisão preventiva, com base no artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal.
Irresignado, Pedro Rocha, por meio do seu advogado(a), impetrou Habeas corpus, que foi
denegado, por maioria dos votos, pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Com base somente
nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na
qualidade de advogado(a) de Pedro Rocha, redija a peça cabível, exclusiva de advogado(a), no
que tange à liberdade de seu cliente. (Valor: 5,0)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PEDRO ROCHA, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, com
base no artigo 105, inciso II, “a” da Constituição Federal/88, combinado com os artigos
30 e 32, ambos da Lei 8.038/90, requerendo seja o recurso recebido e processado e,
ao final, remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

Nestes termos,
pede deferimento.

Local... e data...

Advogado...
OAB...
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Recorrente/Impetrante: Pedro Rocha


Recorrido: Ministério Público
Autos n:

RAZÕES DE RECURSO ORDINARIO CONSTITUCIONAL

EGREGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


COLENDA TURMA

I) DOS FATOS
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em tese, o
delito de roubo majorado tentado.
O auto de prisão em flagrante foi lavrado e encaminhado à autoridade
judiciária, que converteu em prisão preventiva.
O recorrente impetrou habeas corpus, que, por maioria, foi denegado pelo
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

II) DO DIREITO

A) DO FLAGRANTE PREPARADO/PROVOCADO
O recorrente foi preso acusado de ter praticado, em tese, o crime de roubo
majorado tentado. Todavia, trata-se de prisão ilegal, já que um policial disfarçado
convenceu o requerente a ingressar na agência bancária e anunciar o assalto, momento
em que foi preso em flagrante, caracterizando o chamado flagrante preparado ou
provocado.
Nos termos da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal, não configura
crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
Logo, em se tratando de flagrante preparado e crime impossível, previsto
no artigo 17 do Código Penal, verifica-se que a prisão é ilegal, devendo ser relaxada.

III – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a


consequente reforma do acórdão recorrido, para o fim de que seja concedido o habeas
corpus e relaxada a prisão em flagrante do recorrente, com a expedição do alvará de
soltura.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local... e data...

ADVOGADO...
OAB...
Apelação no Tribunal do Júri

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Apelação no Tribunal do Júri

Enunciado

Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve
como vítima Henrique. No dia 07 de julho de 2015, numa terça-feira, em sessão plenária do
Tribunal do Júri, todas as testemunhas asseguraram que Henrique iniciou agressões contra
Fernando e que este agiu em legítima defesa. No momento do julgamento, os jurados
reconheceram a autoria e materialidade e optaram por condenar Fernando pela prática do delito
de homicídio doloso. Após a prolação da sentença condenatória, que impôs ao réu a pena de 06
(seis) anos, em regime semiaberto, a família de Fernando toma conhecimento de que dois dos
jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. A intimação da sentença ocorreu na sessão
plenária. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do
caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia
do prazo para interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00
pontos)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não
confere pontuação.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito Presidente da ... Vara Criminal do Tribunal
do Júri da Comarca ...

Processo nº ...

FERNANDO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso III, “a” e “d”, do Código de
Processo Penal.
O presente recurso de apelação é tempestivo, já que interposto
dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 593, “caput”, do Código de Processo Penal.
Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas, remetendo-
se os autos ao Tribunal de Justiça do Estado...

Nestes termos,
Pede deferimento

Local..., 13 de julho de 2015.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...

Apelante: Fernando
Apelado: Ministério Público

Processo nº

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...


Colenda Câmara Criminal

I – DOS FATOS

O réu foi denunciado e pronunciado pela prática do crime de


homicídio doloso.
Durante a sessão plenária do Júri, todas as testemunhas disseram
que a vítima iniciou as agressões e que o réu agiu em legítima defesa.
Os jurados decidiram pela condenação do réu.
O Magistrado fixou a pena em 06 (seis) anos, em regime semiaberto.
II) DO DIREITO
A) Da nulidade posterior à pronúncia

Após a sessão plenária, a família do réu tomou conhecimento de que


dois dos jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. Todavia, nos termos do artigo
448, inciso IV, do Código de Processo Penal, irmãos são impedidos de servirem de jurados
no mesmo Conselho de Sentença.
Logo, considerando que dois dos jurados eram irmãos, deve ser
anulada a sessão do plenário do Júri, nos termos do artigo 593, inciso III, “a”, do Código de
Processo Penal.

B) Da decisão manifestamente contrária à prova dos autos


Os jurados reconheceram a autoria e a materialidade e optaram por
condenar o réu pela prática do delito de homicídio doloso. Todavia, todas as testemunhas
asseguraram que a vítima iniciou as agressões contra Fernando e que este agiu em legítima
defesa.
Logo, a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos
autos, devendo o presente recurso ser provido, a fim de sujeitar o réu a novo julgamento,
nos termos do artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal.

III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a
reforma da decisão, a fim de que:
a) Seja anulada a sessão do plenário do Júri, nos termos do
artigo 593, III, “a”, do Código de Processo Penal;
b) Seja o réu submetido a novo julgamento pelo plenário da
Sessão do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., 13 de julho de 2015.

Advogado...
OAB...
Defesa Preliminar – Funcionário Público

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Defesa Preliminar – Funcionário Público

Enunciado

Wilson Ferdinando, funcionário público municipal, que exerce a função de motorista, após o
encerramento do expediente, resolveu utilizar o carro da Prefeitura para levar a esposa até o
Posto de Saúde do Município vizinho, distante 15 Km do município onde trabalha. Duas horas
depois, após encher o tanque de gasolina, Wilson devolve o automóvel no mesmo lugar em que
o havia retirado. Ao analisarem as câmeras de segurança do Prédio Municipal, guardas
municipais perceberam a ação de Wilson, relatando o fato e dando ensejo a instauração de
procedimento administrativo disciplinar. O acusado foi interrogado, confessando que, de fato,
utilizou o veículo sem autorização, mas que sua intenção era devolvê-lo logo em seguida, como
demonstraram as imagens constantes no procedimento. Ao final da instrução do procedimento
administrativo, concluiu-se que Wilson praticou falta disciplinar, sendo encaminhada cópia dos
autos ao Ministério Público. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson pela prática
do delito de peculato, previsto no artigo 312, “caput”, do Código Penal. Wilson foi notificado no
dia 03 de junho de 2016, sexta-feira.
Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo
para oferecimento, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA....

Wilson Ferdinando, já qualificado nos autos, por seu procurador


infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar
DEFESA PRELIMINAR, com base no artigo 514 do Código de Processo Penal, pelos fatos
e fundamentos a seguir expostos.

I) DOS FATOS

O réu foi denunciado pela prática do crime de peculato, previsto no


artigo 312, “caput”, do Código Penal, porque teria utilizado, sem autorização, o veículo do
Município.
O réu foi notificado no dia 03 de junho de 2016.
A presente defesa preliminar é tempestiva, já que apresentada
dentro do prazo de 15 dias, previsto no artigo 514 do Código de Processo Penal.

II) DO DIREITO

A) DA AUSÊNCIA DE DOLO OU PECULATO DE USO


O réu foi acusado de ter utilizado o veículo automotor do Município,
sem autorização. Todavia, o réu não teve a intenção de se apropriar do bem, nem tampouco
o desviou da Administração Municipal.
Pretendia, apenas, utilizar o veículo para levar sua esposa até o
Posto de Saúde do Município vizinho e depois devolvê-lo no mesmo lugar que retirou.
Assim, não há que se falar em peculato-apropriação, peculato-desvio ou peculato-furto.
Logo, o réu não tinha dolo de se apropriar, desviar ou subtrair o
veículo, tanto que, após encher o tanque de gasolina, devolveu-o no mesmo local que
pegou e nas mesmas condições, caracterizando, no caso, peculato de uso, que constitui
fato atípico.
Assim, trata-se de fato atípico, devendo a denúncia ser rejeitada, nos
termos do artigo 395, incisos II e III, do Código de Processo Penal.

III) DO PEDIDO

Ante o exposto, requer o réu seja a denúncia rejeitada, com base no


artigo 395, incisos II e III, do Código de Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 20 de junho de 2016.

Advogado...
OAB...
Defesa Preliminar – Lei de Drogas

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Defesa Preliminar – Lei de Drogas

Enunciado

No dia 25 de janeiro de 2015, Roniquito Vieira foi abordado por policiais, acusado de estar
portando 02 gramas de maconha. Após constatar por sua experiência profissional que
efetivamente se tratava de cannabis sativa, o policial deu voz de prisão em flagrante,
encaminhando Roniquito à Delegacia de Polícia. Durante a lavratura da prisão em flagrante,
verificou-se que Roniquito não registrava procedimento policial em seu desfavor. Ao final, a
autoridade policial indiciou Roniquito como incurso no crime tráfico ilícito de entorpecentes,
previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006. Ao longo do procedimento policial, Roniquito negou
ser traficante, reconhecendo, contudo, ser dependente químico, já tendo sido, inclusive,
internado para tratamento, o que foi confirmado por Joaquim e Manuel, responsáveis pela Clínica
de Tratamento. Após o encerramento do procedimento policial, o Ministério Público ofereceu
denúncia contra Roniquito, imputando-lhe a prática do delito do artigo 33, “caput”, da Lei nº
11.343/2006. O Magistrado determinou a notificação de Roniquito, que ocorreu no dia 03 de
junho de 2016, que caiu numa sexta-feira.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, na qualidade de advogado(a) de Roniquito, redija a peça cabível, exclusiva de
advogado, invocando todos os argumentos em favor de seu constituinte, datando a peça no
último dia do prazo. (valor: 5,0)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA....

Processo nº

Roniquito Vieira, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, oferecer DEFESA PRELIMINAR, com base no artigo 55 da Lei 11.343/2006,
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I) DOS FATOS

O réu foi flagrado portando 02 gramas de maconha.


Ao longo do seu interrogatório, o réu disse que não era traficante,
reconhecendo ser dependente de substância entorpecente.
O Ministério Público ofereceu denúncia imputando ao réu a prática do
delito do artigo 33 da Lei 11.343/2006.
O réu foi notificado.
A presente defesa preliminar é tempestiva, já que apresentada dentro
do prazo de 10 dias, previsto no artigo 55 da Lei 11.343/2006.

II) DO DIREITO

A) DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
O réu foi flagrado portando 02 gramas de maconha, sendo acusado
de tráfico de drogas. Todavia, o fato é materialmente atípico, incidindo, no caso, o princípio
da insignificância, já que a pequena quantidade de droga apreendida em poder do réu não
é capaz de ofender à coletividade ou a saúde pública.
Logo, deve ser rejeitada a denúncia, com base no artigo 395, incisos
II e III, do Código de Processo Penal.

B) DA AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE
O réu foi preso acusado de estar portando substância entorpecente.
Todavia, a natureza da substância supostamente apreendida em poder do réu foi atestada
a partir da experiência profissional do policial que realizou a prisão em flagrante. Logo, não
há registro de que tenha sido realizado o laudo de constatação preliminar da natureza da
substância, nos termos do artigo 50, §1º, da Lei 11.343/2006.
Diante disso, não há prova da materialidade do delito, devendo a
denúncia ser rejeitada, por ausência de justa causa, com base no artigo 395, inciso III, do
Código de Processo Penal.

C) DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DO ARTIGO 28 DA LEI 11.343/2006


O Ministério Público denunciou o réu pela prática do delito de tráfico
ilícito de entorpecentes. Todavia, deve ser desclassificado o crime de tráfico de drogas para
o delito previsto no artigo 28 da Lei 11.343/2006.
O réu, perante a autoridade policial, disse não ser traficante,
reconhecendo ser dependente de substância entorpecente, tendo sido, inclusive, internado
para tratamento de dependência química, o que foi confirmado por Manuel e Joaquim,
responsáveis pela Clínica de Tratamento.
Além disso, o réu não registra contra si nenhuma ocorrência policial.
Assim, nos termos do artigo 28, §2º, da Lei 11.343/2006,
considerando a pequena quantidade de droga apreendida, as condições pessoais do réu e
a circunstância de ser primário, cabe a desclassificação do delito de tráfico de drogas para
o delito previsto no artigo 28 da Lei 11.343/2006, com a remessa dos autos ao Juizado
Especial Criminal, juízo competente para processar e julgar infrações de menor potencial
ofensivo.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) A rejeição da denúncia, pela atipicidade da conduta, com base
no artigo 395, incisos II e III, do Código de Processo Penal;
b) A rejeição da denúncia, pela ausência de materialidade, com
base no artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal;
c) Seja desclassificado o crime previsto no artigo 33 da Lei
11.343/2006 para o delito do artigo 28 da Lei 11.343/2006, remetendo-se os autos ao
Juizado Especial Criminal;
d) A produção de todas as provas admitidas em direito,
principalmente a testemunhal, conforme rol abaixo.

ROL DE TESTEMUNHAS:
a)Joaquim
b) Manuel
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., 15 de junho de 2016
Advogado...
OAB...
Embargos Infringentes

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XI EXAME


(Adaptado da peça cobrada no XI Exame da OAB, que foi recurso em sentido estrito)
Embargos infringentes

Enunciado
Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante
preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide
ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a
referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo
e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade,
conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro que veio após
o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos
sofridos pela colisão.

Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público
decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso
simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP).
Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que
poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar
para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos
processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz
competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime
apontado na inicial acusatória. Contra essa decisão, a defesa interpôs recurso em sentido estrito,
ao qual, por maioria, foi julgado improvido pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça,
mantendo a decisão de pronúncia, tendo um desembargador proferido voto pela
desclassificação. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos
fornecidos, elabore a peça cabível, adotando os argumentos pertinentes.

A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.


Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator do Acórdão da 2ª Câmara Criminal
do Tribunal de Justiça do Estado...

Processo nº

JERUSA, já qualificada nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, opor o presente RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES, com base no
artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal, requerendo seja recebido e
processado.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local... e data...

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...

Embargante: Jerusa
Embargado: Ministério Público

Processo nº

RAZÕES DE RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...


Colenda Câmara Criminal ou Colendo Grupo Criminal
(conforme o regime interno do Tribunal)

I) DOS FATOS

A recorrente dirigia seu carro quando atingiu a motocicleta da


vítima, que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via.
Após o encerramento do inquérito policial, o Ministério Público
ofereceu denúncia imputando a prática do delito de homicídio doloso simples, na
modalidade dolo eventual.
O Juiz pronunciou a recorrente pelo delito descrito na denúncia.
Contra essa decisão, a defesa interpôs recurso em sentido estrito, que, por maioria, foi
julgado improvido pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

II) DO DIREITO
A recorrente foi acusada de, na condução do seu veículo, ter
causado a morte de Diogo, que conduzia sua motocicleta em alta
velocidade, sendo denunciada e pronunciada pela prática do crime de homicídio doloso
simples, na modalidade dolo eventual. A 2ª Câmara Criminal, por maioria, manteve a
decisão recorrida.
Todavia, a recorrente em nenhum momento assumiu o risco de
causar a morte de Diogo, nem aceitou o resultado morte da vítima, tanto que conduzia o
seu veículo respeitando o limite de velocidade.
Nesse sentido, a conduta da recorrente se enquadra, em tese,
no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, razão pela qual deve responder pela prática,
em tese, de homicídio culposo na condução de veículo automotor, devendo haver, portanto,
a desclassificação e remessa do presente feito ao juízo competente, nos termos do artigo
419 do Código de Processo Penal.

III) DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com


a reforma do acórdão, a fim de que:
Seja desclassificado o delito de homicídio simples doloso para o
delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 da Lei
9.503/97, encaminhando-se os autos para o Juízo competente, nos termos do artigo 419
do Código de Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado ...
OAB...
Liberdade provisória

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Liberdade provisória

Enunciado
No dia 15 de janeiro de 2022, por volta das 14 horas, na Rua das Mocas, nº 2000, São Paulo/SP,
Josué da Silva foi preso em flagrante pela prática do delito de receptação, previsto no artigo 180,
“caput”, do Código Penal, acusado de estar conduzindo veículo automotor que sabia ser produto
de crime. Ao ser interrogado, Josué disse que era trabalhador e que tinha carteira de trabalho,
embora estivesse, na ocasião, desempregado. Ao analisar a folha de antecedentes criminais de
Josué, a autoridade policial constatou que o flagrado respondia a processo pelo delito de furto.
Diante dessa anotação na Folha de Antecedentes Criminais de Josué, a autoridade policial
representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando que existiria risco
concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos com o aparato
judicial.

Você, como advogado(a) indicado por Josué, é comunicado da ocorrência da prisão em


flagrante, além de tomar conhecimento da representação formulada pelo Delegado. Da mesma
forma, o comunicado de prisão já foi encaminhado para o Ministério Público e para o magistrado,
sendo todas as legalidades da prisão em flagrante observadas. O juiz recebeu o auto de prisão
em flagrante, deixando para se manifestar na audiência de custódia. Josué, no entanto,
desesperado com a situação disse para você, na condição de advogado (a), buscar soltá-lo o
mais rápido possível, antes mesmo da designação da audiência de custódia.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, na qualidade de advogado(a) de Josué, redija a peça cabível, exclusiva de
advogado, em favor do seu cliente, apontando os argumentos e fundamentos jurídicos
pertinentes ao caso. (Valor: 5,0)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE SÃO PAULO/SP

Autos nº

Josué da Silva, nacionalidade, estado civil, desempregado,


RG..., CPF..., residente e domiciliado..., por seu procurador infra-assinado, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a presente LIBERDADE
PROVISÓRIA, com base no artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal, artigo 321
do Código de Processo Penal e artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal/88, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I) DOS FATOS

O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado


o delito de receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal.
O auto de prisão em flagrante observou todas as formalidades
e foi encaminhado, no prazo legal, ao Poder Judiciário.

II) DO DIREITO
A) Da impossibilidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva

O requerente foi preso em flagrante acusado de ter praticado


o delito de receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal.
Todavia, nos termos do artigo 313, inciso I, do Código de
Processo Penal, se o acusado não for reincidente em crime doloso, somente será admitida
a prisão preventiva nos crimes dolosos punidos com pena máxima privativa de liberdade
superior a quatro anos.
Logo, no caso, considerando que o acusado não é reincidente
e o crime de receptação simples prevê a pena máxima de quatro anos, não é possível a
conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, já que não estão presentes
nenhuma das hipóteses do artigo 313 do Código de Processo Penal.
Diante disso, a medida cabível é a concessão da liberdade
provisória.

B) Da ausência dos requisitos da prisão preventiva

A autoridade policial representou pela conversão da prisão


em flagrante em prisão preventiva, para preservação da ordem pública. Todavia, não
estão presentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva, uma vez que o
requerente é primário, além de ser trabalhador, embora esteja desempregado.
Logo, o requerente não representa perigo à ordem pública,
ordem econômica, à conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal, estando,
portanto, ausentes os fundamentos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
Assim, deve-se conceder a liberdade provisória, nos termos
do artigo 321 do Código de Processo Penal.

C) Do princípio da presunção da inocência

Convém destacar que prevalece no nosso ordenamento


jurídico o princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal/88, razão pela qual deve o requerente responder a eventual
procedimento criminal em liberdade.
D) Da fiança ou medida cautelar diversa da prisão

Na hipótese de não ser concedida a liberdade plena, cabe, no


caso, a concessão de fiança ao requerente, uma vez que o delito pelo qual está sendo
acusado não se enquadra nas hipóteses de inafiançabilidade previstas nos artigos 323
e 324, ambos do Código de Processo Penal.
Em não sendo fixada fiança, postula-se, ainda de forma
subsidiária, a fixação de outra medida cautelar diversa da prisão, prevista no artigo 319
do Código de Processo Penal, por ser tratar de medida mais conveniente e adequada
do que a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, nos termos do artigo
282 do Código de Processo Penal.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) a concessão da liberdade provisória, a fim de que possa responder eventual processo
em liberdade;
b) Subsidiariamente, requer seja concedida a fiança ou outra medida cautelar diversa da
prisão;
c) Expedição de alvará de soltura;
d) Vista ao Ministério Público.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local... e data...

Advogado...
OAB...
Revogação de prisão preventiva

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Revogação da prisão preventiva

Enunciado
No dia 29 de setembro de 2014, Paulo Dantas foi encontrado morto na sua residência, localizada
no Município de Petrópolis/RJ. Ao longo da investigação, a partir das declarações da testemunha
Marieta Lemos, a autoridade policial passou a suspeitar que Cláudio Valentino tenha sido o autor
do delito. Na ocasião, Marieta Lemos disse ter recebido mensagem de texto enviada por Cláudio,
em tom ameaçador, no sentido de que seria melhor ela não testemunhar, para evitar problemas
a ela e à sua família. Em razão disso, a autoridade policial representou pela prisão preventiva de
Cláudio, anexando na representação as mensagens enviadas pelo acusado. O Magistrado
decretou a prisão preventiva, em despacho motivado, aduzindo, como razão de decidir, a
conveniência da instrução criminal, sendo o mandado de prisão cumprido. Após a conclusão do
inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Cláudio, imputando-lhe a prática
de crime de homicídio, previsto no art. 121, “caput”, do Código Penal. Durante a audiência de
instrução, após ser ouvida sobre os fatos relacionados à morte de Paulo, Marieta disse que a
ameaça sofrida foi a única proferida por Cláudio. Diante do avançado da hora, o Magistrado
suspendeu a audiência e designou outra data para oitiva de uma testemunha de defesa faltante
e interrogatório do réu. Insatisfeito com a atuação do seu antigo defensor, já que ainda estava
preso, Cláudio contrata você para defendê-lo.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, na qualidade de advogado (a) de Cláudio Valentino, redija a peça cabível,
exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, alegando para tanto toda a
matéria de direito pertinente ao caso. (Valor: 5,0)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PETRÓPOLIS/RJ

Autos nº

CLÁUDIO VALENTINO, já qualificado nos autos, por seu


procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base no artigo 316 do Código
de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I) DOS FATOS

No dia 29 de setembro de 2014, Paulo Dantas foi encontrado morto


na sua residência.
O requerente teve a sua prisão preventiva decretada, sob o
fundamento da conveniência da instrução criminal.
O Ministério Público denunciou o requerente pela prática do delito
previsto no artigo 121, “caput”, do Código Penal.
A testemunha Marieta foi ouvida em juízo e diante do avançado da hora,
o Magistrado suspendeu a audiência e designou outra data para inquirição da testemunha
de defesa faltante e interrogatório do réu.
II) DO DIREITO

A) DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS QUE AUTORIZAM A PRISÃO PREVENTIVA

No caso, a revogação da prisão preventiva é medida que se impõe,


pois não mais subsiste o motivo que o levou o juiz a decretá-la.
Conforme se verifica, o Magistrado decretou a prisão preventiva por conveniência da
instrução criminal.
Todavia, a testemunha Marieta foi ouvida em juízo e disse não ter
sido mais ameaçada ao longo da instrução criminal. Assim, o motivo que ensejou a prisão
do requerente não mais subsiste, uma vez que a testemunha já prestou declarações em
juízo.
Logo, não subsiste nenhum fundamento para a manutenção da
prisão preventiva do requerente, já que não representa perigo à ordem pública, à ordem
econômica, à conveniência da instrução criminal ou aplicação da lei penal, estando,
portanto, ausentes os pressupostos e requisitos previstos no artigo 312 do Código de
Processo Penal.

B) DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA

Convém destacar que prevalece no nosso ordenamento jurídico o


princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição
Federal/88.
Logo, o requerente faz jus a responder ao processo em liberdade.
C) DA MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO

Da mesma forma, em não sendo concedida a liberdade plena,


possível a fixação de medida cautelar diversa da prisão, prevista no artigo 319 do Código
de Processo Penal, por se tratar de medida mais conveniente e adequada ao caso, nos
termos do artigo 282 do Código de Processo Penal.
Nesse caso, a medida cautelar diversa da prisão mais adequada
seria a proibição de o réu manter contato com a testemunha, o que desde logo se
compromete, nos termos do artigo 319, III, do Código de Processo Penal.

III) DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:


a) A revogação da prisão preventiva, com expedição do alvará de soltura;
b) Subsidiariamente, a concessão de medida cautelar diversa da prisão.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local... e data...

Advogado...
OAB...
Razões de Apelação

• Introdução
Em todas as oportunidades em que cobrou a peça recurso apelação, a FGV exigiu que o
candidato fizesse a interposição e, de forma concomitante, já apresentasse as razões de
apelação.
Todavia, se considerado o procedimento previsto para interposição do recurso de
apelação, pode-se aventar a possibilidade de a FGV cobrar do candidato a peça RAZÕES DE
APELAÇÃO.
Isso porque, conforme dispõe o artigo 593 do CPP, se não concordar com a sentença
proferida, a parte irresignada deverá apresentar a petição de interposição da apelação no prazo
de 05 dias, perante o juízo de 1º grau, que fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo
ou não a apelação. Na sequência, conforme dispõe o artigo 600 do CPP, se recebida a apelação,
intima-se o apelante para apresentar suas RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO, visando à
reforma da decisão recorrida.
Ou seja, poderá constar no enunciado que o juiz proferiu sentença e que a parte já interpôs
recurso de apelação, exigindo, após, que o candidato apresente a peça correspondente, qual
seja, RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO.
E, nas razões de apelação, deve-se apresentar, no caso, a petição de juntada e depois as
razões de apelação propriamente dita.

• Identificação
O Recurso de apelação é interposto pelo apelante, sendo, na sequência, o apelante
intimado para oferecer as razões de apelação.
PEDIU PRA PARAR

Expressão mágica:
Peça:
“Interposição do recurso e
intimação para apresentar Razões de Apelação
a peça...”

PAROU!

Razões de recurso
Recebimento do de apelação
Interposição pela recurso e intimação •Petição de juntada
Sentença defesa do recurso para apresentar a
+ Razões de
de apelação peça
correspondente recurso de
apelação

• Base legal

Art. 600 do CPP

• Prazo
Conforme o artigo 600 do CPP, o prazo para razões de apelação é de 08 dias.
• Conteúdo
O recurso de apelação pode exigir do candidato desenvolver teses relacionadas a
preliminares e/ou matérias de mérito (MATICS), conforme visto acima.

• Pedido
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma das
teses desenvolvidas ao longo da peça.

Exemplo:

Se sustentou a tese da nulidade da sentença, deve-se, ao final, formular pedido expresso


de que seja declarada a nulidade da sentença. Se desenvolveu tese acerca da
prescrição, ao final deve formular pedido expresso de extinção da punibilidade, com base
no artigo 107, IV, do Código Penal.

Isso vale também para as matérias de mérito e teses subsidiárias.

Exemplo:

Se sustentou, por exemplo, princípio da insignificância, deve-se formular pedido


expresso de absolvição, com base no artigo 386, inciso III, do CPP. Se sustentou,
subsidiariamente, que o réu não é reincidente, deve-se, ao final, formular pedido
expresso para afastar a reincidência, com a consequente diminuição da pena... e assim
por diante...

O pedido de absolvição tem como base uma das hipóteses do artigo 386 do CPP.
• Estrutura das razões de recurso de apelação
A peça razões de recurso de apelação é bipartida, havendo: a) petição de juntada; b) as
razões de recurso de apelação.
A) Petição de juntada: para juiz de 1º grau
i) Endereçamento: Juiz de Direito da Vara Criminal (se crime não doloso contra a vida da
competência da Justiça Estadual) ou Juiz Federal da Vara Criminal da Seção Judiciária (se crime
não doloso contra a vida da competência da Justiça Federal); Juiz de Direito da Vara do Juizado
Especial Criminal (se for infração de menor potencial ofensivo)
ii) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade
postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 600, ou artigo 82 da Lei
9.099/95, se tratar de infração de menor potencial ofensivo), nome da peça (Razões de recurso
de apelação), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);
iii) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede
deferimento, data, advogado e OAB)
B) Razões
i) Endereçamento: para Tribunal ou Turmas Recursais (se for infração de menor potencial
ofensivo)
Tribunal de Justiça (se da competência da Justiça Estadual); Tribunal Regional Federal
(se da competência da Justiça Federal).Turmas Recursais (Se for infração de menor potencial
ofensivo)
ii) identificação: apelante, apelado, nº processo
iii) saudação:
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara
Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal – Colenda Turma
iv) corpo da peça (I. Dos fatos: breve relato;
II. DO DIREITO: preliminares, mérito e teses subsidiárias)
v) pedido: conhecimento + provimento e reforma da decisão, além dos pedidos específicos
vi) parte final: termos em que pede deferimento, local, data, advogado e OAB
PETIÇÃO DE JUNTADA RECURSO DE APELAÇÃO2
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL
DA COMARCA... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA
SECÇÃO JUDICIÁRIA DE... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)

Processo nº ...

FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por


seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, apresentar as presentes RAZÕES DE APELAÇÃO, com
base no artigo 600 do Código de Processo Penal, requerendo sejam recebidas, com
posterior remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado... (ou Tribunal Regional
Federal).

Nestes termos,
Pede deferimento

Local..., data...
Advogado...
OAB...

2As razões de recurso de apelação também são compostas de petição de juntada e de razões para manutenção
da decisão.
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO: Endereçamento ao Tribunal Competente
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... (se da competência da Justiça
Estadual);
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO (se da competência da
Justiça Federal).
Apelante: Fulano de Tal
Apelado: Ministério Público
Processo nº

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO


Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal
Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal)

I) DOS FATOS3

II) DO DIREITO4
A) DAS PRELIMINARES
B) DO MÉRITO5
C) SUBSIDIARIAMENTE6

3 Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever o
enunciado).
4 Aqui também sugere-se dividir os fundamentos jurídicos em preliminares e mérito.
5 No mérito, busca-se afastar a materialidade e autoria do delito, bem como arguir uma das causas excludentes do crime:

exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade. MATICS


6 Dica: para lembrar dos pedidos voltados a melhorar a situação do réu, sugere-se seguir a sequência dos incisos do art. 59 do

CP.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos [buscar atenuantes (arts. 65 e 66 CP) e causas de diminuição da
pena - tentativa, por exemplo, art. 14, II CP); b) afastar causas de aumento da pena e qualificadoras];
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 33 CP);
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível (art. 44 CP).
ART. 77 CP (SURSIS)
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja REFORMADA A DECISÃO DE 1º
GRAU, com o consequente PROVIMENTO do presente recurso, para o fim ...:
I) preliminares (nulidades, incompetência, prescrição, etc – acompanhar a ordem das
preliminares)
II) absolvição, com base no artigo 386, inciso ..., do CPP
III) diminuição da pena, regime carcerário, substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos, “sursis” (se não cabível a restritiva de direitos),

Local... e data...

ADVOGADO...
OAB...
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Razões de Apelação

Enunciado
Desejando comprar um novo carro, Leonardo, jovem com 19 anos, decidiu praticar um crime de
roubo em um estabelecimento comercial, com a intenção de subtrair o dinheiro constante do
caixa. Narrou o plano criminoso para Roberto, seu vizinho, mas este se recusou a contribuir.
Leonardo decidiu, então, praticar o delito sozinho. Dirigiu-se ao estabelecimento comercial, nele
ingressou e, no momento em que restava apenas um cliente, simulou portar arma de fogo e o
ameaçou de morte, o que fez com ele saísse, já que a intenção de Leonardo era apenas a de
subtrair bens do estabelecimento. Leonardo, em seguida, consegue acesso ao caixa onde fica
guardado o dinheiro, mas, antes de subtrair qualquer quantia, verifica que o único funcionário
que estava trabalhando no horário era um senhor que utilizava cadeiras de rodas. Arrependido,
antes mesmo de ser notada sua presença pelo funcionário, deixa o local sem nada subtrair, mas,
já do lado de fora da loja, é surpreendido por policiais militares. Estes realizam a abordagem,
verificam que não havia qualquer arma com Leonardo e esclarecem que Roberto narrara o plano
criminoso do vizinho para a Polícia. Tomando conhecimento dos fatos, o Ministério Público
requereu a conversão da prisão em flagrante em preventiva e denunciou Leonardo como incurso
nas sanções penais do art. 157, § 2º-A, inciso I, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.
Após decisão do magistrado competente, qual seja, o da 1ª Vara Criminal de Belo Horizonte/MG,
de conversão da prisão e recebimento da denúncia, o processo teve seu prosseguimento regular.
O homem que fora ameaçado nunca foi ouvido em juízo, pois não foi localizado, e, na data dos
fatos, demonstrou não ter interesse em ver Leonardo responsabilizado. Em seu interrogatório,
Leonardo confirma integralmente os fatos, inclusive destacando que se arrependeu do crime que
pretendia praticar. Constavam no processo a Folha de Antecedentes Criminais do acusado sem
qualquer anotação e a Folha de Antecedentes Infracionais, ostentando uma representação pela
prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico, com decisão definitiva de procedência da
ação socioeducativa. O magistrado concedeu prazo para as partes se manifestarem em
alegações finais por memoriais. O Ministério Público requereu a condenação nos termos da
denúncia. O advogado de Leonardo, contudo, renunciou aos poderes, razão pela qual, de
imediato, o magistrado abriu vista para a Defensoria Pública apresentar alegações finais.
Em sentença, o juiz julgou procedente a pretensão punitiva estatal. No momento de fixar a pena-
base, reconheceu a existência de maus antecedentes em razão da representação julgada
procedente em face de Leonardo enquanto era inimputável, aumentando a pena em 06 (seis)
meses de reclusão. Não foram reconhecidas agravantes ou atenuantes. Na terceira fase,
incrementou o magistrado em 2/3 (dois terços) a pena, justificando ser desnecessária a
apreensão de arma de fogo, bastando a simulação de porte do material diante do temor causado
à vítima. Com a redução de 1/3 (um terço) pela modalidade tentada, a pena final ficou
acomodada em 5 (cinco) anos de reclusão. O regime inicial de cumprimento de pena foi o
fechado, justificando o magistrado que o crime de roubo é extremamente grave e que atemoriza
os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias. Intimado, o Ministério Público apenas tomou ciência
da decisão. A irmã de Leonardo o procura para, na condição de advogado, adotar as medidas
cabíveis. Constituída nos autos, a defesa interpôs o recurso cabível. O Magistrado recebeu o
recurso, sendo a defesa intimada no dia 06 de maio de 2019, segunda-feira, sendo terça-feira
dia útil em todo o país.

Com base nas informações expostas acima e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do
prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG

Processo nº

LEONARDO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado,


com procuração em anexo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência,
oferecer as presentes RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO, com base no art. 600 do
Código de Processo Penal, requerendo sejam recebidas, com posterior remessa dos autos
ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

Nestes termos,
Pede deferimento

Local..., 14 de maio de 2019.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Apelante: Leonardo
Apelado: Ministério Público
Processo nº ...
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
Colenda Câmara Criminal
I) DOS FATOS
O réu foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado tentado,
previsto no art. 157, § 2º-A, inciso I, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.
O réu foi interrogado. Encerrada a instrução, o Ministério Público requereu
a condenação. O advogado do réu renunciou aos poderes, razão pela qual, de imediato, o
magistrado abriu vista para a Defensoria Pública apresentar alegações finais.
Em sentença, o juiz julgou procedente a pretensão punitiva estatal, fixando
a pena de 05 (cinco) anos de reclusão, em regime fechado.
Intimada da sentença, a defesa interpôs o recurso cabível, que foi recebido
pelo Magistrado. Após, a defesa foi intimada para apresentar a peça correspondente no dia
06 de maio de 2019, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país.
II) DO DIREITO
A) DA NULIDADE
O advogado do réu renunciou aos poderes, tendo o Magistrado, de
imediato, concedido vista para a Defensoria Pública apresentar alegações finais. Todavia,
o processo deve ser anulado a partir da apresentação das alegações finais pela Defensoria
Pública, uma vez que deveria o Magistrado intimar o réu, que estava preso, para se
manifestar acerca do interesse de constituir novo advogado ou ser defendido pela
Defensoria Pública. A abertura, de imediato, de vista dos autos à Defensoria Pública violou
princípio da ampla defesa, previsto no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal/1988, uma
vez que as alegações finais foram apresentadas sem nenhum contato com o réu,
acarretando-lhe prejuízo, já que restou condenado.
B) DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
O réu foi denunciado pela prática de crime de roubo majorado tentado.
Todavia, ao verificar que o único funcionário que estava trabalhando no local era um
senhor que utilizava cadeiras de rodas, o réu, mesmo antes de ser notado, desistiu de
prosseguir a subtração, deixando o local sem nada subtrair.
Logo, não poderia ter sido imputado ao réu a prática de roubo na
modalidade tentada, uma vez que, incidindo hipótese de desistência voluntária, o agente
responde pelos atos praticados, nos termos do artigo 15 do Código Penal, afastando a
possibilidade de tentativa. No caso, restou a ameaça em relação a um cliente que estava
no local. Todavia, o crime de ameaça, previsto no art. 147 do Código Penal, é de ação
penal pública condicionada à representação. Como o cliente ameaçado demonstrou não
ter interesse em ver o réu responsabilizado, operou-se, no caso, a decadência do direito
de representação. Logo, os fatos até então praticados não constituem crime, ensejando a
absolvição, com base no artigo 386, III, do Código de Processo Penal.
C) DOS MAUS ANTECEDENTES
O Juiz aumentou a pena-base em razão da representação julgada
procedente em face do réu enquanto era inimputável. Todavia, não poderia o Magistrado
elevar a pena-base, porque a existência de representação pela prática de ato infracional,
ainda que com decisão definitiva, não enseja maus antecedentes, já que decisão
reconhecendo a prática de ato infracional não constitui fundamento idôneo a elevar a
pena- base. Logo, na eventualidade de ser mantida a condenação, deve ser afastado o
aumento da pena pelos maus antecedentes, devendo a pena-base ficar no mínimo legal.

D) DA ATENUANTE DA MENORIDADE
O Juiz não reconheceu a atenuante da menoridade. Todavia, o réu era menor de
21 (vinte e um) anos na data dos fatos. Logo, incide a atenuante da menoridade relativa,
prevista no art. 65, inciso I, do Código Penal. Assim, requer seja reconhecida a atenuante
da menoridade relativa.

E) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA
Ao ser interrogado, o réu confessou os fatos, confirmando
integralmente os fatos, inclusive destacando que se arrependeu do crime que pretendia
praticar.
Logo, incide a atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65,
inciso III, alínea d, do Código Penal.
F) DO AFASTAMENTO DO AUMENTO DE PENA PELO EMPREGO DE ARMA
O magistrado aplicou o aumento de 2/3 (dois terços) da pena, sob o
fundamento de ser desnecessária a apreensão da arma de fogo, sendo suficiente a
simulação do porte da arma para ensejar a causa de aumento de pena. Todavia, não há
prova de que o réu empregou arma de fogo, devendo, portanto, ser afastada a causa de
aumento de pena, já que violou o princípio da legalidade.
Todavia, nos termos do art. 157, § 2º-A, inciso I, do Código Penal, a pena
do delito de roubo aumenta-se até 2/3 (dois terços) se a violência ou ameaça é exercida
com emprego de arma. No caso, não há provas do emprego de arma de fogo, já que
nenhuma arma foi apreendida. Além disso, a simulação do uso de arma de fogo, por si só,
não autoriza a incidência da causa de aumento de pena, uma vez que não gera risco à
integridade física da vítima. Assim, deve ser afastada a majorante do art. 157, § 2º-A, inciso
I, do Código Penal.
G) DA DIMINUIÇÃO DA PENA PELA TENTATIVA E SURSIS
O Magistrado reduziu a pena em 1/3 (um terço), restando a pena definitiva
em cinco anos. Todavia, nos termos do art. 14, parágrafo único, do Código Penal, a pena
pela tentativa pode ser reduzida de um a dois terços. No caso, o réu ficou distante da
consumação do delito, tanto que desistiu da empreitada delituosa antes mesmo de ser visto
pelo funcionário do estabelecimento comercial. Logo, a diminuição da pena pela tentativa
deveria ser considerada pela redução máxima, ou seja, em 2/3 (dois terços), o que levaria
a pena definitiva a ficar abaixo de 02 (dois) anos. Assim, considerando a pena abaixo de
02 (dois) anos, bem como o fato de o réu ser primário e não ser cabível a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, cabe, no caso, o sursis, ou seja a
suspensão condicional da pena, nos termos do art. 77 do Código Penal.
H) DO REGIME CARCERÁRIO
Juiz fixou o regime inicial fechado, justificando que o crime de roubo é
extremamente grave e que atemoriza os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias. Todavia,
a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do delito não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que permitia a pena aplicada, nos
termos das Súmula nº 718 e 719, ambas do Supremo Tribunal Federal, e Súmula nº 440
do Superior Tribunal de Justiça.
Assim, considerando que a pena não supera 04 anos, deveria ser fixado o regime
carcerário aberto, nos termos do art. 33, § 2º, alínea c, do Código Penal.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a reforma da
decisão recorrida, para o fim de que:
a) Seja declarada a nulidade do processo a partir das alegações finais pela Defensoria
Pública;
b) Seja o réu absolvido, com base no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;
c) Seja afastado o aumento pelos maus antecedentes, fixando a pena-base no mínimo legal;
d) Seja reconhecida a atenuante da menoridade relativa, nos termos do art. 65, inciso I, do
Código Penal;
e) Seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea, nos termos do art. 65, inciso III,
alínea d, do Código Penal;
f) Seja afastado o aumento da pena pelo emprego de arma de fogo, fixando a pena no
mínimo legal;
g) Seja considerada a redução máxima pela tentativa, ou seja, em 2/3 (dois terços) da pena;
h) Seja concedido o sursis, nos termos do art. 77 do Código Penal;
i) Seja fixado o regime inicial aberto de cumprimento de pena, nos termos do art. 33, § 2º,
alínea c, do Código Penal;
j) Seja expedido o alvará de soltura do réu.
Nestes termos, pede deferimento.
Local..., 14 de maio de 2019.
Advogado....
OAB...
Contrarrazões de Agravo em Execução

• Introdução

Como visto no tópico anterior, das decisões proferidas pelo Juízo da Execução Penal,
cabe agravo em execução. Na sequência, intima-se o recorrido para oferecer suas
Contrarrazões de recurso de Agravo em Execução ou Razões do Agravado para a
manutenção da decisão recorrida, no prazo de 02 (dois) dias.

• Identificação

Contrarrazões de
Recurso de Agravo
Recebimento do em Execução
Agravo em recurso e intimação •Petição de juntada
Decisão Juízo da
Execução Penal Execução pelo da defesa para + Contrarrazões
Ministério Público apresentar a peça de recurso de
correspondente agravo em
execução

• Prazo
Considerando que segue o rito do recurso em sentido estrito, o prazo para contrarrazões
é de 02 (dois) dias, conforme o artigo 588 do Código de Processo Penal.

• Conteúdo
Deve-se buscar no enunciado informações que permitem desenvolver teses voltadas à
manutenção da decisão recorrida, bem como refutar os argumentos lançados pelo Ministério
Público.
• Pedido
O pedido deve corresponder ao não conhecimento do recurso, improvimento e
manutenção da decisão recorrida.
Enunciado
Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de roubo
simples, pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave ameaça, um
aparelho celular. Apesar de o crime restar consumado, o telefone celular foi recuperado pela
vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal conduta, foi Gilberto
denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157, caput, do Código Penal
a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão em regime inicial fechado
e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para ambas as partes em 11 de setembro
de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em liberdade, mas, desde o dia 15 de setembro
de 2013, vem cumprindo a sanção penal que lhe foi aplicada regularmente, inclusive obtendo
progressão de regime. Nunca foi punido pela prática de falta grave e preenchia os requisitos
subjetivos para obtenção dos benefícios da execução penal. No dia 25 de agosto de 2015, você,
advogado(a) de Gilberto, formulou pedido de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo
da Vara de Execução Penal da comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente.
O pedido foi deferido pelo Magistrado. O Ministério Público foi intimado da decisão em 14 de
setembro de 2015, uma segunda-feira, sendo terça-feira dia útil. Inconformado, o Ministério
Público apresentou recurso de agravo em execução perante o juízo competente, acompanhado
das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, alegando:

a) o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do
requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade;

b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o
benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir
metade da pena imposta para obtenção do livramento condicional;

c) indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em vista que os crimes de


roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a
sociedade.

O magistrado, então, recebeu o recurso de agravo em execução e intimou, no dia 19 de outubro


de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo o país, você, advogado(a) de Gilberto,
para apresentar a medida cabível.
Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas
do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia
do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO
PENAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ

Processo nº ...

GILBERTO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar
CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no artigo 588 do Código de
Processo Penal, requerendo sejam recebidas, mantendo-se a decisão recorrida em sede de
juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal, com posterior
remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 21 de outubro de 2015.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Agravante: Ministério Público


Agravado: Gilberto

Processo nº...

CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro


Colenda Câmara Criminal

I) DOS FATOS

O agravado foi denunciado e condenado como incurso nas


sanções penais do artigo 157, “caput”, do Código Penal, a uma pena privativa de liberdade
de 04 anos e 06 meses de reclusão, em regime inicial fechado.
A sentença transitou em julgado para ambas as partes no dia 11 de
setembro de 2013.
No dia 25 de agosto de 2015, o agravado formulou pedido de
livramento condicional, que foi deferido pelo Juiz da Execução Penal.
Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de agravo em
execução, acompanhado das razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015.
O Magistrado recebeu o recurso interposto pelo Ministério Público
e intimou a defesa para apresentar e medida cabível.

II) DO DIREITO
A) DA INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO EM EXECUÇÃO

O Ministério Público foi intimado da decisão no dia 14 de setembro


de 2015 e interpôs o recurso de agravo em execução no dia 30 de setembro de 2015.
Todavia, nos termos do artigo 586 do Código de Processo Penal e Súmula 700 do Supremo
Tribunal Federal, o prazo para interposição do recurso é de cinco dias.
Logo, considerando que entre a data da intimação e da interposição
do recurso passaram mais de cinco dias, já que o prazo vencia no dia 21 de setembro de
2015, conclui-se que o recurso de agravo em execução é intempestivo.
Diante disso, o recurso de agravo em execução não deve ser
conhecido.

B) DO ROUBO NÃO SER CRIME HEDIONDO

O Ministério Público postulou o indeferimento do livramento


condicional, sob o fundamento de que o crime de roubo simples é hediondo, devendo,
portanto, cumprir 2/3 da pena para o livramento condicional. Todavia, o crime de roubo
simples não é hediondo, porque não consta do rol previsto no artigo 1º da Lei 8.072/90.
Assim, não há necessidade de cumprir 2/3 da pena para o livramento
condicional, mas 1/3 da pena, já que o agravado não é reincidente, nos termos do artigo
83, inciso I, do Código Penal.

C) DOS MAUS ANTECEDENTES PARA CUMPRIMENTO ½ DA PENA


O Ministério Público postulou o indeferimento do pedido de livramento
condicional, argumentando que não estaria preenchido o requisito objetivo, já que o
agravado ostenta maus antecedentes, devendo cumprir ½ da pena para obtenção do
livramento condicional.
Todavia, a pretensão do Ministério Público fere o princípio da
legalidade, uma vez que o artigo 83, inciso II, do Código Penal, prevê que apenas o
condenado reincidente em crime doloso deverá cumprir ½ da pena para obtenção do
livramento condicional.
Logo, embora o artigo 83, inciso I, do Código Penal, disponha que o
condenado não reincidente em crime doloso e portador de bons antecedentes, deve cumprir
1/3 da pena, essa fração deve ser aplicada também na hipótese de o condenado ser
portador de maus antecedentes e primário, por ausência de previsão legal para adotar a
fração de ½.
Assim, diante da omissão legislativa, deve ser considerado o
percentual mais favorável ao agravado, pois não cabe falar em analogia in malam partem.

D) DA DESNECESSIDADE DO EXAME CRIMINOLÓGICO

O Ministério Público postula o indeferimento do livramento


condicional, porque considera indispensável a realização do exame criminológico, tendo
em vista que os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam
severos prejuízos para a sociedade.
Todavia, nos termos do artigo 112 da Lei de Execução Penal (Lei
7.210/84), para fins de progressão de regime e livramento condicional, basta atestado de
bom comportamento carcerário durante a execução da pena.
O simples fato de considerar o crime de roubo grave não justifica a
realização do exame criminológico, não constituindo motivação idônea para exigir a
realização de tal exame, devendo a fundamentação considerar a gravidade em concreto do
caso, nos termos da Súmula 439 do Superior Tribunal de Justiça.
Além disso, o agravado nunca foi punido pela prática de falta grave
dentro do estabelecimento prisional, de modo que desnecessária a realização do exame
criminológico.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer NÃO SEJA CONHECIDO e que seja
IMPROVIDO o recurso de agravo em execução, MANTENDO-SE, por conseguinte, a
decisão recorrida nos seus exatos termos.

Local..., 21 de outubro de 2015.

Advogado...
OAB...
Contrarrazões de Recurso em Sentido Estrito

• Introdução

Nos termos do artigo 586 do CPP, se não concordar com a decisão proferida, a parte
irresignada deverá apresentar a petição de interposição de recurso em sentido estrito no prazo
de 05 dias. Após, o juízo a quo fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não recurso
em sentido estrito, intimando-se o recorrente para apresentar, no prazo de 02 dias, as respectivas
razões de recurso em sentido estrito, se não apresentadas simultaneamente à interposição.

Na sequência, intima-se o recorrido para oferecer suas CONTRARRAZÕES ou RAZÕES


DO RECORRIDO, voltada à MANUTENÇÃO da decisão recorrida.

• Identificação
O recurso em sentido estrito é interposto e arrazoado pelo recorrente, sendo, na
sequência, o recorrido intimado para oferecer as contrarrazões.

PAROU!
• Prazo
Conforme o artigo 588 do Código de Processo Penal, o prazo para apresentar as
contrarrazões de recurso em sentido estrito é de 02 (dois) dias.
• Conteúdo
Deve-se buscar no enunciado informações que permitem desenvolver teses voltadas à
manutenção da decisão recorrida, bem como refutar os argumentos lançados pelo Ministério
Público.

• Pedido
No campo dos pedidos, deve-se formular requerimento de não conhecimento e
improvimento do recurso, e a manutenção da decisão recorrida.
Estruturação: petição de juntada endereçada ao juízo de 1º grau:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO


TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE... (se crime doloso contra a vida da competência
da justiça estadual)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime doloso contra a vida da
competência da justiça federal)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE ... (se crime da competência da Justiça Estadual)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE... (se crime da competência da Justiça Federal)

Processo nº...

FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, oferecer CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com
base no artigo 588 do Código de Processo Penal, requerendo sejam recebidas,
mantendo-se a decisão recorrida em sede de juízo de retratação, com posterior remessa
dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... (ou Egrégio Tribunal Regional
Federal).

Nestes termos,
pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Estruturação: peça de razões endereçada ao tribunal competente:

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... (se da competência da Justiça


Estadual); ou
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA... REGIÃO (se da competência da
Justiça Federal).

Recorrente: Ministério Público


Recorrido: Fulano de Tal
Processo nº

CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...ou Egrégio Tribunal Regional Federal
Colenda Câmara Criminal (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal)

I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o NÃO CONHECIMENTO do recurso e, no mérito,
seja IMPROVIDO o recurso em sentido estrito interposto, MANTENDO-SE, por
conseguinte, a decisão recorrida nos seus exatos termos.

Nestes termos, pede deferimento.


Local..., data...
Advogado...
OAB...
Observações:
• As contrarrazões de recurso em sentido estrito também são compostas de petição de juntada e
outra de razões para manutenção da decisão;
• Fazer um breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada
nem simplesmente transcrever o enunciado);
• Pode-se dividir em preliminares e mérito. Em preliminar, buscar, invariavelmente, informações
no enunciado para desenvolver tese para o não conhecimento do recurso (Exemplo:
intempestividade do recurso interposto). No mérito, buscar informações para desenvolver teses
voltadas a expor argumentos contrários aos invocados nas razões de RESE (informados no
enunciado da questão), defendo, em síntese, a manutenção da decisão recorrida;
• Requerer o não conhecimento, improvimento do recurso em sentido estrito e a manutenção da
decisão recorrida.

MUITO CUIDADO!
Se o recurso interposto pelo MP foi contra decisão de impronúncia ou absolvição
sumária, a peça será contrarrazões do recurso de apelação, uma vez que o recurso
cabível contra aquelas decisões é o de apelação, conforme art. 416, CPP.
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Enunciado
No dia 25 de janeiro de 2015, Roniquito Vieira foi flagrado vendendo razoável quantidade de
cocaína. Ao consultar os registros policiais, a autoridade policial verificou que não havia nenhum
procedimento policial ainda instaurado contra Roniquito. Não obstante isso, deu início à lavratura
do auto de prisão em flagrante pela prática do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, previsto no
art. 33 da Lei nº 11.343/2006. Ao tomar vista dos autos, o Ministério Público requereu a conversão
da prisão em flagrante em preventiva. O Magistrado proferiu decisão indeferindo o pedido e
concedeu a liberdade provisória a Roniquito. O Ministério Público foi intimado da decisão no dia
04 de maio de 2016, quarta-feira, e apresentou recurso em sentido estrito perante o juízo de
primeira instância, acompanhado das respectivas razões, no dia 19 de maio de 2016 (quinta-feira),
argumentando que: a) o crime de tráfico de drogas é insuscetível de liberdade provisória, nos
termos do art. 44 da Lei nº 11.343/2006; b) estão presentes os requisitos da prisão preventiva,
sobretudo a garantia da ordem pública, já que o crime de tráfico de drogas é grave, pois fomenta
a existência de um Estado paralelo e a prática de outros delitos. O Magistrado, então, recebeu o
recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público e intimou, no dia 09 de junho de 2016
(quinta-feira), você, advogado(a) de Roniquito, para apresentar a medida cabível. Com base nas
informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo,
sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. Considerando apenas as informações narradas,
na condição de advogado(a) de Roniquito, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas
corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia
do prazo para interposição, considerando-se que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis
em todo o país. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA...

Autos nº...

RONIQUITO VIEIRA, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, oferecer CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com
base no art. 588 do Código de Processo Penal, requerendo sejam recebidas, mantendo-se
a decisão recorrida em sede de juízo de retratação, previsto no artigo 589 do Código de
Processo Penal, com posterior remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado...

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 13 de junho de 2016.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO....

RECORRENTE: Ministério Público


RECORRIDO: Roniquito Vieira
Autos nº...

CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...
Colenda Câmara Criminal

I) DOS FATOS
O recorrido foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em tese, o
delito de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006.
O Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em prisão
preventiva.
O Magistrado proferiu decisão indeferindo o pedido e concedeu a liberdade
provisória.
Inconformado, o Ministério Público interpôs Recurso em Sentido Estrito. O
recurso foi recebido e a defesa intimada para apresentar a medida cabível.

II) DO DIREITO
A) DA INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

O Ministério Público foi intimado da decisão no dia 04 de maio de 2016,


numa quarta-feira, e apresentou Recurso em Sentido Estrito no dia 19 de maio de 2016.
Todavia, nos termos do art. 586 do Código de Processo Penal, o prazo para interpor o
Recurso em Sentido Estrito é de 05 dias.
Logo, considerando que entre a data da intimação da decisão e da
interposição do recurso passaram mais de 05 dias, já que o último dia do prazo seria 09 de
maio de 2016, conclui-se que o Recurso em Sentido Estrito é intempestivo.
Logo, não deve ser conhecido o recurso.

B) DA INCONSTITUCIONALIDADE DA VEDAÇÃO DA CONCESSÃO DA LIBERDADE


PROVISÓRIA

O Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em prisão


preventiva, alegando que o crime de tráfico de drogas é insuscetível de liberdade provisória,
nos termos do art. 44 da Lei nº 11.343/2006. Todavia, conforme entendimento consolidado
pelo Supremo Tribunal Federal, a vedação da concessão de liberdade provisória afronta o
princípio da presunção da inocência, previsto no art. 5º, inciso LVII, da Constituição
Federal/1988, segundo o qual a prisão cautelar é medida excepcional, já que ninguém pode
ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Além disso, viola o princípio do devido processo legal, previsto no art. 5º,
inciso LIV, da Constituição Federal/1988, já que, com a vedação prevista no art. 44 da Lei
nº 11.343/2006, retira do juiz a possibilidade de analisar a necessidade da prisão cautelar
ou soltura do flagrado.

C) DA GRAVIDADE EM ABSTRATO

O Ministério Público busca a prisão do recorrido, afirmando que estão


presentes os requisitos da prisão preventiva, sobretudo a garantia da ordem pública, já que
o crime de tráfico de drogas é grave, pois fomenta a existência de um Estado paralelo e a
prática de outros delitos.
Todavia, a opinião do julgador acerca da gravidade em abstrato do delito
não constitui motivação idônea e suficiente para embasar um decreto de prisão, sendo
necessária decisão fundamentada, apontando de forma concreta, um dos motivos
ensejadores da prisão preventiva, constantes no art. 312 do Código de Processo Penal,
bem como nos termos do art. 93, inciso IX, da Constituição Federal/1988 e art. 5º, inciso
LXI, da Constituição de Federal/1988, bem como o artigo 312, § 2º, do Código de Processo
Penal, e artigo 315, § 2º, II, do Código de Processo Penal.
Logo, considerando que não estão presentes os requisitos que autorizam
a preventiva, sobretudo porque o recorrido é primário, o recurso em sentido estrito deve ser
improvido.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer NÃO SEJA CONHECIDO e que seja IMPROVIDO o
recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público, MANTENDO-SE a decisão
recorrida nos seus exatos termos.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 13 de junho de 2016.

Advogado...
OAB...
Carta testemunhável

• Conceito
É o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir o
seguimento de recurso em sentido estrito e do agravo em execução.

• Base legal

Art. 639, inciso I ou II, do CPP

• Identificação
PEDIU PRA PARAR

Expressão mágica: Peça:


Não recebimento ou negativa
de seguimento de recurso em Carta testemunhável.
sentido estrito ou agravo
em execução

PAROU!
• Cabimento/conteúdo
A carta testemunhável é recurso de caráter residual ou subsidiário, sendo cabível,
portanto, somente quando não houver previsão de outro recurso específico.
Assim, por exemplo, com relação ao não recebimento da apelação, cabe recurso em
sentido estrito (Art. 581, inciso XV, do CPP), não sendo cabível, nesse caso, carta
testemunhável.
Assim, a carta testemunhável tem cabimento nas seguintes hipóteses:

Não recebimento ou negativa de seguimento ao recurso em sentido estrito;

Não recebimento ou negativa de seguimento ao agravo em execução.

• Processamento
O artigo 641 faz referência ao prazo de 60 dias quando se tratar de recurso extraordinário.
Todavia, encontra-se revogado nesta parte, visto que do indeferimento desse recurso cabe
agravo instrumento.
Conforme o artigo 643 do Código de Processo Penal, a carta testemunhável segue o
processamento do recurso em sentido estrito. Diante disso, o prazo para o oferecimento das
razões da carta testemunhável é de 02 dias. Além disso, deve-se requerer o juízo de retratação
por parte do juiz que denegou o recurso.
Na instância superior, o recurso seguirá o rito do recurso denegado. O tribunal mandará
processar o recurso, ou, se a carta estiver suficientemente instruída, julgará diretamente o
recurso.

• Prazo
A carta testemunhável deve ser requerida dentro de 48 horas, após a ciência do despacho
que denegar o recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento (Art. 640 do CPP). Não
constando, no ato de intimação, o horário que em foi realizada, deve-se considerar o prazo de
02 dias.

• Possibilidade de analisar o mérito do recurso denegado – Art. 644 do CPP


Nos termos do artigo 644 do Código de Processo Penal, uma vez sendo conhecida a carta
testemunhável e a ela seja dado provimento, poderá o Tribunal, se a carta estiver suficientemente
instruída, decidir a própria matéria que gerou a interposição do recurso denegado/não recebido.
Em outras palavras, uma vez denegado seguimento ao recurso em sentido estrito,
interpõe-se o recurso carta testemunhável, buscando junto ao Tribunal seja dado seguimento ao
recurso em sentido estrito e, se suficientemente instruído o recurso (enunciado informando, por
exemplo, que a carta testemunhável foi instruída com a cópia integral do processo), o Tribunal
poderá julgar o próprio mérito do recurso denegado (mérito do recurso em sentido estrito, por
exemplo).
Ou seja, além de dar provimento à carta testemunhável para o fim de receber o recurso
em sentido estrito ou agravo em execução, o Tribunal poderá julgar o próprio mérito do recurso
denegado, dando provimento para, por exemplo no caso do Recurso em sentido estrito contra
decisão de pronúncia, impronunciar, absolver sumariamente ou desclassificar o delito para outro
não doloso contra vida.

• Estruturação da Carta Testemunhável


A estrutura da carta testemunhável segue dois momentos: interposição do recurso (afirmar
que pretende recorrer) e as razões de recurso.

A) INTERPOSIÇÃO – para o escrivão

a) Endereçamento: Ao escrivão, nos termos do artigo 640 do CPP.

b) Preâmbulo: nome, capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento


legal (art. 639, colocar inciso), nome da peça (Carta Testemunhável), frase final (pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos);

c) parte final (Nesses termos, requer o traslado das peças abaixo relacionadas e o
processamento do presente recurso. Pede deferimento, data, advogado e OAB)

d) Rol das peças: indicar as peças para o traslado (se informado no enunciado).

B) RAZÕES
a) Endereçamento: Ao Tribunal

Tribunal de Justiça (se da competência da Justiça Estadual);

Tribunal Regional Federal (se da competência da Justiça Federal).

b) identificação: Testemunhante, Testemunhado, nº processo

c) saudação:

Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara

Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal – Colenda Turma

d) corpo da peça: I) DOS FATOS: breve relato; II) DO DIREITO: demonstrar as razões pelas
quais o recurso denegado deve ser recebido.

e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico (processamento do


recurso denegado e, se a carta estiver suficientemente instruída, o julgamento desde logo do
mérito do recurso denegado – RESE ou agravo em execução).

f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB.


Peça de interposição

Endereçamento: Escrivão ou Secretário do Tribunal

A) ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA ... VARA CRIMINAL DA


COMARCA... (se crime da competência da Justiça Estadual)
B) ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA ... VARA CRIMINAL DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ... (se crime da competência da Justiça Federal)
C) ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA ... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida da competência da
Justiça Estadual) OU DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime doloso contra a vida da
competência da Justiça Federal)
Processo nº ...
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos,
por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Senhoria,
interpor a presente CARTA TESTEMUNHÁVEL, com base no artigo 639, (indicar o
inciso), do Código de Processo Penal.
Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de
retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão,
requer seja encaminhado o presente recurso, já com as razões inclusas, ao Egrégio
Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional Federal), para o devido processamento.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... (se da competência da Justiça
Estadual)
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL ... (se da competência da Justiça Federal)

Testemunhante: Fulano de Tal


Testemunhado: ...
Processo nº ...

RAZÕES DE CARTA TESTEMUNHÁVEL


Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal
Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal)

I) DOS FATOS

II) DO DIREITO7

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja REFORMADA A DECISÃO DE 1º GRAU,
determinando-se o processamento do recurso denegado (recurso em sentido estrito ou
agravo em execução), ou, considerando estar suficientemente instruída a carta
testemunhável, seja, desde logo, dado provimento ao recurso em sentido estrito
(EXEMPLO), para:
I) preliminares (nulidades, incompetência, prescrição, etc – acompanhar a ordem das
preliminares)
II) impronúncia com base no artigo 414 do Código de Processo Penal;
Absolvição sumária, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal

7 OBS: Estando suficientemente instruída a carta, apontar os fundamentos para provimento do recurso denegado
(impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária, no recurso em sentido estrito denegado, por exemplo),
invocando, nesse caso, eventuais preliminares e mérito (ART. 644 CPP).
Desclassificação, com base no artigo 419 do Código de Processo Penal.

Nestes termos,

Local... e data...

ADVOGADO...
OAB...
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante
preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide
ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a
referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo
e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade,
conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro que veio após
o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos
sofridos pela colisão.

Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público
decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso
simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP).
Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que
poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar
para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos
processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz
competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime
apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa é intimado da referida decisão em 02 de
agosto de 2013 (sexta-feira). Contra essa decisão, a defesa interpôs, no dia 09 de agosto de
2013, recurso em sentido estrito. Ao proceder ao juízo de admissibilidade, o Magistrado não
recebeu o recurso, sob o fundamento de que foi interposto de forma intempestiva, já que,
considerando o dia de início 02 de agosto de 2013, o prazo venceu no dia 06 de agosto de 2013.
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o
recurso cabível, instruindo-o com a cópia integral do processo.

A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.


ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA ... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA ...

Processo nº ...

JERUSA, já qualificada nos autos, por seu procurador infra-assinado, com


procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Senhoria, interpor o
presente recurso de CARTA TESTEMUNHÁVEL, com base no artigo 639, I, do Código de
Processo Penal, requerendo seja recebido e processado, pelos fatos e fundamentos
expostos nas razões inclusas.
Diante disso, requer seja procedido o juízo de retratação, com base no
artigo 589 do Código de Processo Penal, requerendo, se mantida a decisão, seja
encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado...

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local... data...

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...

Testemunhante/recorrente: Jerusa
Testemunhado/recorrido: Ministério Público

Processo nº ...

RAZÕES DE RECURSO DE CARTA TESTEMUNHÁVEL

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...


Colenda Câmara Criminal

I) DOS FATOS

A recorrente dirigia seu carro quando atingiu a motocicleta de Diogo. Não


obstante a presteza do socorro, Diogo faleceu em razão dos ferimentos sofridos pela
colisão.
Após o encerramento do respectivo inquérito policial, o Ministério Público
ofereceu denúncia contra a recorrente Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de
homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final,
ambos do Código Penal).
Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente
fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória.
Contra essa decisão, a defesa interpôs recurso em sentido estrito, que não
foi recebido pelo Magistrado, sob o fundamento de que é intempestivo.
II) DO DIREITO
A) Da carta testemunhável/Do recurso em sentido estrito denegado
O Magistrado não recebeu o recurso, sob o fundamento de que seria
intempestivo, já que a data fatal, segundo ele, seria o dia 06 de agosto de 2013.
Todavia, como se trata de prazo processual, o termo inicial para a
contagem do prazo do recurso é o primeiro dia útil após a intimação, nos termos do artigo
798 do Código de Processo Penal.
Assim, considerando que a intimação ocorreu no dia 02 de agosto de 2013,
que caiu numa sexta-feira, o prazo recursal começou a correr no primeiro dia útil, segunda-
feira, qual seja, 05 de agosto de 2013, vencendo no dia 09 de agosto de 2013.
Logo, requer o testemunhante seja recebido o recurso em sentido estrito
denegado, pois interposto dentro do prazo previsto em lei.

B) DA DESCLASSIFICAÇÃO
Estando o presente recurso suficientemente instruído, verifica-se a
possibilidade de analisar o mérito do recurso denegado, nos termos do artigo 644 do Código
de Processo Penal.
A recorrente foi acusada de, na condução do seu veículo, ter causado a
morte de Diogo, que conduzia sua motocicleta em alta velocidade, sendo denunciada e
pronunciada pela prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo
eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP).
Todavia, a recorrente em nenhum momento assumiu o risco de causar a
morte de Diogo, nem aceitou o resultado morte da vítima. Ou seja, a recorrente não agiu
com dolo, uma vez que não assumiu o risco nem aceitou o resultado morte, conforme prevê
o artigo 18, I (parte final), do Código Penal, que adotou, em relação ao dolo eventual, a
teoria do consentimento.
Nesse sentido, o fato atribuído à recorrente deveria, em tese, ser
classificado como homicídio culposo na condução de veículo automotor, previsto no artigo
302 do Código de Trânsito Brasileiro.
Em consequência, não havendo crime doloso contra a vida, o Tribunal do
Júri não é competente para julgar o processo, razão pela qual deve ocorrer a
desclassificação do delito, nos termos do artigo 419 do Código de Processo Penal,
remetendo-se os autos ao juízo competente.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido o recurso, reformada a decisão e
provido o presente recurso, para o fim de que:
a) seja recebido o recurso em sentido estrito denegado;
b) seja desclassificado o delito de homicídio simples doloso, para o delito
de homicídio culposo na condução de veículo automotor (Art. 302 do Código de Trânsito
Brasileiro), remetendo-se os autos para o Juízo Competente, nos termos do artigo 419 do
Código de Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...
Contrarrazões de Apelação do Júri

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Carlos foi pronunciado pela prática do delito de homicídio qualificado pelo motivo fútil (art. 121,
§2º, II, do CP). No dia 25 de junho de 2021 foram designados para comparecerem na sessão em
Plenário, 25 jurados, porém somente compareceram 16 jurados daqueles convocados, tendo o
juiz Presidente do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre/RS realizado o sorteio para
formação do Conselho de Sentença. Na ocasião, o Ministério Público se insurgiu consignando
em ata a ausência da formação do número necessário à composição do júri, nos termos do artigo
447 do CPP, o que não foi considerado pelo magistrado. Após a devida formação do Conselho
de Sentença, foi iniciada a instrução. A tese da acusação consistia em reforçar a prática de
homicídio qualificado nos termos trazidos pela pronúncia, enquanto à defesa insistiu na tese de
absolvição em face da ocorrência de legítima defesa. A alegação defensiva foi construída em
plenário com base no relato das testemunhas defesa. Encerrados os debates orais, sem que o
Ministério Público postulasse pela réplica, os jurados dirigiram-se para a votação, ocasião em
que absolveram Carlos da imputação, reconhecendo a incidência da legítima defesa. Após a
votação o magistrado proferiu a sentença absolutória, inconformado o Ministério Público interpôs
recurso com base no art. 593, III, alíneas “a” e “d”, do CPP, apresentando suas razões recursais
no sentido da ocorrência de nulidade na formação do Conselho de Sentença, por não estarem
presentes os 25 jurados, bem como o julgamento dos jurados ter sido manifestamente contrário
à prova dos autos, visto que estava provada a prática de homicídio qualificado. O magistrado
recebeu o recurso da acusação e determinou a sua intimação, no dia 20 de julho de 2021 (terça-
feira), para manifestar-se na condição de advogado de Carlos. Elabore a peça processual,
privativa de advogado, utilizando o último dia do respectivo prazo.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DA VARA DO TRIBUNAL DO
JÚRI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS.

Processo nº...

CARLOS, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com


procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar
as presentes CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 600
do Código de Processo Penal, requerendo sejam recebidas, com posterior remessa ao
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

Nestes termos.
Pede deferimento.

Local ..., 28 de julho de 2021.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Apelante: MINISTÉRIO PÚBLICO


Apelado: CARLOS

CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

Colenda Câmara Criminal

I) DOS FATOS
Carlos foi pronunciado pela prática do delito de homicídio qualificado pelo
motivo fútil (art. 121, §2º, II, do CP).
No dia 25 de junho de 2021 foi submetido a julgamento perante o Plenário
do Júri da Comarca de Porto Alegre, tendo sido absolvido pelos jurados.
Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de apelação, com
fundamento nas alíneas “a” e “d”, do CPP.
O Magistrado recebeu o recurso ministerial e determinou a intimação da
defesa para apresentar a medida cabível. Por tal razão, neste momento a defesa apresenta
as presentes Contrarrazões.

II) DO DIREITO

A) DA INOCORRÊNCIA DE NULIDADE POSTERIOR À PRONÚNCIA


Não assiste razão ao representante do Ministério Público ao sustentar a
ocorrência de nulidade na formação do Conselho de Sentença, vejamos.
O artigo 447 do Código de Processo Penal informa a composição do
Tribunal do Júri com 25 jurados. Entretanto, a lei autoriza,
no artigo 463 do Código de Processo Penal, para o sorteio do Conselho de Sentença, ou
seja, dos 7 jurados que julgarão o caso em plenário, a existência de um número mínimo de
15 jurados, o que se verificou no caso em exame, sem qualquer situação que ensejasse o
reconhecimento de nulidade.
Logo, não há nulidade a ser reconhecida, conforme pretende o Ministério
Público, ao interpor a apelação nos termos do artigo 593, III, alínea “a”, do CPP.

B) DA INEXISTÊNCIA DE DECISÃO DOS JURADOS MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À


PROVA DOS AUTOS
Da mesma forma, não assiste razão a acusação ao sustentar que a decisão
dos jurados está manifestamente contrária à prova dos autos, pois conforme restou
demonstrado em Plenário havia duas teses definidas.
Primeiro a acusação sustentando a ocorrência de homicídio qualificado
mediante motivo fútil. Segundo a defesa, com amparo em acervo probatório confrontando
a tese e alegando a legítima defesa.
Ora Excelência, o julgamento dos jurados se dá nos termos do artigo 472
do Código de Processo Penal com base na sua consciência após analisar as teses expostas
em Plenário, estando os jurados, portanto, livres para escolherem os fundamentos e
formarem a sua convicção. Desta forma, considerando que a manifestação dos jurados foi
no sentido de reconhecer a legítima defesa, discutida e debatida em plenário, não há
decisão manifestamente contrária à prova dos autos, motivo pelo qual deverá ser também
improvido o recurso, com base no artigo 593, III, “d”, do Código de Processo Penal,
respeitando assim a soberania dos vereditos como assegura o artigo 5º, XXXVIII, da
Constituição Federal de 1988.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja IMPROVIDO o recurso de apelação interposto,
mantendo-se, por conseguinte, a decisão recorrida nos seus exatos termos.

Nestes termos.
Pede deferimento.

Local ..., 28 de julho de 2021.

Advogado...
OAB...
Mandado de Segurança Criminal

• Conceito
Embora seja ação constitucional de caráter mais civilista, o mandado de segurança pode
ser utilizado, em determinadas hipóteses, contra ato jurisdicional penal.
Coadunando-se com o disposto no artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal/88, o
artigo 1º da Lei nº 12.016/2009 dispõe que o Mandado de Segurança visa proteger direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de
sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.
Considera-se direito líquido e certo aquele destituído de qualquer dúvida, comprovado de
plano, sem a necessidade, portanto, de dilação probatória, sendo ônus do impetrante comprovar,
já na dedução em juízo, por documentos os fatos relacionados à violação do direito líquido e
certo que alega.
Ao contrário do habeas corpus, que é cabível contra ato particular ou autoridade, no caso
do mandado do segurança, o coator deverá ser, necessariamente, uma autoridade pública (Art.
6º, § 3º, da Lei 12.016/2009).

• Identificação
Deve-se verificar no enunciado a informação no sentido de que foi violado direito líquido
e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data. Automaticamente, estar-se-á diante
do Mandado de Segurança.
Não cabe mandado de segurança se cabível recurso contra despacho ou decisão
proferida pelo apenado.
Também não cabe Mandado de Segurança contra: a) ato do qual caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; b) de decisão judicial da
qual caiba recurso com efeito suspensivo; c) de decisão judicial transitada em julgado.

• Base Legal

Art. 1º da Lei nº 12.016/2009 e Art. 5º, inciso LXIX, CF/88


• Legitimidade ativa e passiva
O legitimado ativo para impetrar o mandado de segurança é o titular do direito líquido e
certo violado ou ameaçado. Ao contrário do habeas corpus, há necessidade do impetrante fazer-
se representar por advogado habilitado.
Nos termos do artigo 1º, “caput” e § 1º, da Lei nº 12.016/2009, só tem legitimidade para
figurar no polo passivo de mandado de segurança a autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

• Competência
A competência para o julgamento do mandado de segurança é definida de acordo com a
categoria da autoridade coatora, bem assim em razão de sua sede funcional.
O juiz de direito é competente para o julgamento do mandado de segurança contra ato de
autoridade sujeita à sua jurisdição.
Os Tribunais de Justiça dos Estados e os Tribunais Regionais Federais para o julgamento
contra ato dos juízes de direito ou dos juízes federais
As Turmas Recursais para o julgamento do mandado de segurança contra ato dos juízes
dos Juizados Especiais Criminais (Súmula 376 do STJ).

• Prazo
Nos termos do artigo 23 da Lei nº 12.016/2009, o prazo para a impetração do mandado
de segurança é de 120 dias, contados da ciência acerca do teor do ato a ser impugnado. A
contagem obedece a regra processual, excluindo-se, pois, o dia inicial. Tal prazo tem natureza
decadencial, não sendo possível a interrupção ou suspensão de tal prazo.

• Algumas hipóteses de impetração do Mandado de Segurança na seara criminal


• Decisão que indefere a habilitação do assistente de acusação:
Nos termos do artigo 273 do Código de Processo Penal, a decisão que defere ou indefere
a habilitação como assistente de acusação é irrecorrível, podendo, no entanto, ser usado o
mandado de segurança, por constituir direito líquido e certo do legitimado para ingressar em juízo
na condição de assistente de acusação;
• Direito de acesso do advogado a autos de inquérito policial e/ou extração de cópias
quando estabelecido pelo Delegado de Polícia sigilo nas investigações;
• Direito retratado na Súmula Vinculante nº 14 do STF;
• Exclusão do nome do impetrante dos registros externos de antecedentes criminais após
o deferimento da reabilitação criminal.
• Estruturação do Mandado de Segurança

A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE... (se crime da competência da
Justiça Estadual)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO… (se crime da
competência da Justiça Federal)

Autos nº...
FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., por
seu procurador infra-assinado com poderes especiais, vem respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência impetrar MANDADO DE SEGURANÇA com pedido liminar, com
base no artigo 5º, inciso LXIX, do Constituição Federal/88 e na Lei 12.016/2009, contra
ato ilegal praticado pelo (apontar autoridade coautora), em virtude das razões de fato e de
direito a seguir expostos.
I) DOS FATOS

II) DO DIREITO
(I – Identificar o direito líquido e certo violado; II – Fundamentação jurídica no sentido de
qual foi o dispositivo legal violado; III – Argumentar o cabimento do Mandado de
Segurança; IV – Ao final da exposição deverá concluir a argumentação).

III) DA LIMINAR
(Demonstrar os requisitos como FBI e PM)
IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, é a presente impetração para requerer seja oficiada
a autoridade coatora, a fim de que esta preste informações, nos termos do artigo 7º, inciso
I, da Lei 12.016/2009, assim como a concessão da segurança em favor de (impetrante),
mantendo-se a liminar anteriormente concedida, com o fim de que seja (mencionar a
finalidade da impetração).
Fica o valor da causa fixado em ...

Nestes termos, pede deferimento.

Local..., data...

ADVOGADO...
OAB....
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Mandado de Segurança Criminal (peça adaptada)

Enunciado
Jurema, atrasada para um encontro pessoal, dirige seu carro sem observar o limite de velocidade
exigida para o local. Em uma via de mão dupla, Jurema atravessou a via preferencial e, de forma
imprudente, acabou atingindo a motocicleta conduzida por Francisco. Não obstante o socorro
rápido, Francisco vem a falecer em decorrência dos ferimentos sofridos pela colisão provocada
por Jurema. Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o
Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jurema, imputando-lhe a prática do delito de
homicídio culposo na condução de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de
Trânsito Brasileiro, sendo a peça acusatória recebida pelo juiz da 5ª Vara Criminal da Comarca
de Niterói/RJ. Ao longo da ação penal, Maria, companheira de Francisco, formula pedido de
habilitação na condição de assistente à acusação, acompanhado do respectivo contrato de união
estável. O Magistrado indeferiu o pedido, sob o argumento de que o artigo 268 do Código de
Processo Penal não prevê legitimidade à companheira para intervir como assistente à acusação.
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore, na
condição de advogado de Maria, a peça cabível, adotando os argumentos pertinentes.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

MARIA, nacionalidade, união estável, profissão, RG..., domiciliada..., por


seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência
impetrar MANDADO DE SEGURANÇA, com pedido liminar, com base no artigo 5º, inciso
LIX, da Constituição Federal/88, combinado com o artigo 1º da Lei 12.016/2009, contra ato
do Juiz de Direito da 5ª Vara Criminal da Comarca de Niterói/RJ, pelos fatos e fundamentos
jurídicos a seguir expostos:

I) DOS FATOS

O Ministério Público ofereceu denúncia contra Jurema, imputando-lhe a


prática do delito de homicídio culposo na condução de veículo automotor, previsto no artigo
302 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97).
A impetrante, companheira da vítima Francisco, formulou pedido de
habilitação na condição de assistente à acusação, acompanhado do respectivo contrato de
união estável.
O Magistrado indeferiu o pedido, sob o argumento de que o artigo 268 do
Código de Processo Penal não prevê legitimidade à companheira para intervir como
assistente à acusação.

II) DO DIREITO

O Magistrado indeferiu o pedido de habilitação à assistente à acusação


formulado pela impetrante, sob o argumento de que o artigo 268 do Código de Processo
Penal não prevê legitimidade da companheira para intervir como assistente à acusação.
Todavia, embora o artigo 268 do Código de Processo Penal não faça
referência à legitimidade do companheiro nos casos de união estável, o artigo 226, § 3º, da
Constituição Federal, reconheceu a união estável entre homem e mulher como entidade
familiar para fins de proteção do Estado.
Logo, a própria Constituição Federal legitima a companheira como
sucessor no caso de falecimento do ofendido para fins de habilitação como assistente da
acusação.
Assim, a decisão proferida pelo Magistrado violou direito líquido e certo da
impetrante, a concessão do mandado de segurança é medida que se impõe.

III) DA LIMINAR
Como se vê, estão presentes o fumus boni juris e o periculum in mora,
pressupostos autorizadores da concessão liminar do mandado de segurança postulado.
A impetrante juntou aos autos o contrato de união estável, demonstrando
sua condição de companheira da vítima e parte legítima para figurar como assistente da
acusação.
Além disso, a liminar se faz necessária dada a impossibilidade de
reversão do ato da autoridade judiciária, já que a impetrante não poderá se manifestar
nos atos processuais produzidos ao longo do procedimento criminal em que seu
companheiro figura como vítima.

IV) DO PEDIDO

Ante o exposto, o impetrante requer a concessão do mandado de


segurança, para o fim de:
a) Seja ouvido o ilustre representante do Ministério Público;
b) Seja expedido ofício à autoridade coatora, a fim de que preste informações, nos termos
do artigo 7º, inciso I, da Lei 12.016/2009;
c) Liminarmente, seja deferida a habilitação da impetrante como assistente da acusação
na ação penal em que seu falecido companheiro figura como vítima;
d) Seja concedido de forma definitiva o mandado de segurança, mantendo-se a liminar
postulada, para o fim de que seja cassada a decisão do Juiz da 5ª Vara Criminal da
Comarca de Niterói, com a consequente habilitação da impetrante como assistente da
acusação na ação penal em que seu falecido companheiro figura como vítima;
e) Atribui-se à causa o valor de Alçada

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local... e data...

Advogado...
OAB...

Você também pode gostar